Crimson Day. escrita por mschoiseul


Capítulo 7
Capítulo 7.




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August, 12th of 2019.

Molly’s P.O.V.

Aqueles últimos dias haviam sido no mínimo conturbados. Em si, foram tranquilos, mas a tensão que envolvia a mim e James era pesada. Pior foi quando ele me ouviu dizer à tia Ginny que eu teria visitas naquela tarde, mas que preferia que fossem na casa de vovó Molly porque uma delas era brigada com James. Ela tentou insistir com que Seth fosse até lá, na casa dela, mas então ouvimos meu primo bater a porta. Convenci-a de que não tinha problema algum, e enfim minha tia cedeu. Usufruí da rede de Flu, uma vez que aparatar no meu estado era no mínimo perigoso. Esperei por algumas horas fazendo companhia à minha avó, que decidiu parar o tricô mágico e fazê-lo sozinha.

— O que está tricotando, vovó? — Perguntei.

— Ora essa! Macacões e sapatinhos pro seu bebê. — Respondeu a matriarca, animada. Ela era uma das poucas pessoas que não me apedrejou pelo que fiz. Ao contrário: me defendeu. Digo pelos adultos, afinal o único primo que demonstrou reação negativa havia sido James. E mesmo assim, por achar que eram filhos de Seth.

— Que gracinha, vó! Obrigada. — Disse enquanto abraçava-a. Ela me olhou como se me pedisse permissão com a mão esticada para tocar minha barriga, e eu assenti.

— Vai ser bom ter um bebê por aí de novo. — Comentou, e inclinei a barriga para a frente. Estava consideravelmente grande para o tempo de gravidez. Vovó afagou minha barriga por mais uns segundos e endireitou-se na poltrona para continuar o bordado. Não demorou para que eu ouvisse batidas na porta e vi Seth do outro lado dela. Corri até lá e a abri, pulando no colo dele num abraço forte. O loiro envolveu meu corpo com força e ao se afastar, tinha os lábios curvados num sorriso.

— Que bom que você chegou, Seth! Eu tava com saudades. — Comentei.

— Eu também estava, ruiva!

— Vem, entra. — Convidei-o, e ele cumprimentou minha avó com delicadeza.

— Molls, tem bolinhos em cima do fogão e suco na geladeira que eu fiz pra vocês. — Anunciou ela, e eu sorri.

— Muito obrigada, vó! — Respondi, e trouxe meu amigo para o sofá que antes eu estava sozinha. Vovó tricotava na poltrona individual ao lado, e então Seth sorriu, doce.

— Como vocês estão, ruiva? — Perguntou, e eu olhei para minha barriga deslizando a mão sobre ela.

— Estamos bem. E... e o seu pai? — Sussurrei, não sabendo se deveria ou não perguntar sobre isso, mas concluí que Seth talvez estivesse precisando de minha ajuda. O tempo todo, estávamos assentados lado a lado, e o braço do loiro transpassava atrás de minha nuca.

— Deu uma melhorada, né. Deixei-o com Annelise para vir até aqui.

— E como você está com isso tudo?

— Normal, sei lá. ela é uma bruaca, mas é responsável e gosta do meu pai de verdade. Pior seria se ela estivesse tomando conta de mim! — Respondeu-me humorado.

— Bobo! Eu é quem estaria cuidando de você. — Respondi, inclinando-me para beijar-lhe a bochecha.

— Eu sei, gata. — Ele retrucou, e eu ri, dando-lhe um tapa no ombro.

— Convencido!

— Realista. E vem cá, como o bebê cresceu! — Comentou e então pôs a mão sobre minha barriga, e eu sorri, assentindo.

— Tenho cuidado muito bem dele. Ou dela. — Concluí, e o loiro riu.

— Não tenho a menor dúvida disso. Eu trouxe um presente. Ou melhor, dois.

— Awn, Se, não precisava se incomodar!

— Não foi um incômodo. — Ele deu de ombros. — Que tipo de padrinho seria eu se não desse presentes?

— Deixe de ser bobo. Deixe-me ver! — Ele assentiu com um doce sorriso e estendeu a sacola de papel à mim. Ao abrir o embrulho, encontrei dois macacões com a estampa: “Amor do padrinho”, e dei um sorriso ao vê-los. — AHHHHHHHHHHHHHHHH, QUE LINDOS! — Mais uma vez, beijei o rosto dele, e ele deu uma risada baixa.

— Não são?!

— Sim. Ele agora tem mais roupas falando do padrinho do que da mamãe, não é justo! — E então, Seth gargalhou.

— É prevenção. Se um sujar, tem o outro. — Comentou, mas eu sabia que ele desconfiava de algo mais.

— Obrigada. De verdade, loiro. — Sorri antes de abraçá-lo.

Aquela tarde fora no mínimo agradável. Depois de tomarmos café, decidimos nadar e peguei o short de um dos meus primos pra emprestar à Seth. E foi saindo da praia que eu notei James nos espiando por uma das janelas do segundo andar d’A Toca. Suspirei e então avisei Seth discretamente depois de alguns minutos. Vesti o roupão imediatamente: eu jamais havia ficado com roupas de natação perto dos meus primos - além de Lily -, por mais que os amasse sabia que comentariam depois. E eu odeio ser o alvo das atenções: já comentei, não é? Embora nos últimos meses eu só tenha feito coisas que obrigam a atenção a me seguir. Tia Hermione havia comentado na semana anterior que há um exame trouxa que detecta o sexo do bebê, e que talvez eu devesse fazê-lo. Ele também pode detectar outras coisas, mas eu não sei… Seth também comentou sobre o tal exame, mas ainda tenho medo. E também falta apenas um mês para descobrir, acho que consigo esperar.

Estávamos a caminho de casa e meu amigo suspirou:

— Eu tenho que ir, Moll. Vou até deixar pra tomar banho em casa, preciso voltar antes que a Annelise comece a cacarejar demais.

— Ah, tudo bem, eu entendo. Pode ir com os shorts se quiser, depois você o traz. Teddy não liga.

— Tá certo. Mas antes, preciso me despedir da sua avó.

— É claro! Ela é sua fã. Vem. — E assim que comentei, adentramos a casa de minha avó. Engoli em seco ao ver James na sala, dando apenas um sorriso de lado. Puxei Seth pela mão até a cozinha, onde vi a grandiosa senhora Weasley.

— Vovó?

— Sim, meu anjo?

— Seth veio se despedir.

— Mas já, querido? Pode tomar um banho aí, se quiser, ou levar os shorts… Teddy não liga. — Dissera vovó, repetindo exatamente as mesmas palavras que eu.

— Infelizmente, sra. Weasley. Meu pai está enfermo e o deixei sob os cuidados da outra filha dele. — O tom que Seth usara fora o suficiente para que ela entendesse, e então sorriu tomando o rosto do loiro em mãos, beijando-lhe as bochechas.

— Então está certo. Muito obrigada pela visita, filho. Tenho certeza de que Molly ficou muito feliz em vê-lo, e muito obrigada pelos presentes também! Você é muito bem-vindo aqui. E melhoras para o seu pai, querido. Qualquer coisa fale conosco, eu posso tentar ajudá-lo. — Sorriu e ele então a reverenciou com um aceno de cabeça.

— Sou eu quem as agradeço por me deixarem fazer parte disso. E obrigado. — Respondeu o loiro, e com isso vovó voltou aos afazeres e eu fui com Seth até a sala, onde ele pegou suas roupas e vestiu-as por cima do calção molhado, mesmo. Tentei ignorar a presença de James no sofá ao lado, engolindo em seco.

— Obrigada por vir, Se. Foi muito bom ver você… o bebê também amou. — Disse num tom baixo, porém carregando um sorriso doce nos lábios. Senti uma leve pressão em meu ventre e no mesmo minuto peguei a mão do loiro e coloquei-a sobre ele. — Viu só? — Comentei, e então ri antes de fazer um bico. — Havia uns dias que ele não se mexia pra mim.

— Ah, céus, está com ciumes? — Revolveu Seth, divertido. — Não tenho culpa se ele já ama o padrinho. — Então Seth me abraçou, fazendo-me sentir uma segurança inigualável pela primeira vez em meses. Por alguns segundos, fiquei ali e acabei derramando algumas lágrimas pouco antes de afastar-me. — Ei, ei, ei… chorar não vale. Eu volto, ruiva.

— Eu sei… Desculpa, são os hormônios. — Defendi-me, mas sabia que além dessa mera desculpa, a angústia tinha me carregado por tempos. A energia de se formar não era boa como soava ser enquanto estudávamos. Eu não teria mais Seth ao meu lado todos os dias.

— Lhe conheço, Weasley. — Dito isso, ele beijou o alto de minha testa demoradamente e isso só me fez chorar mais. Com os dedões, Seth limpou minhas lágrimas devagar e sorriu. — Eu te amo. — Disse, me fazendo sorrir.

— Eu te amo também, von Russell. Demais. — Respondi, e ele então saiu da casa já a ponto de aparatar.

— Eu vou voltar. Promessa. Continue me escrevendo, gata. Sempre tenho tempo pra escrever.

— Pode deixar. Dê um alô ao seu pai por mim. — E antes de aparatar, ele bateu continência brincando, e eu ri docemente mandando um beijo pelo ar. Quando ele sumiu, adentrei novamente a casa e fechei a porta limpando minhas lágrimas.

— Molly, o que esse garoto estava fazendo aqui? — Ouvi uma voz conhecida perguntar.

— Ele veio me ver, James.

— E aí você nada com ele, coisa que nunca faz nem com a gente, ele diz que te ama e vai embora? Caralho, Molly.

— O que tem, James? Você está com ciumes?

— Não.

— Pois então não se atreva a falar!

— O caramba, Molly. Ele é um...

— Um o que, James? Não venha criticá-lo porque ele conseguiu fazer e falar em um dia o que você não conseguiu fazer em 18 anos! — E ao ouvir isso, ele me olhou por alguns segundos antes de me responder.

— Você é ridícula. — E então, minha avó chegou na sala intervindo.

— Parem com isso, agora. James, isso são modos? Ela é sua prima, e está grávida! Precisa de sensibilidade.

— Antes não estivesse. — Com aquela frase, senti minhas pernas ficarem bambas e então apoiei no sofá.

— Está tudo bem, vovó. — Disse e então James foi para um dos quartos, com muita raiva. Enquanto minhas lágrimas caíam, eu falava mentalmente com meu bebê: “Não se preocupe, ele não quis dizer isso, só está nervoso…” e notei que, com tal pensamento, eu também queria convencer a mim mesma.


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