Acordei um pouco tarde – afinal eu posso. Passei a manhã limpando a casa e fazendo o almoço enquanto esperava minha mãe vir para casa. Almoçamos juntas e fomos assistir a um filme.

Ao terminar o filme vi que eram três horas, tomei um banho, vesti uma camiseta bem grande, um short jeans e um chinelo de dedo, peguei meu celular e coloquei no bolso. Como a casa do Greg é ali na esquina fui a pé mesmo, durante o caminho fui olhar meu celular, mandei alguns torpedos sms. A casa azul claro fica em cima do comercio, tem uma escada ao lado dele, falei oi para a Ana, operadora de caixa do comercio, e subi, ao final da escada tem uma varanda com uma mesa e quatro cadeiras. Dei uma batida na porta e esperei ouvir uma resposta.

– Só um minuto. – ouvi a voz do Greg do outro lado e passos vindo à minha direção. Ele abriu a porta e deu um sorriso – Oi Liz.

– Oi. – ele deu um passo para trás e fez um gesto para entrar.

A sala é grande, bem clara por causa de uma enorme janela de vidro, as paredes são de um tom verde muito claro, havia dois sofás verde musgo e um pufe preto no chão, uma bancada com uma televisão muito grande e um vídeo game – claro, vídeo game.

– Quer ficar aqui na sala ou na cozinha?

– O que você estava fazendo?

– Eu estava terminando de limpar a cozinha.

– Limpando a cozinha?

– É, vamos para lá, eu termino e depois nós faremos o trabalho. – ele foi por um corredor, no final dele tinha uma cozinha toda branca com alguns detalhes pretos, havia um balcão de mármore preto. Ele se dirigiu para a pia e continuou lavando louças. Conversamos sobre besteiras por um tempo, até ele terminar de lavar tudo. Fomos para a sala terminamos o trabalho ainda cedo. Resolvemos conversar. Conheci um pouco mais da vida dele, como por exemplo, ele gostava de Motocross, já foi ao Brasil (na casa de uma tia que mora em BH– Belo Horizonte), onde ele já morou, ele era bem baladeiro, mas agora ele resolveu mudar um pouco, depois do nosso acidente na loja ele resolveu não trabalhar no comercio(para não ficar sem mesada ele que limpa a casa alguns dias na semana).

– Tenho que ir.

– Já está escurecendo, quer que eu vá contigo?

– Sim, vamos. – eu falei indo para a porta. Ele me seguiu e nós fomos para minha casa, lá sentamos na calçada e conversamos mais, sobre a escola, sobre mim, nós até chegamos ao assunto namorados que levou ao assunto Théo, mas eu não quis falar dele, ele me trás lembranças ruins, mudei de assunto rapidamente – Quer me ensinar, qualquer dia, andar numa pista de Motocross?

– No sábado que vem tudo bem?

– Claro. – ele disse, pelo visto vou ser muito amiga dele, ele me parece sincero e meio traumatizado pela falta da mãe. A noite chegou, mas o assunto não acabou, quando vi já eram dez horas e nós lá na frente da minha casa. Um taxi parou aqui em frente, era meu pai chegando, levantei quase num pulo e fui abraça-lo.

– Pai!

– Oi filha. – ele me abraçou, ficamos abraçados por um tempo, depois ele foi pagar o taxi, pegar as malas e entrou.

– Eu vou daqui a pouco. – falei voltando a olhar o Greg.

– É... Já vou indo. – ele levantou-se e me deu um abraço demorado, deu um beijo em minha bochecha (bem perto da boca) – Até depois, Liz.

– Até. – eu falei e ele foi embora.

Entrei em casa, meu pai estava na sala com minha mãe, sentei no sofá e esperei eles me darem atenção.

– Finalmente um namorado, filha! – ele disse sentando-se – Porque não me apresentou seu namorado?

– Porque ele não é meu namorado. – frisei a palavra não.

– O jeito que ele te olhava não dizia isso. – ele pegou uma mala, abriu – Eu comprei isso para você. – ele entregou uma caixa rosa para minha mãe. Ela abriu e colocou sobre o sofá, era uma boneca de porcelana, moreninha, com um vestidinho estampado, todo colorido.

– Que linda, mais uma para minha coleção. – ela foi para o quarto onde ela tem uma prateleira cheia de bonequinhas, ela coleciona desde a adolescência.

– E isto para você. – ele me deu uma caixa vermelha, quando a abri tinha uma sandália Anabela vermelha, muito linda, e um tecido creme com uma estampa de flores vermelhas – Eu iria comprar um vestido, mas pensei melhor comprar um tecido bem bonito já que você gosta de desenhar roupas.

– Eu gostei muito pai.

– E tem isso aqui também. – me entregou uma sacolinha cheia de bombons e uma agenda. – Leva para sua mãe. – ele disse me entregando outra sacola.

– Como foi por lá? Foi melhor em São Paulo ou em Ilhéus? – perguntei.

– Foi bom, consegui comprar um terreno em Ilhéus para uma futura pousada, eu gostei dos dois.

Sorri e fui para o quarto da mãe entregar a sacola dela. Depois fui para meu quarto e tomei um banho, me deitei, fechei os olhos e fiquei pensando, ontem um selo, hoje um beijo perto da boca... Amanhã um beijo?

Estava quase dormindo quando ouvi pedrinhas na minha janela. Fui até ela e abri, o Greg estava na minha janela.

– Oi, o que você está fazendo aqui? – perguntei espantada.

– Vim te ver. Deixa-me entrar?

– Entra. – falei abrindo a janela um pouco mais – Você não gira bem não é?

– Eu estou perfeitamente normal, só tem um problema, estou apaixonado por você. O que você sente por mim, Liz? – ele falou aproximando-se, levou a mão até o meu rosto e acariciou, tocou meus lábios com as mãos e sorriu, eu não conseguia pensar direito. – Você é tão linda. – ele aproximou-se mais e me abraçou, virei o rosto para o lado que ele estava e ia beijá-lo. Fechei os olhos.