O Lado Bom De Amar escrita por Gabbi Sandin


Capítulo 3
Capítulo Dois


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Terminar com o Marcelo foi uma coisa rápida. Fiquei meio abalada, claro, mas convenhamos, foi o melhor.

Consegui dobrar o porteiro dizendo que aquele seria meu primeiro e último atraso do ano. Fiquei um tempo sentada em um dos bancos da quadra de esportes, até o segundo sinal tocar e eu infelizmente poder ir para a sala de aula.

Alguns olhares curiosos me encararam enquanto eu desfilava – como um primata com uma mochila de 10 quilos sobre as costas – até o meu lugar.

De cara fechada e nem um pouco a fim de falar, me obriguei a cumprimentar o Tomás, um amigo muito gente boa.

– E aí? – Cumprimentei sem forçar um sorriso.

– Continuo na mesma. – respondeu – Mas você perdeu uma explicação e tanto de Geografia.

– Sobre?

– Ah, isso vai ser difícil dizer, mas, posso te dizer uma coisa: nossa professora de Geografia naquele vestidinho curtinho... Visão privilegiada! Curvas maravilhosas!

– Nossa, maneiro, hein. – Respondi rápido, vendo que o outro professor já estava na sala.

Aula de matemática. Qual é! Eles ainda perdem tempo com essa matéria sem solução? Tinha uma aversão do tamanho do mundo a essa matéria.

Durante a aula, pegava meu celular de vez em quando para olhar as horas. Alguns minutos passaram, arrancando cada segundo da minha felicidade.

No intervalo, não suportei mais e comecei a chorar em silêncio. Não demorou muito para Tomás parar de conversar com o pessoal lá da frente e vir falar comigo.

– Angelinazinha, - fala sério, que apelido idiota, mas era assim que ele e Cecília me chamavam – o que foi?

Limpei as lágrimas rapidinho e expirei bem forte antes de falar.

– Já terminou um relacionamento, Tom?

Ele sentou-se na carteira da frente que estava vazia.

– Eu nunca comecei um...

Isso me fez rir um pouco.

– Mesmo que seja o melhor a fazer na maioria das vezes, não deixa de ser complicado. – Expliquei.

– Foi você ou ele?

– Eu. – Respondi e logo as lágrimas brotaram novamente. Fechei os olhos para contê-las.

– Se a Cecília estivesse aqui seria mais fácil... – Ele sorriu.

Só então notei que minha amiga não tinha vindo á aula.

– Sabe por que ela faltou?

Ele negou.

– Bom, o negócio é o seguinte, você tem que ir a muitas festas agora e pegar geral! Pegar pelo menos uns dez caras por festa. Vai esquecer rapidinho!

Sorri.

Tomás falava assim, mas, ele não era assim. Na verdade ele nunca tinha namorado nenhuma garota, e ficava com muitas. É talvez ele fosse assim, e eu só não tinha percebido.

A aula passou bem devagar. No intervalo, fiquei andando sozinha pela escola, imaginando coisas...

– E aí? – Tomás perguntou quando cheguei na sala depois do intervalo.

– E aí?

– Nada. – Ele respondeu.

Bufei lembrando que agora teríamos aula de português, ou seja, prova.

– Estudou? – Perguntei a Tomás.

– O necessário. – Ele sorriu. – E você?

– O necessário também.

Mais tarde, no fim da prova, Tomás colocou um bilhete em cima da minha mesa com rapidez.

Abri, e com a letra mais podre e sinistra estava escrito: Cola pelo amor de Deus! Não estudei merda nenhuma. Questão 7.

Eu nem sabia a resposta. Então no verso da folha escrevi: Não sei, marquei a letra D.

Joguei o bilhete em cima de sua mesa o mais rápido que pude. Ele leu e não pareceu muito satisfeito com a resposta.

Quando o sinal tocou, logo me virei para ele e perguntei:

– Por que aquela letra?

– Que?

– Por que o da letra sinistra no bilhete?

– Ah! – Ele sorriu – Se o professor pegar, não pode provar que é meu, não é a minha letra.

– Não é a letra de ninguém! Podia usar letras de forma!

– E me dar o desprazer de passar bilhetes com letras de forma, como vocês, panacas, fazem?

– Valeu, mesmo! Você tinha uma amiga panaca.

– Não tenho mais?

– Não mesmo.

– Quem vai passar cola pra mim?

– Se vira.

– Caramba, to ferrado.

– Aham.

Tomás me acompanhou até em casa no fim da aula. Ele morava algumas ruas para cima da minha, então era caminho.

– Tom, acho que vou até a casa da Lia – era como referíamos a Cecília – mais tarde. Vamos?

– Foi mal, gatinha. Tenho uma festa hoje.

– Cara, mas hoje é quarta-feira!

– Festa de família, ué.

– Hm. Tanto faz. Até amanhã.

– Até.

* * *

– Verôôônica! Pode me levar na casa da Cecília?

Assim que cheguei em casa, tomei um banho rápido e almocei. Não estava muito a fim de pegar nos estudos então pedi a minha irmã que me levasse na casa de minha amiga.

– Desculpa meu bem, mas não. – Ela respondeu berrando mais alto do que eu.

Era de se esperar que ela iria negar. Minha irmã era super imprestável.

– Caramba! Por favor!

– Nããão! Vê se vai andando e aproveita esse sol para pegar uma corzinha! Já se olhou no espelho? Tá sem cor irmã!

Respirei fundo. A única coisa que eu podia fazer era pegar uma sombrinha e sair no sol escaldante.

Ao chegar a casa da Cecília, estava suada e melada. Não sentia minhas pernas e minha boca necessitava de água como qualquer ser humano necessita de ar. Verônica ia me pagar por isso.

Logo a empregada atendeu o interfone e eu entrei.

Encontrei Cecília jogada no sofá cama da sala de estar assistindo ao canal de pesca. Tomei a liberdade, que eu sabia que tinha, peguei o controle e desliguei a televisão.

– O que foi que aconteceu com você? – Estava estática.

Cecília estava branca como farinha de trigo, seu nariz escorria e isso me fez fazer uma careta. Seu cabelo ondulado estava como um ninho de pássaros, pensei ter visto um ali no meio se mexendo, mas, de trás das almofadas, saiu o seu gato Girassol. Não sei até hoje o motivo de o gato ter esse nome péssimo, penso que é porque Cecília ganhou esse felino quando tinha apenas 4 anos, e uma criança de 4 anos não entende muito de nomes para gatos. Enfim, ela respondeu:

– Estou muito gripada. – Sua voz saiu num tom péssimo.

– Nossa! E como está!

Cecília espantou Girassol, alegando que o pelo de seu gato bege estava lhe fazendo muito mal.

– E então, o que eu perdi hoje?

Pensei um pouco antes de responder.

– Terminei com o Marcelo, intervalo solitário, prova de português, Tom pediu cola...

Ela arregalou seus olhos vermelhos e com olheiras.

– Uau! Por que terminou com ele assim, do nada?

– Não foi bem assim, do nada. Eu não amo ele. Percebi isso á um tempo.

– Desculpe, mas não sei o que dizer. Acho ele gato e legal, características difíceis em um homem só. Está perdendo.

Suspirei.

– Não estou perdendo nada. Não amo ele.

– Ok.

– Helenaaa! – Cecília gritou sua empregada – Pode por favor pedir dois hambúrgueres?

Sua empregada chegou prontamente na sala e disse em tom formal com semblante congelado.

– Acho melhor eu preparar uma sopa para a senhorita. Está tão doente e quer comer hambúrguer?

– Aff. Tem razão. Mas sabe que me sinto melhor imaginando um x-burguer bem grande aqui na minha frente!

Isso fez com que a empregada soltasse um longo suspiro.

– Sua tia não vai ficar muito satisfeita com isso.

– E me diz quando é que uma coisa satisfaz aquela mulher? – Cecília gesticulou – Por favor, peça dois x-burgueres.

A empregada assentiu. Deveria ser incrível ter alguém assim a sua disposição o dia todo, só para te trazer comida.

– Como se sente? – Perguntei a ela.

– Bem mal. Mas sinto que não tanto quanto você. Pode começar a falar.

Sorri.

– Estou péssima pra ser sincera. Não pensei que fosse ficar assim. Chorei um pouco na aula e estou me sentindo melancólica. Queria gostar dele como ele gosta de mim. Só que não dá, não consigo.

– Vai passar, o tempo é o remédio pra essa sua doença melancólica.

Assenti e sorri triste. Ela estava sendo sincera, o tempo era o único remédio.

– Acha que hambúrguer pode ajudar a superar isso?

– Quando foi que você criou esse vício por fast food?

– Quando se está gripada, sua empregada é uma mala e não tem nada que preste na tevê comida é a única opção.

– Pessoas gripadas não sentem fome quando estão gripadas.

– Pessoas gripadas normais não sentem fome quando estão gripadas. Eu sinto.

– Fato.

Logo os hambúrgueres chegaram e enquanto comíamos, estávamos online. Tomás logo ficou online também, o que era raro, já que sua vida era a gandaia.

TomJerry: Mocinhas bonitinhas! Como vão?

Angelinazinha: Acho que alguém devia estar em uma festa de família!

TomJerry: Estou! São tão chatas que logo pedi a senha do wi-fi.

CeciLia: Eu não vou bem. Tem gosma verde saindo do meu nariz.

TomJerry: Nossa. Que fascinante. Acabei de arremessar meu salgadinho pela janela. Fala sério.

CeciLia: Bem feito! Estamo comendo x-burguer!

Angelinazinha: O meu acabou de acabar. :’(

TomJerry: Rá! Estou comendo coxinhas! Duas de uma vez.

CeciLia: Na falta de mulheres... Coxinhas são boas substitutas?

Angelinazinha: KKKKKKKKKKKKKKKKK

TomJerry: É...

TomJerry: Vai faltar amanhã também, gosma verde?

CeciLia: Provavelmente.

Angelinazinha: :( Nããão.

TomJerry: Vai ficar sozinha de novo KKKKKK

Angelinazinha: Vou voltar para o Marcelo para não ter que depender de vocês. Toscos.

CeciLia: Legal. Mas acho que devia andar com o Tom.

TomJerry: E arruinar minha reputação com essa cara chata de sono? Não mesmo.

Angelinazinha: Chato.

TomJerry: Vou tentar melhorar isso. Tenho que ir. Hasta La Vista Baby’s!

CeciLia: Não sou sua “baby”.

Angelinazinha: :p

Mais tarde minha mãe foi me buscar na casa da Cecília, contei do meu término para ela. Ela não pareceu muito surpresa, disse que Marcelo não era um rapaz legal.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!



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