O Lado Bom De Amar escrita por Gabbi Sandin


Capítulo 7
Capítulo Seis


Notas iniciais do capítulo

Leitoras lindas que comentam *-* Obrigada!!!
Boa leitura!



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Fui acordada no domingo, com o barulho de uma mensagem chagando em meu celular.

[Bom dia Angelinazinha!!! Passou bem da farra? Quero te pedir desculpas, sabe, não acho que eu devia ter te beijado. Eu ia pedir pra você me ligar assim que você acordasse, mas, acho que você não quer nem ouvir minha voz, né? Foi mal, de verdade. Tom.]

[Deixa de ser bobo, cara! Ta tudo bem entre a gente, não to com raiva não. Fica tranquilo. Beijinhos (no rosto). Angelinazinha.]

Levantei e fui direto para a cozinha. Não me lembro de ter acordado com tanta fome como naquela manhã.

Para a minha surpresa, mamãe estava fazendo bolo de chocolate.

– Bom dia.

– Bom dia. – Mamãe e papai responderam juntos.

Sentei-me na mesa e só então percebi que Verônica não estava presente.

– Verônica. Cadê ela?

Eles se entreolharam.

– Saiu cedo. – Mamãe respondeu.

– Hm.

Tomei meu café tranquilamente sem a presença irritante da minha irmã. Quando já ia voltar para o meu quarto, meu pai falou:

– Angelina, podemos conversar rapidinho?

Sentei novamente.

– Claro.

Foi minha mãe que começou a falar.

– Mais recentemente, o salário do seu pai foi reduzido notavelmente.

– Notavelmente?

– Uns quarenta por cento. – Papai esclareceu.

– Nossa.

Eles ficaram um tempo sem falar nada. Pareciam analisar a situação.

– E então...? – Perguntei.

– Está difícil manter o aluguel e as contas.

– E os caprichos da Verônica. – Completei.

– Também. – Mamãe admitiu apesar de parecer se sentir culpada por isso.

– Se o problema for dinheiro, eu posso trabalhar e minha irmã também pode.

– Não filha não é o caso. Você só tem 15 anos. – Papai falou.

– Mas a Verônica pode, ela é 15 anos mais velha.

– Sim, ela pode. Mas ainda não é o caso.

– Então a situação não está tão crítica assim, né?

– Está. – Mamãe retomou a palavra – Mas à medida que nós vamos tomar é um pouco diferente. Não tem muito a ver com trabalho.

Arqueei as sobrancelhas.

– Nós conversamos com os pais do Rafael e eles disseram que são donos de muitas estâncias e terras, você sabia disso?

– Sabia.

– Então, eles vão conceder uma delas para nós. Vamos morar lá sem pagar nada por pelo menos seis meses até tudo se estabilizar financeiramente. Verônica vai arrumar um emprego, sua mãe também e eu também.

– Que? Mamãe? Você? Emprego novo?

Meu pai encarou minha mãe.

– Pensei que ela já soubesse.

– Não quis contar. – E virando-se para mim ela disse frustrada – Fui despedida.

– Nossa. – Não sabia o que dizer diante de tantas verdades – assustadoras – vindo á tona de uma vez só.

– E você também foi despedido, pai?

– Na verdade, não. Eu apenas quero um emprego que pague melhor e que não seja tão distante.

– Mas você da aula nessa cidade, com pode ser distante? Aqui é minúsculo. – Minha cidade era muito, muito pequena.

– Como nós vamos nos mudar, vai ficar longe.

Comecei a me assustar de verdade.

– Longe quanto?

– Bem, - mamãe começou a explicar – é um pouco longe daqui, fica na divisa entre os estados. Santa Helena é o nome da vila.

– Vila? Ai meu Deus do céu! Vila?

– Veja pelo lado bom minha filha, nós vamos nos mudar para a casa mais decente e cara de toda a vila. Todos os moradores de lá já estão informados de que a família Vasconcelos irá se mudar pra lá.

– Seria incrível se isso não fosse uma tragédia! – Comecei a chorar – Vocês querem que eu deixe meus amigos, minha escola, minha vida? Eu não quero me mudar! Não quero morar em uma vila! Por favor...

Chorei feito uma criança. Berrei muito e fiz pirraça, realmente eu fiz pirraça.

– Pelo amor que vocês têm a mim! Não me obriguem a sair desse fim de mundo para ir morar no fundo do poço de um fim de mundo! Por favor!

– Bebe isso minha filha. – Mamãe me deu um copo com água.

Olhei pra ela indignada.

– Eu só não vou arremessar essa porcaria na parede, porque não somos ricos e não temos uma coleção de copos.

Fui para o meu quarto e bati a porta com toda aminha força. Talvez aquela casa velha caísse e aí realmente teríamos um motivo para se mudar. Claro, se um teto caísse sobre a minha cabeça, eu ia morrer. Aí seria mais simples. Não teria que me mudar pra lugar nenhum.

Peguei meu celular e tinha mais uma mensagem de Tomás.

[Amigos? Tom.]

[Só se for a distância. Me liga. Angelina.]

Ele ligou meia hora depois.

– Angelina?

– Oi. – Comecei a chorar.

– O que foi? Meu beijo foi tão ruim assim? Por isso você ta chorando?

– Não, não é isso. Eu vou me mudar.

– Mudar? Pra onde? Isso é motivo de choro?

– Pra Santa Helena. Um fim de mundo igual a esse, só que pior. Fica muito longe daqui, Tom. Me ajudaaaa!

– Tá legal. Isso é motivo de choro. Por que disso agora?

Expliquei pra ele toda a situação. O desemprego da minha mãe, a redução de salário do meu pai e as estâncias da família rica do noivo da Verônica.

– Que filhos da mãe! Por que eles têm essas casas tão longe daqui?

Chorei mais ainda.

– Pois é. Odeio eles, Tom. Odeio tudo.

– Até eu?

– Não, você não.

– Que bom. Já falou pra Cecília?

– Não ainda não. Ela vai ficar muito revoltada, tenho até um pouco de medo da reação dela.

– Não vai ser pior que essa choradeira.

– Mas eu tenho meus motivos...

– Eu sei. É verdade. Eu também estaria assim.

– Sério?

– Na verdade não. Sabe Angelina, mudar pra um lugar diferente, conhecer gente nova, isso tudo pode ser bom. E quem sabe quando a situação financeira dos seus pais se estabilizar, vocês não voltam?

– Não sei não.

– A sua irmã também vai começar a trabalhar! Vai ficar tudo bem, você vai ver. Encare isso como uma viagem, um intercâmbio.

– Prefiro um intercâmbio pra Alfândega.

Ele riu.

– Mas Tom, e se essa viagem não tiver volta?

– Toda viagem tem volta, mesmo que seja breve, tem volta.

– É...

– Quer que eu converse com a Cecília?

– Claro! Obrigada. Vai me poupar de um trabalhão.

– É eu sei.

– Obrigada por me ouvir, sério.

– Ah. De nada. Eu sou ótimo com essas coisas.

– Até então.

– Até.

Então me lembrei de uma coisa.

– Tom!

– Oi?

– A propósito, você não dança muito bem. Mas, beija bem pra caramba. Até mais.

E desliguei sem deixar tempo para ele falar. Ri um pouco do que eu falei. Mas aí, voltei à realidade. Então fiquei deitada na cama, chorando, dessa vez, bem baixinho.


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