O melhor plano escrita por Hioshi Aime


Capítulo 2
Redenção


Notas iniciais do capítulo

Oeeeee~
Peço mil desculpas pela demora! Estou sem pc por enquanto e fica muuuito difícil pra postar, mas enfim, aqui está o último capítulo!
Todo dramático e lindo, adorei escrevê-lo!
Espero postar outra em breve e retomar "As cerejeiras de Tóquio" assim que for possível (espero mesmo que não demore kkk)
Por favor, se gostarem, não esqueçam de comentar! É super importante!
Mil beijos!



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Quando sentiu algo quente escorrendo pela sua bochecha, percebeu que chorava. Enquanto o amigo se afastava de si e caminhava para o lado oposto, enxugou com as costas da mão as últimas lágrimas teimosas e decidiu ir em frente. Não havia nenhuma certeza sobre o que esperava por ela, ele poderia mandá-la embora, dizer palavras duras que ela não sabia se aguentaria ouvir, mas aceitou todos os riscos no momento que deu o primeiro passo.

Os grandes portões de madeira que guardavam o distrito estavam intactos, assim como o símbolo do leque que estava nele. Ao menos pelo lado de fora, tudo parecia como antes, exceto por algumas marcas inevitáveis do tempo que fizeram o antigo portão principal escurecer um pouco. Antes mesmo de tentar abri-lo pensou que era praticamente impossível que Sasuke tenha o deixado aberto, afinal, ele com certeza não gostaria de ter visitas indesejadas ali, mas ainda assim tentou forçar um pouco usando seu pé direito para empurrá-la e foi uma grande surpresa perceber que ela abriu apenas com aquele pouco esforço. Se por fora tudo estava em ordem, por dentro não parecia estar diferente. Se não soubesse a história trágica que acontecera ali, não pensaria muito antes de concluir que os habitantes estavam apenas dormindo em suas casas.

A luz da lua cheia no céu ajudava bastante na busca pela casa que procurava. Lembrava-se que enquanto estava na academia vivia seguindo Sasuke até sua casa e foram muitas as vezes que ele a descobriu ali entre os arbustos do distrito. Era um local cheio de lembranças para os dois, algumas tão tristes e outras tão felizes que faziam Sakura sorrir sem querer. Estava prestes á dar o próximo passo quando sentiu um súbito calafrio subindo por sua nuca e estremeceu. Percebeu que estava sendo observada de perto e sabia bem á quem pertenciam os olhos que á fitavam na escuridão.

– Sakura?

Poucos centímetros o separava das costas da garota. Se fechasse os olhos e inspirasse fundo poderia até mesmo sentir o cheiro doce e cítrico que o cabelo dela emanava. Era perto demais, perigoso demais e ele sabia dos riscos, mas preferiu ficar ali mesmo, encarando os fios de cabelo rosa que balançavam conforme o vento soprava.

Sakura por sua vez não tinha forças para virar e encará-lo. Ouvir aquela voz rouca sussurrando tão perto de seu ouvido fez com que ela arregalasse um pouco mais os olhos em sinal de alerta e suas mãos agora seguravam com força a barra do vestido que usava. Teve a impressão de ter voltado no tempo, exatamente ao dia em que ele deixou a vila pela primeira vez, quando estavam naquela mesma posição alguns momentos antes de fazer com que ela desmaiasse.

– O que você está fazendo aqui?

– Vim ver você. – Nem ao menos sabia como teve voz suficiente para falar. Sentia que a qualquer momento suas pernas poderiam falhar e por um instante desejou estar encostada em algo.

Um momento de silêncio. Ele sempre soube que Naruto não guardaria a notícia de seu retorno por muito tempo, especialmente para Sakura, entretanto, não esperava vê-la ali e muito menos naquele dia. Seus ombros pareceram descansar um pouco, mas seu olhar continuou sobre as costas da garota que estava á sua frente.

– Vá embora, Sakura.

– Porque estava se escondendo de mim? Porque nem ao menos compareceu ao casamento de Naruto? – As perguntas vinham atropeladas, enquanto se esforçava para afastar as lágrimas que queriam vir. – Porque?

– Já fui vê-lo hoje, na verdade, voltei apenas pra isso.

– Voltou só pelo Naruto?

Ela ouviu quando ele suspirou baixinho. Sasuke deu um passo para trás, ficando de costas também para ela, erguendo o rosto para o alto enquanto olhava para o céu escuro acima deles.

– Não venha mais até mim, por favor. – Nem mesmo em seus pensamentos mais estranhos, imaginou que um dia Sasuke diria aquilo pra ela. Até poderia imaginá-lo dizendo para deixar ele em paz ou mandando ficar longe da forma mais arrogante possível, mas nunca usando aquele tom de voz tão triste e muito menos pedindo “por favor”.

– Sasuke-kun...

– Por favor, Sakura.

– Eu não vou sair daqui até ouvir um por que. – Se Sasuke não estivesse tão próximo, provavelmente não teria conseguido escutá-la. – Porque não queria me ver?

Mais silêncio. Se estivessem cara a cara, Sakura poderia ter notado que ele fechou os olhos ao ouvir aquela pergunta, porém mesmo que estivesse olhando para Sasuke, ela não teria como saber que todos os momentos em que esteve ao lado dela estavam passando por sua cabeça. Todas as missões, a felicidade que estampava o rosto dela ao vê-lo, as lágrimas que ela deixou cair por sua causa e as declarações de amor que ouvira, ele se lembrava de tudo em detalhes.

Ele nunca admitiria, mas ao longo dos anos que passou longe dali, pensou inúmeras vezes em voltar e não houve um dia que não se perguntou como seria aquela viagem se tivesse levado Sakura consigo, mas sabia que aquilo não era uma opção, afinal era um caminho de penitência e qualquer conforto estava descartado, mesmo que fosse o conforto de ter Sakura por perto. Á cada vila que passava ajudando os moradores em troca de comida e moradia, podia sentir que faltava menos para se perdoar por tudo de ruim que fizera e, portanto, seu retorno para Konoha também estava mais próximo. Porém, conforme o tempo passava, ele percebia que todas as boas ações que fazia não eram suficientes para amenizar todo o erro de uma vida. Tinha que pensar em uma penitência absoluta, que pudesse fazê-lo penar por todas as pessoas que arruinou. Ao pensar em algo que o atingisse em cheio, nada mais lhe veio á mente senão Sakura, a responsável por alegrar sua vida tão vazia desde sua infância. Impôs então a sua última e mais triste penitência: Ficar o mais distante possível da Haruno.

Mas o que estava fazendo naquele momento? Mesmo estando de costas para ela, ainda estavam próximos demais, porém não queria ficar mais longe que aquilo, era o suficiente.

– Acho que não preciso te dar nenhuma explicação – Não, ele não achava. Devia diversas explicações pra ela, tantas que nem saberia por onde começar, mas sabia bem que se começasse á falar, tudo se tornaria bem mais difícil.

– Tem certeza disso? – Ela já não podia continuar segurando as lágrimas. A voz que outrora quase não se ouvia, agora vinha alta e falhada devido ao choro repentino. – Durante todo esse tempo não tive nenhuma notícia de você! Todas as noites eram difíceis pra mim porque tinha medo de que estivesse doente ou correndo algum risco e tudo que podia fazer era esperar rezando pra que você voltasse bem. Não houve nenhum dia que não pensei em você! Então você volta e me diz que não quer me ver e me manda embora... Realmente não sentiu minha falta?

Reunindo toda sua coragem, ela virou para encará-lo de frente, encontrando apenas suas costas cobertas por um grosso poncho marrom. Mesmo com sua visão ainda embaçada pelas lágrimas, pôde notar o quanto ele cresceu. Os cabelos estavam ligeiramente maiores e não podia se ver muito mais devido ao que ele vestia, mas mesmo não conseguindo ver seu rosto por completo as borboletas em seu estômago pareceram acordar novamente.

– Sakura... Você precisa de alguém bem melhor que eu.

– Não, eu não preciso.

Aquela conversa estava saindo do controle pra ele. Sempre soube que seria difícil fazer com que ela o esquecesse, mas nunca imaginou o quanto e se continuasse naquele ritmo, não sabia se poderia aguentar. A vontade de olhar para o rosto dela era enorme, mas se a visse chorando novamente por causa dele, sua promessa de manter-se longe estaria em um sério risco.

– Não tem como alguém como eu te fazer feliz. – Mais um suspiro discreto e seus olhos abriram ainda fitando o mesmo ponto no céu. – Você ao menos lembra que já tentei te matar?

– Não, eu não lembro e se lembrasse poderia te dizer que eu tentei te matar primeiro. Por favor, não use histórias do passado para tentar me afastar de você.

A última frase o pegou desprevenido, era tudo o que não precisava ouvir se ainda quisesse manter sua palavra. Tentou pensar na resposta mais sensata, mas qualquer coisa que falasse seria usado contra ele no final, porque aquela era Sakura e mesmo que o amasse demais para tratá-lo mal, sabia enfrentá-lo quando o assunto era o relacionamento dos dois.

– Não faça isso mais difícil do que já é, por favor...

– Se é difícil pra você, então porque está tentando me manter longe?

Baixando a cabeça, Sasuke virou-se para encará-la de frente e pela primeira vez desde o início daquela conversa eles puderam olhar um para o outro. Tentou não deixar transparecer a surpresa de vê-la tão diferente de como lembrava, parecia mais madura em suas feições e até mesmo o corpo da kunoichi parecia mais chamativo diante de seus olhos. Nunca teve dúvidas de que ela era uma das garotas mais bonitas da vila, mas nem precisava olhar as outras para ter certeza que o posto agora seria somente dela.

– Minha alma continua manchada, Sakura, e eu não tenho como apagar tudo o que fiz. – Aquele olhar... Ela nunca o tinha visto tão deprimido. Parecia até que os olhos não concordavam com o que a boca falava e aquilo não estava certo. – Sempre pensei em como podia me redimir pelo sofrimento que causei á todos, mas nem mesmo esse tempo que passei longe foi suficiente. Talvez o único meio de conseguir me perdoar seja aumentando o meu castigo.

– O que você quer dizer?

– Quero dizer que preciso ficar longe de tudo o que é precioso pra mim e só há nesse mundo duas coisas que ainda me mantém vivo: A amizade de Naruto e... Você, Sakura.

Alguns segundos foram necessários pra que ela assimilasse o que ele disse. Os olhos verdes, ainda estavam molhados, mas de certa forma as lágrimas que saíam agora pareciam mais leves. Esperou durante muito tempo que ele dissesse algo como isso, mas nunca foi capaz de imaginar que para aquilo, teria que convencê-lo á ficar ao seu lado.

– Sasuke-kun, eu não te disse antes? – Um discreto sorriso se formou nos lábios dela enquanto secava as lágrimas novamente com as mãos – Não use o passado pra me afastar, porque não vai conseguir. Você não precisa mais se castigar, ninguém da vila está te culpando de nada e todos desejam que você fique aqui, então não continue á se punir dessa forma.

Um passo á frente e faltou pouco para não encostar no peito de Sasuke. Com os braços trêmulos e incertos, contornou a cintura dele dissipando qualquer distância que ainda havia ali. Sasuke não conseguia reagir, era intrigante o efeito daquele abraço em seu corpo e por um instante pareceu sentir os muros em sua mente indo á baixo. Foi um ato instantâneo segurá-la em seus braços e como esperou por isso! Ter Sakura ali tão perto era como um repouso, depois de tudo o que passou, sentiu como se finalmente estivesse num lar e o lar do ex-vingador era junto á ela, a dona de todo seu amor desde sempre. Em uma parte remota de sua mente ainda perguntava-se sobre o que seria de sua penitência, mas... “Dane-se”, o que mais importava era o que estava segurando agora. Um mundo, um futuro, uma família e um lar, não sabia como tudo isso podia caber em seus braços até aquele momento. Sakura era tudo.

Afrouxando um pouco o abraço, ele segurou seu rosto entre as mãos, olhando cada detalhe e colou sua testa na dela, fechando os olhos em seguida. Sakura já não sabia se aquilo era um sonho, mas desejou que aquela noite se estendesse um pouco mais enquanto estava ali, entre os braços dele, de seu único homem.

Não aguentando mais, juntou seus lábios aos dela, começando um beijo quente e repleto de significados, mas ainda parecia pouco diante de tanto tempo que passaram distantes um do outro. Um mundo, ele, ela e nada mais parecia importar o suficiente para que se afastassem.

Quando separaram seus lábios, ainda permaneceram abraçados, temendo que aquilo pudesse acabar á qualquer momento.

– Então, Sasuke-kun, tem algo pra me dizer?

– Vamos até sua casa.

– Porque?

– Preciso falar com seus pais sobre o casamento.

THE END.


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