As Crônicas do Apocalipse - ''A Escolhida'' escrita por PatrickTorrres


Capítulo 9
O Roubo do Poder




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Capítulo 9.

– Faca.

Já no quarto, Jessica e Vittória estavam sentadas no chão, jogando detetive - um jogo de tabuleiro que consiste em desvendar um caso usando cartas -. Eram somente elas duas, e por isso estava tediante.

– Eu não quero mais jogar. - disse Vittória.

– Tem razão. Poderíamos chamar aquela garota. A Ana.

– Concordo. Você sabe algo sobre ela?

– Tanto quanto você. Nós não ficamos informados de tudo aqui. Não tanto.

Elas fizeram uma pausa enquanto olhavam uma para a outra.

– Jessica. - começou Vittória - A Madre Margo é tão fria daquela forma por quê?

– Dizem que ela teve uma infância conturbada, e a única saída foi fugir pra o convento na adolescência.

– E porque ela resolveu participar da coordenação de um manicômio?

– Ninguém sabe ao certo, ao menos nenhum dos funcionários. Mas o que se sabe é que este lugar, como você já deve ter percebido, é uma fundação católica. Ele já foi belo e bem cuidado, já tivemos um tratamento especial e exclusivo aqui. Era um lugar onde todos os pacientes queriam estar - ela fez uma pausa -, era confortável.

– E quando isso tudo desapareceu?

– Quando Elizabeth chegou.

– Elizabeth? A assistente de Madre Margo?

– Ela mesma. Ela chegou aqui ainda na adolescencia. Madre Margo já cuidava do lugar, e cuidava muito bem. Mas... depois que Elizabeth chegou as coisas viraram um inferno. Em cerca de uma semana, Madre Margo já estava agindo feito uma das pacientes.

– E o que essa Elizabeth tem? - perguntou Vittória com uma cara de nojo.

Jessica pegou uma das cartas do tabuleiro, segurou-as entre dois dedos da mão direita e lançou um olhar misterioso para Vittória.

– Ela é uma Bruxa. - disse Jessica com a voz limpa.

A carta em sua mão pegou fogo, se tornando cinzas e caindo sobre o tabuleiro.

Vittória olhou assustada.

– Uma Bruxa... e de que Grupo Coven ela é?

– Carniopes. - respondeu Jessica.

– Como são os Carniopes? - Vittória agora pensava se existia algum atrito entre os Grupos.

– Invejosos - começou Jessica -, o vermelho é a cor da inveja e do ódio na Bruxaria, e eles sempre usaram vestes vermelhas. Seja um suéter ou um colar, um Carniope não sai sem vermelho. Não é atoa que em sua aluscinação, o losango que vira pertencia a eles.

"O losango vermelho para os Carniopes", as palavras de Jessica se repetiram na mente de Vittória.

– Eles são...

– Poderosos? - interrompeu Jessica - oh, sim. São. Só perdem para nós, Solionos.

– Nós?

Jessica olhou para ela desconfiada.

– Meu grupo. Não você. É como se fossemos irmãos de sangue.

– E não são?

– Não. - ela fez uma pausa - Somos irmãos de destino.

Vittória abriu um leve sorriso.

– Esses Carniopes... onde eles ficam, e porque toda essa inveja e essa raiva?

>

– Oi, - me imagine sorrindo pra você. - sinta-se à vontade comigo. Vou lhe contar um pouco sobre os Carniopes. E contar também, como se deu toda essa inimizade entre estes dois tão poderosos Grupos.

"O poder Mágico do mundo estava nas mãos dos Carniopes. Eram quem comandava; podia-se dizer que eles eram o Governador de uma República dentro do conselho do Pacto de Extinção.

Depois que o Pacto foi assinado e os Covens se uniram aos quatro únicos grupos, os Carniopes foram os primeiros a tomar posse de um segredo, um segredo que fazia com que toda a história bruxa fosse determinada.

Qual o segredo?

Quem era o compactante de Maria Madalena no início dos tempos.

– Eu sei, eu sei. Pode parecer simples e até mesmo tosco demais.

Grave bem a metáfora a seguir. Não queira concluir o que vou lhe contar sem se lembrar disso:

Imagine uma comunidade. Nessa comunidade, há cerca de dezoito casas. Não chove a meses, e todos os moradores precisam de água. Das dezoito casas, apenas uma delas tem abastecimento encanado de água. Essa água, os donos da casa podem compartilhar com os vizinhos. Mas em troca, eles pedem para que os vizinhos trabalhem para eles nas plantações. Era mais ou menos assim. Como a água que abastecia a comunidade, e aqueles que tinham posse do Guardião do segredo, tinham posse do poder -.

Os Carniopes têm o Guardião. Ou pelo menos tinham.

O Guardião, tinha que ter condições exclusivamente críticas. E tinha que procriar uma vez na vida para que passasse o segredo milenar para o seu unigênitos.

Hà anos e anos atrás, Rachel, era essa Guardiã. E estava sob as condições necessárias que a davam este tão importante, imponente e único cargo. Ela era a única descendente viva de Maria Madalena. Estava com 18 anos e tinha o nome de "A Bruxa mais poderosa de todos os Covens".

Mas isso só durou até o aniversário de 20 anos da jovem.

Do outro lado de toda essa história, um outro Grupo Coven, se reunia em busca de poder. Os Solionos. Eles eram ambiciosos e tinham consigo uma forte determinação, tal qual, fazia-os matar qualquer coisa para ter o comando dos Covens em suas mãos. E só comanda, aquele que tem o Descendente em seu meio. Chamam-no de Único(a).

>

– Mestre? - diz Crow se ajoelhando diante de Trion.

– Sim? - diz o Bruxo, rei dos Solionos, sentado em seu trono.

– A Única já deu ao mundo o seu filho.

Um sorriso se fez no rosto de Trion.

– Contate os Aliados. Eles vão adorar saber que já podemos nos livrar da corrupção dos Carniopes.

Obediente, Crow se levantou e, segurando a sua capa verde veneno, se dirigiu à porta.

– Hoje mesmo tomaremos posse do que sempre deveria ser nosso. - sussurou Trion olhando a porta diante dele se fechar.

Os Solionos, haviam bolado um plano para tomar o poder dos Carniopes, para isso, era necessário tomar a descendência de dentro do Grupo.

Eles se reuniram com os outros dois grupos às escondidas, os Hundumis aceitaram a proposta de primeira, estavam cansados de ter os orgulhosos Carniopes no poder. Não foi diferente com os Gandalfis. Eles aceitaram em troca de algumas moedas.

"O dia chegou, o novo Único nasceu. Estamos prontos para tê-los em nossas mãos. Ele agora será um Soliono. E vocês em fim se livrarão do mal corrupto do poder dos Carniopes. Preparem-se, quando a lua subir e estiver cheia, chamem a atenção dos Carniopes com uma revolta em frente à sede deles.

Nós iremos roubar a criança.

|Atenciosamente, Solionos."

Este era o pergaminho que foi entregue aos outros dois grupos.

E assim se fez.

A lua subiu, cheia e brilhante, e a notícia logo chegou nos ouvidos de Rachel.

"Há uma revolta na frente do castelo, você tem que controla-la, é sua função como Única".

Rachel estava no quarto de seu filho, ele era um belo bebê, havia recebido o nome de Lion. O nome faria sentido futuramente, tão bravo e poderoso quanto um leão.

Lá fora, a confusão se seguia, parecia até uma bagunça. Os Hundumis e os Gandalfis ateavam fogo em placas e tecidos para chamar a atenção dos Carniopes. Alegavam a corrupção mágica. Diziam que eles estavam abusando do poder.

– Povo Bruxo - começou Rachel sobre um palanque diante de todos os protestantes -, não há com o que se preocupar. A nossa situação não é tão simples como vocês pensam. A magia está corrompida com os Independentes espalhados por aí. Já que eles não pertencem a nenhum de nós, usam magia diante os humanos. O que, como vocês sabem, é contra a lei...

O grupo assistia ao discurso com atenção, fazendo com que a distração funcionasse perfeitamente dentro dos conformes.

Lá no quarto, onde a criança estava a dormir sob a proteção de guardas armados, Trion chegava silenciosamente através da janela.

Lion estava dormindo em seu berço. Os guardas que estavam eretos como árvores bem podadas, começaram a sentir um sono profundo, e caíram no chão em uníssono. Magia. Trion fez com que os guardas dormissem, para ter em mãos o novo Único.

Pegando cuidadosamente com as duas mãos macias, Trion colocou o bebê entre panos pesados nos seus braços. E, flutuando com sua magia verde, levou-o para fora.

Mas, enquanto ainda voava graciosamente pelo ar frio com a criança no colo, um raio de luz vermelha passou de raspão pela sua perna. Quando olhou para trás, viu a mulher arqueada e flutuante. Com os olhos vermelhos, tomados por um fundo flamejante. Quase fogo. Em suas mãos estavam chamas vermelhas, e ela estava envolta em uma luz cor de sangue.

– Devolva o meu filho! - gritou Rachel.

– Rachel, Rachel, Rachel... - disse Trion com um tom de desaprovação - Vocês sabem o que vocês estão fazendo com a magia. Sabem também que não é certo. - Ele pausou e respirou - Agora é a nossa vez de reinar. Para sempre.

– Você nunca vai tomar o meu poder! Nem o poder dos Carniopes. - a voz de Rachel estava alta e alterada, ecoava no ar frio que corria entre eles no céu. Eles podiam ver, se olhassem para baixo, toda a vila Carniope. Um lugarsinho encantado na Alemanha.

– Faça algo para impedir, jovem. - ordenou Trion. Sua voz era convencida e limpa.

O brilho vermelho que envolvia o corpo de Rachel criou força, ela levantou as duas mãos, canalizando a força e formando uma bola de raios flamejantes. A bola poderosa foi lançada em direção à cabeça de Trion, tomando cuidado para não tocar na criança.

Trion não estava mais lá.

– Terá que fazer melhor que isso. - ele sussurrou nas costas de Rachel.

Ele deu um chute tão forte e estrondoso, que seria capaz de partir um humano qualquer no meio. Ela foi lançada para longe dele.

O brilho que envoltava a Bruxa fora se encolhendo enquanto ela vagava pelo ar. Mas, ela abriu os olhos e parou, com uma expressão de dor e ódio.

– Devolva a criança! - Gritou Rachel. A Guardiã que olhava para Trion com ódio, lançou então, um raio cortante que mirava no pescoço do Bruxo flutuante que segurava a criança.

Ele não viu saída, estava com as mãos ocupadas demais para escapar do feitiço.

Sem medo algum e com rapidez, Trion soltou a criança, deixando-a cair pelo ar gelado da noite de lua cheia. Assim, barrando o raio poderoso com as duas mãos, formando um escudo verde em volta de todo o seu corpo.

Luzes explodiram quando um feitiço se chocou contra o outro.

– Eu já disse que terá que fazer mais que isso!

Eles olharam ao mesmo tempo para a criança que quase atingia o chão, voaram tão rápido quanto um foguete lançado para outro planeta na velocidade da luz.

Estavam descendo em direção ao pequeno corpo que caía mais e mais.

Trion o pegou, lançando outro chute que impactou Rachel, freando-a forçadamente pelo ar.

– Desistiu? - ele disse. Ela estava sangrando pelo nariz e pela boca, porém, não se sentiu fraca ao ponto de tentar limpa-los.

– O que você vai fazer? - perguntou a mulher, rouca e fraca. Lutando pela posse do próprio filho. Ela pouco se importava com que importância ele tinha para o mundo Bruxo, ela apenas o amava. - Mate-me. Mate-me e deixe a criança em paz.

– Impossível. - respondeu Trion - Fique calma, Rachel. - Ele fez uma pausa enquanto ia ao encontro da mulher, voando devagar -, ela estará em paz. Estará conosco. E com certeza fará um belo reinado.

Da boca da Guardiã, sangue espirrou como a água que sai de uma torneira. Trion havia lançado um feitiço que espremera todas as víceras da mulher. Matando-a de forma silenciosa.

O brilho que a contornava se apagou, o olhar dela voltou ao normal. Um negro belo e brilhante regado a uma cortina de lágrimas afogando a dor de uma mãe que lutou até o fim.

O corpo da guardiã caiu ao chão, e Trion levou Lion, agora acordado e chorando, pelo ar até chegar na sede dos Solionos. Onde ele por anos reinaria, viveria e procriaria. Permitindo assim, a posse do poder dos Solionos.

Até hoje.

>

Jessica respirou, cansada de tanto falar sobre a história para Vittóra.

– Então por isso todo esse rancor contra os Solionos? Os Carniopes foram "roubados"? - perguntou Vittória, baqueada com a história que acabara de ouvir.

– Exatamente. E nós que conseguimos manter o poder e a paz entre os outros Grupos, ficamos na retaguarda. Conscientes de que se os Carniopes tentarem se revoltar, estaremos prontos para enfrentar.

– Quer dizer que outra briga de poder como essa se aproxima?

– Provavelmente. - Jessica assentiu -, mas isso não lhe interessa, Escolhida. Vamos comer. Se Madre Margo sentir sua falta no refeitório, ela vai descontar a culpa em mim.

Assim Vittória fez. Levantando com Jessica e indo para o cômodo vago e espaçoso onde fazia as refeições.

>

O que pouca gente sabe é que Rachel teve filhos gêmeos.

Lion, ela deixou na sede dos Carniopes.

Quanto a Tristan, o outro bebê, foi entregue para uma Bruxa Independente alemã. Pouco conhecida, porém, havia anos antes, avisado Rachel para tomar cuidado com o seu vigésimo aniversário. Dissera-lhe que ela teria que entregar um dos filhos para quem o quisesse tomar. E o outro, ela teria que dar máxima proteção.

Na data prevista, Lion foi entregue aos Solionos que o quiseram tomar.

E Tristan, viveu com a Bruxa que avisara Rachel anos antes. E a Bruxa conseguiu ter uma família com ele. Amando-o a cada dia mais. O teve como filho e como marido. Até a sua morte.

Ele, é claro, não sabia de nada, pois era sempre tocado com feitiços manipuladores.

– E, como se a água da velha comunidade fosse sido secretamente compartilhada por canos com todos os vizinhos, perdendo a exclusividade de uma só casa; o Único Guardião, mesmo sem saber, não era realmente o único descendente vivo.


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