A Vida Alheia escrita por Jess


Capítulo 2
II - Mal humor




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/588174/chapter/2

O feriadão passou rapidamente, com Clarisse evitando abrir a janela, exercitando-se como se tivesse apenas três dias para se tornar uma halterofilista e comendo como se fosse uma angel da victoria's secrets.

Algumas mulheres preferiam tomar comprimidos ou usar a escova de dente para vomitar, mas Clarisse preferia não tomar remédios para emagrecer, só tomava os para dormir e se sentia grandinha demais para começar com a bulimia, além de achar nojento.

Exercitar-se era além de uma forma de manter seu corpo bonito, uma forma de ocupar e cansar seu corpo.

No tempo livre também ligou para sua família conversou com seus pais e com sua irmã mais nova, sua mãe reclamou do tempo em que Clarisse fica sem dar notícias, já seu pai perguntou sobre os negócios. Ele era um contador e seu conselheiro quando tem algum negócio importante a ser fechado.

+++++++

Acordou ao som do despertador, foi arrastando os pés até o banheiro e escovou seus dentes com sua escova de dentes elétrica em quanto olhava seu rosto marcado pelo travesseiro. Suas manhãs eram sempre daquele jeito durante os dias uteis, nos finais de semana ela corria, mas fazia isso por obrigação, para manter o corpo em dia; entretanto o que ela queria mesmo fazer era ficar em casa dormindo.

Depois de um banho e de escolher sua roupa, Clarisse penteou-se, perfumou-se e dirigiu-se á cozinha para pegar um café e uma fatia de torrada, para logo depois pegar sua bolsa, suas chaves e sair apressada.

No elevador ela encontrou a filha mais nova dos Magalhães, um casal de italianos com quatro filhos pelas contas dela. A filha mais nova era Giovana de dezesseis anos.

—Bom dia dona Clarisse._ Cumprimentou a menina educadamente.

Mas a única coisa que Clarisse ouviu foi o DONA, que lhe pesou as costas e mexeu com seus nervos.

Essa garota me chamou de dona, ela nem trabalha para mim! E eu não sou tão mais velha que ela., pensava querendo bater a cabeça da menina nas paredes do elevador, mas apenas sorriu e cumprimentou Giovana, esperando chegar no térreo para ir logo até a garagem pegar o carro.

—A senhora foi na ultima reunião de condomínio?_ Giovana perguntou puxando conversa, para que não ficasse um silencio constrangedor... O tão temido silencio constrangedor.

Entretanto Clarisse não queria conversar, preferia ficar em silêncio, e aquele "senhora" a fez morder a língua para não xingar a garota ao seu lado, disfarçadamente olhou seu reflexo apenas para ter certeza que não parecia uma senhora.

—Não Giovana, eu estava trabalhando._ Resmungou olhando para o relógio Dolce & Gabbana, que havia se presenteado semanas atrás.

—Ah é mesmo..._ A garota resmungou fazendo um olhar de quem tem certa pena.

"Trabalhar é a única coisa que ela faz, por isso vive mal humorada... E nem sabe o que falam dela pelos cantos", pensou Giovana.

Assim que a porta do elevador se abriu, Clarisse saiu sem olhar para trás, pegou seus óculos para esconder as marcas de sono ainda poderiam estar em seu rosto.

—Tchau dona Clarisse!_ A garota gritou, mas a outra fingiu não ouvir, andando rapidamente pelo estacionamento, abriu a porta do carro e saiu da vaga sem nem olhar o retrovisor, não se importaria se atropelasse uma velhinha, um cachorro ou uma certa garota.

No transito, a caminho do trabalho viu seu celular apitar sinalizando que uma mensagem havia chegado, como seu carro estava praticamente parado por causa do congestionamento, ela pegou o celular, pensando que talvez fosse até uma distração em quanto não conseguia dirigir direito.

"Temos novidades Crisse", ela leu e nem precisou ver quem tinha mandado a mensagem, sabia que era o Felipe, seu sócio minoritário e amigo. Ele era o único que a chamava de Crisse, dizia que era o melhor apelido para o Clarisse além de lembrar crise, que ele dizia ser o maior medo de sua sócia e sua constante cara de quem estava em crise.

"Boas ou ruins?", ela escreveu usando toda a sua habilidade em teclar só com uma mão, e voltou a olhar pela janela do carro. Observou um carro popular com uma criança no banco de trás e no banco do motorista uma mulher se maquiava olhando-se no retrovisor; provavelmente uma mãe levando a filha para a escola e se preparando para trabalhar.

Clarisse imaginou como devia ser difícil para aquela mulher fazer tudo correndo, borrar a maquiagem, tomar remédios para os músculos doloridos como quem toma água e não esquecer nada no meio do caminho. Ela olhou o relógio e viu que já eram 07:30h, iria se atrasar.

"Por um lado é bom, mas por outro é péssimo, te conto pessoalmente quando você chegar atrasada rsrsrsr" , ela leu e franziu o cenho com seu mal humor aumentando anda mais.

Depois de mais trinta minutos, o transito descongestionou um pouco e ela pode dirigir um pouco melhor, mas isso não fez seu humor melhorar, ele já estava aniquilado.

Clarisse cumprimentou rapidamente os seguranças e a recepcionista pelos quais passou e foi direto para o elevador, teve a sorte de ter pego ele em quanto estava vazio, ou talvez os outros que tiveram a sorte de não entrarem nele em quanto ela estava ali.

No décimo quarto andar ela saiu, foi abordada por sua secretária que tinha nos braços uma pequena pilha de papeis, no momento em que Clarisse os viu sentiu que o dia seria longo.

—Bom dia dona Clarisse._ Ana cumprimenta percebendo rapidamente o mal humor da chefe.

— Bom dia Ana, perdi algo importante?_ Indagou pegando os papéis das mãos da secretaria sem sequer olha-la.

Ana não se importava com aquele tratamento, sabia que Clarisse estava mal humorada e que normalmente ela não era assim. Já trabalhava para ela há três anos e tinha uma ideia de como as coisas funcionavam.

—Não senhora._ A secretária falou rapidamente.

—Para de me chamar de senhora na minha frente, e o dona também está proibido._ Clarisse falou seria entrando em sua sala e fechando a porta atrás de si, a única coisa que podia fazer era ficar sozinha e tentar terminar todo aquele trabalho acumulado.

"O que adianta ficar alguns dias sem trabalhar e depois ter que trabalhar por três?!", ela se perguntou irritada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Vida Alheia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.