Innocence escrita por Geek


Capítulo 3
Atividades da Faculdade/Give Me Love




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Manhã de Sábado; Sol/Fresquinho — Domonicky.

Nossa faculdade contava com três atividade extracurriculares que era para ajudar os alunos a ganhar nota nas matérias que mais precisavam. Ou seja, era um meio de fazer os alunos dançarem, cantarem e atuarem para passar em coisas que não tem nada a ver com isso... tipo Física. Mas eles explicavam algumas coisas que fazia os alunos entenderem sua matéria por meio de passos de danças em grupo.

Era opcional fazer isso, eu logo topei para dar uma força nas minhas notas... Mal sabia eu que a Nerd também havia entrado nas matérias pelo simples fato de amar tudo aquilo. Como eram realizadas todo final de semana, tínhamos as 3 matérias todos os dias. Estávamos nos testes de canto com um professor já de cabelos grisalhos chamado Paulo. Os outros dois eram mais novos e chegariam depois dos testes.

Eu havia escolhido uma música fácil e simples para mim, eu cantaria ‘O Que é Que Tem?’ do Jorge & Mateus. Taylor estava algumas cadeiras a distância de mim, afinando o violão... Ela vestia uma roupa simples: O mesmo jeans de ontem, all star sujo e uma camisa preta larga. Os óculos eram o mesmo ray-ban Wayfarer preto de quando a vi pela primeira vez... um Band-aid neutro estava colocado em cima do corte da sobrancelha que eu havia feito nela. Mordi o lábio inferior me sentindo culpada. Não falei com ela desde o ocorrido de ontem.

Eu usava uma regata branca com uma camisa xadrez por cima, um shortinho jeans e um simples all star branco. Taylor me encarava a cada 15 segundos. Várias garotas cantaram sucessos do Luan Santana e os garotos vinham cantando seus Rap’s. Todos eram aprovados para as aulas, mas só os melhores entravam para a Banda ou Coral da escola, dependendo da sua voz.

Um garoto, loiro dos olhos azuis intensos, cantou uma música que me chamou atenção. Ele cantou ‘Fall’ do Justin Bieber, tipo, cantou bem pra caralho! Ele era lindo, mas devia ter 16 anos e estar só para fazer as atividades extracurriculares, que ai sim, devia ser pago e só entrava os aprovados.

— Bravo, Philipe! — disse Paulo — Ótimo! Esse é meu sobrinho! — Pera, o garoto lindo era sobrinho do velho a minha frente??

O tal Philipe sorriu revelando duas lindas crateras nas bochechas. Não, não bastava ser loiro e fofo, tinha que ter covinhas! Ele sentou no lugar onde os aprovados ficavam e me encarou sorrindo. Acho que corei... Foi então que senti um leve incomodo. Taylor me observava de maneira tão intensa... parecia ser algo palpável o olhar dela sobre mim.

Foi então que chegou minha vez. Coloquei o pen-drive com a música na caixa de som e logo começou aquela levada gostosa. Cantei deixando minha voz brincar nas notas. Ela não era grava, mais também não era aguda. Porem era afinada e isso valia. Quando terminei, a primeira coisa que me chamou atenção foi o olhar de Taylor, ela não aplaudia como os outros, mas seu olhar mostrava a admiração que sentiu. Então ela sorriu e senti borboletas em meu estomago.

Borboletas, suas doidas, vocês têm que voar quando eu olhar para o gatinho loiro ai e não para a morena irritante a minha frente. Parem de ser tapadas! Balancei a cabeça e encarei Paulo que estava falando fazia algum tempo, mas eu não tinha ouvido nada.

— ... mostrou tudo o que sente nas notas, foi incrível. Aprovada para a banda!

Sorri mostrando minha animação. A banda era a parte mais legal, por que depois que todos forem aprovados, os que ficaram para a banda iam se dividir no que sabe fazer e cada um teria seu grupo.

Depois de mais três pessoas, foi a vez de Taylor. Ela se colocou à frente de todos e vi o nervosismo nos olhos delas. Quando Paulo a encarou vi uma expressão de desprezo em seu rosto... mais um preconceituoso. Ty respirou fundo e começou os primeiros acordes... E foi o suficiente para eu reconhecer ‘Broken’, do Seether e Amy Lee. Sorri ouvindo a melodia da música. E então ela cantou, céus... Aquela voz rouca e marcante cantou a música com tanta emoção que eu cheguei a arrepiar. Mas ela sequer chegou a segunda estrofe.

— Pare! — gritou Paulo irritado. — Sua voz é horrível para os padrões da escola, não é afinada. — Taylor o encarava de modo curioso. — Seu timbre rouco é terrível! E ainda assim com esse teu jeito... — ele disse revelando que a coisa da voz era desculpa, e ele só não queria Taylor ali por sua opção para namoros.

— Esse meu jeito Tomboy? — ela disse o interrompendo. — Qual o problema? Estamos numa aula de canto, o que vale aqui é minha voz, não meu estilo de roupa ou quem eu prefiro levar para sair num encontro.

Paulo a encarou sem fala, por que apesar de tudo Ty tinha razão. Todos na sala a encarando com curiosidade e olhando para o professor, esperando a resposta.

— Você não pode me proibir de assistir as aulas, você tem que aceitar a todos nós, tá nas regras.

— Okay, você pode tocar na banda, mas não irar cantar.

Então entendi o que aconteceu, ele viu que Taylor cantava bem, mas por ser preconceituoso, não quis admitir que ela levava jeito. Eu estava tão concentrada vendo Taylor ir sentar afastada de mim, que não reparei em Philipe vindo sentar ao meu lado. Só o notei quando ele disse:

— Ela tem talento — ele disse, sorrindo de maneira fofa.

— É, ela tem... — disse voltando a ver Taylor, assim que ela sentou, grande parte das garotas foram sentar ao lado dela e puxar conversar. Alguns garotos também foram.

— Pena que tem esse jeito...

— Que jeito? — o interrompi. Ele não podia ser igual o tio dele.

— Esse jeito largado. — ele disse, encarando o all star sujo de Ty. — Ela veste o que quiser, mas all star sujos representa irresponsabilidade, mostra que a pessoa não se importa.

— É — sorri. Até que enfim alguém que pensava como eu! — A camisa folgada mostra desleixo.

— Exato! — o sorriso do garoto ao meu lado cresceu, céus, por que tão perfeito??

A conversa se estendeu até os testes acabarem e os dois professores chegarem. Era um homem e uma mulher. Ele era negro, careca, olhos cor de chocolate e vestia roupas largadas, num estilo mais hip hop. Ele devia ter uns 1,90 de altura e era meio gordo. Ela era loira dos olhos verdes, vestia uma camisa do Guns n’ Rose e jeans rasgados. Ele parecia ter 26, ela parecia ter a nossa idade, ou seja, 17. Devia ter 1,70 de altura e tinha o corpo de uma dançarina.

— Bom dia turma! Sou Fernanda, e ensinarei vocês a cantarem nos estilos de Rock e nessa pegada ai. Mas vou admitir que tenho uma leve queda pela Demi Lovato e de vez em quando vamos cantar as músicas daquela diva! — ela tinha um tom divertido ao falar com turma.

— E ai, jovens! — disse o outro professor — Eu sou o Billie, o MC Big B! — Sua voz era forte, marcante. Era um perfeito cantor de Rap. — Vocês vão aprender Rap comigo, terão o folego de um campeão mundial de natação!

Eles eram divertidos e toda turma se aproximou e fez um círculo para ficar ao redor dos professores. Todos menos Taylor, que preferia assistir a aula dali, bem longe de Paulo. Cantamos várias músicas, rimos muito com os professores e no final a professora Fernando juntou todos nós para uma última música. Então ela notou Taylor e conversou com Paulo. Deve uma leve discussão ali, mas acabou com velho emburrado.

— Ei, você, garota! — ela chamou Ty. A morena se levantou e se aproximou da professora com o violão nas mãos. — Por que não canta essa com a turma?

— Ele me proibiu de cantar nas aulas. Sou apenas a garota que toca — ela disse encarando os olhos da professora, que se perdeu na imensidão azul de Taylor. Depois de alguns segundos a professora disse em tom baixo.

— Então... — ela mal piscava para encarar os olhos da minha colega de quarto, o que irritou Paulo e fez Big B gargalhar. — Então apenas toque para nós...

— Qual a música? — Taylor sorriu e posso jurar que ouvi a professora e mas algumas garotas suspirarem. Quando aquela nerd ali se tornou atraente?

— Give... — Fernanda parecia estar com alguns problemas ali — Give me... Give me Love... — ela conseguiu terminar e então Ty se sentou em frente a turma que estava em pé.

Assim que quebrou o olhar com a professora, a mulher encarou Big B que ria incontrolavelmente. Ouvi os dois terem uma discussãozinha básica que parecia ser de dois adolescentes que eram melhores amigos e estavam zoando uma ao outro.

Então Taylor começou. Ela tocava com tanta perfeição que chegava a ser magico. Então, enquanto ela tocava, sentia seu olhar em mim, encarado meus olhos com aquele infinito azul.

Give me love like her (Me dê amor como ela)

'Cause lately I've been waking up alone (Porque ultimamente tenho acordado sozinho)

Pain splattered teardrops on my shirt (Lágrimas de dor escorrendo na minha camiseta)

Told you I'd let them go (Disse a você que os deixaria ir)


Mesmo sem olhar para o violão ela continuava acertando os acordes e me fazendo arrepiar ao me encarar e sussurrar a música. Apenas eu ouvia aquele timbre rouco e marcante cantando e sua voz clara no meio de um coro afinado e correto.

And I'll fight my corner (E eu vou lutar pelo meu espaço)

Maybe tonight I'll call ya (Talvez eu te ligue hoje a noite)

After my blood turns into alcohol (Depois do meu sangue virar álcool)

No, I just wanna hold ya (Não, só quero te abraçar)

Da mesma forma que ela me encarava, não conseguia desviar o olhar de Taylor. É, professora Fernanda, agora sei como você se sentiu com o peso desses olhos em você. O olhar de Ty parecia encarar sua alma, ele era diretamente para seus olhos e parecia que ela sabia de tudo sobre você. Era como se sua pele fosse de vidro e ela vesse seu interior.

Give a little time to me, we'll burn this out (Me dê um pouco de tempo ou queime isso)

We'll play hide and seek, to turn this around (Vamos brincar de esconde-esconde para virar isto)

All I want is the taste that your lips allow (Tudo que quero é o sabor que seus lábios permitem)

O modo que ela falou a última frase me fez arrepiar. Céus, o que tá acontecendo comigo?

My, my, my my, oh, give me love (Minha, minha, minha, minha, oh, me dê amor)

My, my, my my, oh, give me love (Minha, minha, minha, minha, oh, me dê amor)

My, my, my, my, give me love (Minha, minha, minha, minha, me dê amor)

Give me love like never before (Me dê amor como nunca deu antes)

'Cause lately I've been craving more (Porque ultimamente tenho desejado mais)

And it's been a while but I still feel the same (E faz algum tempo, mas ainda sinto o mesmo)

Maybe I should let you go (Talvez eu deveria deixá-la ir)

A voz de Taylor ficou mais alta e os professores começaram a ouvir. Fernanda a encarava sorrindo.

You know I'll fight my corner (Você sabe que vou lutar pelo meu espaço)

And that tonight I'll call ya (E que vou te ligar hoje a noite)

After my blood, is drowning in alcohol (Depois que meu sangue estiver se afogando em álcool)

No I just wanna hold ya (Não, só quero te abraçar)

Então Taylor fechou os olhos e cantou com toda força dos pulmões. Todos pararam e a encaravam enquanto ela continuava em seu tom rouco, a acompanhei na música, juntamente com a professora.

Give a little time to me, we'll burn this out (Me dê um pouco de tempo, queimaremos isso)

We'll play hide and seek, to turn this around (Vamos brincar de esconde-esconde para virar isto)

All I want is the taste that your lips allow (Tudo que quero é o sabor que seus lábios permitem)

My, my, my, my, oh, give me love (Minha, minha, minha, minha, oh me dê amor)

Give a little time to me, we'll burn this out (Me dê um pouco de tempo, ou queime isso)

We'll play hide and seek, to turn this around (Vamos brincar de esconde-esconde para virar isto)

All I want is the taste that your lips allow (Tudo que quero é o sabor que seus lábios permitem)

Ela levantou e tocava as cordas com força, colocando tudo o que sentia em acordes e na sua voz. Aquilo me fez arrepiar.

My, my, my, my, oh, give me love (Minha, minha, minha, minha, oh, me dê amor)

My, my, my, my, oh, give me love (Minha, minha, minha, minha, oh, me dê amor)

My, my, my, my, oh, give me love (Minha, minha, minha, minha, oh, me dê amor)

My, my, my, my, my, my, oh, give me love, love (M-minha, m-minha, m-minha, oh, me dê amor, amor)

Ela terminou subindo a nota, sem desafinar.

— Tem que a deixar cantar! — disse Fernanda. — Ela é ótima.

— Ela é lésbica — Paulo disse entre dentes.

— E dai? — Big B perguntou cruzando os braços. — Ela canta bem e eu aprovo a garota. Vamos lá turma, Taylor! Taylor! Taylor! — ele começou fazendo toda turma gritar com ele.

Encarei Ty, ela tinha o rosto vermelho. Foi ai que reparei em suas sardas salpicando seu rosto. Ela me olhou e eu me deixei gritar o nome dela junto com os outros, ela merecia cantar... por mais irritante que seja. Sorri de canto para ela, me permitindo mostrar um pouco de gentileza.

Ela retribuiu com o sorriso mais lindo do mundo. Foi a primeira vez que vi ele brincar nos lábios dela e mostrar as duas covinhas em suas bochechas... Na época eu não sabia, mas aquele era o MEU sorriso. Só eu roubava ele dela, apenas eu conseguia a fazer sorrir daquele jeito.

E mesmo sem saber disso naquele dia, as borboletas em meu estomago sabiam. Ah, como sabiam...


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