POV Stiles

– Ham... Eu estarei lá embaixo arrumando algumas coisas. - Lydia dissera, antes de sorrir da maneira mais forçada para Malia e descer as pressas para a cozinha. Eu não queria que tivesse flagrado essa cena. A verdade era que eu ainda tinha sentimentos por ela, por mas que tentasse guarda-los e afunda-los no fundo do meu coração.

Malia me olhara de uma forma exigente por uma explicação. Sentei-me na cama esperando que ela fizesse o mesmo, e então comecei a falar.

– Lydia está... Bem... Me dando uma força. Espero que entenda. - falei, escolhendo as palavras certas para não causar uma discussão com a garota ao meu lado. Ela era um pouco explosiva.

– Eu entendo perfeitamente. Só o que não entendo é o porque de sua namorada não poder te dar essa "Força". Qual é, Stiles... Namoramos a seis meses e você ainda não confia em mim da maneira que confia nela. - Malia disse, atingindo um certo ponto em que ela não conseguira mais ficar sentada, então pairou em minha frente e explodiu como a bomba relógio que ela era. – Eu sei que você está passando por um período difícil por causa da perda de seu pai. Mas, Stiles, eu poderia te ajudar. Poderia ser eu que nesse momento estaria no andar debaixo lavando os pratos para você, preparando o almoço. Aquela macarronada que você adora. – percebi o quão mal Malia havia ficado, e me levantei passando o braço ao redor de sua cintura. A macarronada dela era sem dúvidas a melhor que eu já havia comido, então, sorri.

– Eu te amo, Malia. - foi o que eu consegui dizer - E não importa quem lava e cozinha para mim.

Malia sorriu antes de beijar cautelosamente os meus lábios. Ela disse que iria para a casa da Kira, elas iriam estudar um pouco. Então a acompanhei até a saída, passando por Lydia que se encontrava na cozinha cortando alguns legumes com fones no ouvido. Ela não notara nossa presença ali, ou pelo menos fingia não notar.

POV Lydia

Pairei do lado de fora do quarto de Stiles, a cabeça encostada na madeira tentando com clareza ouvir a conversa de ambos. Não me importo se isso é falta de educação, aliás, ninguém está vendo isso para me julgar.
"Eu te amo, Malia." As palavras ecoaram em minha mente. Em pensar que Stiles um dia já me amara e eu o ignorei, me sentia a garota mais insensata do mundo todo. Ser amada por aquele garoto devia ser uma sensação incrível, e se eu tivesse notado-o a tempo, eu poderia senti-la e ser feliz. Mas como sempre, fui uma garota que só se importou com a popularidade, com os vários namorados do time de Lacrosse que não duravam pouco menos de dois dias, coisas fúteis sem a menor importância, e eu só pude enxergar isso agora, mas é tarde demais.

Parei de escutar a conversa seguindo em direção a pia. Comecei a cortar alguns legumes ao som de "Let Him Go" da cantora Birdy. Senti a presença de Stiles e Malia, e pude ter certeza de que eram eles quando Malia passou por mim abrindo um pequeno sorriso de despedida, que eu retribui. Stiles estava parado atrás de mim, observando-me. Pude sentir seu olhar queimar, e então só o ignorei, como sempre fizera.
Senti os fones serem arrancados de mim e então me virei para o garoto, fuzilando-o com os olhos.

– EI! – exclamei a todo fúria, largando a faca que eu estava utilizando para cortar os legumes em cima da pia. Ele teve sorte de eu não estar nervosa o suficiente para crava-la em sua pele. Se bem que, mesmo nervosa eu não faria isso. Não com ele.

Ele apenas gargalhou.

– Sabe cortar legumes, não sabe? Termine isso para mim. Irei em casa e volto antes da janta. - falei rapidamente, tentando ignorar o fato de que eu vira ele Malia aos beijos minutos a trás.

Não esperei por uma resposta do garoto, apenas apanhei minha bolsa, adentrei em meu carro e dirigi até em casa.

– Filha! Você some a todo instante. - dissera minha mãe, me abraçando fortemente. Fazia dias que não nos abraçávamos assim. Era uma sensação tão boa, protetora. – Não se desculpe, Kira me contou o porque de você estar assim, distante, e estou orgulhosa de você.

Sorri comigo mesma, sem palavras. Posteriormente dizendo para minha mãe que eu iria tomar um banho rápido e ela assentiu. Subi as escadas, tomei uma ducha fria e coloquei uma saia pastel, uma camisa branca com um decote circular nas costas, e para terminar o look, uma sapatilha metalizada.
Era hora de voltar para a casa de Stiles, então me despedi de minha mãe e saí dali as pressas. Mas eu devia ter esperado antes de sair, pois Ethan estava passando por ali naquela maldita hora. Era tarde demais para que eu voltasse para dentro.

– Lydia. - ele me chamou, dando um sorrisinho oblíquo macabramente sedutor. Eu sorri falsamente, dando as costas para ele e entrando em meu carro, dirigindo para a casa do Stiles.

– Voltei! - exclamei, encontrando um Stiles concentrado na frente da TV. Ele estava vendo um filme onde um casal dançava valsa. Eu ri com tamanha estranheza.

Sentei-me ao lado dele, apanhando um bocado da pipoca que ele comia.

– Sou péssimo com valsa. - ele afirmou provocando um riso meu. Assenti com a cabeça.

– Eu sei. – articulei, lembrando-me do dia em que dançamos juntos.

Levantei-me para preparar um suco, mas não me contive ao ouvir minha música favorita tocar enquanto um casal dançava no filme, era "All Through The Night". Comecei a dançar lentamente com o vento como se estivesse com um par, arrancando risadas de Stiles.

– E é assim que se dança valsa. - declarei, gargalhando. Puxei-o para fora do sofá. - Dance comigo e me prove que aprendeu.

Ele aceitou o desafio, e bailamos pela sala como acéfalos atrapalhados. Era difícil conduzi-lo no ritmo da música, ele estava bem travado, o que era a todo instante motivos para rirmos descontroladamente.
Algo imprevisível aconteceu, ele tropeçou em mim e caiu, sem querer me levando junto com ele. Ai! Doeu. Me dei conta de que eu me encontrava nesse momento em cima de seu corpo, meu olhar fixo no dele, suas mãos em minha cintura como se ele quisesse que eu continuasse ali. Seus lábios me chamavam.
Balancei a cabeça para me livrar do transe, rolando para o lado e me levantando. Eu não pudia beija-lo, por mais que eu quisesse. Mas tinha Malia, tinha o lance da felicidade dele em jogo, e eu não pudia estragar tudo.

– Bem, acho que não ficarei para a janta. Minha mãe ficará sozinha em casa de novo e... Nos vemos amanhã na escola. - falei cada palavra com pressa, apanhando minha bolsa e saindo dali. Mas antes de sair, pairei na porta, acenando para ele que me olhava abobadamente, como nos velhos tempos.

Sorri, saindo dali.