A Little Piece Of Heaven escrita por Moonie


Capítulo 2
Capítulo dois - A viagem forçada.


Notas iniciais do capítulo

Obrigada TaigaChan por comentar e favoritar, te adoro salinda!



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Não recomendado para menores de 13 anos.

Advertências: Palavras de baixo calão, problemas familiares.

Cabeça baixa, respiração pesada, ouvidos pedindo por socorro. Era assim que eu me encontrava agora, ouvindo as reclamações daquele que me cerca. Poxa, será que ela não pensa em mim não? Eu sou jovem, eu tenho minha vida, eu me divirto e apronto mesmo. Isso não é motivo de me jogar na casa da tiazinha fulana das quantas, qual é!

– Pare. Pare de falar tanto e fingir que se importa! – Gritei e minha mãe se endureceu de choque. – Se você se importasse comigo, não estaria me mandando para a casa da minha tia! Mãe, eu tenho a porra de uma vida aqui! – A esse ponto, meus olhos estavam marejados e eu corri da sala em direção ao meu quarto. Ouvi batidas na porta.

– Porque você tem que ser assim?! – Era minha mãe com a voz quase falhando. – Se... Se você se comportasse, eu e seu pai não teríamos chego a este ponto!

Porra, se eu me comportasse? A garota implica comigo á tempos e quando me levanta a mão, eu que me ferro por dá-lhe de volta? E agora me diga... Pai? Aquilo é um pai? Ele sempre me quis longe. Ele nunca fez parte da família, eu nem mesmo sei se ele se importa pelo menos um pouco comigo! Ele só está aqui para me ver cair, ver-me ferrar por inteira. Isso não é um pai, isso é um inimigo!

Mas, do que adianta eu falar isso com minha mãe? Ela sempre diz para ignorar, falar com a diretora que ela resolve, diz para eu tirar boas notas, pegar matéria que perdi com os colegas... Que colegas, se todos eles estão do lado da vadia desgramada, exceto minhas três amigas e Nich?

Eu não sei se ela diz isso por mal ou se ela é mesmo muito inocente. Mas do que eu sei é que não sou e indefesa também não!

– Devia ter me abortado quando teve a chance. – Disse de forma ríspida. Não, não vou expor aquilo tudo para ela. De nada me adiantaria.

– Eu não me arrependo de ter tido você. – Ela estava chorando... Que maravilha, Thalia! Que maravilha! – Eu te amo, minha filha. Você não entendeu o motivo de eu ter feito isso... Você vai mudar de escola, novo lugar, novas pessoas e ares. Ninguém vai lhe afortunar. Pense positivo, eu sei que você tem amigos aqui, mas lá em sua tia vai ter internet e quem sabe um lugar novo não lhe acalme? A França é muito bela e o ensino lá é maravilhoso, pelo o que dizem. Perdoe-me, filha. Não me leve a mal.

Peguei meu diário e comecei a escrever nele. Não necessariamente só palavras, fazia desenhos, versos, rabiscos, rasgos. Tudo para me acalmar. Fechei os olhos após isso e fiquei desejando para que aquilo fosse só um sonho, um pesadelo.

–x-

Algum tempo se passou e eu já havia dado a notícia para todas minhas amigas. Eu quase não olhava mais na cara de minha mãe e o clima estava bem pesado, agora eu falava com as meninas via Skype.

– Oh Thalia, tá me ouvindo? – Gritou Clarice e eu assenti. – Eu comi tudo hoje, por você! – Eu ri.

– Ou, obrigada. Esse foi o melhor presente que eu já ganhei. Cadê a Elise?

– AH, essa aí disse que ia fazer uma surpresinha para você. Não me pergunte, estou curiosa com você. – Irina respondeu fazendo meu sensor de curiosidade apitar loucamente, mas me contive.

– E então, como vai a Kate? – Eu tinha um sorriso malicioso nos lábios.

– Nós estamos namorando!

Eu dei um grito de felicidade e abracei a tela do computador.

– Gosto assim, amiga! Ela pediu ou foi você?

– Fui eu né. Tem que ter atitude!

– Legal to sobrando aqui. – Chiou Clarice. – Todo mundo pegou alguém, menos eu.

– Eu falei para você ir pegar alguém. Um guri daquele grupo tava te secando tanto menina! Mas nem olhar você olhou, mancada hein. – Ela apenas suspirou de forma audível.

– E você hein, pegou o novato? Aprova ele? – Irina perguntou.

– Ai, ele é coisa de louca gente! Que pegada viu... – Eu mordi os lábios de forma travessa enquanto Clarice olhava para mim de um jeito malicioso – coisa que ela nunca havia feito.

– Tá "xonada" é?

– Claro que não, só repartindo as experiências com as amigas. – Ouvi uma batida na porta e era minha mãe, falando que Elise estava lá na sala. – Meninas, vocês não acreditam... Elise tá aqui, ó!

– Não creio, essa bruxa foi aí te visitar e não falou com a gente? Que saco viu! Ela se acha com mais direito é? – Chiou Irina e Clarice ao mesmo tempo.

– Vou lá ver o que é, vou desligar o áudio. Beijinhos. – E assim fiz, correndo igual uma doida varrida até lá. – Lise! Liiiiiiiiiiiiiiiiiise! – Eu gritei e pulei em cima dela, a jogando no chão.

– Eita, sai de mim elefanta!

– Quem tu tá chamando de gorda, hein queridinha? – Sai do chão e deixei-a lá, pondo a mão na cintura. Ela se levantou e revirou os olhos, logo como a porta estava aberta, Clarice e Irina apareceram lá. Irina tinha o notebook nas mãos.

– Surprise bitch! – Elas falaram de um jeito animado.

– Então as quengas sabiam, não?

– Viemos nos despedir! Hoje é seu último dia aqui, não é? – Clarice disse de forma triste, olhando para mim cabisbaixa.

– Sim... É. – As três me abraçaram e eu não contive uma lágrima teimosa. Eu as conhecia fazia tempo e eu odeio despedidas.

– Tome. – Elise se afastou me entregando um colar de estrela. – É para você se lembrar da gente e ligar todo dia o skype, falou? – Ordenou naquele jeito marrento que ela tinha, eu ri.

– Sempre. Nunca vou esquecer vocês, meninas. – E nós nos abraçamos de novo.

–x-

Já estava de banho tomado e com meu colar de estrela e uma roupa qualquer que eu achei no meu armário, estava fazendo minhas malas quando escuto a porta batendo.

– Entre.

– Oh, filha. Não bote muitas roupas na mala, sua tia faz questão de comprar tudo novo. – Mas porque, se minhas roupas são novas?

– Essa mulher deve nadar em grana. Primeiro vai vir no aeroporto lá da França, e depois voltar. Só nisso as passagens já são caríssimas, e ainda vai me comprar roupas novas.

– Ela está em uma boa situação financeira. Mas não abuse dela, favor... Ela está tentando ser gentil. Você é da família dela, de certa forma.

– Eu, abusar da grana dela? Vem cá, você realmente não me conhece ou finge? – Boto a mão na cintura, olhando para ela com seriedade. Minha mãe riu.

– É melhor assim. – E saiu. Vai entender minha relação com minha mãe, né.

Peguei meu celular e vi duas mensagens. Uma de Clarice e outra de Nich. Sorri e abri a da garota primeiro.

Liaaaaaaaaaaa, como assim sua tia tem grana? Que maravilha, garota! Pelo menos vc teve alguma sorte nessa vida k”. Clari, 13h00m.

Gargalhei, essa garota realmente sabe de tudo.

Pois é neah, pensando assim não será tão ruim. To até pensando em me comportar, vê se pode!” E enviei logo a resposta, rindo.

Abri a de Nich dessa vez.

Hey baixinha. Já tá indo para o aero? Se cuida viu, boa viagem!” Nich, 13h44m.

Sorri novamente, respondi automaticamente.

Ai, assim até parece q quer se livrar de mim. Cruzes, garoto! Pode deixar, eu sempre me cuido... Vai ser ruim sem vc sendo um pateta e acobertando meus crimes rsrsrs”

Quando fui jogar o celular na cama, ele apitou com a resposta de Clarice.

“VOCÊ se comportando? Mds, essa eu quero ver! Vai ser duro pacas ir ao shopping sem vc, vou até ficar brega!” Clari, 13h50m.

“Ai, ai. Vai ser duro pacas, hein? Aquela carinha”.

Dessa vez eu larguei o celular e continuei a arrumar a mala. Coloquei alguns livros, meus documentos todos, algumas roupas minhas porque eu sou do contra, meu diário, alguns porta-retratos com fotos de mim, meus amigos e minha mãe. O que eu posso fazer, aquela mulher me deu a luz. Eu amo ela. Coloquei em uma parte mais vazia meu notebook, meus fones estavam lá também assim como algumas bijuterias minhas. Ufa, sorte que a mala é grande!

Depois de arrumar tudo, me joguei na cama e fitei o teto. Eu tinha entendido os vários pontos positivos dessa viagem, dessa mudança para ser mais exata. Mas o que me aguarda lá? Seria bem legal se alguém falasse inglês lá, não me acostumei falar francês totalmente. É estranho e ás vezes minha língua embola... E a nova escola? Qual seria? Eu iria me dar bem? Lá teria livraria? Oras, mas é óbvio que sim. Que pergunta, hein Thalia! Porque eu to reclamando tanto? É a França, um lugar onde todo mundo sonha em ir um dia!

Levantei da cama e peguei a mala quando ouvi minha mãe gritando por mim, desci as escadas e sentei no sofá da sala, esparramada e ouvindo-a falar no telefone com minha tia, para deixar tudo certinho.

Peguei meu celular e li as respostas das mensagens.

“Pois eh, não ouse achar outro para meu lugar, seria insensível se fizesse.” Nich, 14h00m.

“Eu sou insensível, baby. Rsrsrsrsrs brincadeira, vou te trocar não. Se desencalhar trate de me contar, viu?” Enviada, 14h06m.

“Ai, mas vc só pensa nisso! Que coisa! RS’ Acha que vai ter MT gatinhos lá? Podia separar um pra mim, vai que...” Clari, 13h59m.

“N penso só nisso n. Imagina! Eu realmente espero q tenha o que seria de meus olhos sem colírios? Rssrsrrsrsrsrs vai ter que vir me visitar, aí vc pega alguém.” Enviada, 14h10m.

Thalia, você está me ouvindo?! – Ouvi minha mãe gritando em meu ouvido e dei um pulo de susto.

– O que dizias mesmo?

– Temos de ir. – Ela ia até a porta e olhava para mim. Peguei a mala e bufei, saindo porta a fora.

–x-

Chegamos ao aeroporto depois de algum tempo e eu me sentei em uma cadeira enquanto minha mãe procurava por tia Agatha.

Eu? Desencalhar? Como se quase n saio de casa? N tenho seu espírito festeiro.” Nich, 14h20m.

“Vai que vc acha uma mulher no meio de sua zona no quarto? Eu n duvido nada!” Enviada, 14h30m.

“Eu ir até a França? Só nos meus sonhos, quem me dera viu. A rica e podero$a aqui é tu!” Clari, 14h30m.

“Cheguei ao aero, coração apertado aqui : ’(“ Enviada, 14h31m.

“AA., não fale de minha zona. O seu é mil vezes mais bagunçado...” Nich, 14h31m.

“Cheguei ao aero, minha mãe tá procurando aquela doida varrida... Como vai sua mãe?” Enviada, 14h32m.

– Thalia! Para de mexer nesse celular! O que tu puseste nessa mala, chumbo?! – Minha mãe berrava tentando pegar a mala, eu simplesmente levantei ela com facilidade.

– Minhas coisas, oras. Achou a tia?

– Ela está atrás de você. – E quando me virei, tomei um susto. A mulher estava lá, vestida de fada madrinha assim como se vestia quando eu era criança e sorrindo para mim. Sério isso? Ela continua mais doida do que nunca? Olha, essa temporada vai ser muito legal. Só que não.

– Oh minha querida! – Ela me abraçou e eu tomei um susto com aquele gesto, fazendo minha mala cair em seu pé. Ela gritou e eu senti minha moral despencar 10%. Parabéns, Thalia. Mal revê a mulher e já esmaga o pé dela, muito bonito.

– Desculpa! – Pego a mala rapidamente, a fechando e conferindo se nada quebrou. Pego meus fones e penduro-os em meu pescoço, vendo a mulher fazer um gesto de “Não foi nada”.

– Como você cresceu! Você está linda! – Ela apertou minhas bochechas. – E os namoradinhos? Oh, ah, deixe! Teremos muito tempo para conversar, vamos nos atrasar no voo! – Eu olhei para minha mãe como uma súplica e ela somente ria da minha cara. Puta que...

– Mãaae. – Falei de um jeito manhoso, entortando a cabeça. Ela sacudiu a cabeça em negação e me abraçou. – Vou sentir sua falta até.

– Se comporte, viu? – Ela beijou minha testa e foi me soltando aos poucos. Senti minha tia me puxando.

– Tchauzinho irmã! Vou cuidar bem dela, não é querida? – E me puxou mais ainda enquanto os alto-falantes avisavam que o avião já estava perto de partir.

E eu acho que uma nova vida começa agora.


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Notas finais do capítulo

Mereço comentários? Desculpe se estiver um pouco corrida a história, como eu disse, os três primeiros são a introdução dos personagens na história.
O que vocês acham de um capítulo extra dos personagens secundários, tipo Clarice, Nicholas e etc?
Beijos pessoal



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