POV Queen Faller

Me olhei uma última vez no espelho, ajeitando novamente meu vestido azul claro Gucci, procurando algum defeito que estivesse escondido. Depois de mais cinco minutinhos, desso a escada de nossa mansão e caminho elegantemente até a sala de estar, onde encontro minha mãe, Lívia, lendo uma carta senta-da ao sofá.

Sento na poltrona em sua mesa e prontamente a empregada, Marcie, vem me servir o chá.

Assim que toco na xícara, minha mãe já começa.

– Postura. Segure a xícara como uma dama. Quantas vezes terei que corrigi-lá ?

– Me desculpe, mãe. - digo o mais educada possível. Mas por dentro estou revirando os olhos, coisa que se ela me ver fazendo, me mataria.

– Bela escolha de roupa, apenas não gostei dessa sua pulseira, não combina com seu vestido. - fico calada.

Mamãe é muito rígida quanto as minhas roupas, joías, sapatos e tudo o mais, sempre me critica quando não gosta de algo, mesmo que eu ache o contrário. Evito debater com ela, pois detesto decepciona-lá.

– Chegou uma carta hoje cedo para você. - ela me estende a carta em suas mãos.

Seguro ela, e leio atentamente. É sobre a Seleção. Eu já sabia que essa carta estava por vir, minha mãe havia me comunicado. E não digo que estou muito feliz com isso.

– Quero que você volte para seu quarto e responda todo o formulário com sua melhor caligrafia. - ela ordenou já se levantando.

Larguei a carta na mesa e a encarei. Não quero participar de Seleção alguma, acho que já tenho status suficientes para participar de uma competição boba como essa. E caso eu não seja a escolhida, não vou suportar ver a decepção no olhos de minha mãe quando voltar.

– Mãe, eu não quero participar. Acho isso uma baboseira, essa competição não é de nossa categoria. - digo.

– Não tem discussão. Você vai participar e ponto.

– Mas mãe... - me calei assim que ela me lançou 'aquele' olhar.

– Não me irrite com esse assunto. Essa é sua chance, de se tornar a Rainha que nasceu para ser. Se você quer culpar alguém por ter que participar, culpe seu pai, porque se ele fosse homem sulficiente para te assumir, você seria uma princesa de nascença.

Abaixei a cabeça e acinto, pegando o papel novamente, e com uma reverência me retirei, indo novamente para meu quarto.

Fecho a porta, e me sento na beirada da cama, olhando para o nada. Penso nos contra e nos bens que entrar na Seleção me fariam. O bom era que eu ficaria livre de todas as regras que minha mãe me impunha, livre para ser mais eu, livre para conhecer as pessoas que eu queria. Mas se eu fosse uma das Selecionadas, e não fosse a Escolhida do Príncipe, estaria perdida, minha mãe iria me olhar com decepção, ela vive dizendo que é meu dever ter a coroa, e se eu perdesse ...

Encarei o papel, e não pensei no que era melhor para mim, pensei no que minha mãe queria. Ela é tudo para mim, e não quero nunca ver ela decepcionada, quero que ela tenha orgulho. E se pra ve-la assim eu tiver que fazer o impossível, eu farei.

Peguei uma caneta e comecei a responder o questionário.

–---------------

POV Anna Máire Di Le Blume

( http://media.tumblr.com/tumblr_mcexthXmNM1r4kfic.gif )

Acordei com Kori, minha irmãzinha de 8 anos, me xaqualhando.

– O quê foi Kori? - sentei na cama, bocejando.

Era cedo, tanto que o sol invadia o pequeno quarto do orfanato, atrapalhando minha visão.

– A Seleção! Chegou a carta pra você! - ela diz toda euforica, pulando em minha cama, me entregando a carta aberta.

– O quê? - disse sem entender nada.

Segurei a carta e comecei a ler. Era um questionário, sobre a Seleção. Fiquei encarando a carta, sem reação.

– É sério isso? - Digo em um sussurro.

As garotas que estavam no quarto se juntaram a nós. Algumas estavam com uma carta parecida nas mãos, e outras apenas olhavam curiosas. Todas estavam felizes.

– Claro! Você tem que participar! Imagina você sendo a Rainha! - minha irmã pulava, sorrindo.

Sorri e comecei a pular com ela. Todas sorriam e comemoravam. Era a nossa chance.

Eu e a pequena Kori já passamos por poucas e boas. Eu tenho câncer, mas agora já está sobre controle, tenho crises as vezes, que estão se tornando cada vez mais raras. Minha pequenina já sofreu muito.

Nossa vida não foi das melhores. Desde cedo sofremos com a perda de nossa mãe - que apenas eu sei a verdade de tudo.

Nasci em uma família da casta 5, e apesar desta casta, tínhamos uma considerável quantia em dinheiro. Mesmo com a fachada de família perfeita, tínhamos muitos conflitos familiares. Meu pai batia muito em mãe e pra piorar tudo, bebia muito.

Meu porto seguro era minhas duas irmãs, mas Kelly acabou se envolveu com drogas e se afastou de todos, o que me desolou.

Quando completei onze anos, comecei a ter problemas respiratórios e logo fui diagnosticada com câncer. Minha mãe começou a trabalhar mais, e meu pai nem ligou para nada, e por consequência minha mãe começou a beber, para aliviar a tensão. Um dia meus pais brigaram, e meu pai bateu em minha mãe, tanto que acabou causando a sua morte. Ele limpou todas as pistas que o acusariam, por isso acabou ficando livre. Desde aquele dia eu já não o considerava mais como um pai.

Pouco tempo depois minha irmã Kelly foi encontrada morta, teve uma overdose. Fiquei triste demais, tinha perdido minha mãe e minha irmã, e acabei entrando em depressão, comecei a me cortar e fiquei mais distante de tudo. Meses depois descobri que Kori havia sido abusada, pelo próprio pai. Minha situação na doença tinha piorado, e passei um tempo no hospital.

Quando completei meus 15 anos, cai de uma escada e fiquei em coma por longos 3 meses, e nesse tempo meu pai foi preso, e minha irmã passou a viver em um orfanato, onde eu também fui obrigada a ficar depois que acordei. Minha sorte foi que o dinheiro que minha mãe havia nos deixado me ajudou com meu tratamento.

Olhei para a carta novamente, e sorri, pensando no futuro melhor que eu e minha pequena teríamos se eu fosse escolhida.