Ive Hungered For Your Touch escrita por abishop, rumpelstiltskin


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Obrigada.



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Capítulo 06, Pov do Ryan

 

 

 

 

            Eu juro que senti vontade de rasgar o ursinho, mas não fiz. Usei-o de travesseiro algumas vezes enquanto pensava nos momentos bons que tinha vivido com os meninos do Panic! e também pensava na carreira que estava construindo sem eles. O quanto estava sendo bom aquela vida sem o Panic! – em partes, claro.

 

 

 

#Flash Back#

 

 

            Tínhamos acabado de fazer um show. Brendon estava pingando de suor como sempre e eu estava ajeitando a faixa na minha cabeça, um pouco menos suado que os demais. Spencer e Jon passaram para dentro do camarim e Brendon me puxou com certa força para dentro do banheiro e me prendeu na porta.

 

- Um dia você vai deslocar meu braço com esses puxões, sabia? – Eu o repreendi e Brendon apenas deu os ombros. Beijou-me delicadamente a face, me fazendo sorrir timidamente com os lábios e me fazendo perder completamente qualquer pose de durão.

 

- Eu estava precisando de você agora. – Ele disse baixinho, perto do meu ouvido. Senti um arrepio gostoso e deixei um beijo no canto de seus lábios grossos e ele virou o rosto, roubando-me um selinho demorado. Eu não tive coragem de afastá-lo naquela hora, a não ser quando tentou aprofundar o beijo. – Maldade.

 

- Realismo. – Disse – Vamos sair daqui antes que dêem nossa falta. – Rapidamente desvencilhei-me de seus braços, pesaroso por estar fazendo isso. Abri a porta e pus a cara para fora do local, percebendo que não tinha ninguém saí. Quando o fiz, na tentativa de me puxar, Brendon arrancou-me a pulseira... A pulseira que tinha o seu nome escrito - Não, caralho! – gritei o máximo que pude ao ver as letras esparramadas pelo chão.

 

- Desculpe – Abaixamo-nos enquanto procurávamos as letras restantes. Achamos apenas algumas letras, apenas a: B, E, R. Sugestivamente, claro. Guardei-as e sequer agradeci a ajuda. Brendon sabia bem o quanto aquela pulseira era importante para mim.

 

#Fim do Flash Back#

 

            Acordei de minhas lembranças com alguém abrindo a porta. Pensei em ser Brendon para buscar o ursinho, mas me lembrei bem que ele disse que não viria. Então, preguiçosamente levantei de minha cama e fui ver quem era. Para minha surpresa – ou não – era Elizabeth. Dei um sorrisinho infantil, seguido de uma coceira manhosa nos olhos. Z caminhou até mim e envolveu os braços no meu pescoço:

 

- Ah, que saudades, Ryro! – Seus olhos claros brilhavam e seus pés tinham o trabalho de tentar me alcançar. Z Berg tirou os sapatos e ficou em pé em cima de meus pés, como eu fazia com Brendon para que ele alcançasse com mais facilidade o meu rosto. Repreendi-me mentalmente por ter me lembrado do garoto errado, na hora errada. Eu não poderia me dar ao luxo de soltar o nome errado e fazer de conta que não aconteceu.

 

            Puxei-a mais próxima em meu corpo e tomei seus lábios em um beijo profundo, necessitado. Um beijo que eu queria dar em Brendon. Só parei de beijá-la, quando ela me afastou bruscamente e sorriu de forma doce.

 

- Isso tudo é saudades? – Disse ela brincalhona. Eu apenas dei um sorriso sem graça – Eu decidi dar uma passada rápida por Las Vegas. Ainda não consegui tirar férias, mas esse fim de semana estou de folga.

 

            Levei-a para meu quarto em absoluto silêncio. Ela acendeu a luz do mesmo e eu me joguei na cama – em cima do ursinho de pelúcia que ele tinha me dado. Z olhou cada detalhe do quarto enquanto deitava-se ao meu lado. O tempo foi passando e as coisas seguiram seu curso. As roupas foram tornando-se incômodas e foram saindo de nossos corpos.

 

            Eu só percebi a besteira que fazia, quando já não suportava mais o peso de meu próprio corpo. Não que ela fosse ruim no sexo, mas eu a estava usando. Eu queria que ela pudesse suprir a falta que Brendon Boyd Urie conseguia fazer, porém, ela e ele nunca se deram bem quando eu ainda estava no Panic! Às vezes eu me pergunto se realmente estou caindo em mim, se fiz a coisa certa, apesar de a minha fase profissional ser ótima.

 

            Mas de que vale a fase profissional estar ótima se eu não consigo sequer ajeitar o meu pessoal. Se eu não consigo arrancá-lo de mim. Eu precisava procurá-lo, dizer frente a frente que queria esquecê-lo, que tento. Que brinco com uma garota só para suprir minhas necessidades. Pode soar – e é – presunçoso de minha parte, embora por incrível que pareça, era ela quem me fortalecia.

 

            Berg dormiu. Seu corpo ainda estava molhado de suor e sua respiração ainda era meio falha quando eu me levantei. Vesti a minha calça e saí do meu quarto para respirar alguma coisa que não tivesse cheiro de sexo – embora fosse bem melhor para eu poder entrar em mim – e fui fazer um café para tentar pensar no que fazer pela manhã. Z ia passar todo o fim de semana comigo e eu preciso dar um jeito para que Brendon venha pegar o urso que deixou. Ele se tornaria uma tortura.

 

            Um presente de Brendon que agora tinha o cheiro da Z – porque quando eu saí do quarto, ela abraçava o ursinho docemente enquanto dormia. Acho que foi a forma que ela encontrou de substituir meu abraço -, e apesar disso... Dos pensamentos, do sexo eu estava um tanto mais leve. O cheiro do café me relaxava e me esquentava.

 

            Tomava o líquido devagar, regado por lembranças de Brendon Urie. De quando dividíamos a mesma cama e acordávamos no meio da noite para tomar café e jogar qualquer papo inocente fora. Ou quando acabávamos nos beijando pelo meio dos papos, transformando papos inocentes em algo bastante ligado ao jeito doce que Brendon tem de ser e o meu jeito teimoso e perfeccionista.

 

 

            O dia foi amanhecendo e para variar um pouquinho, eu não dormi. Mary, a governanta, levantou-se e veio a minha cozinha. Eu continuava sentado na pia, meio cabisbaixo, meio distante. Brendon invadindo minha cabeça, quebrando o meu coração. Pode ser estranho isso vindo de mim.

 

- Filho. – Disse a senhora – Não conseguiu dormir outra vez?

 

- É, Mary. Isso já está virando rotina. – Resmunguei, sorrindo levemente para ela – Na realidade, eu dormi algumas horas hoje, mas a Z chegou e acabou com o meu sono.

 

- Entendo, filho. – A mulher pegou um pouco de leite, pôs no pires de Ringo e o chamou – Essa casa está tão silenciosa desde que o Panic! não viaja mais com você.

 

- Tenho que concordar – Reclamei rolando os olhos – Infelizmente tenho que concordar. – A mulher suspirou pesadamente e concentrou-se nos seus afazeres. Eu fiquei a observá-la, ainda sentado em cima da pia. Eu tinha desacostumado a viver sozinho, estava sempre rodeado de barulho, de música, de Brendon. Sem o Panic! era como se minha alegria estivesse ido com eles. A minha vontade de tocar tinha ido por água abaixo.

 

- Ryan... Você está com uma cara péssima. Não parece a cara de um homem que acabou de receber a namorada em casa. – Ela me disse, fazendo eu cair em mim – Vá para o teu quarto, tome um banho e sorria. Eu sei que é difícil, que seus amigos fazem muita falta para você, mas a menina não merece te encontrar sujo e com um péssimo humor.

 

- Tem razão. – Levantei-me da pia decidido seguir o conselho e dela, tomar banho, me trocar... Isso seria fácil, mas sorrir e fingir que tinha dormido, ainda que por cansaço, seria muito mais difícil do que tudo. Eu só esperava que eu conseguisse fingir que eu estava bem, mas eu realmente estava?

 

            Tomei um banho demorado, banho ao estilo de Brendon Urie, porque eu queria parecer melhor e que a água levasse toda aquela sensação de inutilidade e de impotência. Talvez estivesse mesmo precisando de uma doce dose de Brendon Urie, já que minha abstinência estava mesmo me vencendo. Mantive a cabeça em baixo d’água para pensar, mas logo o banheiro foi invadido. Olhei pelo Box e vi ser Z. Estiquei os braços e ela veio até mim e me abraçou:

- Bom dia, doce. – Eu encolhi meu rosto em seu pescoço e o escondi ali. Dei um grunhido baixo, quase como um ronronado em tua pele macia. – Ryan, você ta bem?

 

- Yep. – sorri com os lábios quando a olhei – Agora vou sair do banho, to aqui há horas. – Mordi meu lábio e em seguida dei-lhe um leve selinho – Depois escolhe aonde vamos.

 

- Ta. – Eu selei nossos lábios novamente e saí do banheiro, como o de costume: todo molhado e molhando os lugares onde eu passava. Geralmente as pessoas se irritavam comigo devido essa minha mania, porém eu pouco me importava.

 

            Coloquei uma roupa qualquer e fiquei secando meu cabelo com a toalha, sem realmente secar. Eu já tinha perdido a paciência para ficar no secador. Z saiu uns minutos depois, eu ainda estava sem camisa. A menina veio até mim e deixou a toalha cair quando envolveu meu pescoço com os braços. Dei um suspiro resignado e a puxei contra mim, talvez ela ainda não tivesse percebido o quão estranho eu estava.

 

- Ryro, você realmente está bem? – Ela sussurrou em meu ouvido e eu assenti com a cabeça. Isso fez com que ela imediatamente soltasse meu corpo e fosse terminar de se trocar. Pus minha camisa azul e fui para a cozinha, ver o que Mary tinha preparado.

 

- Ryan, filho, o telefone tem tocado muito, mas quando eu atendo, nunca é ninguém. – Ela reclamou enquanto arrumava a mesa.

 

- Deixe-o fora do gancho, Mary.  – Disse sem ânimo – Semana que vem eu troco o número.

 

- Ok. – Sentei-me e esperei Z terminar seu banho antes começar a comer qualquer coisa. Eu queria companhia. Estava cansado de estar sempre sozinho. Não demorou muito e ela chegou. Comemos conversando sobre qualquer besteira e o que me fortalecia a continuar com aquele namoro eram os olhos brilhantes da Elizabeth. Eu sabia bem que ela me amava e ao mesmo tempo, eu me sentia horrível por deixá-la se iludir comigo.

 

            Depois dali saímos por toda Las Vegas. Passeamos por toda a cidade, rodamos pelos melhores lugares durante toda a tarde. Tiramos excessivas fotos que ela fazia questão de postar no twitter quase que imediatamente. Eu sorria forçado nas fotos, brincava com ela tentando realmente me divertir, mas na realidade, eu não estava conseguindo ir muito longe.

 

            Quando a noite estava começando a cair, senti meu celular vibrar dentro do bolso. Dei uns passos para trás e olhei quem era. Espantei-me ao ver que eu tinha acabado de perder uma chamada do Brendon. Voltei a apressar o passo e alcançar a Z, com um rastro de felicidade estampado nos olhos. Abracei-a por trás e disse:

 

- Preciso ligar para Alex. – Ela fez um bico e assentiu. Eu corri o máximo que pude e peguei o telefone. Quando comecei a discar o número, meu celular começou a vibrar novamente. Por mais que esperasse, enrolei um pouco para atender e quando o fiz, não disse nenhuma palavra. Ouvia a respiração de Brendon do outro lado da linha e aquilo parecia ser suficiente, mas Brendon então disse:

 

- Ryan, por favor, não desliga.

 

- Eu não faria isso se você não desligasse primeiro – Confessei. – Então... O que quer de mim?

 

- Tem certeza que você não sabe a resposta? – Brendon deu um suspiro longo e eu não pude deixar de sorrir – Temos que conversar, você sabe disso.

 

- É, eu sei. – Disse sem ânimo – Quando e onde?

 

- Você... Vai me dar essa chance de ver você? – Apenas assenti em concordância mesmo sabendo que ele não poderia me ver – Ryan, você ainda está aí?

 

- Sim, B. – Engoli em seco – Sim para ambas as perguntas.

 

- Na sua casa. Eu apareço por aí um dia desses. – Assenti novamente – Precisamos mesmo conversar.

 

- S-só vem na outra semana. – Arrisquei – A Z ta morando comigo essa semana.

 

- Ta.  – Sorri – Até mais e eu te amo. – Brendon desligou quando eu por fim murmurei um ‘Confesso que eu também te amo’.


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