A Little Piece Of Heaven escrita por Moonie


Capítulo 6
Secundários: Eu estou bem.


Notas iniciais do capítulo

#Tenso
Bem, o que falar desse capítulo? Para ser sincera, não é meu favorito e peço para que tenham calma. Esse é um dos grandes e esperados capítulo dos secundários, mostrando cá a história de Clarice. Pode ficar complicado de entender, pois é um tanto delicado sua história e precisa de um tempo para desenvolver... Sim, eu pretendo continuar com a história dos secundários, mesmo não sendo o foco, eles são amigos da principal e eu realmente acho bom mostrar que nem tudo são flores... Não se doam quanto ao assunto, a história é totalmente fictícia, mas esses distúrbios não. Espero não "ferir" ninguém tentando explorar isso e conscientizar, talvez.
Bem, direto ao capítulo! Vejo vocês nas notas finais!



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(Clarice)

Não recomendado para menores de 13 anos.

“É como um sonho ruim que está com muito medo de despertar.” – Foxes.

Clarice abriu os olhos, se vendo cercada de várias pessoas, dentre elas sua mãe e as enfermeiras de sua escola. Ela levantou ainda meio tonta daquela cama.

– Mas o que... ?

– A senhorita se alimentou ultimamente? Tomou café? – A enfermeira perguntou a colocando de volta na cama.

– Sim. – Mentiu ela, quando sua mente gritava não. Nem hoje, nem ontem ela havia comido.

– Eu sempre dou dinheiro para ela comprar o café aqui, senhora. Você comprou algo, Clarice?

– Sim mãe, eu comi.

– Revire os bolsos.

– Não acredita em mim? – A garota perguntou já sentada novamente. A mãe de Clarice ainda a fitava impaciente e a garota meteu a mão no bolso, tirando o dinheiro completo de lá. De repente, tudo foi ficando turvo e ela ouvia sua mãe de forma alucinógena falando: “Porque você não come Clarice?”. Ela sacudiu a cabeça algumas vezes. Aquilo parecia tão real, sua mãe estava decepcionada... Ela tinha a porra de uma filha gorda que fazia draminha e não comia.

Você está gorda, Clarice. – Ouviu a enfermeira falar e colocou a mão na cabeça, sacudindo-a mais ainda.

– Coma, Clarice! Coma!

– Você está gorda, Clarice.

– Você é uma decepção para mim. – A palavra decepção ecoou por sua mente e a garota saiu correndo dali e da escola, logo sentiu uma mão no seu ombro. Era Elise.

– Clarice, o que houve? – A voz dela não parecia robótica nem maligna por alguns segundos, mas logo aquela sensação voltou. – Você é tão imperfeita, Clarice.

Aquilo era sua consciência punindo-a.

Livrou-se da mão de Elise e saiu definitivamente da escola, relembrando de uma cena bastante dolorosa.

Porque eu não faço igual à Thalia? Porque eu tenho de ser tão insegura? Eu vou chegar nele e convidá-lo, simples.

Clarice se levantou da escada na porta da secretaria quando viu o garoto passar. Ulisses era seu nome.

Ela o agarrou pelo braço, fazendo-o virar e a encarar.

– Ulisses, você quer ir ao baile comigo? – Ele a analisou por completo, gargalhando depois.

– Desculpe garota. Prefiro as mais encorpadas. Você parece uma bola e olha que bola tem suas curvas, sua esquisita! – E ele riu mais alto ainda, assim como todos que presenciaram aquela cena. A garota abaixou a cabeça e saiu correndo com lágrimas nos olhos.

Ela era gordinha, sim. Em seu pensamento, ela só conseguiu emagrecer um pouco agora e precisava emagrecer mais. Mais para atrair o olhar dele e falar que venceu que agora ela não se humilha mais. Cega pelo ódio, nem mesmo notou que já estava magra demais, já comia de menos e estava afetando sua saúde, sua vida.

Ela não aguentava mais, em dois dias seu balde transbordou. Não sentia mais nada, apenas ódio de si mesma. Não se importava com dores, com lágrimas – mesmo ainda chorando, não se importava consigo mesma e com ninguém mais ao seu redor. Fingia bem, mas no fundo não.

Ela finalmente chegou a casa. Obviamente sua mãe chegaria em breve, mas ainda devia estar procurando-a pela escola e arredores. Trancou-se no banheiro de seu quarto e olhou-se no espelho. Tão pálida, tão abatida, tão... Tão feia.

Você é ridícula, Clarice. Fazem as pessoas se preocuparem á toa.

Ela olhou para a gilete em cima da pia. Não, ela não tinha coragem.

Você é covarde, Clarice. Ninguém vai se importar se você morresse. Sua mãe tiraria um peso do ombro sem você.

Ela sacudiu sua cabeça várias vezes, em pranto. Caiu no chão e se arrastou para dentro do Box, bem no canto.

– Não, não, não. Eu não estou louca. Não, não, não. Eu não sou um fardo. – Sim, você é um fardo. – Eu não sou um fardo! – Gritou ela entre rugidos selvagens que soltara. Você não serve nem para mentir.

A única que sempre soube desses surtos era Thalia, sua melhor amiga. Aquela que lhe apoiava e lhe escutava quando ninguém mais queria, quando ninguém mais podia. Mas agora, ela está tão longe e Clarice se sufoca mais e mais com seus pensamentos doentios.

Ouviu a porta de seu quarto abrir, era sua mãe lhe chamando. Pelo seu tom, era visível sua preocupação.

– Clarice... – Ela ouviu batidas na porta do banheiro e uma tentativa falha para que ela abrisse. – Clarice, é a mamãe. Eu tenho a chave, você está bem? – A garota não respondeu, ainda negando com a cabeça e chorando. Um choramingo alto e sua mãe abriu a porta com a chave reserva rapidamente, praticamente se jogando dentro do Box. De joelhos, ela chegou até a garota.

– Mãe, eu sou um fardo mãe! – Sim, você é. – Um fardo! A porra de um fardo! – Ela agora gritava e sua mãe se desesperou.

– Você não é um fardo, nunca foi. – E a garota lhe abraçou.

Eu sou um fardo... Eu sou um fardo. – A morena continuava repetindo, agora com o rosto enfiado nos ombros de sua mãe e em um abraço terno. – Me ajuda mãe, me ajuda. Por favor, me ajuda.

– Eu estou aqui, minha princesa. Eu te amo. Eu vou te ajudar. – Sua mãe agora acariciava seus cabelos.

– Eu sou um fardo, eu sou um fardo.

–x-

No dia seguinte a garota já estava um pouco melhor, seu humor mudou de forma bruta e surpreendente. Desceu as escadas e viu a mãe preparando o café, sentou-se á mesa.

– Dessa vez você vai comer tudo. – A mãe serviu omeletes com bacon e um suco, a garota foi cortando as omeletes e o bacon, misturando-os no prato. – Marquei uma consulta para você, com uma psicóloga muito legal.

– Mãe, eu não quero falar com uma psicóloga. – A garota deu uma garfada no bacon. – Isso aqui tá bom, já experimentou? – E colocou os dois bacons no prato da mãe, agora mexendo na omelete.

– Você vai e ponto. Não custa nada, é só para conversar já que você não se abre muito comigo. – A garota tirou o garfo que ia comer a omelete da boca, ainda com a comida espetada.

– E você quer que eu fale o que? – Ela largou os talheres, agora bebendo o suco até a metade e o pondo na mesa de novo.

– Tudo. O que te faz ficar assim? – Clarice agora jogava a omelete para o canto do prato, fingindo já ter comido metade do mesmo. O celular dela tocou e ela largou os talheres, se levantando.

– Oh, estou atrasada! – E sua mãe, percebendo pela primeira vez na vida sua artimanha, a segurou pelo o braço fazendo-a sentar novamente.

– Eu sei que você não comeu quase nada... – Jogou os bacons de volta no prato. – Eu sei que a omelete não está pela metade... – Fez o mesmo com a comida. - Eu sei que você não bebeu todo o suco... – Serviu mais ainda. – Eu sei também que isso é o som da mensagem, não alarme e você não está atrasada, são seis horas da manhã. Coma tudo e não me enrole!

É... Não foi dessa vez. A garota olhou no celular e viu uma mensagem de Thalia, que achou melhor não responder.

– Filha, eu acho que você está com algum problema. Vou fazer alguns exames de sangue também, ok?

– Ótimo, não quer que eu defeque em um potinho também não? – Disse com um tanto de ironia, dessa vez acabando com o prato rapidamente. – Vou lá em cima retocar a maquiagem, já volto. – E subiu as escadas. Ela havia mentido.

Correu para o banheiro e colocou dois dedos na garganta, forçando o vômito e obtendo sucesso. Ela nunca teve dificuldades para vomitar, pelo contrário...

Fez isso mais algumas vezes até se sentir leve e vazia, lavando o rosto, escovando os dentes e dando a descarga. Foi até o quarto e recolocou um batom fraco, arrumando sua roupa que estava abarrotada.

E hoje começa mais um dia na sua vidinha escolar.


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Notas finais do capítulo

#Tenso²
Eu realmente não tenho nada o que falar, masoq aosidjf
O próximo será da Irina e eu realmente tô amando o cap dela
Os bônus estão pelo cap, pois deu bug aqui.