A Filha de Sherlock Holmes escrita por sayuri1468


Capítulo 1
Mary Sarah Holmes




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– É uma cópia fiel sua, Molly! – sussurrou Sherlock, enquanto olhava a pequena recém-nascida através do vidro.

Ela era tão fácil de distinguir, entre as demais crianças. As bochechas rosadas, o ralo cabelo arruivado, a pele branca e o nariz levemente arrebitado. Ela não tinha cara de joelho – como a maioria dos recém-nascidos -, tampouco chorava, como todos os bebês. Ela estava calma, com um semblante de paz, e era a criança mais linda que ele já vira.

Olhar para a pequena criança doía, principalmente quando Sherlock descobriu o preço que ela lhe custara. Mas que culpa ela tinha? Que culpa a pequena e recém –chegada Mary Sarah Holmes poderia ter, que sua mãe havia falecido?

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Era a oitava vez que a campainha tocava, e ela ignorava. Se revirava na cama, tentando voltar a dormir, e retomar o sonho de onde tinha sido arrancada. Tinha ido dormir tarde na noite anterior, e tudo o que desejava, era ser deixada em paz. Mas aquela maldita campainha, insistia em estragar os seus planos, e então, ela se deu por vencida e levantou-se, enrolada no lençol. Com passos arrastados, ela foi até a porta e a abriu.

– Bom dia, dorminhoca! – disse uma menina de cabelos loiros e olhos esverdeados – Madrugou de novo, foi?!

– Se você sabe, não sei porque não me deixa dormir! – reclamou Sarah, enquanto se jogava na poltrona da sala e deitava, cobrindo o rosto com uma parte do lençol.

– O Tio Sherly e o meu pai pediram para eu vir! – explicou Emma Watson – Vou fazer um café da manhã, e então vamos para a escola, ok?!

– Por que você insiste em agir como se fosse minha mãe?! – resmungou por debaixo do lençol. Emma riu.

– Sua mãe não, por favor, não sou tão mais velha assim! Pense em mim como uma irmã mais velha, ou uma babá, se preferir!

Emma olhou para a poltrona em que Sarah estava, e percebeu que nenhum outro som saiu. Sarah havia dormido novamente, e Emma viu que não tinha escolha. Ela foi até o sofá e puxou o lençol com toda a força que pode, fazendo Sarah despencar no chão.

– Ai, que ideia é essa?! – falou a garota zangada.

– Banho, Sarah! – ordenou Emma – Vamos, vamos!

Sarah se levantou a muito contragosto, e seguiu em direção ao banheiro.

– Dois anos, Emma! São só dois anos! – retrucou Sarah com indignação, enquanto sua voz desaparecia dentro do banheiro.

– Nem pense em dormir na banheira, ou eu jogo um balde de gelo! – rebateu Emma, já familiarizada com os hábitos da amiga.

Emma não pode deixar de rir ao ouvir os resmungos, em resposta.

Sarah tinha o mesmo temperamento do pai, e Sherlock era o segundo homem favorito de Emma, depois de seu pai. Ela não se importava nem um pouco em ajudar a cuidar de Sarah. Desde que a garota nascera, Emma havia decidido que seriam grandes amigas. Com o trabalho do pai dela, e órfã de mãe, ela sabia que Sarah ficaria abandonada, e para ela, foi uma grande alegria que ela e sua mãe puderam ajudar a cuidar da garota. Emma não se lembrava muito da mãe de Sarah, mas sabia pela sua mãe, que Sarah era uma cópia fiel de Molly.

– O café está pronto! – gritou Emma, em direção ao banheiro.

– Só quero chá! – foi à resposta vinda do banheiro.

– Foi isso que eu disse! Se apresse, temos quinze minutos pra sair!

Mal Emma terminou de falar, e Sarah saiu do banheiro vestida.

– Sabe, eu sei cuidar de mim, Emma! Não que não seja grata e tal, mas seria bem legal se você não me tratasse como criança, às vezes!

– Você tomou banho?! – perguntou Emma, desconfiada, já que a amiga não ficara nem cinco minutos dentro do banheiro.

– Viu, é disso que estou falando!

Emma suspirou.

– Eu sei, Sarah! Somos amigas, e você sabe que eu vim porque o tio Sherly pediu!

– É, ele curte mandar os outros fazer o trabalho dele! – resmungou enquanto tomava um gole da sua xícara de chá – Vamos?! Temos pressa, não temos?!

E pegando sua mochila, desceu as escadarias da Baker Street, com Emma em seu encalço.

– Deveria tentar ser mais justa com seu pai! Eu já te disse isso, várias vezes! – falou Emma, enquanto se apressava para tentar acompanhar o ritmo de Sarah. Apesar de Emma ser dois anos mais velha que ela, Sarah era, pelo menos, dez centímetros mais alta.

– Eu vou ser justa, se um dia ele parar em casa, ou ao menos me ligar! – rebateu – Ele deve falar com você, mais do que fala comigo! E olha que quando eu tinha sete anos, ele me contou uma história inteira!

– Por que... não liga.... pra ele, então?!

– Já tivemos essa conversa, Emma! Qual o seu problema?!

Emma estava ofegante, e com o rosto vermelho, de tanto correr.

– Suas passadas,... são muito rápidas! – respondeu a menina – Ande mais devagar!

– Desculpe, Emma! Fiquei brava com o assunto e nem me toquei!

– Certo, eu entendo! – falou Emma, se recompondo – Vamos mudar de assunto, então! Já pensou no que vai fazer no seu aniversário de quinze anos?

– Tentar me formar! – respondeu secamente a garota.

– Fala sério, Sarah! Você é de longe a menina mais inteligente que conheço, e ainda assim, consegue ir mal em todas as matérias!

– Que culpa eu tenho, se eles só passam trabalhos inúteis?!

– Pode ser parecida com a mãe, mas a personalidade é toda do pai! – comentou Emma para si mesma.

Quando as duas chegaram ao colégio, cada uma se encaminhou para sua sala. Por mais que Sarah implicasse com Emma, gostava muito da amiga, e desejava ardentemente que elas pudessem dividir a mesma sala. Infelizmente, a garota tinha que admitir que não possuía muita facilidade para amigos, coisa que Emma possuía de sobra. Sarah se encaminhou para sua carteira habitual, ao lado da janela, colocou os fones de ouvido, e lamentou ter chego tão cedo. Poderia, ao menos, ter dormido mais cinco minutos.

Dez minutos, na verdade, porque o professor atrasou. As matérias eram sempre as mesmas, Literatura, Matemática, História, Física...Sarah podia morrer de tédio. Quando o sinal do intervalo tocou, Emma estava na porta da sala da amiga, esperando ela sair para tomarem o lanche juntas.

– Sinceramente, você deveria ao menos tentar fazer mais amigos! – disse Emma, enquanto mordia um pedaço do seu sanduíche. Sarah, como sempre, não comia nada. – Eu me formo esse ano, dai quero ver como você vai fazer!

– Vou parar de vir à escola ué! Sem você pra me obrigar, posso garantir que ninguém vai notar!

– Sarah, é por isso que acabo te tratando como criança! – falou com um tom sério na voz – Você não pensa nem um pouco no seu futuro? No que você vai fazer quando for mais velha?

Sarah hesitou um pouco.

– Não é bem assim...

Mas sua fala foi interrompida. Uma grande explosão do outro lado da rua, acabava de acontecer. Todos que estavam no pátio da escola, foram correr para ver o que se passava, e em poucos segundos, a rua estava lotada de gente.

– Vamos por aqui!

Sarah puxou o braço de Emma, e elas seguiram por um caminho estreito, que ligava o jardim da escola até um beco. O caminho estava vazio, mas havia uma cerca entra o jardim e o beco, que as meninas tiveram que escalar. Elas pularam e foram correndo, até chegarem a rua, e darem de cara com a explosão. Enquanto a fumaça se dissipava, e o barulho da sirene dos bombeiros se aproximava, Sarah e Emma conseguiram reconhecer um corpo, que estava bem ao pé das duas. Emma gritou, e se atirou no chão, abraçando o corpo desmaiado, já Sarah apenas olhava, em choque, a imagem de Sherlock Holmes, estirado no chão.


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