Os Outros escrita por AKAdragon


Capítulo 11
Corujas não se perdem


Notas iniciais do capítulo

Eu tinha pesadelos com isso
É tudo culpa minha
Peço desculpas por essa dor que lhe causei



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Atlântida não mudou nada desde 1015! As mesmas ruas, o mesmo céu, os mesmos prédios! Até mesmo os corredores do castelo estão iguais, mas desta vez eu não sou a Aprendiz Gallia ou Ajudante Gallia. Sou a Mestra Gallia! Tenho direitos e responsabilidades, tenho que... Que falar com o Rei Louco. Pela primeira vez na vida estou me arrependendo de alguma coisa que fiz. O Rei Louco... Ele poderia me decapitar em um piscar de olho, ou me expulsar de Atlântida! Mas isso não importa! Estou de volta! Atlantida! Eu voltei! E finalmente tenho o meu corpo de novo. Uma das piores coisas do mundo humano foi o meu corpo, só porque tinha 215 anos não quer dizer que eu tenho a aparência de uma velha! Estou de volta! Heilly teve sorte, tinha apenas 25 anos quando foi para o mundo humano, nem conhecia Atlântida direito quando foi embora e agora está presa lá, tenho dó da coitada. Mas eu estou de volta! Alta, magra, cabelo castanho escuro até a cintura, olhos âmbar, vestido lilás, botas pretas e meu lindo medalhão de coruja que vivia escondido em baixo de minhas roupas, ele é de prata, com uma coruja dividida em três partes, a cabeça, a barriga e o rabo com as patas, com detalhes em pedras preciosas pretas.

Estou jogada em um sofá mexendo em meu medalhão quando o guarda entrou no meu quarto. Logo me levantei e arrumei meu cabelo, precisava ficar apresentável para o Rei Louco. Fui conduzida até a sala do trono em silêncio, apenas o som de nossos sapatos ecoavam pelos corredores, apenas pensava no meu grupo, nos Meus jovens. Lucy, Lilly, Logan, Sarah e Riley. A sala do rei é comprida, com janelas altas, o trono ficava em um pequeno palco com três degraus de altura, no trono da rainha tinha apenas a coroa, à espera da rainha.

– Apresento-lhe Mestra Gallia.

- Senhor. Que honra conhecê-lo. - Fiz uma reverência que treinei por anos, especialmente para essa ocasião.

- Dizem trouxe meus filhos de volta. É verdade?

– Sim, senhor. Mas devo avisar-lhe que não se lembram de nada, são praticamente outra pessoa, mas suas almas são as mesmas.

– E quem são eles agora?

– Lucy, Lilly, Sarah, Logan e Riley. Infelizmente não encontrei Lyubov, se ela fosse voltar, já teria voltado.

– Então que mandem um exército atrás dela!

– Senhor se me permite, tenho um outro plano. Um plano que será mais fácil.

– O que sugere?

– Traga todos os Mestres que estão na terra dos humanos, muitos deles não sabem reconhecer almas antigas ou não conheceu seus filhos. E junto deles, Mestra Heilly. Ela é a melhor mestra em encontrar pessoas.

- Mestra Heilly? A guarda do portal?

- Exatamente.

- Realmente acha que é uma boa ideia?

– Tudo para encontrar sua filha Lyubov.

– Então que vão encontrar os outros Mestres!

Fui dispensada. Estava escurecendo, ou seja, amanhecendo no mundo humano. Encarei o céu sem sol e sem horizonte, um mago fez um céu artificial para Atlântida para podermos ter um fuso horário, mas ele não conseguiu criar um sol, apenas a lua, estrelas e nuvens. Temos um céu sem sol, mas pelo menos os humanos não nos encontram. Fui até o meu quarto e me joguei no sofá e voltei a brincar com meu medalhão de coruja. Respirei fundo e fechei os olhos, faz tantos anos que não me transformo... Mas preciso me juntar a minha família, pelo menos uma vez.

Eles moram no lado sul da cidade, exatamente no final da cidade, no único lugar onde se tem árvores. Único. Vou até à varanda do meu quarto e respiro o ar frio da noite. Fecho os olhos e me concentro na minha missão, encontrar minha família. Meu corpo inteiro começa a doer quando me transformo, minha audição se apura e a noite escura perde algumas cores, mas consigo ver tudo como se estivesse dia. Subo no corrimão da varanda e pisco algumas vezes, preciso me acostumar com o corpo de coruja. Olho em volta e abro minhas assas. Sou uma coruja de 50 centímetros de altura, a envergadura de minhas assas é de 2 metros, tenho olhos âmbar e pelagem branca, mas tenho penas cinza em volta do meu pescoço e de baixo de minhas assas. Bato minhas assas e levanto voo. Ouço alguém abrir a porta do meu quarto e volto para o corrimão e viro minha cabeça 180 graus, Lucy entra em meu quarto e olha diretamente para mim. Ela se assusta e dá um passo para trás. Quero rir, mas seguro o riso e simplesmente saio voando. Sigo para o sul, vou em silêncio no meio da noite e me sinto como uma coruja novamente, após 1000 anos, sou uma coruja. Logo avisto a pequena floresta de Atlântida.

Todas as árvores estão saudáveis e apenas uma delas é mais alta, vou até ela e pouso no galho mais alto. Após alguns minutos uma outra coruja pousa ao meu lado, ela é alguns centímetros que eu e sua plumagem é parecida com a minha, com mais penas cinzas em seu corpo. A coruja puxa algumas penas do meu pescoço, mas fico em silêncio, aceito a bronca de meu pai. Então ele faz um movimento com a cabeça e mergulha para o chão, eu o sigo quando chegamos perto do chão ele vira e voa a paralelamente ao chão, desviamos de várias árvores, tenho que seguir ele exatamente dois metros atrás dele ou irei me perder no labirinto que é a floresta, que foi desenvolvida para deixar humanos longe, dizem que se você se perder, nunca mais irá sair. Finalmente chegamos na pequena vila que ficava no coração da floresta. Meu pai se transformou antes de mim, pousei no chão e finalmente me transformei, ainda não estava acostumada. Meu pai cruzou os braços e me encarou com desdém e preocupação, mas tudo o que eu sentia era saudade, saudade dele, da minha mãe, da minha irmã. Ele me guiou até a casa dele, até a cabana do líder da vila. Ele sentou no pequeno trono de madeira de Carvalho, minha mãe entrou e sentou ao lado dele no chão. Fiz uma reverência e colei minha testa ao chão. Fiquei naquela posição até ele mandar eu me levantar novamente, quando levantei a cabeça, minha mãe me reconheceu e tampou a boca com as mãos.

- Gallia? - Ela gaguejou à beira das lágrimas.

- Sou eu mamãe. - Dei um sorriso fraco para ela.

- Por demoraste tanto para retornar? - Meu pai foi ríspido.

– Fui mandada ao mundo humano. Retornei hoje, com o meu grupo.

– E onde estão eles?

– No castelo. Eles são os filhos do Rei.

– Filhos do Rei? Mas morreram faz anos!

– Eles reencarnaram, papai. Voltaram ao mundo humano como Outros, mas é necessário encontrar Lyubov, que não consegui rastrear.

– Lyubov... Sempre foi problemática aquela menina. Ninguém conseguia controlar ela... Um verdadeiro terror.

– E está solta pelo mundo humano. Tens de ver como tudo mudou, nada se parece com o mundo dos livros de história, a magia está totalmente extinta, existem poucos que ainda conseguem se comunicar com os mortos, ler as estrelas ou ler o futuro, mas não são levados a sério. Os verdadeiros pintores que desenham as vidas antigas são educados na rua enquanto homens que não desenham nada com nada são carregados pelas ruas como deuses. Rezam por deuses que se escondem deles por medo, pois aqueles que saem ao mundo dizendo a verdade são ignorados e os que mentem são levados ao poder. Pessoas loucas são presas em prédios sem poder encontrar o mundo e são entupidas com remédios que as impedem de pensar direito. Homens e Mulheres ignoram seus filhos e as pessoas que se amam, devem se amar em segredo pois podem ser mortas por pessoas que pensam diferente.

– O mundo humano realmente mudou, não é mesmo? Os humanos se esqueceram da magia, acreditam que é uma fantasia. Apenas aqueles que realmente tem algo de especial em seus corações podem encontrar o portal para a magia, para Atlântida.

– Agora temos nossos reis de volta, podemos começar tudo de novo, podemos trazer Atlântida de volta para a superfície e mostrar aos humanos que sempre estivemos aqui.

- Pensas que será assim? Tão fácil?

– Tenho esperanças. - Cruzei os braços. - E como está Lilian?

Meu pai desviou o olhar para o chão. Minha mãe se levantou e eu a segui para fora. Ela sentou em um tronco e olhou para vila.

– Nos 100 primeiros anos depois que você foi embora, Lilian foi até o castelo para se tornar uma aprendiz. Em 1120 ela virou uma Ajudante e quando veio até aqui para contar a novidade, ela se perdeu.

– Uma coruja se perdeu?

- Ela ficou longe por muitos anos. Esqueceu do caminho. Ela ficou perdida por 10 anos. Encontramos ela no lado leste da floresta na sua forma de coruja, estava tão pequena e fraca que eu quase não a reconheci.

- Onde ela está?

Ela se transformou em uma coruja da minha altura, com penas brancas e uma máscara dourada em volta de seus olhos âmbar. Também me transformei e voei atrás dela. Fomos até o cemitério de nossa vila. Fomos até a capela e entramos nas catacumbas. No fundo havia um caixão pequeno com o nome de minha irmã, passei a mão pela placa e respirei fundo. Foi culpa minha. Ela virou uma aprendiz por que eu ui para o mundo humano. Ela foi até lá atrás de mim. Fui eu.

– Ela está aqui não é? No lugar em que eu deveria estar.

– Mas tem algo que eu preciso lhe contar. E não conte ao seu pai. Eu só encontrei o vestido dela, e no seu corpo.

– Seu vestido?

- Eu não sei onde ela está.

- Ela poderia estar viva!

– Ela poderia ter voltado ao castelo.

– Eu vou procurá-la!

Voltei para o castelo e fui atrás dos registros minha irmã foi mandada ao mundo humano no ano de 1600. O ano que encontrei a Lucy. O ano que eu deixei de ser a guarda do portal, o ano que Heilly apareceu. Heilly. Lembro-me quando a vi pela primeira vez. Ela tinha um olhar cansado, parecida estar sem dormir fazia anos, mas ela tinha 25 anos quando veio até o mundo humano. Ou ela estava mentindo? Usou uma ilusão para me enganar? Esconder que era minha irmã? Se Heilly é minha irmã... Estou trazendo minha irmã de volta para casa, de volta para mim!


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Notas finais do capítulo

Voltei povo! Estou com problemas técnicos, mas estou conseguindo! (Quase)



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