~Jay

Depois de ir para a escola mais uma vez, finalmente cheguei em casa. Vendo que tio James tinha um presente para mim.

– O que tem ai James? – Perguntei estreitando os olhos para ver melhor, era um pacote.

– Nada. – Disse ele escondendo o pacote ainda mais.

– Tem sim, e é pra mim. Me dá logo.

– Tá bom, não sei se vai gostar porque é bem difícil acertar em um presente para você mas espero que goste sim?

– Claro.

Abri o pacote e tinha, nossa, uma guitarra.

– Adorei tio James, adorei. – Disse admirando a guitarra prateada e logo depois abraçando tio James. Era uma guitarra-machado, muito legal, decidi leva-la para qualquer lugar menos para a escola, senão eu mataria quem chegasse perto. Mas analisando melhor a ideia, vou leva-la sim, quem sabe param de mexer comigo.

– Sabia que gostaria.

– Sei, muito obrigado, agora preciso sair.

– Ok. Vai onde?

– Aqui perto, na livraria.

– Mas você nunca gostou de livros.

– Mudei de ideia. – Eu disse e sai pela porta, com a guitarra presa nas costas.

Me dirigi até a praça onde os garotos andavam de skate, era lá que encontraria o Ash, exatamente agora. O avistei conversando com alguns garotos em um banco, chegando lá os garotos começaram a olhar para mim de um jeito possessivo.

– Olha aqui. – Disse um garoto de cabelos pretos e rebeldes, calça preta rasgada em alguns lugares e camisa cinza. Seus olhos eram de um tom laranja bem legal. – Não é permitido garotas aqui, vaza.

– Deixa ela Litch, fui eu que chamei ela aqui.

– Ah. – Disse o tal Litch, se levantando com Ash logo depois. – Bom, sabe andar de Skate?

– Não mas posso aprender.

– Ela vai ser esmagada. – Sussurrou Litch para Ash de uma forma que eu ainda pudesse ouvir.

– Não vou não, me passa o Skate. – Me deram o Skate e entreguei minhas coisas ao menino que parecia ser o mais confiante de todos eles, parecia ser o mais educado no meio daqueles brutamontes.

Litch começou com umas manobras bem básicas e todas as que ele fazia eu reproduzia de um modo impressionante, não tinha medo de cair e tinha confiança, acho que era isso que estava acontecendo. Depois de mais de 20 manobras diferentes paramos para descansar. Um tempo depois eu e Ash nos afastamos dos garotos.

– Bom, Ash...o que faz da vida?

– Perturbo os outros e estudo.

– Ah, um típico Bad Boy, não sei como te aguento.

– Acho que não me aguenta, simplesmente gosta de mim.

Eu parei de andar nessa hora e olhei brava para Ash, com aquele olhar intimidador, mas nem eu conseguia intimidar aquele garoto, meu olhar não surtiu nenhum efeito.

– Como consegue ser tão frio? – Perguntei ainda o olhando nos olhos.

– Acho que do mesmo jeito que você consegue. – Ash disse desviando o olhar e indo em direção da lanchonete, avistei as meninas na lanchonete e tentei não parecer incomodada com a presença delas.

– Oi Jay. – Disse uma delas, a que eu tinha virado amiga, a tal da Jujuba, ela era legal. – Está com ele? – Ela disse meio que fazendo uma cara de nojo ao notar a presença de Ash.

– Estou. – Eu disse me pondo em frente dele.

– Ainda bem que a Marcy não está aqui. – Flama disse, uma ruivinha que eu também tinha uma certa proximidade.

– Não me culpem tá, eu mudei, ela que não me quer mais. – Disse Ash se defendendo.

Finn já tinha me contado toda a história e tenho um pressentimento que vocês também sabem de toda a história, eles eram namorados, ele vendeu o ursinho dela, eles se separaram, enfim, uma típica história de dar sono.

– Não mudou. – Eu continuei quieta enquanto eles discutiam. – E você Jay, não vai dizer nada? – Disse Jujuba me encarando.

– Não. – Falei normalmente. – Eu sinto que realmente ele mudou, acha que eu sairia com ele se Ash continuasse do jeito que era?

– Até parece que vou acreditar em você. – Dessa vez quem falou foi uma menina de cabelos curtos em Chanell, uma tal Cake, era uma Neko chata. Eu não era muito amiga dela.

– Nem eu. – Disse Fionna, uma loirinha que pagava de aventureira.

– Falem o que quiserem, vamos Ash. – Eu disse pegando na mão de Ash e o arrastado para longe.

– Espera ai. – Disse Jujuba. – Vai na minha festa hoje à noite?

– Claro. – Respondi.

E saí dali, teria uma festa do pijama na casa da Jujuba, todos iriam até os garotos, bom que eu conheço todo mundo de uma vez.

– Como aguenta elas? – Perguntou Ash dando mais uma olhada nas meninas lá atrás.

– Acho que do mesmo jeito que eu aguento você. Só que você não é tão chato, é até legal.

– Sério? Somos amigos então?

– Não força a barra. – Eu disse, logo estendendo a mão para um aperto de mãos. – Mas acho que somos sim.

Ash estendeu a mão também, logo notando o Machado-baixo nas minhas costas, de certa forma ele manteve distância quando viu “aquilo” nas minhas costas. Chegando em casa as coisas para levar a casa da Jujuba estavam prontas, como sempre Elza tinha arrumado.

– Obrigado Elza.

– Por nada querida, mal fica em casa, vejo que arranjou muitos amigos desde que chegou aqui.

– É, pensei que não seria assim mas as coisas mudaram. Escuta, a senhora viu se a biblioteca está aberta?

– Acabei de abri-la, se quiser ir lá, fique à vontade.

Fui na biblioteca, pretendendo escolher um só livro para levar, era impossível, mas correndo minhas mãos por tantos achei o assobiador. Um assassino como eu que matava por querer matar, era ótimo, o coloquei na bolça e quando eu já ia sair, James me parou.

– Vai sair de novo?

– É, acho que mal me acostumei com essa casa já que passo o dia quase todo fora.

– Pois é, mas cuidado, não vá matar ninguém.

– Sim. Tchau James, até amanhã.

Fui para o carro, pensando nas palavras de James “não vá matar ninguém”, acho que não foram só palavras, acho que foi mais um aviso, relaxa James, não tem com o que se preocupar, pelo menos não por enquanto.