A Vida Alheia escrita por Jess


Capítulo 16
XVI - Desconfiança


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Sei que demorei bastante e peço desculpas por isso. Esse é um projeto secundário (ou até terciário), e quem quiser ler mais do que escrevo é só acessar meu Blog https://supremacyigno.wordpress.com/



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Frustrada. Era assim que Clarisse se sentia ao terminar de ler a ficha do contratado, mas não se sentia assim apenas por não ter nada de errado, mas por estar tudo bom demais. Se pelo menos ele não fosse tão bom, ela teria mais pontos negativos para manda-lo embora, mas com tudo aquilo que leu, não podia. 

O resto do dia passou lentamente, no final da tarde o sol alaranjado invadiu sua enorme janela lhe dando uma bela visão da cidade, das pessoas que pareciam formigas sendo vistas dali de cima.

O som do telefone a fez perder-se de seus pensamentos, e voltar para a realidade, onde tinha compromissos e uma empresa a ser administrada.

—Desculpe incomoda-la, mas já recebi o catálogo dos novos vestidos, não sei se a Senhora... Você tem alguma preferência por cor ou... 

—Traga o catálogo Ana._ Mandou desligando o aparelho em seguida. 

Estava feliz por ter uma secretária tão prestativa (ou que estava tentando se redimir pela falta de profissionalismo). A verdade era que Clarisse sequer tinha pensado no que vestiria no jantar com os investidores. 

Ana adentra a sala um pouco apressada, e Clarisse sinaliza para ela se sentar na cadeira a frente de sua mesa. 

—Bem... São muitos vestidos. Esses são os clássicos;  e esses são o mais modernos— Dizia mostrando os vestidos. 

—Esse é bonito_ apontou para um vestido longo com um decote generoso_ O que acha Ana? 

—Sim, é lindo, vai ficar ótimo em você.— Respondeu prontamente sem conter a admiração que tinha pela chefe. Sempre a admirou; não só pelo cargo, pelos status, mas também pela beleza.  

—Agora escolha um._Mandou voltando a sua postura imponente. 

—Não vou ao jantar. Já tinha pedido esse dia de folga._ Explicou afetada pelo nervosismo mais uma vez. 

Passando rapidamente a mão na testa Clarisse tentou sentar-se mais confortavelmente e pensar no que faria, essa era a melhor saída. Ela sabia disso. 

—E agora? Eu preciso de uma secretária ou uma assistente..._ Falou, mais para si do que para Ana que permanecia observando-a. _ Elise estará livre? 

Ana voltou a realidade com a pergunta de Clarisse. Ficou um pouco surpresa e um pouco ofendida ao constatar que a chefe queria substitui-la por Elise, logo por Elise. 

—Não._ Respondeu rapidamente_ A ouvi comentando que tinha compromissos, não sei se ela os adiaria. 

Ao contrário do que alguém poderia pensar, Ane não mentia, tinha realmente ouvido Elise comentando que tinha compromissos; quem sabe eles até poderiam ser remarcados. Mas Ana decidiu que a outra secretária não merecia o vestido de grife que Clarisse ofereceu. 

—Droga! Ir para jantares é a função do Felipe, ele que é o rostinho bonito da empresa; Susana e Eu somos o cérebro... 

Ana não sabia se deveria levantar-se e sair da sala enquanto Clarisse desabafava toda a sua raiva ou se o mais correto era ficar e ouvir o que a mulher irritadiça dizia. Por fim decidiu continuar onde estava e esperar alguma ordem. 

Clarisse continuava falando, levantou-se e começou a caminhar pela sala batendo seus saltos e mexendo em seus cabelos; nada disso parecia surtir um real efeito de acalma-la, porém naquele momento era o que estava a ocupando. 

—Pode pedir para que o novo contratado me cubra, olhei a fixa dele e parece mais do que qualificado... Seria como um teste._ Ana falou animada com sua ideia, lhe parecia uma ótima saída, algo genial. E aguardou a reação de sua chefe, ela esperava que fosse uma reação positiva. 

Subitamente  Clarisse calou-se e olhou pela vidraça que ocupava a maior parte de sua parede, Ana tentou acompanhar seu olhar, mas não conseguiu; só viu a imagem de sempre... Era a cidade vista de cima, os prédios de sempre... 

—Sabe... Eu sei que a Senho... Você, não gosta muito dele, afinal de contas têm muitas pessoas nesse prédio e as paredes têm ouvidos, olhos e bocas bem grandes; e eu sei bem como as bocas são grandes_ Sussurrou lembrando-se de quando foi pega no almoxarifado_ Enfim, é sempre bom saber com que está lidando, é quase como aquela história de manter os inimigos mais próximos ainda.  

Clarisse ainda fitava a cidade do lado de fora, mas havia prestado atenção em cada palavra de sua secretária. Nunca imaginara que alguém que trabalha em sua empresa teria coragem de lhe falar que seus funcionários falam sobre ela por suas costas obviamente. Nunca foi ingênua ao ponto de pensar que todos a amavam, mas no fundo desejava que um dia fosse respeitava como seu pai foi   

Ana preocupou-se com o silencio que se fazia presente naquela sala, porém, sabia que aquilo significava algo grande e sua expectativa já estava a mil, até que Clarisse a encarou com seus grandes olhos. 

—Talvez você tenha razão_ Disse pensando em como agiria._ Quer me ajudar nisso? 

A secretária sorriu, um sorriso grande e um tanto quanto assustador de tão animado. 

—Sim, claro que sim_ Concordou mexendo as mãos com todo o seu nervosismo de volta. 

—Então, você irá até o Daniel e dirá que tem um teste a ser feito e explicará a situação._ Ditou lentamente como se falasse com uma criança. 

—Acho que dessa forma ele vai achar muito suspeito,_ Ana disse aguardando uma resposta da chefe, que apenas a olhou encorajando-a a explicar._ Ele pode querer saber se os outros funcionários tiveram esse tipo de teste e tem o fato do trabalho dele aqui não ter nenhuma ligação direta com os eventos ou com a assistência direta à você. 

—Então?_ Clarisse indagou esperando uma solução. 

—Pensei em pedir como se fosse um favor mesmo, o que não deixa de ser verdade_ Falou com um pouco de humor, mas se conteve ao ver a expressão fechada da superior. 

—Certo, faça isso. 

A secretária levantou-se pronta para fazer o seu melhor 
 
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Ana sentiu um incomodo nos pés, mas isso não lhe fez parar de caminhar pelo corredor com seu melhor sorriso , pronta para por em prática tudo que aprendeu quando criança nas aulas de teatro, mas dessa vez ela não seria apenas a arvore. 
 

—Oi! Daniel né? _ A secretária indagou simpática, fingindo não ter certeza do nome. 

—Sim_ Concordou sem lhe dar muita atenção. 

—Não sei se você lembra de mim, sou a Ana, secretária da Clarisse... 

—Lembro sim_ Daniel disse sorrindo, tentando parecer pelo menos um pouco simpático. 

—Eu vim te fazer um pedido. 

Assim que ele ouviu suas palavras não conteve a leve franzida em sua testa, e Ana apressou-se a explicar. —Um pedido em nome da empresa e da Clarisse._ Daniel permaneceu com a mesma expressão. 

—É que haverá um jantar com investidores e Clarisse precisa de um assistente_ A secretária falou tomando o cuidado de trocar "secretária" por "assistente", mas ele percebeu onde ela queria chegar. 
 
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—Eu não sou a merda de uma secretária! 

"O que você respondeu?", Cássio perguntou do outro lado da linha. 

—Disse que não sabia, que tinha que ver se podia adiar um compromisso. Mas eu não vou!_ Daniel gritou inflexível, e ainda mais irritado com a calma na voz de Cássio. 

—Você está ganhando muito bem para trabalhar  com a Clarisse, não importa se terá que passar uma noite como secretária._  Disse com humor, e prosseguiu— Só não entendi o que ela quer com isso. 

—Como assim?_ Daniel prestou atenção instantaneamente. 

—É obvio que se ela só precisasse de uma secretária teria procurado a secretária do Felipe ou qualquer outra naquele prédio. Afinal, quem se recusaria acompanha-la num jantar com investidores ?_ Cássio falou como se fosse a coisa mais obvia. 

—Tem alguma ideia do que ela pode estar planejando? 

—Não, mas você vai descobrir depois que for aceitar ser o "assistente" dela. 
 
—_____ 
 

—Então? 

—Ele não me pareceu nada satisfeito como pedido. 

—Eu disse que seria melhor colocar como algo obrigatório._ Clarisse reclamou impaciente. 

—Ele vai aceitar._ Ana disse com veemência. 

—Como tem tanta certeza? 

—Não tenho. 


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