Ive Hungered For Your Touch escrita por abishop, rumpelstiltskin
Capítulo 04, pov do Ryan.
Eu ainda estava em Chicago, porém já não tinha mais nenhum show. Já tinha chegado às férias sonhadas e na realidade eu não estava com vontade de voltar para casa. Talvez eu só quisesse fugir dos meus problemas quando realmente devesse enfrentá-los de cabeça erguida e enfrentar qualquer desafio que viesse. Jonathan fazia as malas em silêncio enquanto eu o olhava fixamente sem realmente prestar atenção.
- Por que não está fazendo as malas? – Jon rompeu o silêncio, me fazendo sacudir a cabeça negativamente para espantar alguns pensamentos estranhos, por fim, consegui olhar Jonathan e realmente vê-lo. – Ryan?
- Não. Eu não estou querendo voltar pra casa. Eu... – Deixei a frase morrer ali. Sozinha. Abandonei as palavras quando voltei a me concentrar exclusivamente no cover de Brendon Urie, que eu tinha posto em meu iPod por tortura. – Eu nem sei se quero ver Las Vegas novamente.
- Você não está bem, Ryan. – Jonathan disse colocando um travesseiro do hotel na mala – São de pena de ganso. Eu adoro travesseiros assim.
- É claro que eu estou bem, Jon. – Resmunguei mentindo – Estou ótimo!
- Não é o que aparenta. – Deu de ombros – Arruma logo as malas. Não pode fugir para sempre.
- Tem razão. Combinei com o Spencer de conversar com ele quando voltasse à Las Vegas. – Ponderei passando a mão pelos meus cabelos – Acho melhor eu arrumar a minha mala.
- Spencer... – Suspirou baixinho e ressentido. Jonathan nunca falava sobre coisas do coração com ninguém, mas ninguém mesmo. Geralmente, ele e eu estávamos sempre juntos – desde a época do Panic!, devo dizer -, ele estava sempre perto de mim. Chegávamos a dividir o mesmo quarto de hotel e foi exatamente por isso que o projeto acabou surgindo.
- Você realmente não está bem, Jony. – Eu disse com um micro sorriso nos lábios o fazendo rolar os olhos – Me ajuda com a Mala?
- Ta.
Por fim fizemos as malas e fomos para o aeroporto. No caminho comprei um dispositivo de internet sem fio para evitar certos constrangimentos novamente. Sinceramente o ruim de ir para casa é morar em um lugar cheio de Brendon Urie. Eu ainda tenho palavras daquele e-mail guardadas dentro de mim. Poucas das que eu li, na realidade, mas me bastava a música para matar-me ainda mais.
Desembarcamos em Los Angeles de madrugada, não teve gritaria. Jon e eu pegamos taxis separados. Ele iria para a casa de Cassie e eu ia direto para o meu apartamento solitário e quem sabe, até a noite passar e eu chamar o Spencer para vir, eu fique acariciando o Ringo. Assim que finalmente pisei em casa, meu celular tocou. Pensei em não atender ao ver que era Elizabeth, estava realmente cansado, mas acabei – tentando falhamente – me convencendo de que ela merecia ser atendida.
- Alô. – eu disse sem vontade, abrindo a porta de casa.
- Ryan, querido. Aonde está? – Ela disse e eu sorri para mim mesmo ao finalmente conseguir abrir a porta.
- Em casa! – Exclamei feliz. Ringo veio correndo até mim assim como Mary, minha governanta. Peguei o bichano no colo e adentrei com ajuda da senhora – Acabei de chegar, Z.
- Oh. Perdoe-me, mas é que eu estou sentindo sua falta. – Ela disse manhosamente. Me joguei no sofá e não disse absolutamente nada. Apenas dei um suspiro para que ela soubesse que eu ainda estava na linha. – Eu vou desligar, você deve estar cansado. Até mais, Ryan.
- Tchau. – Desliguei sem delongas e acabei por dormir. Não tive um sono muito bom, mas ao menos eu dormi. Desde que eu abri aquele e-mail, Brendon estava fazendo mais falta do que antes. Eu sentia falta dele envolver-me em seus braços em noites frias, sentia falta de suas palavras amigas quando eu jurava que tudo tendia a dar errado ou quando faltava a coragem em mim, por faltar apoio.
Eu acordei era umas 03:30 a.m., e não consegui ficar mais dormindo. Exclamei qualquer palavra baixa por isso e acabei rindo de mim mesmo. Eu não era assim, eu não tinha insônia com ele. Liguei meu iPod novamente e comecei qualquer coisa. Irritado por isso não me distrair, saí na varanda da casa e fiquei contemplando a lua e as estrelas. Eram lindas.
Depois disso eu fiz café e comi qualquer coisa que ‘fizesse mal’ para minha saúde. Salgados que enfiei no microondas e comi. Tentei ligar para Brendon vez ou outra, mas sempre desistia ao começar a discar, acabei por jogar meu iPod dentro da pia e ligar a torneira só pra ter o que fazer. Quase começo a acreditar que eu estou – realmente – perdendo a sanidade.
O dia foi passando e eu sem nada para fazer além de tentar compor algumas músicas, fazer alguns covers para ficar guardados – apenas desabafos. Eram mais ou menos meio dia quando liguei para Smith o chamando para almoçar comigo. Feliz e disposto a me ajudar, ele veio.
Smith mantinha aquele seu sorriso encantador e, sinceramente, me assustou vê-lo um tanto mais magro. Eu o abracei carinhosamente e o convidei para entrar. Ringo ronronou em suas pernas e isso o fez sorrir mais um pouco. O chamei para entrar com um gesto singelo enquanto trancava a porta. Depois do almoço, nos sentamos para conversar de fato conforme eu queria e precisava fazer:
- Como é bom ver você, Smith. – Eu disse, com um sorriso no rosto. – Sente-se.
- Claro. – Assentou-se – É bom ver você também. – Suspirou.
- O que tinha nas mãos quando entrou e Mary guardou? – Perguntei, apontando a direção do meu quarto. Após um grito, Mary trouxe os presentes e entregou-os a Spence que sorriu docemente, pondo o embrulho em cima da mesinha de centro. Peguei e o balancei. Spencer riu do meu ato infantil e não disse nada. Spenny esperou que eu abrisse o pacote e eu fiquei muito feliz em receber chocolates. Os coloquei em cima da mesinha de centro e os deixei aberto.
- Tem outro. – Entregou. Acabei por abrir rápido e acabei vendo a pelúcia e o cartão. Li o mesmo com cuidado e não disse nada. Spencer tinha (ou aparentava pra mim, pelo olhar) a esperança de eu dizer alguma coisa a respeito do cartão. Eu apenas engoli as lágrimas e pus a pelúcia em meu colo.
- Pode pegar. – Apontei os chocolates. – Enfim eu... Só queria conversar sobre...
- Brendon. – Spencer completou ao perceber que eu tinha deixado a frase morrer. – Ele sente muito a sua falta, Ryan. Não só no palco.
- Até parece, Spencer. Eu o vi com intimidade para cima de um dos novos integrantes. – Rosnei e James apenas riu. – Isso não tem graça.
- Você sabe que está falando besteira, eu não vou nem comentar isso. – Spencer pegou um chocolate e comeu – O Brendon escolheu muito bem, estão ótimos.
- Eu preciso te mostrar algo. – Disse acessando o meu e-mail. Mostrei-lhe as palavras doces que Brendon tinha me enviado, e ele fez questão de lê-las em voz alta e as palavras entravam como facadas em mim.
- “...Com amor, B.” – Spencer finalizou – Eu não sabia desse e-mail, mas eu sei que ele foi totalmente sincero com isso.
- Esse é o problema. – Suspirei – Agora que eu começo a refazer a minha vida, Brendon simplesmente aparece para acabar com tudo. Eu tenho minha namorada agora, eu a amo. Eu quero ser feliz com ela, cara. Só que com o Brendon e sua insistente vontade de demonstrar o que sente, acaba dificultando bastante.
- Você não me parece verdadeiro, Ryan. – Respondeu-me deixando definitivamente boquiaberto. Abaixei a cabeça e assenti. Ele estava certo. – E eu tenho certeza que você não me chamou aqui para desabafar mentiras, muito menos para falar que é feliz com a Z-Berg sabendo que não é.
- É não chamei você pra isso. – Sorri de leve – A verdade é que esse e-mail tira o sono desde que o li. Como eu disse, eu tinha construído de novo a minha vida. Estava cômodo sem ele, até que o Peter me provocou e eu joguei impulsivamente tudo para o alto e que se danasse tudo o que eu sentia ou que estava tentando viver.
- Ryan...?
- Spencer, me deixa falar. – Spencer assentiu e eu suspirei antes de retomar meu assunto – Eu quero a Z muito bem, eu a adoro, mas eu fiz tudo impulsivamente. Ta certo que antes de assumir, eu já ficava com ela, mas era tudo sem compromisso e...
- Ryan... – Spencer inclinou-se e pôs a mão em minhas mãos – Você sabe quem realmente te ama, Brendon já tem demonstrado isso, Ryro. Abre esses olhos, acorde para a vida! Você tem se destruído e destruído a vida de quem ama.
- Desde quando sabe... Sabe do Brendon e eu? – Perguntei engolindo o choro.
- Desde sempre. – Respondeu – Eu não sou tolo, Ryro, muito menos cego.
- HAHA, muito esperto – Ironizei rodando os olhos – Apenas diga ao Brendon que não há volta para nós dois. – Estendi o ursinho, como se o devolvesse para Spencer que se levantou e não pegou o ursinho. Deu-me um beijo na testa, levantou-se e dirigiu-se a porta murmurando um “você sabe o que faz”, sabendo bem que eu não sabia.
Abracei o ursinho e notei um e-mail chegando. Quando o abri era do Brendon e nele estava escrito apenas um triste “I miss you, Ryro”. Fechei o notebook e fiquei um tempo em casa saboreando os bombons. Não o respondi, sabendo bem que devia colocar ao menos um ‘eu também’ e enviar. Fiz isso por SMS, escrevi “Eu também. Infelizmente sinto sua falta, Brenny Bear. Por favor, venha buscar o ursinho, vai deixar a Z com ciúmes e eu não quero uma discussão agora. Ah, é, os chocolates eu comi com Spencer. Não sou de ferro ainda. Ryan Ross”.
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Sinto que o Ryan vai apanhar ):
Agradecemos a todos.