Entre o Espinho e a Rosa escrita por Tsumikisan


Capítulo 20
A Câmara Secreta


Notas iniciais do capítulo

Hey! Mais um capitulo, presente de pascoa, pra vocês! Espero que gostem :3 Hehehehe... Romione? Será?



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Seguimos em fila para o salão. Alguém havia arranjado uniformes para nós e agora estávamos perfeitamente camuflados entre centenas de estudantes da Grifinória. Harry estava de cabeça baixa, a franja achatada sobre a testa, de modo que ninguém pudesse denuncia-lo. As mesas das casas haviam sido retiradas e agora todos os alunos estavam em pé, sonolentos e aos sussurros, se perguntando o que estava acontecendo. Rony apertou minha mão de leve e eu apertei a dele de volta sem perceber. Estava tentando olhar para todos os lados possíveis, em busca de reconhecer um certo loiro de costas. Apenas me aquietei em meu lugar quando Snape apareceu lá na frente, andando lentamente, com a varinha girando entre os dedos.

— Esta noite Harry Potter foi visto em Hogsmeade. – ele anunciou. Uma pequena parte do salão ofegou, mas o resto permaneceu em silencio. – E agora sabe-se que pode estar nas dependências deste castelo.

Ele vagava entre as fileiras, sem olhar para ninguém em especial, girando a varinha entre as mãos. Vi que Harry mordia o lábio, segurando-se. Não sabíamos ainda se a Ordem havia chegado. Talvez a mensagem tivesse atrasado. Tínhamos que esperar. Tentei alerta-lo, mas Snape parecia atento ao mínimo movimento.

— Se algum... Aluno ou funcionário souber de seu paradeiro, peço que de um passo a frente. – ele parou no meio do salão principal, encarando as quatro fileiras das quatro casas. – Agora.

Ele não resistiu. Quando Harry se mexeu, todos os alunos de todas as fileiras se viraram para ele. Os professores levaram as mãos as bocas, em choque. A balburdia teria sido invencível, se ele não tivesse começado a falar, em alto em bom som, seu tom rancoroso ecoando pelo salão:

— Eu acho, que apesar de tantas medidas, você tem um sério problema de segurança aqui, professor.

Como se esperassem essa deixa, a porta do salão abriu e todos os membros da Ordem da Fênix entraram com a varinha em punho. Os alunos deram um passo para trás, permitindo que os bruxos passassem e ficassem bem atrás de Harry. Eu e Rony nos adiantamos também, ficando ao seu lado.

— Como se atreve a ocupar o lugar dele? Conte a eles! Conte a eles que você olhou nos olhos do homem que confiou em você e o matou! Conte a eles! – Harry gritou.

Snape não respondeu, apenas sacou sua varinha com simplicidade. Antes que ele fizesse qualquer movimento, porem, a professora McGonagall se interpôs entre ele e Harry, lançando um feitiço atrás do outro no diretor. Todos assistiram chocados os feitiços rápidos da professora e os escudos igualmente rápidos do homem. Os Carrow acabaram desmaiados, atingidos por feitiços ricocheteantes. Snape, vendo que não podia vencer, transformou-se em fumaça negra e escapou, quebrando uma das janelas do salão.

— Covarde! – Gritou a professora.

Foi como se uma chama de esperança tivesse sido acesa. Os alunos gritaram e balburdiaram, batendo os pés e se abraçando. A felicidade era palpável. Dava para perceber que poucos alunos gostavam do regime implantado por Snape e os comensais da morte. No entanto meu sorriso de satisfação ficou gelado no rosto no momento em que alguém gritou.

Foi um grito de puro terror, como se o responsável estivesse sendo torturado friamente. Todos olharam na direção do som, que vinha de uma garota extremamente pequena para gritar tão alto. Ela mantinha os olhos firmemente fechados e tapava os ouvidos, gritando o mais alto que podia. Harry tentou se aproximar dela, mas caiu no meio do caminho, com a mão na cicatriz.

— Harry? – Gina chamou, preocupada, tentando se aproximar.

Só ai todos no salão pudemos ouvir o que a garotinha ouvia. A voz parecia vir de todos os cantos e ao mesmo tempo de lugar algum. Tentei em vão tapar meus ouvidos assim como a garota, mas era como se o próprio Voldemort estivesse na minha mente.

“Sei que estão se preparando para lutar. E alguns até pensam que lutar é o certo”. Ele disse tão claramente como se estivesse falando bem ao nosso lado. “Mas seus esforços serão em vão. Entreguem-me Harry Potter, e serão poupados. Entreguem-me Harry Potter e ninguém sairá ferido. Entreguem-me Harry Potter e serão recompensados. Vocês têm até a meia noite.”

Ninguém ao nosso redor se moveu. Pareciam todos aturdidos demais para falar, até que alguém se empertigou na fileira da Sonserina. Para meu eterno desgosto, reconheci Pansy Parkinson, que nos encarava como se fossemos todos idiotas.

— E o que estão esperando? Ele está bem ali! Segurem ele!

Foi um movimento instantâneo. Eu puxei minha varinha não só ao mesmo tempo em que Gina e Rony, como todos os alunos da Grifinoria. Os da Lufa-Lufa repetiram o gesto e apenas um segundo mais tarde, os da Corvinal. Pansy se viu alvejada por todos os lados.

— Obrigada Senhorita Parkinson, por sua conclusão inútil. – a professora McGonagall disse em tom seco. Depois anunciou para o salão com sua voz autoritária: – Quero todos vocês de volta aqui em vinte minutos com seus pertences! Vamos evacuar o castelo, a começar é claro pela Srta. Parkinson aqui. Andem!

Sua ultima ordem foi o suficiente. Todos seguiram em debandada para seus salões comunais em busca de salvar o que mais tinham de valor. Eu tentei encontrar Harry, mas ele havia desaparecido na confusão. Segui o fluxo de gente que ia em direção a torre da Corvinal, pois tinha a sensação que ele iria querer dar uma olhada no local a procura do diadema, mas alguém segurou minha mão antes que eu pudesse ser arrastada para longe.

— Hermione!

Rony se aproximou e me puxou para um canto mais calmo. Tudo que podíamos ver era uma confusão de rostos e uniformes diferentes. Agora eu certamente nunca encontraria Harry, então me dei por vencida e olhei para Rony, que parecia desesperado.

— O que foi?

— Eu tive uma idéia. Vem, eu te explico no caminho. – ele apertou minha mão com força para que não nos perdêssemos na correria.

— Onde vocês vão? – Ouvi alguém gritar.

— Banheiro! – Rony respondeu.

Uma exclamação escapou por meus lábios. Agora eu entendia o plano. Me deixei ser guiada por corredores e mais corredores, até enfim estarmos longe da barulheira que a evacuação havia proporcionado.

— Eu pensei, ótimo se acharmos outra horcrux, como vamos fazer para destruí-la? Ainda temos a taça.

Confirmei, buscando o objeto dentro da bolsinha de contas para verificar se ainda estava ali. A asinha da taça era visível entre alguns livros.

— Então. – Rony continuou. – Eu lembrei que Harry matou o basilisco! E o esqueleto dele está na câmara desde então, cheios de dentes novinhos em folha!

— Rony você é um gênio! – exclamei, sorrindo. – Mas precisamos saber a língua das cobras para entrarmos! Precisamos do Harry.

Já estávamos na frente do banheiro interditado. Rony abriu a porta com cautela, espiando lá dentro. Pelo visto Murta que Geme estava em outra parte do castelo e o banheiro estava mais silencioso do que eu já havia visto. Parecia tudo em ordem, do mesmo jeito que estava no segundo ano. A pia, do mesmo modo que Rony e Harry me descreveram, estava lá, com a cobra pintada fielmente em sua extensão.

— Eu vou dar um jeito. Vá até o armário mais próximo e busque vassouras.

Fiquei confusa, mas acatei o pedido. No armário de limpeza de Filch havia uma bem velha, mas dava para o gasto. A afanei e voltei para o banheiro no momento em que o chão pareceu tremer e se deslocar. A pia se moveu para o lado, revelando um longo túnel sem vista para o fundo.

— Como você...

— Eu tive que experimentar. Me lembro mais ou menos de como Harry falou quando abriu o medalhão. Anda logo, vamos.

— É seguro?

— Claro, confie em mim.

Ele segurou minha mão novamente. Dava uma sensação de familiaridade, de conforto. Respirei fundo e dei uma olhada na beira do túnel. Ok, de forma alguma aquilo era seguro. Mas antes que eu pudesse protestar, Rony pulou, me levando consigo.

Caímos em uma pilha de ossos. Não tive coragem de verificar se eram humanos ou não. Rony seguiu em frente sem pestanejar, seus passos ecoando pelos canos. O lugar era assustador em todos os sentidos. Escorria lodo pelas paredes e tudo cheirava a mofo e a esgoto.

Não deixei de notar que Rony ainda segurava minha mão. Ele notou também e soltou rapidamente, como se queimasse. O silencio se tornou constrangedor.

Chegamos a um lugar tão grande quanto o salão principal, só que cercado por água. A cabeça de Salazar Slytherin nos fitava, de boca aberta, iluminada apenas pela luz esverdeada que refletia na água. Mas o que realmente chamava a atenção era a cobra. Imensa, caída entre o piso e a água, com a cabeça virada para baixo. Estava tão seca que o menor toque poderia tornar seu corpo farelo.

Rony olhou para mim e deu de ombros. Parecia tão desconfortável quanto eu, mas se aproximou e começou a arrancar as presas uma a uma.

— Não vamos precisar de tantas. – comentei, sem graça.

— Nunca se sabe.

Ele terminou o serviço em pouco tempo. Tirei a tacinha da bolsa, segurando a asa com a ponta dos dedos, um pouco receosa. Tentei entregar para Rony, mas ele recusou.

— Eu já destruí uma. Acho que é sua vez.

— Mas eu...

— Vamos Hermione, eu sei que você consegue. – ele sorriu. – Mas tome cuidado. Não deixe que a coisa ai dentro te afete. Ela vai te persuadir, tentar de tudo para te fazer desistir.

Assenti e peguei a presa de basilisco que ele me oferecia. No mesmo instante a taça pareceu queimar meus dedos e eu a soltei. Ela tremeu um pouco no chão. Olhei para Rony, em duvida, mas ele acenou com a cabeça, me incentivando. Dei um passo em direção da coisa e um frio arrebatador me preencheu, me deixando paralisada.

“Quem iria querer uma sangue-ruim como você...” A voz de Draco ecoou pela câmara. “Dentes grandes, cabelo volumoso demais, metida a sabe tudo.”

Engasguei. A voz com certeza era a de Draco. Não era como se eu já não tivesse ouvido aquelas palavras, vindas realmente da boca dele. Um sentimento de angustia se apoderou de mim. Eu acreditava mesmo que ele havia mudado? Como alguém que já me falara aquilo também podia dizer que me amava?

“Por que eu ia te querer, sendo você o que é? Você viu a minha casa, tenho tudo que poderia querer. Por que ia preferir você entre tantas? Existem mais bonitas, mais ricas que você.”

— Hermione, ande logo! Não deixe isso te afetar!

Mas a voz estava certa. Quem era eu para Draco Malfoy? Por que ele havia perdido tempo comigo.

“Nem mesmo o Weasleyzinho quis você. Te rejeitou e a trocou por aquela garota...”

— Hermione...

Afastei a voz da minha cabeça. Era mentira. Tudo mentira. Dei mais um passo.

“Você é meramente insignificante para mim... Viu como eu te larguei rápido? É por que já queria isso há muito tempo... Enquanto você lutava com seus amiguinhos, estive aqui em Hogwarts com a Pansy. E pensar em tudo que eu perdi com ela por sua causa!”

Não pude impedir as lagrimas. Por puro instinto, segurei o pingente em forma de cobra no meu pescoço, um habito adquirido quando estava nervosa. Foi como se um balde d’água fosse jogado em mim e eu me recuperasse. Podia ver mais claramente agora. A coisa estava me manipulando. Meu Draco nunca diria aquelas coisas. Ele havia mudado, não era mais aquela pessoa. Havia mudado por mim.

Com um único movimento de pulso, enterrei a presa na taça com força. A coisa chiou como água em chapa quente e fez com que toda a água ao nosso redor se erguesse em uma grande onda e caísse sobre Rony e eu, deixando-nos encharcados.

Nos encaramos. As lagrimas corriam livremente por minha bochecha. Rony se aproximou em dois passos longos e me abraçou. Enterrei a cabeça em seu peito, soluçando.

— Eu vi você. – ele me confidenciou.

— O que?

— Quando tive que destruir o medalhão. Eu te vi, com o Malfoy. Vocês me insultaram também. Não foi nada agradável.

— Ah Rony! – solucei. – Me desculpe. Nunca foi minha intenção, eu nunca...

— Ei, esta tudo bem. Eu não te culpo. Se tem alguém que estragou tudo, fui eu. – ele me afastou, enxugando as lagrimas nos meus olhos. – Mas naquele momento, eu me lembrei do seu sorriso. Do quanto você parecia feliz com ele. Não foi fácil desistir de você. Não está sendo fácil. Mas somos amigos acima de tudo, não é?

— É claro.

— Então eu quero te ver feliz. Seja com o babaca do Malfoy ou com outra pessoa. E eu acredito que ele mudou. Você conseguiu que ele mudasse.

Sorri ainda um pouco acanhada. Passei as mãos pelo rosto, mas não adiantou de muita coisa, pois meu cabelo ainda estava molhado. Rony parecia nem notar que estava encharcado.

— Desculpe. – disse mais uma vez.

— Não seja boba. – ele riu. – Vem, vamos encontrar o Harry.


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