As Crônicas do Apocalipse - ''A Escolhida'' escrita por PatrickTorrres
Capítulo 12
O dia acordou leve, Jessica já estava batendo na porta de Vittória para acordá-la.
– Estou indo. - disse a jovem sonolenta. Mas antes que ela se levantasse a porta se abriu.
Jessica entrou, com o cabelo preso sob o chapeu dos funcionários. Ela estava com olheiras enormes debaixo dos olhos, parecia cansada. Como se não tivesse dormido a noite toda.
Vittória olhou para ela, enquanto a mulher fechava a porta e entrava no quarto e ficando diante da cama.
– Você parece...
– Horrível? - Jessica parecia estressada e consumida por raiva. - é, eu sei!
– O que aconteceu?
– Elizabeth. Aquela vadia Carniope passou a noite toda me fazendo chantagens. Como se eu devesse obedecer ao Grupo dela. Parece que ela esqueceu que nós nos encontramos apenas por um acaso. - ela suspirou - Está trazendo coisas de outros tempos à tona.
– Você falou algo sobre a morte de Madre Margo para ela? - Vittória tentava acalmá-la.
– Não. Nada depois da curta conversa no escritório.
Jessica se sentou na cama, ao lado dos pés de Vittória estendidos sobre o colchão.
A jovem começou a arrumar os cabelos, e Jessica a ajudou a pentear. Deixando-os belos e organizados.
– Então - começou Vittória -, porquê as chantagens?
– Ela está desconfiando. - respondeu rapidamente.
– Desconfiando do quê?
– Que eu sei sobre... - ela se interrompeu.
– Sobre o quê, Jessica? Está me deixando preocupada.
– Sobre A Escolhida. Ela acha que eu sei algo sobre A Escolhida, e está com medo de eu arrastar ela para os Solionos. - ela pausou e olhou no fundo dos olhos negros de Vittória - Ela acha que eu estou escondendo algo dela. E estou. Ninguém pode saber sobre você além de mim. - ela inspirou e respirou rapidamente - E, se ela descobrir algo, é capaz de tudo para levar A Escolhida ou O Escolhido para os Carniopes.
– Mas você disse para eu nunca pensar em ser um Carniope, e eu irei te obedecer.
– Ninguém escolhe o Grupo, Vittória. - ela esclareceu - O Grupo lhe escolhe. Porém, dependendo da situação de seu desenvolvimento você pode ser destinada a um ou outro.
– Como assim? - ela estava confusa.
– Quero dizer, que se eu te criar de acordo com os Solionos, você será uma Soliono. E é isso o que eu quero. - ela se levantou da cama, virando as costas para Vittória - Mas se Elizabeth a pegar, ela vai te levar para os Carniopes.
– E se eu não quiser?
– Impossível. Com Feitiços de manipulação ela é capaz de tudo. Elizabeth é poderosa.
– E então, o que você quer fazer? - Vittória perguntou.
– Não aguento ficar aqui por mais um segundo. Existem coisas que você precisa aprender, desenvolver e aperfeiçoar. Aqui não é o seu lugar. - Jessica estava estressada.
– Quanto a mim? Se você sair deste lugar, o que será de mim? Quanto ao papo de eu ser a Escolhida? E a Bruxaria? - suplicava Vittória.
Jessica não respondeu.
– E para onde você vai? - acrescentou Vittória.
– Simples.
– Oi?
– Nós.
– Você está me confundindo, Bruxa. - pela primeira vez, Vittória fez com Jessica como ela fazia chamando-a de Escolhida.
– Estou dizendo que eu vou para o Palácio dos Solionos... - ela fez uma pausa e olhou para Vittória - você não queria ver Crotes?
– Você vai... digo... eu vou?
– Claro. Não te abandonaria aqui.
Vittória fitou os olhos de Jessica, atenciosamente para que pudesse notar cada traço de preocupação.
– Jessica... Parece que você está esquecendo de algumas coisas sobre mim.
– Como o quê? - ela se virou para Vittória
– Meus pais.
– Eles permitiram que você ficasse aqui. Esqueça eles. O primeiro passo para você se tornar ua grande Bruxa, é esquecer o amor.
– Como assim? - Vittória parecia que acabara de ouvir algo bárbaro.
– São algumas das coisas que você precisa aprender. Se você abandonar os seus pais, eles não darão a mínima.
– Claro que darão. Você não teve os seus pais, mas...
– Cala a boca. Eu fui criada pelos Solionos. No palácio. Me ensinaram a amar a Bruxaria acima de tudo. E me ensinaram a esquecer o amor carnal. Ame o que você pode amar.
– Eu posso amar meus pais.
Jessica se estressou. Parecia raiventa.
– Olha, eu sinto muito lhe dizer isso - estava com um tom obscuro agora. - Mas uma de suas missões é matar quem um dia te disprezou.
Vittória estremeceu. Se lembrou de como os seus pais reagiram quando suberam que ela foi acusada...
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DIAS ANTES: CASA DE VITTÓRIA.
"Olá, sou eu denovo.
Deixe-me lhe contar o que aconteceu quando Vittória chegou em casa.
Logo depois do ataque demoníaco, a garota fugiu da escola.
Chegou em casa, e explicou o que havia acontecido. Mentindo, é claro. Quem acreditaria que um demônio havia atacado a garota?"
– O que diabos você fez? - um tapa ecoou da mão de seu pai em seu rosto depois de dizer essas palavras. A dor em seu rosto fora forte, agressiva, quente e intença. - Essa não é a educação que eu lhe dei.
– Eu não fiz nada. - disse Vittória em lágrimas.
A porta da sala de estar se abriu, a mãe de Vittória entrou. Alta, magra e de pele morena. Jogou a bolsa sobre uma cadeira e se posicionou de pé ao lado do pai.
– O que está acontecendo? - perguntou ao ver as lágrimas de Vittória. Estava sentada no sofá, de cabeça baixa diante dos pais.
– Essa garota... essa... essa infame! - ele se virou para a mãe de Vittória - Ela matou um colega e a bibliotecária na escola, Suzana. É uma assassina. Um monstro! E ainda tem a cara de pau de negar tudo!
Suzana estava sem expressões.
Um outro tapa vindo da mãe ecoou no rosto molhado da jovem.
A pele já estava ardendo em calor e dor.
– Com tudo o que você tem? Você fez isso, mesmo com todo o trabalho que temos para educar você?! Você, nossa única filha! - disse.
– Eu não...
Outro tapa. Dessa vez do pai.
– Cale a boca. Não há como se defender, Vittória.
Ninguém queria ouvir o que ela tinha a dizer. A única coisa que seu pai chegou a escutar foi quando ela disse o que poderia vir: a acusação.
– Vamos... Vamos fugir. - a jovem levantou o rosto avermelhado para os pais diante dela.
– Fugir? - disse a mãe. - Quer agir como uma covarde? Não teve nenhuma covardia em assassinar amigos. - Ela parecia revoltada. Ainda tentando absorver o impacto da notícia.
Outro tapa. Da mãe.
– Vamos esperar a própria polícia vir te buscar. - disse o pai. Alto, negro e de bom porte. - A partir de hoje, esqueça-nos. Você não é mais a nossa filha.
A mãe olhou nos olhos da jovem e assentiu, concordando com o pai.
Duas horas depois, a campainha tocou. O pai foi atender.
Vittória continuava sentada sobre o sofá. Arrependida. Arrependida por não ter feito nada.
Até então nenhum ódio havia consumido sua mente. Apenas medo.
Ela olhou para a porta. Haviam dois homens armados do lado de fora. Vestidos em uniforme escuro e equipado.
O pai trouxe os homens para dentro da sala, onde Vittória estava sentada.
A mãe de Vittória apareceu, segurando uma maçã na mão esquerda.
– Vieram buscá-la. - concluiu, olhando para a cena.
Como se ninguém houvesse dito nada, o pai de Vittória a segurou pelos pulsos, apertando-os com a intenção de causar dor.
E, enpurrando a jovem para os policiais como se fosse um pedaço de lixo arrastado pelo vento, disse:
– Podem levá-la. Façam o que quiserem fazer. - ele olhou nos olhos de Vittória por uma ultima vez. - O que você não conseguiu aprender conosco, aprenderá fora de casa.
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De volta ao quarto, um ódio subiu nos olhos de Vittória. Uma raiva tomou conta do seu sangue, fazendo-o ferver em mágoa.
"O que eu não aprendi em casa, aprenderei fora dela", pensou lembrando das palavras vorazes do seu pai.
Lembrando de todo o desprezo, se viu com uma única saída justa e útil.
Ela olhou para Jessica. Exibindo todo o sentimento no olhar:
– Como e quando partiremos?
Jessica abriu um leve sorriso.
– Boa menina!
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