Entre o Espinho e a Rosa escrita por Tsumikisan


Capítulo 2
Um par de Idéias Ridículas


Notas iniciais do capítulo

Dramione >>>>> abismo >>>>>> resto q



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O natal estava se aproximando mais rápido do que eu previra. A neve batia na janela incessantemente e Hagrid já havia até colocado as doze árvores no salão principal. Era como se o tempo zombasse de mim, passando rápido e lentamente ao mesmo tempo. Não via a hora de não precisar mais ver Rony e Lilá se agarrando em qualquer canto que conseguissem entrar e ter que resistir dar uma detenção para os dois, de quebra sendo acusada de ciúmes. As vezes eu sentia que Rony olhava para mim quando achava que eu não estava prestando atenção, uma pontada de remorso em seu rosto. E ele não era o único que me lançava olhares de esguelha.

Draco Malfoy estava muito estranho. Metade das vezes não aparecia para comer no salão com o resto e eu via a nojenta da Pansy Parkinson juntando comida e avisando em altas vozes que estava levando para ele por que ele estava bem abatido. Pensando bem, ele realmente estava mais pálido quando eu o vi. E nas vezes em que aparecia para almoçar, parecia ficar olhando constantemente para a mesa da Grifinória. Nas poucas vezes em que eu erguia os olhos, notava que ele estava me encarando e os baixava rapidamente, sentindo o olhar dele queimando. Era estranho, mas algo em mim no fundo gostava daquela atenção. De algum modo eu sabia que não era por que ele estava pensando no melhor insulto a me lançar ou a melhor maneira de me azarar.

Eu pensava na súbita mudança de comportamento de Malfoy enquanto estudava com Harry na biblioteca. No fundo nos dois sabíamos que estávamos fugindo da constante agarração de Rony e Lilá. Eu o apreciava por tentar continuar amigo de nós dois, mas era impossível para mim ficar perto quando Rony estava perto também, por isso ele passava tempo demais na biblioteca comigo, mesmo a contragosto.

— Ele tem toda a liberdade de beijar quem quiser. – disse, mais para mim mesma do que para Harry. Ele me olhou surpreso. — Não estou nem ai para ele.

Coloquei um pingo no i forte demais que acabou manchando meu pergaminho. Com um suspiro, peguei a varinha e arrumei o estrago. Olhei pela janela meio deprimida. Malfoy andava em direção a porta do castelo, se arrastando pela neve. O encarei por um tempo, perdida em pensamentos, ouvindo risinhos altos demais na estante atrás de nós. Quando Malfoy entrou no castelo, me virei para Harry.

— E por falar nisso, - lembrei subitamente. – você precisa se cuidar.

— Pela ultima vez – ele respondeu com a voz ligeiramente rouca. – Não vou devolver esse livro, aprendi mais com o Príncipe Mestiço do que com Snape e Slurghon...

Revirei os olhos, fazendo um muxoxo de irritação. Nem estava falando daquele livro idiota, o que era mais uma prova do quanto Harry estava obcecado. Mas não seria eu que iria discutir com ele novamente. Ele já estava bem grandinho para ver o que era bom e o que era mal.

— Não estou falando desse idiota que se intitula Príncipe. – lancei um olhar que seria capaz de queimar aquele livro. – Estou falando de hoje mais cedo. Entrei no banheiro um pouco antes de vir para cá e tinha umas doze garotas lá, inclusive aquela Romilda Vane, discutindo meios de dar a você uma poção do amor. Todas têm esperança de fazer você levá-las a festa do Slurghon.

Parei de escrever por um momento, pensativa. Quem eu convidaria para o baile? Com certeza eu queria deixar o Rony o mais bravo possível com a minha escolha. McLaggen seria uma ótima escolha no caso. Ou então... Balancei a cabeça, desviando aquele pensamento. Era bobagem. Totalmente ridículo.

— Duvido que o príncipe. – olhei para o livro com desprezo mais uma vez. – Pudesse te fazer escapar de doze poções do amor diferentes.

— Não tem ninguém que eu queira convidar. – Harry olhou pro lado, pensativo. Por algum motivo a imagem dele convidando a Gina veio a minha mente, o que me fez sorrir. Seria ótimo para os dois.

— Bem, tenha cuidado com o que beber. – comentei, um pouco mais calma.

Passamos mais alguns minutos em silencio enquanto eu concluía meu dever. Inesperadamente Harry comentou num tom um pouco mais alto do que devia:

— Espera, pensei que os artigos dos Gêmeos fossem proibidos!

— E são. - respondi - Mas eles despacham as poções camufladas de perfume ou xarope para tosse. Faz parte do serviço.

– Você esta por dentro em?

Fiquei um pouco vermelha, mas o encarei em tom de desafio.

— Estava tudo nos vidros de poção que eles mostraram para mim e Gina. – informei. – Não ando por ai pondo poções nas bebidas, ou fingindo que ponho.

Harry encolheu-se. Por algum motivo culpar-lhe pelo fracasso do meu relacionamento com Rony me aliviava um pouco. Na verdade, se ele não tivesse fingido ter colocado aquela poção no copo, Rony talvez estivesse aqui rindo e comentando que queria dar um tempo nos estudos. Teria sido ótimo. Mas eu sabia que Lilá não teria desistido. Tenho notado os sinais que ela vem dando desde o inicio do ano, mesmo que Rony não note. Harry me olhou com um ar de quem se desculpa.

— Deixa para lá. – ele mudou de assunto. – A questão é que estão enganando o Filch. Essas garotas estão trazendo artigos para a escola camuflados de outras coisas, então porque Malfoy...

Senti meu coração palpitar um segundo mais rápido. Desviei o olhar, temendo que o que eu estava pensando estivesse estampado no meu rosto naquele exato momento. Deixei Harry divagar sobre sua teoria de que Draco era um comensal da morte, dando-lhe respostas curtas e espertas, mas ele não desistiu. O assunto foi encerrado quando Madame Pince nos expulsou graças ao livro do Príncipe metido a sabe tudo. Romilda Vane pareceu brotar do chão assim que chegamos ao salão comunal, oferecendo a Harry todo tipo de comida e bebida. Com um ultimo olhar de “que foi que eu te disse?”, me retirei para o dormitório feminino.

No dia seguinte, nos separamos pela sala de transfiguração, livre das carteiras para que pudéssemos treinar transfigurações em humanos. Espelhos enormes estavam distribuídos pela sala, de modo que coubessem pelo menos quatro alunos em cada. Desconfiei intimamente que na verdade eram nossas carteiras transfiguradas. No fim da aula já tinha conseguido mudar bastante coisa no meu rosto, satisfatoriamente. Harry estava com uma sobrancelha muito amarela, mas estava pegando o espírito, e de alguma forma Rony havia conseguido um bigode em forma de guidão. Dei boas gargalhadas junto com o resto da turma, mas pelo visto ele pareceu bravo apenas comigo, pois começou a me imitar subindo da cadeira para erguer a mão e responder uma pergunta. Lagrimas se acumularam no canto dos meus olhos e antes que o sinal tocasse, eu sai da sala correndo, sem pegar meus materiais.

Acabei trombando com alguém no corredor.

— Olhe por onde anda. – Malfoy disse num tom arrogante. – Ah. – ele olhou para mim de cima. Infelizmente eu era uns bons sete centímetros mais baixa que ele. – É você.

— Sim, sou eu Malfoy, a Sangue ruim, agora pode me dar licença? Não estou com paciência para seus insultos.

Ele pareceu perplexo por um segundo, mas bem rápido assumiu um tom mais frio do que o normal. Não era aquele tom que ele usava com alguém que não se importava nem um pouco. Era algo como alguém que foi seriamente magoado.

— E eu achei que você fosse diferente.

Parei no meio do caminho, confusa.

— O que?

— Você, dentre todos eles, devia ser inteligente o bastante para não fica guardando rancor. – ele resmungou. – Ou eu achei que fosse assim. Continue no seu caminho, Granger.

O sinal tocou e o corredor começou a ficar cheio. Com o tempo que perdi hesitando por causa das palavras dele, o perdi de vista. Antes que as pessoas me vissem ali, com lagrimas já esquecidas nos olhos, corri para o banheiro. Luna estava lá, lavando as mãos e me olhou extremamente surpresa quando eu comecei a soluçar.

— O que aconteceu?

— Garotos são tão idiotas! – resmunguei, lavando meu rosto.

Não saberia dizer de quem estava falando, mas Luna não perguntou, apenas ficou mexendo no meu cabelo carinhosamente. Demorei apenas dois minutos para me recompor e sorri agradecida para Luna. Ela sorriu de volta. Podia ser meio excêntrica, mas era muito gentil. Naquele momento me arrependi de todas as vezes em que fui grossa com ela. Estávamos saindo do banheiro juntas quando Harry nos encontrou.

— Oi Luna. Hermione, você deixou seu material...

— Ah sim. – minha voz me traia. Ainda estava embargada por causa do choro. – Obrigada Harry. Bem, é melhor eu ir andando.

Meio correndo meio andando, cheguei à biblioteca, deixando minhas coisas em cima de uma mesa. Abri a janela mais próxima e pus a cabeça para fora dela, respirando o ar fresco do inverno pela primeira vez naquela semana. Eu me sentia trancafiada dentro de mim mesma, presa a sentimentos que nunca seriam correspondidos. Aquela aula havia me ensinado que eu não podia deixar de viver pelo Rony, sofrer a cada palavra que ele me lançava, chorar só de olhar para ele. Eu precisava ser forte.

E também precisava me vingar.

A semana passou correndo novamente. Todos da escola já sabiam que Harry ia levar a Luna, mas quem eu iria levar era um mistério. Pelo menos até aquela noite. Eu estava tão nervosa com o que teria que fazer que não conseguia comer. Fiquei brincando com meu prato até notar Lilá aparecendo do lado de Rony, junto com Parvati. Aproveitei a chance e me levantei, respirando fundo. Tanto Parvati quanto Harry pareciam constrangidos com os outros dois e conversavam alto a fim de evitar o barulho obsceno de beijos. Parvati me notou antes de Harry e me lançou um sorriso radiante.

— Ah, oi Hermione!

— Oi Parvati! – disse, retribuindo o sorriso. – Você vai à festa do Slughorn hoje à noite?

— Nenhum convite. – o sorriso dela murchou um pouco. – Mas adoraria ir, parece que vai ser realmente boa... Você vai não vai?

— Vou, marquei com Córmaco as oito e nós...

Ouvimos um som de sucção a nossa direita. Rony tinha largado Lilá, e eu não saberia dizer quem parecia mais interessado no meu par para a festa. Meu sorriso ficou ligeiramente amarelo, mas continuei como se nada tivesse acontecido.

—... Vamos a festa juntos.

— Córmaco? – repetiu Parvati, abobada. – Você quer dizer o Córmaco McLaggen?

— O próprio. – respondi, tentando parecer feliz. – Aquele que quase foi goleiro da Grifinória.

Resisti à tentação de olhar para Rony, mas senti que tanto ele quanto Harry me encaravam.

— Então vocês estão namorando? – havia uma pontada de inveja na voz de Parvati.

— Ah... – hesitei. – Estamos... Você não sabia?

— Não! Uau, você gosta mesmo de jogadores de quadribol não é? Primeiro o Krum, agora o McLeggen...

Obrigada, Rita Skeeter. Como eu odiava aquela mulher.

— Eu gosto de jogadores de quadribol muito bons. – enfatizei, meu sorriso se alargando. – Bem, a gente se vê. Tenho que me arrumar, sabe?

E sai andando com calma, apesar do meu coração clamar por uma corrida longa e vergonhosa até o meu dormitório para que eu pudesse me lançar um feitiço da memória e esquecer que disse tudo aquilo.


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Notas finais do capítulo

Draco