A Filha de Sherlock Holmes escrita por sayuri1468


Capítulo 2
O Inicio




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Não que Sarah tivesse motivos para chorar. Vira seu pai pouquíssimas vezes, durante toda a sua vida. Mas agora, olhando-o através da janela do quarto do hospital, deitado, ligado a um monte de tubos, um medo cresceu dentro dela. Ele que era seu pai, ele, que as pessoas diziam ter o mesmo temperamento que ela; ela não queria que ele morresse. Queria conhece-lo melhor, queria conversar com ele, para saber se eram tão parecidos, como todos diziam.

A cena de Mary e Emma Watson, e seu tio, Mycroft, conversando sob o corpo inconsciente de seu pai, fez com que Sarah esperasse pelo pior. As expressões nos rostos deles não eram nada otimista, e Sarah pode antecipar, que cedo ou tarde, eles lhe trariam a pior notícia que ela poderia ouvir.

Foi quando John Watson irrompeu pelo corredor, enfaixado na cabeça e andando com o apoio de uma bengala, se aproximou de Sarah. Ele também estivera na explosão, mas estava a alguns metros de distância. Seus machucados não eram tão graves, mas ele havia batido forte a cabeça, ao ser arremessado, e uma pedra cairia em sua perna. Nada grave, mas precisava da bengala para auxilia-lo.

– Como nos velhos tempos! – exclamou animado, dirigindo o olhar para bengala. Sarah sorriu compreensiva. – Como ele está?

– Não sei, não me deixaram vê-lo ainda! – respondeu a garota.

– Bem, Sherlock não é do tipo que morre, mesmo quando tenta! – falou em um tom consolador. – Não se preocupe, já, já você entra! Só estão tentando te proteger!

– Esse é o problema! – resmungou – Estão sempre tentando me proteger, cuidar de mim, como se eu não fosse capaz de aguentar ou fazer as coisas por mim mesma!

John colocou a mão que não estava apoiada na bengala, sob o ombro de Sarah.

– Não te achamos fraca, Sarah, só queremos evitar que você passe por coisas ruins!

Sarah bufou. De novo aquela mesma conversa. A mania que seu pai tinha de proteger excessivamente sua mãe, fora transferida para ela. Ela não podia evitar de sentir- se como “a pobre garota órfã, com um pai problemático”. Ela não era uma coitada, ela não era incapaz e muito menos fraca. Trata-la assim, só a deixava com raiva, por mais que ela amasse verdadeiramente os Watsons.

Mas antes que Sarah ou John pudessem dizer qualquer coisa a mais, Mycroft, seguido por Mary e Emma apareceram no corredor.

– Está bem, querido?! – perguntou Mary , indo direto em direção ao marido.

John assentiu, e beijou a mão da esposa.

– Ele está em coma! – falou Mycroft, olhando para Sarah – Não tem risco de vida, mas não se pode prever quando irá acordar! – e em seguida, anunciou mais para si mesmo, do que para a sobrinha – Parece que ele conseguiu dessa vez!

– Estávamos conversando Sarah, se quiser ficar com a gente, enquanto...o Tio Sherly não acorda...será mais do que bem-vinda! – disse Emma.

– Você também pode ficar comigo, já que afinal de contas, sou seu tio! – cortou Mycroft ríspido.

Foi então que Sarah descobriu o motivo deles terem demorado tanto, dentro do quarto. Estavam discutindo quem ficaria com ela. Sarah suspirou. Não que Mycroft fosse um tio muito presente, e a escolha era óbvia. Seria os Watson’s, sem sombra de dúvida. Porém, era uma situação delicada. Se seu tio estava se oferecendo para ficar com ela, Sarah deduziu que, provavelmente, ele sentia que ela corria algum risco. Ela nunca sabia os casos em que seu pai trabalhava, mas sabia que envolvia algum perigo, e para ter explodido uma bomba, provavelmente era mais perigoso do que ela poderia imaginar.

– Agradeço, mas prefiro ficar na Baker Street! – foi à resposta da garota.

Sarah imaginou que ninguém esperava por essa resposta, já que todos discordaram imediatamente.

– Sozinha?! De jeito nenhum! – falou Mary.

– Sobrinha querida, imagino que saiba, que essa não é a decisão mais segura a ser tomada! – concordou Mycroft.

– Sei que estão preocupados, sei que querem me proteger, mas posso me cuidar! Não existe outro lugar para onde eu queira ir! – argumentou – E de qualquer forma, não vou ficar sozinha lá! Tenho a Sra. Hudson, e Emma, que me visita sempre!

– Sarah, tem certeza de que quer fazer isso?! – perguntou John.

– Tenho tio, eu vou ficar bem!

Mary e Emma quiseram contra argumentar, mas John as impediu.

– Se esse é o caso, Sarah, saiba que tanto eu, quanto Mary e Mycroft lhe faremos visitas periódicas! – falou – Vamos confiar em você, e lhe dar a liberdade que tanto deseja!

O rosto de Sarah se iluminou, e todos no lugar – com exceção de Emma – nunca a tinham visto mais parecida com Molly, do que naquele momento.

– Obrigada, tio! Pode deixar, eu vou me cuidar muito bem!

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Durante aquela noite, depois da Sra. Hudson ter forçado Sarah a jantar, a menina se preparou para tentar ir dormir mais cedo. Afinal de contas, dera sua palavra de que iria se cuidar, e precisava provar que era capaz disso. Emma, que estava lendo em um colchão ao lado da sua cama, fora dormir com ela, não para vigia-la, mas porque não queria deixar Sarah sozinha naquela noite.

Estava sendo complicado para Sarah assimilar tudo o que havia ocorrido aquele dia. Começou como um dia tão rotineiro, e de repente, um desastre aconteceu; e por mais que Sarah tivesse escolhido voltar para Baker Street, a fim de permanecer sozinha para pensar, ficou feliz de ter Emma ao seu lado.

– Emma..- começou Sarah – tem algo me incomodando!

Emma fechou o livro, e olhou para a amiga com cumplicidade.

–É sobre o tio Sherly?

Sarah negou.

– Não que eu não me importe...- justificou a menina - , mas eu realmente estou incomodada com uma coisa, que só consegui parar para pensar agora!

– E o que é?

Sarah se ajeitou na cama, sentando-se, para assim poder olhar diretamente para Emma.

– Por que tinha uma bomba, tão próxima a nossa escola?

Emma, entendendo a dúvida da amiga, repetiu a cara de indagação que a outra fazia.

– Tem razão! Não existe nada lá!

Ao receber a confirmação de Emma, de que sua dúvida tinha validade, rapidamente Sarah se trocou, e antes mesmo que Emma pudesse contestar, as duas estavam na rua, indo em direção à escola.

– É sério, Sarah! Vamos voltar! – falou Emma, enquanto acompanhava a amiga.

– Uma olhada não vai matar ninguém!

– Vamos brincar de detetives agora?! – zombou.

– Por que não? Sou a filha do grande Sherlock Holmes, tenho que honrar o nome da família! – respondeu a garota em tom mais zombeteiro ainda, fazendo Emma soltar um sorriso involuntário.

Ao chegarem aos escombros, do que um dia havia sido à entrada do colégio, Sarah foi em direção ao buraco, acendendo a lanterna e procurando alguma coisa, que nem ela sabia direito do que se tratava.

– Já olhou, podemos ir embora?! – perguntou Emma, olhando nervosamente para os lados, procurando saber se elas não estavam sendo vistas por ninguém.

A resposta de Sarah veio na forma de um pulo, onde ela entrou na cratera, em dava para uma galeria. Emma bufou, e depois de emitir um “É claro que não!”, foi logo atrás de Sarah.

– Veja, um carrinho! – apontou Sarah. E de fato, ali lá para o fundo, estava um carrinho todo destroçado pela explosão.

– Meu pai foi encontrado aqui! – falou Emma, apontando para um local, não tão distante do carrinho.

Sarah olhou em volta, e percebeu, pelos trilhos, o caminho que o carrinho fizera.

– A bomba estava dentro da nossa escola! – exteriorizou a garota – Tio John deve ter colocado a bomba no carrinho e empurrado, mas meu pai, vendo que a distância ainda não era boa, empurrou o carrinho de novo!

– Foi quando a bomba explodiu, e eles foram arremessados! – concluiu Emma.

– Como meu pai estava mais perto da bomba, foi arremessado para cima, enquanto tio John foi para o lado!

– Foi sorte eles não terem morrido! – falou Emma, com certo temor na voz.

Mas Sarah não estava preocupada com isso, por que acabara de perceber algo muito importante, algo que estava na sua frente o tempo todo, e ela não teve a capacidade de ligar as peças antes.

– Agora faz sentido, a preocupação do tio Mycroft e o motivo da bomba estar dentro da escola...

– Sarah?! – Emma chamou pela amiga, que parecia ao mesmo tempo assustada e nervosa.

– Emma, por isso nossos pais estavam aqui...alguém queria matar a gente! A bomba era para nós duas!

Emma levou a mão à boca, assustada.

– Precisamos entrar no escritório do meu pai! – falou Sarah com certa determinação na voz.


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