Game Of Love escrita por Mayy Chan


Capítulo 1
O Lance Inicial


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu só vim dizer que eu sou uma pessoa linda, perfeita e que ama vocês, então dedico essas notas pra todos os leitores DIVOSOS que venham a ler essa fic. Vocês são os melhores, obrigada por nascerem e deixarem a luz ofuscante/sambante de vocês iluminarem minha mente e me fazer escrever isso. Agradeço também ao Papa, e a tia JK por me fazer chorar no seu livro, porque ela é o Sol que nos move (potterheads/shippers).COMENTEM o/Espero que gostem e tals, eu só não betei ainda então, por isso, desculpem-me os erros.



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Sabe quando você conhece aquela pessoa que parece ter de tudo parra poder virar sua vida de cabeça para baixo. Aquela que faz com que cada beijo de convença mais e mais que aquilo que vocês tem é pra sempre? Cada toque faz com que pareça que existe uma estática que os mantenha juntos?

Pois é, essa pessoa não existe.

Quando eu era pequena, minha mãe passava noites a me contar sobre como eu saberia que aquele cara era o meu príncipe encantado. Isso antes dela conhecer meu padrasto e eu, literalmente, ser obrigada a morar em uma suíte presidencial dentro de um cassino.

E se tem uma coisa que eu aprendi nesses anos, foi que nunca se há um vencedor, apenas sortudos. Já vi pessoas acabando com relacionamentos, famílias e sonhos por causa de um monte de esferas achatadas e coloridas. E, não, as cartas não mentem. Elas são megeras e improváveis.

Mas, ainda sim, diferentemente do que muitas pessoas pensam, não sou a “Abelha Rainha” da escola. Na verdade, minha amizade limita-se a Dominique, minha prima completamente acéfala e problemática. Claro, com um toque punk urbano, daqueles que andam de skate e colocam piercings escondidos dos pais. A única diferença, na verdade, é que ela lava o cabelo e toma banho todos os dias.

Me sentei na cama, e desliguei o despertador do celular antes que o mesmo tocasse. Pelo jeito, meu remédio pra insônia não funcionava tão bem como o esperado. Fico um tempo só encarando as paredes, anteriormente de um tom amarelados. Porém, desde que mudara para cá aos meus doze anos, era raro achar um lugar não coberto por pôsteres de bandas alternativas e, bem no centro, um enorme quadro branco com algumas anotações. De acordo com o mesmo, hoje eu tinha dever de biologia para entregar, coisa que havia deixado pronta ontem de noite. Para variar, mais um trabalho feito de última hora que levou quase uma madrugada toda.

Quando finalmente me senti desperta, tomei um banho e coloquei uma roupa qualquer para ir para a escola. Calça jeans, sapatilha, camiseta e um moletom vermelho. Com a mochila em meus ombros, fui para a cozinha. O chefe já estava acordado, assim como algumas pessoas nas mesas dos mais diversos jogos.

— Hey, Pablo. O que me recomenda para essa terça-feira congelante? — me sentei sobre a bancada e sorri abertamente para o rosto arredondado do mexicano.

— Ora ora, isso é hora da senhorita estar acordada? — questionou arrumando a touca enorme. — Mas, bem, o que acha de um cappuccino e muffins de chocolate?

— Você me conhece melhor que ninguém. — rio, olhando as mãos rápidas do homem trabalharem. — Hoje vamos ter reunião dos pais. Será que o tio Harry vai estar na cidade?

Desde os meus primeiros anos escolares, nenhum dos meus pais já havia ido para algum evento escolar, passando sempre essa responsabilidade para o meu padrinho. E, graças a isso, eu era obrigada a estudar na cadeira alimentar — vulgo escola — dos meus primos.

Não que isso fosse de tudo ruim. Podia não ser a mais popular, mas ainda tinha Nique para conversar e trocar bilhetinhos nas poucas aulas que tínhamos juntas. Claro, isso não atrapalhava os nossos estudos, porém também não éramos as mais inteligentes nem renegadas.

Então você deve estar se perguntando o motivo para eu definidamente não querer ir para a escola hoje. Porém, de resposta visual, podemos usar meu armário onde temos um “Rosevelta” enorme pichado em uma tonalidade amarela fluorescente que, sim, brilhava no escuro.

Quanto finalmente me libertei dos meus pensamentos, pude ver o meu café da manhã ao meu lado sobre uma bandeja. Comi rápido e, assim que agradeci ao chefe, fui andando entre o amontoado de bêbados e dançarinas.

— Que ótimo ambiente. — sussurro, bufando logo após.

Não, morar em um cassino definitivamente não é uma das melhores coisas. Você nunca tem privacidade, o barulho é insuportável em alguns dias, e também sempre rolava uma briga ou outra na sua frente. Por isso era acostumada a passar mais tempo na casa do meu tio Gui, sua esposa Fleur, Nique e seus irmãos Louis e Victoire. Admito que os melhores dias era quando Teddy estava presente.

Assim que cheguei no estacionamento, me sentei em um banquinho até que um dos motoristas pudesse me levar para a escola. O clima estava congelante, e o céu nublado o que fazia a manhã tão nostálgica quando o possível.

•••

Fechei a porta do meu armário com um pouco mais de força do que o habitual. Aquele livro ia caber ali de uma forma ou de outra, nem que eu tivesse que o dobrar no meio.

Bom dia, alunos e alunas de Hogwarts. — a voz irritante de Fred soou nos alto-falantes com uma animação tão grande que praticamente te fazia esquecer que era só mais uma tarde entediante comum. — O resultado das provas saíra apenas na sexta, então vocês tem três dias para pensar nas mais diversas formas do suicídio. — eu sou a única pessoa que acha que não se fala esse tipo de coisa na rádio da escola? —E, falando em suicídio, é isso que quase cometemos com o resultado do último jogo de futebol. Quatro a dois, sendo o último feito nos últimos segundos. Uma lástima, uma lástima.

É errado esperar mais de uma escola que nem a minha? Não houve uma vez que eles sequer falassem de como o clube de xadrez está nas finais estaduais. Não que eu seja uma jogadora, mas ao menos vi o cartaz de parabenização, feio a mão pelo presidente do clube.

Peguei os livros necessários e, quando estava terminando de devolver os outros para o armário, vi um menino abrir o armário ao lado. Alto, cabelos loiros bagunçados, pele levemente bronzeada e uma coloração indefinida para os olhos. Típico jogador de basquete, e provavelmente um novato. Mas o que faria alguém se mudar para essa escola no meio do ano?

— Hey, ruiva.

Revirei os olhos, e fechei a porta do armário. Qual era o problema das pessoas? Iria sempre ser tachada com a cor do meu cabelo? É por essa e outras que eu não me importava tanto em não ser notada. Ok, isso é mentira, eu provavelmente daria um rim pra ser tão popular quanto a Lily, minha prima e queridinha da escola.

— Hey, novato.

— Essa é a hora que eu deveria perguntar seu nome, ou a que você me mostra a escola? Não sou bom em coisas novas.

— Notável. Qual sua próxima aula?

— História.

— Terceira porta a sua direita, a mesma que a minha.

O guio em passos rápidos até a sala, que se encontra praticamente vazia. Como era acostumada a acordar mais cedo, sempre chegava na escola antes de boa parte dos alunos. Nesse meio tempo, me acostumei a finalizar as tarefas que, na verdade, deveriam ser terminadas de noite. Me sentei em uma mesa, e logo o garoto veio atrás e sentou-se em uma mesa a minha frente.

Peguei meu caderno e o único lápis apontado que havia dentro da minha bolsinha. Quase me furei com o compasso, mas era tão habitual me ferir com a bagunça mortífera que juntava em seu fundo. Assim que me posicionei para começar o esboço, senti um par de olhos cerúleos me encarando e olhei para o garoto com uma feição interrogativa. Sem pensar duas vezes, ele estendeu a mão com um sorriso aberto.

— Scorp.

— Que legal. — revirei os olhos e voltei a me concentrar no papel branco, até que senti ele me cutucar me fazendo arquear as sobrancelhas para o encarar. — O que você quer?

— É a sua vez de me dizer seu nome, ruiva.

— Isso está escrito em algum lugar nas regras de conduta da escola? — questionei começando o esboço com traços leves.

— Não, mas provavelmente está nas regras de conduta do mundo. Também podemos chamar de “educação”, mas acho que esse termo está bem fora do seu nível intelectual.

— Rose Weasley, melhor aluna da classe, participante efetiva do clube de ciências e também um prodígio em cálculo. Trabalho na biblioteca, e você provavelmente pode não notar minha existência, mas eu vou sempre estar por trás das decisões que te mantêm na escola porque, por um acaso do destino, também tenho um padrinho vice-diretor. — apertei sua mão, a sujando de grafite.

— É um prazer te conhecer, Weasley. Seu nome me é um pouco familiar ou...?

— É coisa da sua cabeça. — o interrompi secamente, voltando pro minha praia paradisíaca.

— Pivô, futuro capitão do time de basquete, ganhador de inúmeros jogos. Posso não ser “o aluno mais brilhante”, mas aposto que vou conseguir uma faculdade tão boa como a sua com minha bolsa esportiva. Aparentemente vamos ser ótimos conhecidos, ruiva. — piscou e bagunçou ainda mais os cabelos.

Revirei os olhos e resolvi ignorar o novo apelido. Aquele seria um longo ano...

•••

— Dominique Weasley, qual é o seu problema? — questionei pela décima segunda vez.

— Eu tenho que me preparar, um dia será a minha vez. — me respondeu, concentrada no corpo imóvel na sua frente. — E médicos não treinam em cadáveres? O que me impede de treinar também?

— Usar o hamster meio-comido do meu irmão não vai ajudar nada em suas experiências veterinárias, acredite. — retirei a metade que sobrava do corpo já falecido do que devia ser Ralf quando vivo e inteiro. — E, por favor, me fale que não foi você que partiu ele ao meio.

— Não, aparentemente foi Amélie.

— Por que Amélie sempre tem que ser sempre a canibal da história?

— Eu sempre te digo pra nunca confiar na hamster amarela. Elas são as mais mortíferas. E já viu a cara com que ela me olha? Ela sabia que eu tinha esse lance com o Rupert.

— Esse não é Ralf?

— Não, Ralf se foi mês passado. Que ele esteja em um lugar melhor. — fechou os olhos, enfatizando seu luto. — Meu predileto em anos. — tornou a abrir os olhos, e olhou pesarosa para a cabeça em minhas mãos.

— Tão predileto que você estava prestes a abrir o crânio dele pra suas experiências científicas problemáticas. — coloquei o pedaço de hamster sobre uma toalha sobre a mesa.

— Tudo pela ciência. Ele amaria saber que sua vida salvou a do resto do seu povo.

— Ele é um hamster. Acredite, se ele não morrer decapitado pela esposa em um mês, sua vida não é exatamente o que se pode chamar de longa.

Olhei para o sangue seco do hamster pensando os motivos para o meu irmão ter um apreço tão grande para animais de pouco tempo de vida. O último psicólogo de Hugo disse que essa poderia ser uma forma de ele tentar compensar a ausência dos nossos pais, mas eu e ele aparentemente tínhamos formas um pouco diferentes demais de lidar com isso. Provavelmente, em alguma época da vida, notei que livros e desenhos eram uma forma mais saudável de lidar com isso.

Dominique se sentou na minha cama e impulsionou seu corpo para trás, deitando sobre a colcha vermelha, colocando o braço sobre os olhos. Ela seria facilmente comparada com uma modelo famosa se não se portasse como uma delinquente juvenil.

— Me desculpa por ontem. Eu realmente não sabia que ela iria pra lá...

— Tudo bem, Nick. — falei enquanto colocava minha escova de dentes e a pasta dental dentro da mochila, jogando-a logo após fechada nas costas.

— Não está tudo bem, você odeia ficar aqui.

— Odeio mesmo. — admito, com um sorriso de lado. Mentir para a loira não era exatamente possível devido ao fato dela sempre reconhecer. — Mas vez ou outra, eu não me importo de ficar aqui. É até legal deixar Pablo fazer meu café.

— Seus pais estão viajando, Rose. Sua mãe vai me matar se souber que eu deixei você vir pra cá, ainda mais sozinha. Agora, vamos, você vai pra casa e eu vou pintar suas unhas que estão um desastre.

— Eu gosto delas assim. — faço biquinho, a estendendo a mão sem resquício de esmalte.

— Ah, antes que eu me esqueça, seu pai quer falar com você antes que ele vá viajar novamente.

— Meu pai? Não é meio que contra os princípios dele vir até o cassino? E mais, desde quando ele pisa em solo britânico desde a separação?

— Não sei, mas ele e um amigo vieram juntos. Acho que talvez seja para parabenizar seu prêmio por ter ganhado a feira de ciências desse ano.

— Qual é, eu ganho isso desde a terceira série. Aposto que seus motivos foram, como sempre voltados a algo com a nova esposa escrota dele. Quem se casa com uma pessoa com nome de cor? Não se pode ter desejos por uma cor. É meio que “Nossa, como ‘lilás’ é gostoso.

— Qual é, você não pode culpar a mulher por se chamar Lilá Brown. A mãe dela que é a vilã da história.

— Graças a essa vadia, eu raramente vejo minha mãe por mais de cinco minutos, e de bônus ainda tenho um padrasto tão machão que tem que se barbear no mínimo umas três vezes ao dia. — revirei os olhos e tranquei a porta do meu quarto, colocando o molho de chaves preso por pelo chaveiro colorido na minha mochila.

— Fiquei tão sentida pelo seu drama familiar que até vou tirar “Clube dos Cinco” do fundo do meu guarda-roupa pra você assistirmos enquanto eu dou um jeito nessa sua mão grotesca.

— Você me conhece tão bem. — rio de lado, apertando o botão para chamar o elevador.

•••

Jamais havia parado na diretoria desde o meu primeiro ano em Hogwards, nem mesmo quando meu padrinho Neville se tornara vice-diretor. Respirar fazia minhas contar enormes da aula avançada de álgebra parecerem uma brincadeira infantil. Meu estômago poderia levar a humanidade diretamente do aquecimento global pra mais uma era do gelo sem ao menos hesitar. O pior era que eu sabia que não tinha feito nada de errado para parar ali, nem mesmo uma experiência um pouco mais rebelde na aula de química.

Meus pés balançavam freneticamente sobre o carpete do chão da sala de espera, em sintonia com minhas mãos que batucavam o braço da cadeira com tanta força que me impressionava não deixar uma marca definitiva das minhas digitais. Na minha frente, o antigo-professor Dumbledore parecia rir da minha cara com seus cabelos e barba longos e brancos. Normalmente, gostava muito da pintura, porém nesse momento faria qualquer coisa para estar de volta ouvindo os devaneios surtados da professora Trelawney, minha professora de filosofia.

Aquela manhã eu havia caprichado um pouco mais no meu vestuário, como se estivesse premeditado a situação. O suéter vermelho que ganhara da minha avó no Natal finalmente teve sua chance de brilhar, juntamente com minhas calças jeans desbotadas e as sapatilhas verdes.

— Senhorita Weasley? — a voz fina e avoada da professora Lovegood encheu a sala, fazendo com que meu corpo se levantasse como estática. — O vice-diretor quer falar com você. — segurou a porta entreaberta e, assim que a tomei em minhas mãos, foi embora andando em passos tão leves que parecia flutuar.

Assim que entrei na sala, pude ver um homem loiro sentado ao lado de uma mulher aparentemente da mesma idade. Eles tinham aquele olhar superior, e as roupas confirmavam minha teoria: eles eram apenas mais um daqueles casais metidos.

— Sente-se por favor, senhorita Weasley. — Longbottom sorriu gentilmente pra mim, e logo voltou a atenção para o casal. — Como dizia, essa é nossa melhor aluna. Além de um histórico escolar perfeito, também tem em seu favor um tempo considerável na escola. É uma das mais elogiadas pelos professores. Não vejo uma pessoa melhor.

Sem nem mesmo notar, estava com um sorriso enorme e confiante, que rapidamente se desfez quando os olhos frios cinza do homem passaram a me fitar. Minhas bochechas pálidas esquentaram, e tive que tampá-las com as costas da mão para não ser visível o fato de estar corando. A mulher, ao contrário do marido, parecia mais... confortável.

— Podemos começar a falar sobre o procedimento agora?

— Acho melhor esperar seu filho...

— Senhor Longbottom, o senhor Malfoy quer saber se já pode entrar. — a secretária interrompeu a voz do vice-diretor timidamente, colocando só a cabeça no vão da porta entreaberta.

— Fale- o para entrar.

Com essas palavras, meu padrinho permitiu que eu perdesse completamente a fala e, de quebra, reação possível para encarar o fato que se tornou presente. Fato esse com um sobrenome estranho, quase um metro e noventa, e o uniforme cafona do time de basquete. Poderia facilmente admitir que não me lembrava da presença dele na escola até o momento, o que causou um impacto realmente estranho.

— Scorpius, sente-se. — a voz gélida do homem loiro ecoou na sala, fazendo com que o garoto o cumprimentasse com um aceno de cabeça e obedecesse. — Estávamos falando sobre os procedimentos que vamos tomar para que você acompanhe sua turma.

— Pai, eu não preciso disso. — bufou, passando as mãos pelos cabelos bagunçados. — Você sabe que eu posso me virar sozinho.

— Você tem uma delimitação, Scorpius. Uma ajuda seria a melhor opção...

— Me desculpe se isso lhe soar rude, senhor vice-diretor, mas será que uma vez na vida vocês podem parar de tentar tomar as decisões por mim? Não é como se eu fosse uma aberração.

— Não estamos sugerindo que você seja uma aberração, Scorpius. Só que você tem uma dificuldade, e tem que aceitar isso.

— Pai, você acha que eu não estou cansado de ficar me esforçando pra estar na média? Eu não consigo, já tentei mais do que deveria até.

Espera, eu precisava de um momento pra processar as informações. Essa situação não passara nem no meu surto quando descobri que fui chamada para a diretoria, então era como se eu estivesse alheia a uma situação completamente óbvia. É claro que eu estava aqui para ajudá-lo com algo, mas simplesmente tinha algo que não fazia sentido na minha mente.

— Eu sei que tentou, Scorpius, mas isso não é no seu poder de decisão. Agora só falta ver se a senhorita Weasley aceita a proposta.

Mal notei que estava encarando o buda sobre a mesa do professor até ouvir meu nome. Queria saber o motivo de Scorpius precisar da minha ajuda, mas seria indelicado perguntar, então preferi ficar calada sobre o assunto e tirar essa dúvida minha mais tarde. E, aparentemente, seria eu a ajudá-lo a fazer algo ligado aos seus estudos, mas a dúvida que não queria calar era o que, exatamente, eu deveria fazer. Fiz a minha melhor cara de responsável, endireitei a coluna e me inclinei pra direção do homem.

— Pra que exatamente vocês precisam da minha ajuda?

— Nosso filho tem DTAH e precisa de algum tipo de ajuda nas matérias. Falamos com o senhor Longbottom e ele nos recomendou você. — despejou as palavras, como se fosse uma situação óbvia.

Claro que eu precisaria ao menos de alguns segundos para poder processar as informações. Já tinha ocorrido de eu dar algumas aulas extras pra alguns alunos da escola, mas nunca fora algo realmente fixo. O tempo máximo de um grupo de estudos meu foi de uma semana, e acabou porque todos tinham ocupações mais importantes do que a cooperação mútua dos membros.

— Estou dentro. — confirmei confiante, olhando para um Scorpius quieto com o canto do olho.

— E então? Quanto vai querer por isso? — o homem pegou a carteira do bolso de dentro do paletó, e antes de pegar as notas, eu o interrompi:

— Não quero dinheiro por isso, obrigada. Seria injusto, pois vou fazer em nome da escola.

É claro que era uma desculpa esfarrapada. Não queria fazer isso em troca de algo, afinal seria uma espécime de revisão extra para minhas provas. Ao menos era isso que tinha em minha mente, até ouvir o vice-diretor se manifestar novamente.

— Acho que uma boa opção seriam monitorações mútuas. A nota de educação física da senhorita Weasley não é das melhores...

— Me desculpe pela interrupção, mas realmente não acho que...

— Rose, essa seria a melhor opção. Uma troca justa de tarefas. E, caso a senhorita não saiba, atividades extracurriculares são necessárias para se entrar em uma faculdade.

Quando ia abrir a boca para revidar, notei que ele não estava de tudo errado. Educação física, nem de longe, era uma matéria boa para mim. Não conseguia ver a motivação em correr sempre em círculos, subir em cordas, e ainda por cima ficar toda suada e suja com isso. Entretanto, acima de todos meus motivos, esportes realmente eram um quesito avaliado pelas melhores faculdades.

Olhei para Scorpius novamente, e nossos olhares se cruzaram. Não sabia exatamente a mensagem que ele queria me passar com aquela feição entediada, mas logo ele sorriu de lado e melhorou a postura, me fazendo revirar os olhos e segurar um riso. Estava tudo bem, era apenas mais um acordo mútuo de interesses.

Aquela sensação de que eu poderia fazer isso me entorpeceu e eu soube que poderia fazer qualquer coisa naquele momento. Mordi o lábio inferior esperando uma resposta, que logo veio.

— ‘Tô dentro. — sorriu, arqueando uma sobrancelha em cobrança da minha.

— Eu também. — sussurrei me relaxando sobre a poltrona.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, palminhas, vocês são os melhores o/Comentem, que eu os responderem o/XOXO, Mayy