Innocence escrita por Geek


Capítulo 5
Bêbadas são chatos




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Noite de Quarta – Tedio/Tedio — Taylor

Plena quarta-feira e me arrastaram para uma boate. Era no mínimo decepcionante. Eu podia estar em casa, jogando e recuperando meu Tier de Mestre. Mas nãaaaaao eu tinha que estar aqui, numa balada fingindo que estou curtindo.

Na verdade eu estava sentada ali perto do bar a base de refrigerante. A mulher que atendia era ruiva e tinha várias tatuagens em seu corpo. Usava uma regata cinza frouxa e com as mangas bem abertas. Jeans colados e um vans vermelho para completar. Ela falava e sorria para mim como se algo em mim a tivesse conquistado. Até parece, ninguém jamais ia gostar da nerd fã de Star Wars aqui.

Continuei tomando meu refrigerante entediada.

— Hey, parece que alguém aqui não está se divertindo... — disse a ruiva, que se chamava Marina, sorrindo para mim de maneira gentil. — O que foi, Ty?

— Eu preferia estar em casa jogando LoL — disse fazendo um bico infantil.

— Você joga LoL? — juro que vi os olhos dela se iluminar. — Ah, cara, eu amo esse jogo! Tô na liga Diamante III, e você?

— Eu estava na Mestre antes de atualizar e cair para Diamante I — murmurei sorrindo bobamente para ela.

A conversa se estendeu por vários minutos até que eu resolvi dar uma volta. Grande erro da noite. Assim que me levantei e comecei a caminhar entre o povo dançando, vi uma Domonicky muito bêbada rindo sozinha com um copo de algo que eu não sabia o que era. Quando ela me viu pude jurar que vi aqueles olhos brilhar.

— Taylor, sua linda! — ela disse com voz embriagada se aproximando de mim e passando o braço pelos meus ombros. — Se meu pai não fosse um idiota preconceituoso, eu casaria com você! — ela gritou antes de me encher de beijos no rosto.

Ela realmente estava muito bêbada. Mas o modo como ela disse aquilo parecia sincero demais. Meu corpo se arrepiou a cada beijo dela em minha face pálida. Então ela reconheceu a batida de Chandelier – Sia e ficou a minha frente, colando o corpo ao meu e dançando no ritmo da música. Sua mão estava em minha nuca e as minhas foram levadas inconscientemente para a cintura dela, sentindo cada movimento quando ela rebolou junto a batida:

“One, two, three, one, two, three, drink

One, two, three, one, two, three, drink

One, two, three, one, two, three, drink

Throw 'em back, till I lose count”

Eu não sei dizer o que aquela bunda rebolando contra meu quadril me fez sentir, mas era como se toda as células do meu corpo tivesse reagido junto. Domonicky conseguiu fazer cada parte do meu corpo gritar por ela, e eu nunca havia me sentindo tão viva. O fato dela ter continuado a dançar ali e arranhar minha nuca fez eu sentir cada gota do meu sangue correr em minhas veias pela primeira vez.

A sensação era ótima e parecia proibidamente atraente... como quando sua mãe compra leite ninho e você pega uma colherada escondido.... o gosto é bom e o fato de ser errado dá ainda mais vontade de fazer. O fato de eu gostar de Domonicky, e ela estar bêbada deixava aquilo ser errado, como se eu tivesse me aproveitando dela.

Quando isso estalou em minha mente, a afastei e recuei alguns passos. Sentia meu corpo quente e o coração disparado. Céus, o que essa garota achava que estava fazendo me provocando assim?

Assim que fui sair ela largou o copo e pulou nas minhas costas. Eu congelei. Seu corpo quente colados a minhas costas me fez pensar: Por que nunca soube que meu corpo era tão frio? A resposta nunca chegou, mas eu segurei as pernas dela ajudando ela a se firmar ali. Ela estava com o rosto ao lado do meu cantando alguma coisa indecifrável.

Mas cada toque dela dizia o que a boca nunca a permitiu admitir... ela gostava de mim, sorria como uma boba ao me ver... era uma coisa que nunca aconteceu comigo antes. Alguém estava afim de mim, e isso fazia borboletas se agitarem dentro de mim. Continua a caminhar com ela nas minhas costas. Levei ela a uma parte mais calma e com ar fresco.

Coloquei ela sentada numa das cadeiras e me sentei ao lado dela. Ia esperar a fase do 'bêbado carinhoso' passar para chamar Kat, que provavelmente estava curtindo a festa com a namorada. Depois de alguns minutos avisei a minha amiga que voltaria para casa com Domonicky.

Mas assim que me levantei Philipe apareceu e olhou para a adolescente bêbada ao meu lado.

— O que aconteceu? — ele me encarou acusador.

— Ela bebeu demais e...

— Eu transaria com a Taylor! — ela disse alto antes de rir. Aquilo me fez corar, mesmo eu não sabendo o significado da palavra.

— Ela realmente não está bem — ele concordou — Vai a levar para a casa?

— Vou, pegarei um táxi e vou tentar impedir que ela faça besteira.

— Vem, cuide dela enquanto eu chamo um táxi para vocês.

Philipe realmente foi bem legal ao nos tirar da boate e só voltar para lá depois que estávamos dentro do carro. Assim que sentei ela deitou em meu colo e sorriu para mim, dizendo que meus olhos eram lindos. Não pude evitar de brincar com o cabelo dela.

O real problema foi quando chegamos no apartamento.

— Você vai tomar um banho gelado e ir dormir, Domonicky — ordenei.

— Só tomo banho com uma condição — ela disse com voz ainda mais embriagada que antes.

— Qual? — perguntei.

— Você me deixar usar sua camisa de manga compridas do Batman! — ela disse.

— Aaaah, não, você vomitou na rua assim que descemos do táxi, nunca que eu te deixo usar o meu pijama! — cruzei os braços.

— Então eu não tomo banho.

Para alguém bêbado, ela parecia muito decidida.

— Okay, banho, agora. — cedi tirando minha camisa xadrez e a colocando no encosto da cadeira.

Como se não bastasse, a garota ainda ficou batendo no box de vidro e gritando que ninguém a avisou que tinha uma parede ali. Tive que ajudá-la a tomar banho.

Tirei a camisa dela sem nenhum problema, mas então olhei para aquele lindo corpo. Nunca havia olhado para ninguém assim, e aquilo mexeu muito comigo. Eu senti algo novo... seria desejo? Não, não podia ser. Desejo é necessidade física, e eu nunca senti isso antes. Mas eu queria aquele corpo no meu, e isso fez algo assustador voltar a minha mente. Vestígios de lembranças ruins.

— Qualquer coisa me chama, eu... eu vou ali e... já volto — digo saindo do banheiro.

A primeira coisa que fiz foi ligar para a minha psicóloga, que disse que eu não precisava mais de ajuda, mas se quisesse podia ligar a qualquer hora.

— Alô, é a psicóloga Lúcia? — perguntei sentindo as lagrimas vindo.

— Sim, quem fala? — disse uma voz feminina séria que depois assumiu um tom surpreso. — Taylor?? o que houve??

— Eu... eu estou com... Medo — digo soluçando. — Eu tô lembrando de umas coisas... um.... Um homem.... Ele... ele me tocava e... eu não queria e... — o choro aumentou conforme eu me encolhia no chão do corredor.

— Ty, minha querida — ela disse de maneira gentil, mas senti a preocupação em sua voz. — Você pode vir aqui na minha casa?

— Não, tenho que cuidar de uma amiga bêbada... — sussurrei.

— Ah... — ela pareceu ter pensando em algo — Façamos o seguinte: Amanhã bem cedo você vem para cá. Vou avisar seus pais.

— Obrigado, Tia Lúcia — sussurrei com uma voz infantil não muito comum em mim.

— De nada, Taylor. Tchau... — ela desligou.

— Tchau... — sussurrei para o nada.

Fiquei ali sentada no chão, apavorada com o que minha mente me mostrava.

Então, minutos depois, Kat e Vic chegaram em casa. Elas estavam rindo, mas isso parou logo que me viram.

— Taylor? — Kat perguntou — O que houve?!

— Um... um homem.... Lembro.... Ele.... Tocava e.... me fazia fazer coisas que eu não queria... eu não sei o que era... mais era nojento e... assustador... ele.... Ele me batia quando eu não fazia e.... — eu recomecei a chorar compulsivamente.

Logo senti Katherine me pegando no colo e me erguendo, caminhando até sentar no sofá comigo em abraçada nela.

— Calma, Taylor — ela brincou com meu cabelo. — Amor, cuida Domonicky, sim?

— Sim.... — ela sussurrou, em choque.

Fiquei vários minutos ali, recebendo carinho de Katheriny antes de Domonicky aparecer na sala com minha camisa e shortinho frouxo de estrelinhas.

— O que aconteceu com o meu príncipe? — ela perguntou para Kat olhando para mim.

— Seu príncipe...? — ela me encarou.

— Ela ta bêbada — disse com a voz infantil. — E disse que se tomava banho se eu deixasse ela usar meu pijama.

— Ah... okay — Kat olhou para Nicky. — Seu príncipe estava chorando.

— Por que, meu minino? — ela se aproximou de mim e colou a testa na minha... e quase me deu um selinho, mas eu desviei virando o rosto. — Hey, deixe eu te dar um beijo.

— Nem ferrando — digo.

— Uuou... a garota falou um palavrão. — brincou Katheriny.

— Ferrando não é palavrão — resmungou e encarei ela. — Se quando eu bebi da sua coca eu levei um soco, se você amanhã souber que se beijamos você invoca o Satanás para mim.

— Mas eu te amo, Príncipe... — ele fez cara de choro. — Por que não me deixa te beijar?

— Você.Está.Bêbada — digo pausadamente. — Vamos dormir.

— Só se você dormir comigo.

— O que? — perguntei sem acreditar no que Domonicky dizia. Era tudo o que eu queria ouvir dela... mas sem o bafo de alcool. — Você está louca, garota?

— Por favor, se não eu não durmo.

Acabou que não tive escolha... me deitei na cama de Domonicky e... ela dormiu abraçada em mim. Ela usava meu pijama do Batman... e eu minha camisa do Capitão América. Dois universos diferentes... que se amavam.

'Não, ela está bêbada. Ela não me ama.' Repeti para mim mesma.

Mas a esperança ainda existia dentro de mim...

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1h da madrugada de Quinta - frio/frio — Katheriny.

— O que foi aquilo, amor? — Vic me perguntou preocupada depois das duas irem dormir.

— Longa história, amor.... longa história.... — digo me deitando.

— Me conta, por favor. Ce sabe que eu sou curiosa e...

— Okay. Vou falar tudo sem muitos detalhes e dai você esquece disso tudo, tá? — perguntei e ela assentiu. — Taylor foi estuprada pelo amante da mãe por quase 4 meses. Ela nasceu nos EUA, é Americana. O pai era um jovem bem sucedido que tirou uma adolescente, amiga de infância, das drogas por que a amava. Mas quando Taylor tinha 3 anos ela arrumou um amante e por muito tempo ela tinha que ouvir os dois transando. Traumatizante, eu sei, quando ela fez 5 foi quando o padrasto começou a abusar dela. Ele fazia ela o masturbar e... ce entendeu. Mas nunca violentou a virgindade da criança e...

— Que nojo!!! — ela disse fazendo careta — Taylor era só uma criança!

— E quando o pai flagrou ele espancou o tal homem e fugiu com a criança para o Brasil. Deixou ela num orfanato e ficou por aqui até ela ser adotada. Ele mantem contato com os pais dela e... é isso. Taylor estudou em casa depois do 3 ano. Ela é uma criança no corpo de uma adolescente.... e acho que Domonicky a provocou de maneira excitante e isso fez Ty puxar coisas da memória. Taylor nunca beijou ninguem na vida, ela não estudou sobre reprodução. Tudo haver com aquilo a faz entrar em choque. — expliquei. — e boa noite — me deitei, apagando em seguida.


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Notas finais do capítulo

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