Finalmente tinha chegado o dia  em que Brendon teria uma conversa franca com o amigo. Queria saber o que realmente o que o outro sentia por ele. Se ainda sentia alguma coisa. Quanto a isso ele tinha quase certeza, mais queria ter uma prova sobre tal assunto. Antes de bater na porta parou para pensar um pouco sobre tudo o que estava acontecendo e se lembrou do e-mail em que ele respondera ao e-mail que ele tinha enviado. Pensou em tudo que eles viveram até aqui. Lembrou-se dos momentos em que esteve ao lado do outro como bons amigos, momentos que ele jamais esqueceria, mas quanto ao outro não saberia dizer se ele poderia guardar tais lembranças. Voltou a si, e deu algumas batidas na porta. Deu um passo para trás e esperou que o outro a abrisse, o que logo foi feito.

- Olá, B. O que faz aqui?

- A gente tinha combinado, outro dia pelo telefone. Lembra?

- Ah sim, claro. Agora me lembro. Entre, Brendon.

Ele deu passagem para que eu entrasse. Olhei ao redor do cômodo e vi sua guitarra verde clara em um canto, algumas fotos na parede de quando ele ainda estava na banda. Aproximei-me de uma que me chamou a atenção: uma foto com nos dois, photoshoot feito por Carl Martin Nordby, se ainda me lembro bem. Era esse o nome do fotografo, já que tinha adorado fazer esse shoot com o Ryan. Proporcionou-me bons momentos de alegria. 

- Como que você vai, B?

- Bem e você?

Menti pra variar, não estava sendo nada fácil ter a ausência dele em minha vida, e agora que eu estava ao lado dele vi o quanto o ele me faz falta.

- Vou bem. Sente-se.

Encaminhei-me para o sofá que ele estava indicando. Sentei-me educadamente e ele fez o mesmo.

- E então, Brendon?

- E então o quê?

- Por que veio aqui afinal?

- Para termos uma conversa sincera, o que mais poderia ser?

- Sobre?

- Sobre a gente. Ryan, eu sei que você estabeleceu um compromisso com alguém, e quando você respondeu o e-mail, me doeu muito ler aquelas suas palavras. 

- Não tem ‘a gente’ Brendon.

- Ryan, para de ser hostil. Você não é assim e nunca foi. E sabe muito bem que tem ‘a gente’ sim. Não se engane com suas próprias palavras, ou melhor, não se engane.

- Brendon, não fale assim comigo.

- Eu tenho que falar sim Ryan, porque você não é desse jeito. Você esta iludindo a si mesmo, só que não consegue ver isso. 

- Brendon, você esta fora de si e não sabe o que esta falando.

Percebi que ele começou a se confundir com as próprias palavras, já que tinha gaguejado em algumas delas e desviado o olhar. Eu o conhecia muito bem e esses seus atos demonstraram que eu estava com a razão.

- Nunca estive tão sóbrio na minha vida, Ryan. Mas quem tem cometidos erros ultimamente aqui é você. Desculpe-me estar te falando isso, mas como seu melhor amigo eu tinha que lhe dizer.

- Seus conselhos sempre me foram úteis Brendon, só que eu decidi tomar um rumo diferente em minha vida.

- Rumos errados, né, Ryan?

- Não importa se são certos ou errados, Brendon.

- E quem você esta enganando agora?

- Que?

- De quem você está gostando?

- É a vocalista do The Like, a Elizabeth. Por quê? E eu não estou enganando ninguém.

- Pode não estar enganando ninguém, mas está se enganando Ryan.

O outro abaixou a cabeça e ficou pensativo. Viu que não estava sendo nada fácil aquela conversa sincera e sabia que estava errado e que ele, Brendon Urie estava certo. Absolutamente certo. Estava sendo duro tendo que admitir ainda mais difícil estar ao lado de quem ele realmente amava e o mais velho sabia disso.

- Brendon, tudo que eu fiz e tudo que e estou fazendo faz parte dos meus sonhos.

- Ryan, como que você pode sonhar sem ter a sua liberdade?

Ele não teve resposta para essa ultima pergunta do mais novo. Ficou mudo tentando organizar as idéias que estavam em seu pensamento. Olhou para o mais novo que o encarava. Como era difícil organizar os pensamentos com ele ali, bem ali do meu lado, e ele, o mais velho, mesmo querendo fazer alguma coisa.

- Brendon...

- Ryan, só não se engane. Te falo como amigo.

- Eu sei que é como amigo, mais não é tão simples assim e tão pouco fácil.

- Você sabe que é, e não quer ter que admitir isso a si mesmo. Agora eu preciso ir Ryan, assim que puder venho te visitar mais vezes, você sabe o número do meu celular. Qualquer coisa é só me ligar que eu venho o mais rápido possível e desculpe por alguma coisa e saiba que eu ainda gosto de você, não só como amigo, mas também daquele jeito.

Levantei-me e ele fez o mesmo para pudesse abrir a porta.

- Já tem que ir, B?

- Já. E Ry...

- O que, Brenny?

- Posso te pedir mais uma coisa?

- O que?

- Isso.  – Me aproximei dele e encostei meus lábios nos dele, sem pedir passagem. Apenas um selinho para que ele pudesse matar a saudade daqueles lábios finos e delicados. Afastei-me dele e encarei aquele olhar com o meu, que queriam me dizer alguma coisa que eu não saberia explicar. Simplesmente não houve palavras por alguns segundos, foi quando resolvi interromper aquele momento.

- Promete que vai pensar em tudo o que eu te falei?

- Prometo.

- Promete mesmo?

- Claro. Já não te disse que seus conselhos são úteis?

Ele abriu a porta. E eu vi fora daquele apartamento tão aconchegante, bem a cara dele. Olhei mais uma vez para ele e vi que uma lágrima escorria pela sua face delicada, mas a limpou logo para disfarçar. O que tinha lhe dito, realmente fizera efeito, e agora era só esperar que ele tomasse consciente de tudo o que tinha dito e passasse a fazer o que era certo.

- Até Brendon.

- Até Ry...             

Nossa conversa morreu ali. Sabia também que ele ia me ligar, só não sabia quando. Ainda mais depois daquela minha atitude inesperada. Ele estava precisando conversar com alguém e esse alguém não era o Jon e nem o Spencer, que é o seu melhor amigo desde a infância. Notei pelo seu olhar que ele não estava feliz com nada daquilo e que ele fazia questão de se enganar, o que só fazia com que ele sofresse cada vez mais. Ele estava precisando conversar com alguém diferente e esse alguém era eu. Apensar de não ter sido a conversa, já era um grande avanço termos nos encontrado. Pelo que me lembro, falei com ele umas dez vezes ao celular depois que deixou a banda e dei um reply de ‘feliz aniversário’ no twitter. Só queria saber até quando que ele se enganaria? Não gostava quando ele tomava essa atitude de se enganar.