PEV - Pokémon Estilo de Vida escrita por Kevin


Capítulo 31
Capítulo 30 – Vidas em jogo


Notas iniciais do capítulo

Acho que esse episódio vai deixar muita gente com várias ideias do que vai acontecer.



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Pokémon Estilo de Vida
Saga 02 – Fantasmas do Passado
Etapa 06 – Laços

"Às vezes somos forçados a driblar a verdade,
transformá-la,
porque somos colocados à frente de coisas que não foram criadas por nós.
E às vezes, as coisas simplesmente chegam até nós."

Capítulo 30 – Vidas em jogo

<><><><> Segunda Feira em Arton <><><><>

Os olhos abriram-se com alguma dificuldade. A mente estava desnorteada e demorou para conseguir entender as imagens que via. O ambiente estava claro com tons amarelados. Cortinas semiabertas, silêncio quase completo e um lençol o cobrindo que não lembrava-se de ter visto.

Suspirou. Aquela era uma situação altamente comum, acordar desnorteado, sem reconhecer o local onde estava. Pensou em sentar, mas sentiu o corpo dormente, um gosto estranho, de amargo, na boca, e a nostalgia chegou. A sensação que o fez perceber que havia dormido bem mais do que o normal.

– Não faz mais isso! -

A voz parecia um pouco alarmada, estava perto dele, mas fora do campo de visão que ele tinha. Felizmente, não estava tão desnorteado para deixar de reconhecer a voz da morena com a qual tinha passado os últimos dias.

– Estou bem, Riley! -

A voz saiu um pouco distorcida e engraçada. A boca seca e os lábios ressecados deram a Kevin mais uma certeza, estava começando a ficar desidratado.

Sentiu apoiarem-se sobre seu tronco, debruçando-se sobre ele e então pode ver Riley visivelmente preocupada. A menina apresentava um misto de angustia e alivio. Seus olhos indicavam que havia chorado, ou esteve a ponto de fazê-lo.

– Não está! - Disse a morena com voz instável. - Você dormiu mais de dezenove horas! Achei que... que...-

Kevin pegou a mão dela, que estava próximo a sua. Ele pensou em fazer um esforço para se levantar, mas teve receio que fosse ficar tonto depois disso e não conseguisse falar. Se ele havia dormido todo aquele tempo, o corpo realmente deveria estar com falta de água e alimento. Precisaria repor os dois antes de fazer alguma coisa que exigisse algum esforço, as vezes compreender Riley requiria muito de sua mente.

Com Maya ele tinha uma certa facilidade. Chegava a ficar encantado toda vez que estava com ela, coisa que ele sabia que era praticamente recíproco. Eles, de alguma forma, eram parecidos em vários pontos e sentiam isso um no outro. Sentia que talvez havia quase o mesmo de nível de confiança e cumplicidade que ele tinha com Julia, sua irmã, ou Amanda e Juliana, suas amigas que moraram com ele durante um período. Entendiam-se muito bem e até rápido.

Mas, com Riley as coisas fluíam de forma diferente. Havia a doçura dela que ficava visível para quem passava pela barreira da sua máscara, e defesa, de tristeza. Havia uma menina divertida quando ela se soltava. Havia uma menina preocupada para com quem ela realmente se importava o que era exatamente o que estava acontecendo naquele momento. Era uma convivência diferente com a de qualquer outra pessoa que conhecera. Talvez por ela ser uma das poucas pessoas que tinha uma relação quase zero com os pokémon e isso fazia o ponto comum que tinha com todas outras pessoas não existir com ela.

Julia era adorável e companheira para todas as horas. Amanda era sociável e esforçada. Juliana era o tipo extrovertida e decidida. Lubia era inteligente e confiante. Tinha amigos convencidos, autoritários, meigos, perseverantes e muitos outros. Se pensasse na sua antiga paixão, Joy, diria que ela era gentil e confortante, o que divergia das outras enfermeiras que no geral eram prestativas e solicitas. Ninguém era doce como Riley.

– Me pega água? -

A menina acenou com a cabeça e saiu apressada. Ela percebeu que quando vacilou no falar ele deu-lhe a deixa para fazer algo que a desse tempo para se acalmar e tudo fosse deixado de lado. Quando Kevin mudara de assunto com Riley a primeira vez, durante aqueles dias que estavam na mesma casa, não haviam percebido. Só depois de algumas novas conversas percebeu que ele ajudava-a, de alguma forma, sempre que algum assunto parecia ser complicado para ela. Fazia-o de forma sútil, e as vezes engraçada. Riley gostava daquilo.

Kevin não sabia lidar muito bem com a doçura de Riley. Sempre via que ela queria dizer algo, mas que não sabia se devia. Não era por angustia, não era medo, não era nada que Kevin conhecesse e assim ele não conseguia se conectar com ela como fazia com os pokémon ou alguns outros humanos.

Lívia tinha os mesmos problemas que ele de não saber o que queria fazer, de estar pressionado pelo nome e outros mais. Conectar-se a ela, que sentia as mesmas coisas que ele, era fácil. Mas, Riley não parecia sentir nada que ele conhecia.

– Aqui! -

A menina voltou correndo com a água. Quando chegou, Kevin já havia sentado. Esticou o copo para ele e sentou-se na frente dele. Viu que ele sorriu, antes de beber a água e nada disse. Significava que ele realmente havia pedido a água para ajudá-la a desviar do assunto que ela estava com dificuldades de começar.

Um barulho aconteceu no andar de cima, ele parou de beber a água e levantou o olhar, fitando o teto. A morena já o fazia e ela percebeu que ele ficou preocupado.

– Maya! - Disse a menina tentando tranquilizá-lo. - Quando deu a hora do almoço ficamos preocupadas pois você não tinha acordado ainda. Tentamos te acordar, mas você não respondia e Meganium após um tempo tentou nos impedir. - Ela revirou os olhos. - Ela não nos entendia e depois que Maya tentou tirá-la do caminho a pokémon me encarou e saiu correndo atrás da sua... agressora. - Ela riu. - Estão se pegando desde então. Felizmente, depois disso, você se mexeu, como quem pedia para dormir um pouco mais. -

– Então ainda é segunda! - Ele sorriu aliviado e ela confirmou com a cabeça. - Foi o desgaste dos últimos dias. O corpo cobrou o descanso. - Kevin suspirou. - Deixa eu ver o que a Meganium tá fazendo com a Maya. Ela as vezes perde um pouco a noção. -

Kevin levantou-se, mas as pernas não responderam ao passo que tentou dar. Caiu para frente tendo tempo apenas de esticar os braços, um que segurava o copo, lançando-o para o lado acertando o outro sofá. E outro que tentou usar para proteger-se.

Riley arregalou os olhos e saiu do sofá indo para o chão, amparando Kevin que começou a rir fazendo-a fazer o mesmo quando viu que ele estava bem.

– Bem, né? - Riley o ajudou a sentar enquanto ainda riam.

– Ficou sentada aqui até eu acordar? - Perguntou Kevin quando já estava sentado.

A menina corou e suas covinhas apareceram e Kevin percebeu que a pergunta não era boa. Ele ainda estava sonolento e só se deu conta como a pergunta deixaria a menina constrangida quando a viu corar. No entanto, bastava que ela balançasse a cabeça indicando que sim ou que não. Kevin não ia ficar perguntando o porquê e ela sabia disso.

– Obrigado por cuidar de mim! - Disse Kevin resolvendo quebrar toda aquela história, ao mesmo tempo que mexeria com ela. - Bom saber que posso dormir e cair que terei alguém por perto. -

Riley olhou para ele e o viu sorrindo para ela. Ela gostava de conversar com ele. As vezes ela tinha dificuldade de conversar com as pessoas sem ficar envergonhada ou matar a conversa e Kevin normalmente conseguia reverter esse efeito dela antes que tudo ficasse estranho.

– Eu tinha um amigo... - Não pensou em falar disso com alguém, mas talvez Kevin precisa-se entender um pouco mais dela. Ele merecia respostas. - Ele estava sempre desmaiado, ou dormindo por horas porque... apanhava muito. Eu ficava ao lado dele, as vezes por dias, mas ele nunca... se importava com isso. - Ela riu sem graça. - Estava sempre triste e envergonhado. -

Kevin se ajeitou para ficar olhando para ela, em uma posição mais confortável.

– Meio que tenho experiência em ficar ao lado de pessoas desacordadas. - Comentou ela. - Pois, era sempre Riley, Maya e Roger. - Roger, o irmão de Maya, apanhava e Maya ia dar um jeito nos agressores, ou no motivo da agressão, que geralmente era Razor. Eu acabava ficando com ele. - Ela suspirou. - A última vez que o vi foi quando ele tentou me beijar. Depois fugimos e ele ficou para trás. -

– Sente falta dele? -

A resposta veio com uma cabeça balançando negativamente. Talvez a pergunta não fosse a melhor para Kevin fazer.

– Não foi pela tentativa de beijo, ou pela descoberta dos sentimentos dele. - Riley abaixou a cabeça. - Naquela época eu era uma garota que desejava parques, cinemas e liberdade. Romance não era algo que eu pensava. - Kevin viu o quanto ela estava nervosa com a história. - Depois de algum tempo fugindo e sabendo que já tinha um noivo, eu pensei em romance. Primeiro tentei entender porque ele gostava de mim, e se não era apenas falta de opção... afinal, não havia outra garota para ele se interessar. Mas, enquanto pensava percebi que sentia falta dele e me perguntei se isso era... o mesmo sentimento que ele sentia. -

Riley parou de falar por alguns instantes. Olhou as escadas e olhou para Kevin.

– Não conte a Maya. - Ela falou a meia voz. - No inicio do ano vi uma reportagem sobre Roger. Ele estava em Sinnoh e matou algumas pessoas após roubá-las só para achar nosso primo. -

Kevin franziu o cenho.

– Não tinha o nome dele, mas o retrato falado era idêntico a ele. Os pokémon usados eram os mesmos que o dele e quem sobreviveu disse que ele procurava pelo campeão. - Riley falava a meia voz, com medo que Maya escutasse. Não queria que a prima viesse a saber que o irmão se tornou um assassino. - O Campeão que ele procurava era Barreira, o primo dele que dita as regras para a geração dele. -

Ela não sabe que eu sou o outro campeão. Mas, eu não sabia que Barreira era descendente dos Países Livres, sempre foi dito que ele era de Arton. Kevin viu que Riley continuou de cabeça baixa, calada.

– Ele mudou muito, né? - Comentou Kevin.

– Nunca contei a meu pai ou Maya. Já temos problemas demais. - Disse Riley. - Eu sei que são as tradições da região ser meio violento, mas ele nunca foi enquanto estávamos os três juntos. Só que de repente descubro que ele virou assassino. Como gostar de alguém assim? - Riley ainda estava de cabeça baixa e não viu Kevin dar um sorriso sem graça. - Tudo bem ser violento, mas matar? -

Riley encostou-se em Kevin, deitando a cabeça em seu ombro sem perceber que o loiro se via nas coisas que ela começava a falar. Ele estava sofrendo violências gratuitas e havia decidido revidar, mas revidar não era o bastante e ele tinha começado a matar. Se as palavras eram apenas essas Kevin se perguntava se havia diferença entre ele e Roger.

Não conhecia Roger, mas escutara sobre um rapaz que estava caçando o campeão usando de meios sórdidos e violentos. Imaginou que o campeão fosse ele e que o cara fosse um dos fantasmas. Mas, obteve poucas informações, a vida era corrida com as aulas e as informações eram bem ralas. Mas, agora que ele sabia que nada verdade a pessoa chamava-se Roger e apanhou durante boa parte da vida e estava caçando o primo por um motivo que poderia ser sobrevivência, não parecia que ele Roger fossem tão diferentes. Não sabia as reais circunstâncias das mortes e por isso não iria dizer nada sobre ele a Riley. Não tinha como emitir opinião real sobre isso sem que acabasse falando dele mesmo.

– Ele tinha a escolha de ser uma boa pessoa, encontrar formas diferentes de manter as tradições e não sofrer nas mãos da família, mas escolheu o caminho de fazer as pessoas sofrerem. - Riley pareceu sorrir e virou a cabeça tentando olhar para Kevin. - Ele não é como você! -

– Fazemos a mesma coisa Riley, matamos pessoas. - Disse Kevin.

Riley desencostou-se dele e balançou a cabeça negativamente. Ela pareceu perceber que havia falado algo que mexera com ele.

– Você tinha a escolha de ver os amigos morrerem ou fazer o que era preciso para defendê-los. - Ela sorriu. - Ele não é como você! Você é uma pessoa boa. É... Alguém admirável! - Ela parou vendo que o sorriso não voltava ao rosto dele. - Não quero julgar as ações de Roger, mas... Estou errada em não gostar de alguém que mata pessoas para roubar e outros mais? -

– Errado seria pensar que matar é normal. - Kevin suspirou. - Não conheço o Roger ou o que o levou a fazer essas coisas. Mas, tem o direito de decidir de quem gosta ou não. - Kevin percebeu que ela ainda o fitava e sentia que o problema era a falta de sorriso. - Mas, eu não me acho muito diferente das pessoas que me atacam. No final, estamos todos acabando com vidas. -

– Bem... - Quando o viu lutando ele parecia natural, mas com o passar dos dias via que ele estava fazendo algo que não queria, que não gostava, que não aceitava. - Só sei que ele matou para roubar, você matou para me salvar. -

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Era quarta feira a noite. Esperaram pacientemente o momento certo para invadir o local onde Dark, Dalia e Cowboy estavam prisioneiros. Levaram um bom tempo conversando para ver se acreditariam e confiariam em Luz das Batalhas e outro longo tempo conferindo cada informação que ele havia dado, mas no final o rapaz realmente parecia estar do lado de Kevin.

Munidas com seus melhores pokémon as três garotas espreitavam o local onde teriam que invadir. Uma espécie de castelo antigo, em Hoeen, que parecia abandonado. As informações de Luz das Batalhas dizia que aquele foi o palco da ultima edição da Liga das Sombras e isso explicava, perfeitamente, porque não falaram para onde Kevin deveria ser enviado. Bastava que lhe dissessem os nomes e que estariam na região de Hoeen que Kevin saberia para onde ir.

Não parecia haver mais cerca de seiscentas pessoas ali, nem mesmo cem pessoas. No entanto, confirmaram a presença do tal Murilo, bem como a de Cowboy que foi levado ao pátio do castelo para ser forçado a ensinar a um pokémon alguma técnica estranha que pela distancia não conseguiram compreender qual era.

Esperaram caladas, com o plano traçado. Possuíam sistema de comunicação e um pokémon psíquico cada uma com força para teleportar duas pessoas cada por cerca de cinquenta quilômetros, não pretendiam sair andando. Iam sim se vingar de cada um ali, por isso possuíam explosivos que seriam colocados pelo castelo para detonarem antes de teleportarem-se. Não resolveria os problemas de Kevin, certamente, mas manteria seus amigos a salvo.

Lubia era a mais calma. Elaborou o plano e estava consciente do potencial de cada um ali. As chances de falha e riscos existiam, mas não estariam minimizadas se não se separassem dentro do castelo que possuía apenas duas torres. Além disso, não acreditava que houvesse algum adversário a sua altura quando falasse de batalha pokémon. Mas, já sabia que alguns iriam direto para as armas e isso era o deixava tudo mais arriscado.

As armas eram o que Marjori mais temia. Era uma cantora, treinadora e coordenadora com treinamento militar. Mas, não era a prova de balar. Ela usaria seu Scizor, conhecido como Borrão Vermelho, para poder se proteger e as demais. Já havia feito testes no passado e seu pokémon de metal vermelho era a prova de bala e duas vezes mais veloz que uma. Temia apenas que não fosse veloz o suficiente para proteger as três.

Juliana era a mais nervosa com tudo aquilo. Toda a sua postura e tentativa de se manter tranquila caiu por terra ao entender que ela tinha mais do que uma parcela de culpa no meio daquilo tudo. Sabia ser culpada de Dark, Cowboy e Dalia terem sido levados e sabia que era culpada do ferimento de Choc, mas saber que era culpada de Kevin ser perseguido era muito para a cabeça dela.

Antigos inimigos caçavam Kevin, mas Kevin fez novos inimigos por ter feito uma jornada por Sinnoh enquanto ele tentava socializar seus pokémon assassinos. Ela havia insistido para que ele fizesse uma jornada por lá, inicialmente seria apenas uma visita, mas ela queria uma jornada completa com ele. O que aconteceu foi que por onde Kevin passava as pessoas o admiravam, mas também o odiavam.

Aquele pensamento estava deixando-a arrasada. As meninas já havia identificado aquilo, mas nenhuma quis conversar com a Pendraco sobre aquilo. O que elas falariam? Kevin queria socializar seus pokémon e enquanto ele tentava fazer isso ela queria que ele fizesse uma jornada, assim as coisas saíram mesmo do controle.

– Vocês acham que Kevin matou Razor por querer? -

Aquele era um assunto que as três combinaram de não conversar. Mas, Lúbia acabou voltando ao assunto durante aquela longa vigília que faziam. Não era apenas uma ideia de como fazer o tempo passar, mas era uma questão importante.

– Realmente importa? - Questionou Marjori. - Acha mesmo que agora importa? Combinamos de não falarmos sobre isso porque era um tema que não importava para com os Fantasmas, certo? -

– Não importava quando achávamos que os líderes e mais da metade deles estariam aqui. - Lúbia meneou com a cabeça. - Mas, agora que sabemos que nem todos estão ai e Luz das Batalhas disse que eles estavam se reunindo, me pergunto se também não invadiram Arton após nosso ataque. -

O trio acreditava que as explosões dariam conta da maioria e o que sobrasse não teria coragem de ir atrás, ou elas mesmas dariam fim aos que saíssem vivos da explosão. Por isso, Países Livres invadindo Arton era algo que não iria entrar na contabilidade delas. Mas, sabiam que cerca de quatrocentos estavam reunidos em algum lugar e quando elas executassem o plano, com sucesso, toda essa tropa iria em direção a Kevin.

– Acha que deveríamos esperar mais? - Questionou Marjori. - Ver se toda essa tropa não vem para cá. Seria melhor invadir com menos, pensando nos prisioneiros, mas se pensarmos em Kevin... -

– Temos que invadir hoje. - Disse Juliana. - Olhem quem está chegando. -

Elas estavam escondidas atrás de uma encosta fazia a mais de vinte quatro horas. A noite havia acabado e começado e dali fizeram toda a averiguação. Contaram cinquenta chegando e outros trinta que já estavam ali. Certamente havia muitos outros que não saiam de suas posições. Mas, desde que a noite havia caído, ninguém havia chegado até aquele momento.

Pelo binóculos de visão noturna Juliana viu veículo chegar. Um rapaz alto, magrelo saiu do carro com uma arma apontada para uma moça loira com cara de surrada.

– Brad capturou Julia? - Marjori sentiu um frio na espinha.

<><><><>

O tempo que se arrastava passou a ser mais vagaroso após verem Julia chegar como a mais nova prisioneira. Mas, o momento chegou e elas não perderam tempo. A pouca luz do local facilitou a aproximação e o saltar dos muros requereu pouco esforço por parte das três, já que usaram do Venusaur de Marjori para erguê-las e colocá-las do outro lado com rapidez e praticidade.

O pátio continha alguns que pareciam apenas conversar e não vigiar como elas acreditavam nas primeiras horas de vigília. Essa foi apenas uma das várias constatações que tiveram ao longo do tempo que levaram observando-os. Quando entraram já sabiam que dos novecentos Fantasmas mencionados por Luz das Batalhas, apenas os duzentos iniciais, ou talvez nem isso, eram perigosos e sabiam realmente ser uma organização. Os demais seguiam ordens, orientações e faziam as coisas como bem vinha a mente, a não ser que estivessem junto com alguém que os organiza-se.

Pé a pé, em meio a sombras, com roupas pretas, elas esgueiraram-se para a primeira torre. Cowboy foi retirado dela logo pela manhã e retornado durante a noite. Mas, infelizmente Julia havia sido levada para a outra torre, assim como viram que Dark foi levada. Mas, invadir as duas torres, já era algo que elas esperavam ter que fazer.

Chegaram rápido a torre. Contaram vinte no pátio. Entraram e viram um grande lance de escadas que dariam a quatro portas. Se olharam e confirmaram com a cabeça. Marjori se escondeu na base da escada, e começou a colocar os explosivos. As duas baixinhas foram para o inicio da escada e respiraram fundo. Não havia ninguém nas escadas, mas escutavam perfeitamente as vozes que vinham, provavelmente, das salas. Começaram a subir com cuidado, viram alguém entrar na torre.

Levou alguns instantes para o rapaz reagir. Ele foi se virar, mas sua boca foi tampada e sua cabeça batida na parede de grandes pedras. Marjori não deixou que o cara caísse, apenas virou para as meninas fazendo um sinal de que estava tudo certo.

Juliana ficou estática. Sabia que Marjori tinha habilidades, mas não que eram daquelas. Sentiu-se a mais despreparada e ao mesmo tempo suspirou aliviada por ter procurado-as. Viu a cantora arrasar o rapaz e colocá-lo em uma posição que parecia que ele apenas tinha parado para tirar um cochilo.

A dupla seguiu até a primeira porta. Estava entre aberta e por isso puderam ver que ali havia virado um refeitório. Engoliram um seco ao perceberem que estava lotada. Acreditavam que tinha mais de cem pessoas naquele lugar, mas ali estavam os quase cem que não viam. Afastaram-se devar e depois de subir com as escadas rodando pararam exatamente no degrau que fiava acima da porta e colocaram alguns explosivos por ali.

A escada não tinha corrimão e rodava pela torre toda, assim, embaixo dela, não foi difícil implantar uma bomba oculta. Como os a escada era larga, agora já não corriam risco de alguém entrar na torre as ver. Teriam tempo de pensar em algo. Seguiram até a segunda porta que estava fechada. Se olharam e questionaram-se se iriam entrar ou não. Mas, escutaram alguém descer as escadas conversando. Empurraram a porta devagar e olharam para dentro, não parecia ter ninguém, mas estava bem escuto. Contornaram a porta, deixando-a entre aberta.

– De quem foi a ideia de colocar os prisioneiros no andar acima do nosso alojamento? - Alguém passava resmungando. - Nem começaram a torturá-los e já ficam gritando. -

– Não pensavam em trazer prisioneiros para cá, lembra? - Outra voz disse. - Onde mais queria que colocassem-nos? Aqui na sala das armas ou lá embaixo no refeitório? -

– No refeitório ia ser legal, né? - O primeiro pareceu rir. - Ficar nos vendo comer sem poderem comer. -

As vozes se afastaram enquanto a dupla respirou aliviada. Juliana começou a empurrar a porta até que a encostou e de repente as luzes se acenderam. Ela saltou e Lúbia deu uma risada fazendo ela perceber que a luz foi acessa pela campeã.

– Olha só isso! - Lúbia começou a andar calmamente pela grande sala. Havia muitas armas ali e muitos outros aparelhos. - Espalhe explosivos enquanto vou molhar as armas e munições. -

– Molhar? -

Juliana perguntou, mas foi ignorada. O tempo era corrido e Lubia parecia não estar disposta a explicar que molhando a munição e as armas, era certo de que as armas não funcionassem. Ela viu um Quagsire que começou a disparar água por todos os lugares. Juliana colocou no batente da porta e por lugares que ela via que as explosões poderiam destruir mais coisas e impedir que as armas poderiam impedir que pegassem as armas.

– Coloque no teto. - Disse Lúbia. - Já sabemos que o andar de cima é dormitório, vamos derrubar tudo de uma vez para ganharmos tempo. -

Juliana acenou com a cabeça. Preparou-se para tentar implantar um no teto e parou estática, havia algumas coisas presas naquele teto. Fez sinal para Lúbia e apontou o que estava preso no teto. Lúbia parou alguns instantes, tinha certeza que viu uma caixa metálica como aquela em algumas estantes por ali. Mas, escutaram passos e a porta sendo aberta. Esconderam-se. Três pessoas entraram uma ficou parada na porta, parecia estranhar algo, as foram pegar armas. Lúbia tocou em Quagsire, iria congelar aquele cara da porta se viessem para a parte que ela já tinha molhado.

– Não vai pegar uma arma? - Questionou um deles que era o mais careca. - Acha que vai fuzilar alguém só com o olhar? -

Lúbia viu que os dois que foram para as armas pegaram as secas, não percebendo a água e aliviou-se.

– Relaxa Tom! Ele está bolado com o fato de Brad Torque ter capturado Julia Maerd. - Um encostou-se no armário em que Juliana escondia-se atrás, ele segurava uma metralhadora, parecia pouco familiarizado com a arma. - Pessoalmente, também acho estranho que aquele cara vença a mestra. Mas, ela está aqui, algemada e amarrada. -

– Não é isso. - O cara da porta foi até um armário e pegou três armas pequenas e colocou no bolso, junto com algumas munições. As armas estavam secas, mas ele estava pisando em uma poça de água. - Sempre ficam aqui uns cinquenta dos mais experientes criminosos, mas desde que trouxeram os prisioneiros, só existe Murilo e outros seis. -

– Bem... - O da metralhadora caminhou até a porta, observou as escadas e encostou a porta rapidamente. - Um amigo que trabalha com o Caçador disse que um grupo de quatrocentos está se organizando para algo. - Ele avaliou o rosto dos outros. - Eu... não tenho nada contra o Kevin, mas tenho algumas furtos nas costas. Murilo disse que eu posso pegar meu dinheiro e sumir ou me unir a DJ e a Caçador para outra missão depois que Kevin morrer. Estava para ser preso, eles me ajudaram e fiquei com eles. - Ele encarou aquele que havia pego mais de uma arma e muita munição. - No que está pensando? -

– Disseram para nós pegarmos armas que iriamos fuzilar um dos prisioneiros daqui a uma ou duas horas. - Ele pareceu pensar. - Qual deles? Cowboy que tem muito a ensinar até Kevin chegar aqui. Dalia é irmã de Cowboy e se algo acontecer a ela ele não ajuda mais. Julia é o grande trunfo. Sobra Dark e Brad, e seria muita traição para cima deles. - Ele suspirou. - Vou dizer que vou fazer uma ronda e dar no pé. -

– Dar no pé? Fugir? - Questionou o chamado de Tom. - Está louco? -

– Até onde sei, nenhum de nós é assassino e eles sabem disso, então nos escolher para fuzilar alguém é estranho. Mas, faça as contas! - Disse o desconfiado. - Os prisioneiros chegaram para atrair Kevin, mas os mais fortes estão se organizando com uma super tropa longe daqui. Os que aqui estão tem pouca experiencia com armas. Kevin abate tudo o que mandam contra ele como se fosse aqueles guerrilheiros de filme de guerra. Se Kevin chegar aqui e vai nos matar por estarmos com os amigos deles! - Ele deu um passo a frente. - Se Kevin chegar aqui só com os mais fracos aqui, estamos todos mortos. Quem é que realmente pode enfrentá-lo? -

O silêncio se fez. Se eles estavam naquela linha de raciocínio, sobre não terem como parar Kevin e seus pokémon demoníacos, era claro que outros o tinham e era claro que Murilo o tinha.

– Vão matar vocês! -

Lúbia arregalou os olhos. Juliana saiu do esconderijo e falou aquilo em voz alta. Todos eles demoraram um pouco para reagir mas engatilharam as armas em seguida apontando para ela.

– Escutem! - Disse ela com as armas apontadas. - Tudo o que estão pensando está certo. Essa suspeita e séria. -

– Droga! - Um reclamou. - Estamos sendo invadidos! -

– Se Kevin chegar aqui estão todos mortos! A pergunta tem fundamento. Por que iriam deixar tão poucos aqui e mandar mais da metade do exército com os melhores, para longe se pediram para Kevin vir para cá? - Questionou Juliana. - Estão tramando algo. -

Juliana Idiota! O que ela pretende? Mas, se eu pensar com calma... Parece mesmo armadilha com essas novas informações. Luz da batalhas disse que deveria haver um exército aqui, mas estão todos longe. Espera... Murilo é extremamente trapaceiro. Lúbia compreendeu que aquilo não era uma armadilha real para Kevin e sim para outros amigos de Kevin.

– Algemem-na e vamos... - Tom começou a falar, mas o que havia pego várias armas no inicio apontou uma arma para o que falava. - O que é isso? - Ele falou quase sem respirar.

– Funciona assim! Você vai fazer o que quiser, mas se ela está aqui não veio sozinha. Vai me dar cinco minutos para eu vazar e vocês fazem o que quiser. - Disse o homem. - Somos gado de abate. Não iria me surpreender que os seis lá na outra torre se teleportem junto com Murilo e explodam tudo com Kevin dentro e nós também. -

Tom de repente abaixou a arma. Juliana olhou para o que estava na porta e sacudiu a cabeça dizendo que estava tudo bem e também abaixou a arma. Juliana finalmente saltou o ar. Ela arriscou se mostrar porque Tom era o iniciante que se engraçou com Amanda e acabou humilhado por Kevin. Ele era uma boa pessoa, só estava sem muitas opções.

A história de Tom que ela conhecia era de um rapaz pobre que foi roubado por organizações criminosas diversas vezes e estava em Sinnoh para recomeçar. De acordo com a enfermeira ele ficou quase dois meses no centro esperando por aparecer um pokémon abandonado para que ele pudesse começar. E três semanas depois de ter se tornado oficialmente treinador e vencido duas partidas, deu de cara com Kevin.

– Temos que sair daqui. - Disse Tom. - Duas semanas atrás me pediram para implantar algumas coisas que eu não sabia o que era. Mas, está em volta de tudo e em muitos locais do pátio. Acho que colocaram até nas torres. -

– Foi isso aqui? -

Todos se assustaram quando Lúbia saiu do seu esconderijo com Quagsire pronto para congelá-los. Ela carregava consigo uma espécie de caixa metálica que pegou em uma das estantes, o mesmo tipo de caixa que estava discretamente presa no teto. Ela viu Tom balançar a cabeça confirmando. Ela abriu a caixinha e todos viram uma espécie de mecanismo eletrônico com alguns líquidos dentro.

– Bomba? - Perguntou Juliana e viu que Lúbia apenas acenou com a cabeça.

– Enquanto não souberem que estamos aqui, temos uma chance... -

“E acham que entraram ser ser vistas?”

Os cinco naquela sala ficaram estáticos ao escutar a voz metálica. Não havia mais ninguém ali, não havia câmeras ou alto-falantes visíveis.

“Eu pretendia sim, mandar tudo pelos ares com Kevin dentro. Mas, eu não tinha grandes esperanças dele aparecer realmente. Então, vocês serão apenas a amostra do que faremos com eles. Adeus!”

Explosões e tremores. Tentaram chegar as escadas, mas tudo já estava ruindo, bem como o teto que caia sobre eles com muitas chamas.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?

—-----------
E assim encerra a Segunda Saga.

A terceira e última saga se chamará GUERRA! E teremos a conclusão desses vários embates, teremos as tão esperadas lutas, mas antes disso eu vou mostrar nossos protagonistas de uma forma que vocês NUNCA VIRAM!



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