De Repente Mágica escrita por Cah Esteves


Capítulo 3
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

Eu acho que ficou meio grande, mas está ai... Recomendem por favor. E comentem...



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Capitulo 3

Fomos até a mesa, minha mãe pegou uma pilha de desenhos fotos e livros.

–Então...

–Então...

–Então...

–Dá para parar?!? Será que eu sou a única curiosa aqui??? -interrompeu Ari.

–Oook. - disse minha mãe olhando para mesa – hum...hum... é que eu não sei como fazer isso parecer menos estranho...

–FALA LOGO!!! - gritamos nós três em uníssono.

–Tá, tá bom... hã, tudo começou com a sua avó... hã, como eu faço isso parecer menos tosco? - disse quase sussurrando.

–Bom, sua avó se apaixonou por um bruxo, teve uma guerra e muitos BUM e dai seu pai se apaixonou por uma deusa e pronto – disse minha mãe quase engasgando de tão rápido – vamos pedir uma pizza?

Trinta minutos depois eu começo a raciocinar melhor.

–Hã... hum... hã...

Deu para ver como eu sou boa com as palavras.

Minha mãe respirou fundo.

–Malu, eu... é uma história muito longa, tudo começou com sua avó, ela tinha 15 anos, era uma noite fria, ela estava na varanda e...

–Chegueei! - gritou meu pai da porta.

–Uou. Isso não vai ser bom – sussurrou minha madrasta.

–Já pediram a pizza ? - disse meu pai na maior inocência.

–No momento, tem coisas mais importantes que pizza.

–Nunca tem coisa mais importante que...

Foi ai que ele se virou e deu de cara com as três adolescentes com cara de morta, a minha mãe com cara de constrangida e minha roupa queimada.

Acontece que meu pai estava em uma viagem de trabalho durante os três dias em que fiquei inconsciente.

Sem dizer uma palavra, meu pai agarrou minha mãe pelo braço e a levou até a cozinha.

Isso foi o suficiente para tirar as meninas do transe.

–Hum... eu acho que... estamos de saída. Vamos Ari?

–NÃO!

As duas já de pé pararam e viraram para mim.

–Vocês NÃO vão me abandonar aqui! Se eu vou ter que fazer algo, vai ser com VOCES !

A Carol ia falar alguma coisa, mas fomos interrompidas por meu pai batendo a porta da cozinha.

–Malu... tem certeza de que quer saber?- disse meu pai mostrando que preferia que eu não quisesse.

–Só me fala!- respondi quase surtando.

–Não. Eu não conseguiria falar. Mas posso te mostrar.

Meu pai fez um gesto com a mão como se tivesse tentando pegar uma mosca no ar.

Parei de sentir minhas pernas, o chão se aproximava e quando estava a um cm dele, meu corpo ficou leve e tudo escureceu.

Uma menina de 15 anos de costas virada para a varanda. Era a única coisa que eu conseguia ver.

Ela estava com um vestido longo, azul claro, cabelos loiros caiam do rabo de cavalo.

De repente BUUUM, uma explosão corta o silencio da noite.

A menina da um passo para traz assustada, eu não consigo ver o rosto dela, mas sei que é ela, é minha avó, aos 15 anos.

Ela se aproximou da grade da varanda.

Saiu correndo.

A cena mudou e ela estava desmaiada no colo de um homem, ele ao mesmo tempo que a segurava firme, fazia movimentos com a mão para controlar a lua.

A cena avançou de novo e apareceu um casal de mãos dadas na praia, a menina estava gravida.

Muda de novo e só se vê centenas de seres grandes no céu virados de costas para minha avó e o homem, menos uma mulher, com a aparência de sabia e poderosa.

Vozes ecoavam na minha cabeça e parece que na do casal também, de forma que o homem resistia e a vovó, com as mãos no ouvido ia escorregando até o chão.

´´ A guerra não é uma opção! ´´

´´ Vocês são miseráveis! Bruxos de lixo! ´´

´´Calados! Eu mando aqui! Ira nascer mais um deles! Manteremos distancia! Caso eles nos procurem, haverá guerra ! ´´

Em um clarão tudo mudou novamente.

Estávamos em uma casa rosa, quadros por toda a parede e cadeiras de madeira pairavam encostadas em um canto.

Eu reconheci por fotos: aquela era a casa aonde eu havia nascido.

Cerca de 15 pessoas pairavam cochichando acima de uma criança.

Um bebe gorducho com uma roupinha rosa, cabelos lisos e pretos.

A cena ficou mais clara como se a câmera tivesse entrados em foco.

Ao lado de meu pai, estava meu professor de história.

A menos que ele estivesse dando aula para os meus familiares ( oque acho improvável), eu não via motivo para ele estar ali.

Uma mulher - loira e alta, com cara de imponente, bonita, porém tentava se disfarçar – segurava o bebe.

Todos perto dela se encolhiam um pouco.

–Quando os outros descobrirem... quando Zeus descobrir... - disse ela.

–Nós não vamos deixar que eles façam nada de mal a Marilu, nem eles nem ninguém!

–Você tem que entender, que se Zeus, Hades, ou até Poseidon, tentarem fazer algo com ela, ela mesma vai ter que se defender. Ela é diferente dos outros, ela também tem uma parte... bru... bruxa. Ela é mais forte. Mais perigosa. Eles vão procurá-la , e fazer o possível, para isso acabar. Mas eles não vão ser gentis.

Meu pai surpreendentemente ainda calmo – acho que por conta de minha mãe, ela exalava calma e faziam todos pensarem melhor – se virou para o meu professor.

–Você, como tio dela, ficará responsável por protege -la. Quando eu não tiver, você estará.

–Mas... você sabe que eu... não tenho poderes. Eu nasci sem eles...

–Não importa! Jure que dará a vida por ela!

–Eu... eu ju... juro.

Tudo ficou escuro.

Quando abri os olhos, estava sentada em uma cadeira de frente para o meu pai.

Ele estava meio zonzo, oque só me fazia ter certeza de que ele tinha ´viajado´ junto comigo.

–Uou.

Ok, eu sei que não foi a coisa mais inteligente para se dizer, mas essa palavra me definia totalmente naquele momento.

–Sim, uou. Malu, me perdoa. Mas... agora você entendeu por que eu não podia te contar? Seria muito perigoso. Você, é humana, mortal, feiticeira, semideusa e sinceramente, é incrível! Não podia te falar, só adiantaria a chegada deles.

Eu realmente não tinha palavras. Então simplesmente deixei a Carol e a Ari falarem por mim.

–O.Q.U.E??? - disseram em coro para depois se arrependerem ao receberem um olhar de não se intrometam do meu pai.

A porta abriu com tudo e de lá saiu meu professor.

–Ufaa. Graças aos deuses, a Deus e aos feiticeiros. Você está viva!

Ele se jogou no sofá.

Lutei contra o impulso de levantar a mão para falar.

–É, mas não vai sentando não, eu acho que temos que discutir alguns assuntos urgentes. E eu acho que você já sabe quais são eles. A não ser que você tenha vindo até aqui para falar sobre a minha nota da prova bimestral.

– Não. Eu vim avisar que eles estão chegando. Vocês tem que ir. Principalmente VOCÊ. -disse apontando para mim.

Dito isso, tudo começou.

Primeiro, foram as janelas. Todas explodiram em cima da mesa de jantar.

Depois, entraram pela porta dos fundos e pela da frente.

Em poucos segundos, estávamos cercados.

–Tá vendo? Eu sempre estou certo. Infelizmente...

Instintivamente eu coloquei um pé em frente ao outro e cerrei os punhos.

Não tinha um padrão para as roupas. Definitivamente não eram uniformes. Haviam cerca de 30, os mais próximos seguram adagas. A segunda fileira segurava diversos tipos de espadas. A que estava impedindo a passagem por todos os lados tinham arcos e flechas todas apontadas para mim, alguns para meu pai.

Os mais próximos, tentavam parecer confiantes, mas bastava em me inclinar um pouco para frente que hesitavam.

A mulher que estava mais próxima de mim, estava toda vestida de preto, roupa de coro. Ela tinha uma faca em cada mão.

Fazia movimentos com a boca. A principio achei que estava sussurrando um encanto – a essa altura já não duvidava de nada -, mas depois percebi que estava falando diretamente para mim.

Só consegui ouvir as ultimas palavras sussurradas:

– Só... confie... em.... mim...

Realmente não sei por que não confiava nela. Talvez pelo fato de que ela ainda apontava duas facas para mim... e toda a sua gangue também.

Com um estrondo, os ''ninjas'' abriram passagem para a porta. Estava pensando por que eles fariam aquilo quando pelo meio do caminho, apareceu um homem.

Usava roupas pesadas e não tinha armas.

Algo em seu rosto mostrava que mesmo com a roupa pesada e sem armas, bastava estralar os dedos e eu sairia voando para a China.

–Ora ora... Rodrigo Forger... - disse ele totalmente me ignorando, e encarando meu pai – da ultima vez que eu o vi, você estava cruzando os sete mares a procura de uma cura para o encanto da sua filha. - parou para avaliar a reação do meu pai.

–Da ultima vez que o vi você estava me traindo, e traindo seu povo pela quinta vez. - respondeu meu pai com uma expressão calma, mas com amargura na voz.

–Faz parte da vida... todos tem que trair uma vez na vida. - fez uma pausa e deu uma leve sorriso – mas no meu caso foram cinco.

Desviei o olhar para as meninas, elas estavam com cara de que ele nem precisava avançar, que elas já tinham morrido ali mesmo.

Ari me lançou um olhar que dizia: não queremos deixar você aqui, mas vamos embora e sugiro que você me siga em um, dois, tre...

O homem lançou um olhar curioso e amistoso para mim. E como se lesse nossas mentes disse:

–Oh minha querida, não precisa e nem daria certo se fugissem. O motivo de eu estar aqui, é você sim, mas não vou lhe fazer mal. Não tem culpa de ser filha de um homem como este – disse apontando com nojo para meu pai.

Foi ai que eu vi que os livros não são reais. Eu não senti aquela vontade de lutar e defender meu amigos crescer dentro de mim. Não mesmo. A única coisa que senti naquele momento foi medo. Medo de morrer. Medo de.... de... de tudo.

Provavelmente aconteceu em uns três segundos, mas meu cérebro desacelerou a cena para que eu pudesse compreender.

A mulher que tinha me pedido para confiar nela puxou uma arma sutilmente para que ninguém percebesse, se aproximou devagar do homem:

–O sr. tem razão, ela não é a culpada por nascer desse jeito – ela puxou o gatilho – pena que você não acredita nisso.

Disparou.

Era de se esperar que o homem caísse morto no chão, mas aos poucos, foi surgindo uma gosma roxa que penetrou dentro dele pela perna e começou a se espalhar pelo corpo vagarosamente, deixando- o com uma expressão de horror na cara.

Quando ele percebeu oque estava acontecendo ( por volta de dois segundos de pois, acho ) já era tarde de mais. Ele estava congelado dos pés a cabeça.

Então a mulher começou a sofrer ataques, de todos os lados. Pelo visto, só ela havia se voltado contra o ´´chefe´´. E eu nem sabia se podia contar mesmo com ela.

Em cinco segundo fiz uma analise: roupas pretas, armas letais na mão, olhava brava para mim e veio junto com o homem que queria me matar.... hum.... acho que não ia confiar nela por enquanto.

–Corre !!! Se salve ! Vá para a rua a esquerda, eles estarão te esperando lá ! Diga o seu nome! - gritou a mulher.

Ok. Correr dali, era com certeza uma boa ideia, não era questionável. Mas com certeza eu não ia para o lugar que ela havia me mandando.

Eu conhecia um lugar seguro. Eu só tinha que reunir minha família e as meninas e levá-los para lá. De preferencia, sem morrer.

–Pai! Mãe! Meninas ! Me sigam !

Eles fizeram que sim com a cabeça e me seguiram.

Fui velozmente, sem hesitar. Eu fazia aquele caminho a anos, todas as madrugadas.

Passei direto pela sala, fiz a curva na TV, passei pela porta e fui para a grade. Ia dar errado! Naquela velocidade eles iriam conseguir nos pegar. O fato de termos corrido pelo meio de tanta gente armada os deixou em choque. Vai ver que pouca gente era burra assim. Sabia que tinha feito a coisa certa por que a mulher que tentou me ajudar fez uma cara de que eu estava louca e era para eu voltar agora. Se os caras que invadiram minha casa estavam contra, eu estava a favor.

Se bem que ela congelou o chefe. E ( felizmente ) não tentou me matar.... bom, qualquer que fosse o motivo daquelas coisas, agora era tarde. Ou seriamos pegos, ou … seriamos pegos mais tarde. Mas quanto mais adiasse melhor.

Comecei a correr pela rua. Ai a ficha de tudo que aconteceu e eu comecei a sentir que o meu corpo estava ficando cansado.

Não me dei ao luxo de olhar para traz. Tinha que confiar que os passos que eu escutava as minhas costa eram dos amigos e não dos inimigos.

Quando chegamos no esconderijo, mandei todos entrarem na minha frente.

O lugar se tratava de um buraco de 5 metros de largura e 15 de profundidade. Quando eu achei lugar, o buraco estava completamente sujo. Como se o tivessem feito a muito tempo. A única coisa que eu tive que fazer foi refazer os detalhes, colocar comida embaixo, higienizar, colocar sistemas de alarme e BUM, meu mundinho estava pronto.

Meu pai e minha madrasta relutantes, foram os primeiros a descer.

–Malu... - Ariana desabou em lagrimas – eu... eu estou com medo! Eu sempre me finjo de forte e uso essas roupas e … desculpa... desculpa por duvidar de você muitas vezes e …

Olhei para Carol, que olhava fixamente para mim, como se eu fosse um monstro ou não sei oque. Dava para perceber que as duas estavam em choque. Mas eu esperava que a Carol desabasse primeiro, e pelo contrário, ela estava parecendo mais forte que eu no momento.

– Olha, não pensem que eu não estou com medo, por que oque eu mais queria no minuto anterior era aula de geografia, por mais absurdo que seja. Mas oque eu mais quero agora? Quero todos vocês vivos.

Carol abriu a boca para falar alguma coisa quando raios vieram de todos os lados.

Um barulho ensurdecedor invadiu o ambiente, as duas abaixaram com os ouvidos tampados e eu fiz o mesmo.

O ar ficou frio e raios passavam por cima da gente.

As meninas entraram em um torpor, ficaram semiconscientes, se apoiaram na parede mais próxima. Pela primeira vez, nada disso causou efeito em mim. Eu só não sabia se era por causa do que meu pai disse ou se por que a adrenalina estava alta mesmo.

Comecei a ver tudo devagar.

Um raio passou de raspão pelo meu rosto. Oque me deixou cheia de fuligem. Mas oque me surpreendeu foi que não senti dor. Ele não causou efeito nenhum. Mas eu pude senti-lo em minha pele. Foi ai que eu me liguei, nada daquilo era letal. Era uma espécie de ilusão. Estava lá, mas não nos machucaria, só queriam nos assustar. Não deviam ter permissão de nos matar. O que quer que fossem fazer comigo ou com os outros, a vitima teria que estar viva.

Uma vez, quando tinha 4 anos, meu pai me contou uma historia de mitologia grega.

Não me lembro da historia em si. Mas lembro de que meu sonho era ser a mocinha. Corajosa. Bonita. Inteligente. Nesse momento eu tinha percebido uma coisa, todas as historias que eu li, agora me pareciam muito reais, mas nem por isso significa que os personagens eram tão corajosos e puros. Por que eu não era. Por que eu estava prestes a me render.

Mas então lembrei que se eu me rendesse, meus pais ficariam preocupados, eles pegariam as meninas junto comigo. Eu iria lutar.

Um buraco se abriu na parede. As meninas cairão no chão. Aos meus pés. Arregalei os olhos. Os homens entrando no local não tinham prestado atenção nelas, era melhor assim. Talvez se eu conseguisse jogar elas dentro no buraco... bom, elas podiam se machucar, mas tudo era melhor do que aquilo.

–Não não não... - retumbou uma voz – elas ficam, mas não sem antes darmos uma bela lição por se intrometerem no meu mundo. Agora … você …

Brotou um homem na minha frente. Ele havia conseguido sair daquela gosma toda.

–Você vem com a gente.

Uma sombra passou por traz de uma pedra que tinha rolado no chão.

Outra por traz do homem .

Uma coisa saltou do teto.

Meu coração deu um salto tão grande que achei que ia morrer ali mesmo e perder o final da historia.

–Olá, se lembra de mim? O garoto que acabou com os seus planos... hum... deixa eu ver... umas sete... não, acho que oito... vezes ? -falou a coisa com capuz em cima do meu adversário.

Aquele seria um bom momento para sair correndo.

Mas devido a lei da física, não seria possível entrar dentro do esconderijo, tirar os meus pais, pegar as minhas amigas inconscientes e arrastá-los até uma distância segura sem ser percebida.

Mas quanto as minhas amigas, eu não tive que me preocupar , elas poderiam não estar em melhor estado, mas pelo menos agora estavam acordadas.

Acontece que diante da adrenalina eu nem tinha percebido que ao pular em cima do homem, ele tinha o paralisado momentaneamente e tudo tinha parado.

Os raios, a solides do ar, o barulho... o medo.

Eu já não estava mais com medo.

Estava começando a achar que era por isso que os heróis eram tão pirados: eles passavam por tanta coisa que o cérebro deles começam a pensar tipo : isso é normal ? Então não existe , é ilusão, joga fora. Olha! Tem um ser tentando te matar ! Que interessante ! Vai lá , corra para o perigo !

As meninas estavam sentadas tossindo no chão. Ofegantes. Corri até elas.

–Desculpa pelo oque vou fazer agora... é por vocês … pode doer um pouco... me desculpem... - sussurrei tão baixo no ouvido delas que pensei que elas não tivessem ouvido. Mas logo mudei de ideia pela cara de assustada da Carol e pela forma de como a Ari tentou tomar forças para levantar e iniciar uma briga ali mesmo.

Agarrei as duas pela jaqueta – não sei como, acho que a loucura não era só mental, mas física também – as levantei e dando três passos divagares e hesitantes as joguei – com delicadeza se é que isso é possível para mim – dentro do buraco.

Pelo som deu para ver que elas caíram sobre algo fofo, tipo... meus pais.

De repente tudo voltou com um impacto ainda maior e o homem montou em cima do menino e começou a bater nele , por pouco mas estava ganhando.

Já não aguentava mais ficar ali, sem fazer nada.

Sai do meu transe e sai correndo em direção a luta.

Sem arma. Sem sapato – nem sei aonde perdi – com o cabelo na cara e meio zumbi.

Cheguei lá e estanquei com força.

Olhei pra os lados, para mim.

Com eu ia ajudar o garoto? Não precisei descobrir. Meu inconsciente descobriu primeiro.

Nos primeiros segundos, foi a sensação mais maravilhosa que eu já tive.

Vi em clarões eu explodir o homem que até agora não sei o nome.

Vi o olhar espantado do menino que estava lutando, do de horrorizado de um ninja que tinha acabado de chegar.

–É você a feiticeira ! - disse o menino ponderando se apontaria a arma para mim – Bom, não interessa, acho que estamos do mesmo lado.

Nesse instante, não aguentei a pressão do feitiço e cai de cabeça no chão.

Vi tudo girando. Tipo, eu tenho que parar com isso, se não vou começar a parecer o Jason de Percy Jackson (Rick Riordan).

O céu desapareceu, minha visão foi tomada por rochas vindo em nossa direção.

As paredes estavam desabando.

–Rápido !!! Faça … faça qualquer coisa que não mate a gente !!!!! - disse o menino que agora eu via como um aliado.

Tentei repetir o procedimento usado na ultima vez.

Nada.

Tentei imaginar o teto voltando ao lugar.

Nada.

Meu dedo começou a esquentar.

Era o anel.

Meu anel.

Oque meu tio me deu aos 3 meses. Bom, meu professor me deu pelo jeito.

–EU NÃO QUERO PODERES! SALVE MEUS AMIGOS E FAMILIA! ME MATE ! TIRE OS MEUS PODERES ! EU DESISTO ! - gritei para o anel.

–Não é uma boa hora para bater papo com a joia garota ! - sussurrou com ironia o garoto.

Estava pronta para me jogar em baixo das pedras quando o meu anel ficou gelado repentinamente.

Dentro da pedra que havia no anel apareceram letras.

´´ Não podemos realizar o seu desejo. A profecia precisa acabar antes ``.

What the hell...?

Não deu nem tempo para pensar.

Levantei em um colapso e empurrei todos os ninjas para o esconderijo – Por que eu não sei, mas acho que eu precisava me sentir bem por ter salvado alguém.

Só que me esqueci de um, cujo qual havia chegado no meio da luta e ainda estava parado me olhando fixamente.

–Tá pensando oque ? Entra logo nesse buraco!

Nesse momento , a parede não aguentou e o teto cedeu.

Ele saiu de seu transe e começou a correr em minha direção.

–Saia daqui! Se salve ! Por favor... não morra... eu não ia aguentar... - sussurrou ele com uma voz abafada pelo capuz.

Na emoção do momento nem percebi que era estranho um ninja morrer por mim.

A situação em si era estranha.

–Cooorre!

Ele me ajudou a levantar e apoiada nele corremos até acharmos a saída.

Fiz tanta força e fomos tão rápidos que as coisas ao meu lado começaram a ficar deformadas e embaçadas.

Comecei a tropeçar .

Não demorou para perceber que eu não ia conseguir chegar até a saída.

–Não para !

Cai no chão.

Eu não devia estar com uma aparência muito boa...

Fuligem no rosto, cabelo embaraçado e grudado no rosto por conta do suor.

Minhas roupas também não estava lá essas coisas.

Minha saia estava rasgada em um pedaço, minha blusa branca estava ficando preta e havia uma mancha de sangue, que por sinal vinha da minha cabeça.

Não deu tempo de levantar, antes, um pedaço de rocha caiu sobre minha perna.

Uma dor alucinante invadiu o meu corpo, não consegui falar nada.

Mas em compensação, brandi um grito que percorreu todo o bairro.

Não demorou muito para sentir um liquido gosmento escorrendo pela minha perna : sangue.

Uma faísca percorreu o corpo do menino.

Era impressionante o fato de eu ainda não ter morrido.

Aquilo me fez lembrar do Mike.

Podia ter passado muito tempo desde aquele dia, mas eu nunca esqueci. Bom, não é uma coisa muito normal o seu melhor amigo criar uma tempestade nele mesmo.

Só agora me ocorrera que provavelmente ele era algo... bom, algo como isso que eu estou vivendo agora. Possivelmente, todo mundo ali também fazia isso.

Droga, eu ODEIO parecer fraca.

Mas eu acho que eu não tinha muita opção. Eu estava totalmente ferrada.

–Não, NÃO NÃO NÃO. Droga! - disse o menino.

–Ai...

As pedras continuaram a cair.

–Vai logo! Alguém precisa sobreviver para tirar todo mundo do esconderijo quando isso parar.

Estava tudo escuro e a única coisa que iluminava o lugar era a lua – que agora estava a mostra – minha mão já estava encoberta pelas pedras, -na verdade, eu estava encoberta até a cintura- um brilho verde refletiu nas pedras criando uma espécie de caleidoscópio.

Ele vinha do anel.

Puxei minha mão com toda a minha força. O que causou muita dor e uma futura cicatriz.

O que vi foi muito estranho, mas não mais estranho do que vi no instante seguinte.

´´ Marilu Forge não poderá morrer pois a profecia não foi completa ``.

As pedras começaram a cair de novo, cobri o rosto com o braço e ali sim comecei a me desesperar.

Comecei a chutar, gritar, chorar e socar. Tudo para sair dali.

Uma pedra de aproximadamente 4 quilos caiu sobre minha cabeça. A ultima coisa que vi, foram cabelos pretos caindo em cima de olhos verdes.

O guerreiro, era o Mike.


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Notas finais do capítulo

Nome: Ariana Hart.

Idade: 13 anos.

Características: corajosa, forte e irônica.



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