Os Outros escrita por AKAdragon


Capítulo 14
Como Salvar?


Notas iniciais do capítulo

Como salvar uma cidade que não conheço?
Como salvar pessoas que não conheço?
Como salvar um amor que nunca foi meu?



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    Encarei Mestra Gallia com raiva. Tudo o que ela dizia entrava por um ouvido e saia pelo outro. Respirei fundo e cruzei os braços. Como ela espera que eu salve esse reino inteiro? Como posso salvar pessoas que não conheço? Nem sei que feitiço usaram primeiro!

    “Não”. Cortei a fala de Gallia. Ela olhou para mim com surpresa, como se não acreditasse e então me encarou com raiva.

— O quê!?

    “Não vou fazer nada”.

— Ah… Então você que se foda! Você tem sangue nas mãos ao se recusar a fazer isso, Pessoas inocentes, crianças inocentes vão morrer por sua causa! - Ela se levantou bruscamente e saiu do meu quarto, seguida da Mestra Lilian. Antes de sair, Lilian parou na minha porta.

— Sabe Lilly, minha irmã se sacrificou muito para encontrar alguém que pudesse ajudar Atlântida. Nunca conheci alguém que amasse tanto essa cidade. Existem muitos poucos que podem controlar a água, principalmente salgada. Ela viveu milênios no mundo humano atrás de você, e agora você se nega a salvar a cidade em que ela nasceu e viveu.

    Ela saiu do meu quarto e deixou seu discurso flutuando no ar. Suspirei e fui até minha varanda, podia ver o limite da cidade. As estrelas brilhavam no céu artificial. Olhei para a cidade e as ruas de pedras, algumas crianças passaram correndo, voltando para casa da escola. “Como podem viver sem ver o céu de verdade e tocar a água?”. Fechei os olhos e imaginei como seria se a barreira de água finalmente sumisse, mas falhei. Abri os olhos e deitei na minha cama. Me cobri com meu cobertor com imagens do mar.

 

    Estou ajoelhada ao lado de Lyra. Ela está pálida e extremamente magra. Peguei sua mão. Ela abriu os olhos e fez um sinal para eu me aproximar. Segurei minhas lágrimas e me aproximei dela. “Será que apesar de tudo, você ainda poderia me conceder um último pedido?”. Mordi meu lábio inferior e concordei com a cabeça. “Proteja Atlântida dos humanos, de uma vez por todas”. “Como eu poderia fazer isso?”. Ela enfiou a mão debaixo do travesseiro e tirou um amuleto com uma pedra preciosa azul no meio. Peguei o amuleto e a encarei com surpresa. “Use-o para trazer a cidade para o mar. Vamos ficar seguros lá”. Ela fez uma careta de dor e respirou fundo. “Vou proteger Atlântida. Eu lhe prometo, Lyubov”. Ela sorriu. “Obrigada, Lilie”.

 

    Acordo com um pulo. Estou coberta de suor, levanto da cama e corro para o enorme aquário que cobre uma parede do meu quarto. Subo em uma cadeira e enfio minha mão dentro do aquário, movo uma pedra e encontro uma alavanca. Uma outra pedra do aquário e levanta até a superfície. Vou até ela e levanto a pedra, que é uma caixa. Abro a caixa, revelando o amuleto do meu sonho. Respiro fundo e encaro a pedra, que brilha levemente na minha mão. Vou até a minha varanda, o vento bagunçando meu cabelo. Respiro o ar frio da noite e aperto o amuleto contra meu peito. Eu sei como salvar essa cidade, mas seria essa a escolha certa?

 

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    Fechei o livro que estava lendo e encarei o horizonte. Estava amanhecendo. Respirei fundo, percebi pelo canto do olho para algo no espelho se mexeu.

— Você acha que eu devia contar para Lucy a verdade?

— A verdade? Que você sabe do passado?

— Que eu não sou a sua reencarnação. Somos duas pessoas diferentes. - Olhei para o espelho, no meu lugar, estava Emily, usando aquele mesmo vestido preto de empregada.

— Ah. Essa verdade. - Ela sorriu para mim. - Eu acho que não. Deixe como está, Lucy não precisa dessa dor.

— Afinal, ela me escolheu no fim das contas, não é? Não faria nenhuma diferença.

— Você está brincando com fogo, Riley. Ela te escolheu por pena.

— Eu acho que não. - Sorri.

— Ha! Duvido.

— Cala boca. - Bati no espelho e Emily sumiu.

    Voltei a encarar o horizonte. Então me levantei e fui até a varanda, fiz uma ponte de gelo para a varanda de Lucy. Passei para o quarto dela e a observei dormindo. Abri a porta e me deitei ao seu lado. Ela se virou para mim e beijou meu nariz. Sorri para ela e a abracei. Este pode ser o último abraço que vou dar nela após lhe contar a verdade. A verdade de que não sou quem ela pensa. Quem Mestra Gallia pensa. Não sou a reencarnação de Emily, sou a reencarnação de Reilly. Lucy, peço perdão por não ser quem você pensa, mas quem sabe quando Emily voltar, você possa viver a vida que você queria ao lado dela… Ao lado de Emiliya, aquela que você rejeitou da primeira vez...


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Notas finais do capítulo

Desculpem demorar tanto! Finalmente consegui um computador para escrever! Espero que tenham gostado desse capítulo!



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