Save me escrita por Bella


Capítulo 15
Quem é ele


Notas iniciais do capítulo

Vocês provavelmente querem me matar? Sim. Querem me xingar? Sim. Me bater? Sim.
Desculpem!!!!!!!!!! Eu sei eu demorei pacas dessa vez! Mas voltei! Com um capítulo novo!
Não sei quando continuo, pois nem sempre todos comentam, favoritam ou recomendam.
Boa leitura
P.S : Pra quem lê Never Gonna Be Alone, não sei quando atualizo, pois ela é mais difícil de escrever.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/586573/chapter/15

Pov Ally

Três semanas. Três semanas!

Fazem exatamente três semanas que o Austin foi embora da minha casa, e adivinhem só a novidade! A criatura sumiu e ninguém sabe onde se enfiou. Já procuramos na sua casa, no bairro, e em praticamente Miami inteira, mas sempre voltamos á estaca zero.

Minha mãe tem a doce ilusão que ele está bem, e só foi embora da nossa casa, pois não queria dar mais trabalho e nem incomodar. Quem dera fosse isso.

Eu queria muito saber o que está acontecendo com ele. E se estiverem o maltratando? Ou pior, obrigando-o a fazer algo que não queira, como roubar e até mesmo traficar.

─ Isso é ridículo! – disse Trish pela milésima vez se apoiando na mesa da praça do shopping de Miami, onde nos encontrávamos no momento.

─ Ele deve ter virado pó. – suspirou John apoiando os cotovelos nos joelhos.

─ Você acha que queimaram ele?! – Dez arregalou os olhos e segurou a gola da camisa de John, fazendo com que o mesmo se assustasse.

─ Dez. Você é burro mesmo ou fez curso? – Perguntou Trish.

─ Eu só estou preocupado com o meu amigo de infância!

─ Estou muito feliz por se importar com ele, mas se não se importa, poderia largar minha camisa antes que eu morra sufocado? – John falou rapidamente apontando desesperado para as mãos de Dez.

Dez o soltou e cruzou os braços irritado.

─ Ally, você está bem? Não falou nada desde que chegamos aqui. – Trish perguntou abanando as mãos na frente de meus olhos me fazendo voltar para a realidade.

─ Eu só queria encontra-lo. Os pais dele ligam lá em casa sempre perguntando por ele. E eu sempre minto dizendo as famosas palavrinhas “Sim, ele está ótimo”. E o que mais me aterroriza é não ter certeza disso. – Desabafei despedaçando minhas batatas-fritas intocadas com meus dedos.

─ Todos nós estamos preocupados. Mas eu tenho esperança de que vamos acha-lo mais cedo ou mais tarde. – John afagou meu braço me reconfortando e mostrando seu sorriso acolhedor. Mas o sorriso não chegava aos olhos, muito menos a sinceridade das palavras.

─ Queria acreditar nisso também. – peguei minha mochila e levantei da cadeira. – Vejo vocês amanhã na escola.

Sem dizer mais nada, me dirigi até a saída do shopping, com mil e um pensamentos fazendo alarde na minha cabeça.

Arrrg por que ele não dá sinal de vida! É simples não é? Usamos as pernas para andar, ele poderia pegar as dele e ir até minha casa, ou até a escola... dane-se! Isso está me agoniando, eu vou enlouquecer em menos de um mês se toda essa...essa...parada. Isso, é essa a palavra, se toda essa parada não se resolver.

Se eu descobrir que o loiro de 2 metros de altura (exagero) está se escondendo de nós por bíblia espontânea vontade, eu encomendo um taco de beiseball mais resistente e quebro na cabeça dele!

Cheguei em casa, corri para meu quarto e taquei a mochila em qualquer lugar. Me joguei na cama com os braços e pernas abertas e fechei os olhos tentando clarear a cabeça e me acalmar. Faz três semanas que eu não durmo direito, três semanas que não consigo me concentrar em nada, três semanas que não como direito, acho que passei de 56 para 54 quilos...

─ Três semanas...

Relaxei tentando dormir um pouco, assim quem sabe as olheiras em meus olhos ficassem um pouco menos visíveis e roxas.

Minha respiração estava ficando mais lenta, eu estava relaxando e quase entrando na inconsciência que no momento estava tão convidativa...

─ ALLY!

Caí da cama.

Senti a dor de ter batido com o chão duro e frio e gemi um palavrão. Nesse meio tempo uma baixinha de cabelos encaracolados entra mo meu quarto correndo feito louca.

─ O que você tem contra o conceito de uma tarde tranquila?! – exclamei irritada me pondo de pé.

─ O que vamos fazer! Eu não acredito nisso, se eu pegar a besta que fez isso eu bato tanto mais tanto que o cidadão nem vai saber onde estão as próprias orelhas...droga somos os melhores amigos e agora parece que somos estranhos...

─ TRISH! – gritei.

Ela parou de tagarelar feito maluca e respirou fundo recuperando o fôlego e apoiando a mão na parede.

─Fale devagar e de um jeito que não precisa de um tradutor. Você falou tão rápido que eu não entendi nada.

Ela se aproximou de mim e pegou nos meus ombros me balançando.

─ Nós.vimos.o.Austin.

Congelei. Precisei de alguns segundos para digerir aquelas informações que me deixaram paralisada. Como assim “Nós vimos o Austin?”.

─ C-como assim? – falei quase baixo demais.

─ Estávamos passando pela casa dele, quando o vimos entrar pela porta dos fundos. – começou Trish se sentando em minha cama enquanto eu continuava paralisada. – Quando percebemos que era ele, gritamos seu nome, Austin se virou e quando nos viu...

Ela suspirou fundo e hesitou, estralando os dedos olhando para o chão.

─ E quando viu vocês? ... – a incentivei.

Ela me olhou e seus olhos mostravam decepção.

─Ele nos mostrou o dedo do meio e gritou um “Vão pro inferno e sumam” do jeito mais cruel que conseguiu.

Quando a gente acha que não pode piorar, sempre piora. O Universo ás vezes brinca com a gente, ás vezes achamos que há uma escapatória dos problemas, mas por mais que tentamos fugir eles sempre nos encontra. E nossa única saída é enfrenta-los. Mas depois de ouvir a Trish me contar aquilo, fiquei em dúvida se eu realmente queria enfrentar esse.

─ Eu conheço o Austin á muitos anos, e por mais deprimido e isolado que ele fique, ele nunca faria aquilo e ainda mais com um ódio e rancor tão grande nas palavras.

─ O que será que aconteceu... – era só isso que eu pensava. Eu posso ter conhecido o Austin á praticamente um mês, mas sei que ele não faria isso.

─ Eu não sei se são drog...

─ Olá meninas! – minha mãe entrou de surpresa no quarto nos dando um susto. – Opa, foi mal ter assustado vocês... Oi Trish! Vai dormir aqui de novo?

─ Não senhora Dawson, só vim conversar rapidinho com a Ally, já estava de saída. – respondeu Trish se levantando e indo até a porta. – A gente se vê amanhã na escola Ally.

─ Eu te acompanho até a porta querida. – falou mamãe.

Eu precisava de um banho quente. Bem quente! Precisava me acalmar de algum jeito.

Fui até meu banheiro, enchi a banheira com a água mais quente que pude e entrei deixando a temperatura me acalmar.

Pode parecer exagerada a minha reação e a da Trish em relação a atitude de Austin, mas ele sempre foi educado e tudo mais...não parecia ele de acordo com Trish.

Quando somos crianças, nos ensinam as premissas básicas de qualquer ser humano. Seja educado, trate os outros bem, diga sempre obrigado e por favor. Um dia, isso fica automático, e somos assim com todos. Até o dia que não nos tratam assim, se você for uma criança, irá ficar assustado ou chorar. Mas se for um pouco mais maduro, provavelmente responderá de volta. E então? Tudo o que nos ensinaram é esquecido? Devemos mesmo nos rebaixar e bater de frente esquecendo o aprendizado de anos ensinado por nossos pais? Não há uma resposta certa. Talvez seja “não” a resposta. Ou “sim”. Ou talvez depende da situação. Quem sabe?

Saí do banho, coloquei meu pijama e desci para jantar com meus pais. Meu pai já tinha voltado de viajem, o que é bom.

─ Com fome filha? – ele perguntou.

─ Sim! Eu devia ter comido aquelas batatas-fritas no almoço...

─ Eu sempre te digo, você deve se alimentar bem, ou vai...

─...acabar passando mal, eu sei papai. – respondi sorrindo e colocando a salada em meu prato.

─ E se você passar mal, eu vou ter de te dar remédio, e eu sei o quanto odeia remédios. – falou mamãe se sentando na mesa.

Ri. Já repararam que os pais são ótimos pra dar conselhos e nos encorajar. E como as mães sempre estão lá para curar as feridas...cada um tem uma função única e que não pode ser feita tão bem pelo outro. Me pergunto como Austin se sentiu não recebendo nem os conselhos do pai, ou os cuidados da mãe...

Terminei de jantar, subi para o meu quarto e depois de quase terminar de ler o livro “A culpa é das estrelas” fui dormir. Sinceramente, ainda acho a morte do Gus desnecessária, o autor fez isso somente para deixar os expectadores tristes e surpresos...mas a morte dele não era necessária para que a história fosse triste. Ela em si já era triste o suficiente.

.........................................................

Acordei com o barulho da chuva. Legal, vamos pra escola debaixo de chuva. Ótimo.

Por mais que eu ame chuva, não amo ir pra escola quando está chovendo.

Me arrumei sem cerimônia e desci as escadas, eu e meus pais tomamos o café e papai se ofereceu para me levar até a escola. Ir de carro ou a pé? De carro lógico, eu não sou burra.

Entramos no carro, papai ligou o rádio e começamos a ouvir counting stars, essa música me lembrou de Austin. “Tudo o que me mata me faz sentir vivo”. Será que ele escutou essa música e decidiu segui-la ao pé da letra? Não duvido nada.

A possibilidade de vê-lo na escola me fez ficar ansiosa e como meu pai me conhece, ele não deixou passar a pergunta.

─ O que foi Allyzinha? – ele tem essa mania de me chamar assim. Acho esse apelido engraçado.

─ Pai, o que a gente faz quando que ajudar alguém que não quer a nossa ajuda? E não me pergunte quem é ou qual o problema da pessoa. É meio que pessoal sabe.

─ Uau, minha filha está comprometida em ajudar alguém.

─ Sim, e esse alguém não quer que eu ajude.

─ Bom, filha, ás vezes as pessoas se metem em encrencas e não aceitam ajuda. Isso é normal, pois elas tem a ideia fixa de que estão bem e não precisam do amparo de ninguém.

─ Aí é que está papai! Por que diabos as pessoas se metem nesses problemas se poderiam ter ficado quietas! – eu ainda tinha dificuldade para entender o motivo dos outros optarem pelo caminho errado, quando se sabe o que é certo.

─ Nem todos tem a capacidade de pensar com clareza em certos casos, não devemos julgar essas pessoas, pois elas erraram como qualquer um erra. Agora voltando a sua primeira pergunta, é complicado ajudar aqueles que recusam amparo, mas não impossível. Mostre pra esse alguém que o compreende e espere a hora certa para começar.

Meu pai estacionou em frente a Marino. Dei um beijo em seu rosto e sorri.

─ Obrigada papai. – agradeci .

─ Não tem de que. – sorriu de volta.

Corri pra dentro da escola, a chuva havia engrossado, vários alunos estavam aglomerados no refeitório esperando as aulas começarem, ainda faltava meia hora.

─ Ally! – ouvi a voz da Trish. A localizei no canto do refeitório junto com Dez e John.

─ Oi gente. – falei. – Novidades ? – perguntei analisando os rostos ansiosos de cada um deles.

─ Sim, uma novidade bem grande. – respondeu John apontando discretamente em determinada direção. Segui o olhar para o local indicado e quase cai.

Austin.

Ele estava com as famosas roupas pretas, seu gorro cinza e estava encostado em uma parede junto com seus amiguinhos drogados. Agora entendi o que a Trish quis dizer, ele não parecia ele. As olheiras estavam mais profundas do que eu me lembrava, parecia ter emagrecido e seus olhos que antes eram castanho chocolate claro, agora eram pretos.

Ele fumava um cigarro e quando me viu, simplesmente desviou o olhar voltando sua atenção aos outros rapazes.

Eu queria correr até ele e abraça-lo, dizer que fiquei preocupada e que senti sua falta. Mas ao mesmo tempo queria pular em seu pescoço e exigir que me explicasse o que diabos tinha dado nele!

─ Isso vai ser bom. – falei.

A meia hora se passou, o sinal tocou e todos foram para as suas respectivas salas. Eu ainda tentava não manter contato visual com Austin, mas acreditem estava difícil!

Me despedi dos meus amigos e fui para aula de biologia.

Entrei na sala, fui a primeira a chegar, coloquei meus fones de ouvido e fiquei olhando as gotas de chuva batendo contra a janela. Mas logo minha atenção foi desviada.

Austin entrou na sala, fingiu que não me viu e se sentou do outro lado da sala. Um fato sobre mim: eu ODEIO que me ignorem.

Logo os outros alunos e o professor chegaram, eu honestamente sempre prestei atenção exagerada nas aulas, mas hoje eu estava com muita coisa na cabeça para ouvir uma só sílaba que saía da boca do senhor Willian.

Demorei notar que a aula havia acabado, percebi quando todos se retiraram, menos Austin que ainda guardava suas coisas.

Respirei fundo, eu deveria falar com ele? Se eu falasse poderia me arrepender, mas se não, de todo o jeito me arrependeria. Ah que se dane!

Me pus de pé e fui andando até ele que fechava sua mochila. Contei dez segundos antes de finalmente conseguir falar alguma coisa.

─ Austin?

Ele tirou a atenção da mochila, e me olhou. Por um segundo cogitei a ideia de sair correndo. Seus olhos...eu não o estava reconhecendo. Pareciam... cruéis?

─ Err...oi Austin, eu fiquei preocupada com você.

Nada. Ele não dizia absolutamente nada, só me olhava com os mesmos olhos que ainda me assustavam.

─ Não vai falar nada? – perguntei sentindo minhas mãos suarem de ansiedade.

Ele colocou a mochila sobe o ombro e voltou a me encarar com os olhos negros.

─ Quem disse que eu quero falar com você? – ele disse com uma voz sombria e parecia ameaçadora.

Essas palavras me fizeram recuar um passo, engoli a saliva antes de obrigar minha voz a sair.

─ Desculpe, eu não entendi. – falei sussurrando. O que eu tinha? Medo. Ele não parecia o Austin.

─ Eu pensei que havia deixado claro que não queria você perto de mim. – falou ainda mais sombrio. Se eu correr, será que ele consegue me pegar? Provavelmente.

─ Mas eu não quero...

─ Eu não estou interessado no que você quer ou não quer Allycia, eu quero que você e a suas vontades se fodam. Só fique longe de mim.

Quem era aquele projeto de escuridão e o que tinha feito com o Austin?!

─ O que deu em você?! – exclamei.

─ Eu estou falando sério Allycia, me deixe em paz ou vai se arrepender! – ok. Essa ameaça foi o que mais me assustou.

─ Meu maior arrependimento nesse momento, é ter deixado você ir embora em vez de te impedir. – falei baixo ainda desacreditada em vê-lo daquele jeito.

─ É mesmo? – ele falou irritado e se aproximou de mim, e eu recuava a cada passo até encostar na parede. Ele olhou bem nos meus olhos e falou com uma frieza imensa. – E meu maior arrependimento, foi ter de salvado de ser estrupada e morta.

Acho que uma pancada teria doído menos do que aquelas palavras. Ele não disse mais nada, simplesmente saiu andando.

Eu segurava as lágrimas que lutavam desesperadamente tentando descer pelo meu rosto. Eu não acredito que ele disse aquilo! Não acredito!

A tristeza foi substituída por raiva! Eu estava furiosa! Eu chorava de raiva e tristeza!

Me sentei no chão, abracei meus joelhos e me permiti ficar sem ideia do que fazer ou falar.

Sem dúvida nenhuma, eu queria ser uma criança para poder somente ficar confusa e chorar depois dessa má resposta. Realmente, não há resposta certa do que fazer depois de escutar coisas assim.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mereço alguma coisa??? Abraços com carinho