Believe in Yourself escrita por Murasaki


Capítulo 8
Simplório




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 Sonic tem o mesmo símbolo que eu tenho em meu tornozelo. - Blaze estava completamente perplexa mediante aquela afirmação. Aquilo ecoava por todos os porões de sua mente.

Mas não era apenas isso que desconcertava a felina lilás, que logo perguntou:

— Se os símbolos também estão na base, e Eggman tem relação com Demolish, por que as respostas foram verdadeiras? – Perguntou Blaze.

Tails fechou os olhos e pôs as mãos nas têmporas como gesto de certeza daquilo que já sabia antes mesmo de fazer o interrogatório.

— Eggman é um excelente ator. Consegue enganar qualquer máquina,  afinal, muitas foram inventadas por ele. Eu já estava pensando nisso, por isso, a ameaça deveria ter sido a principal forma de arrancar respostas dele. – O raposo então virou de costas para as duas e tocou no dispositivo que abria a porta. Inclinou seu rosto e continuou. – Vamos lá. Precisamos falar com Eggman, e dessa vez ele não tem como mentir para a gente.

As duas garotas seguiam Tails, que se direcionava para a sala de comando. Assim, que chegaram lá, ativaram o pouso do Cyclone, e quando todos já estavam sentados em seus lugares, o raposo resolveu questionar a felina:

— Blaze, o que você sabe sobre Demolish?

— Bom, eu só ouço boatos. Que é como uma organização criminosa. Mas isso era antes, os boatos são bem antigos. Já faz algum tempo que ouço que não se tem mais sinal deles, apesar de circular que eles estão trabalhando às escondidas.

— E o que eles faziam?

— Dizem que Demolish destruía planetas, sugava sua energia e fazia seus habitantes se tornarem... pedra.

Amy deixou escapar um susto abafado. Na certa os dois outros presentes logo desconfiaram:

— O que foi Amy? – Perguntou Tails.

A ouriça não teve facilidade para encontrar a palavras certas:

— Eu vi... No planetoide... Eu estava no quarto quando você procurava um local para pouso. Vi pela janela estátuas que pareciam ser de animais ou pessoas. Pensei que eram apenas estátuas comuns. Não pensei que fosse muito importante. Mas depois, passou uma tempestade de areia e eu não consegui ver mais nada, achei que tivesse sido coisa da minha imaginação.

Tails, escutando isto, mais uma vez pôs sua atenção para o planetoide. - Então, na certa, é um planeta que Demolish destruiu. Isso explica os símbolos e também a base. Aquelas ruínas devem ter algo importante.— pensou o raposo.

— Vamos primeiro até Eggman.

...

O retorno foi difícil, pois ainda estava chovendo, e as nuvens atrapalhavam a visão do planeta. Porém, a aterrissagem foi perfeitamente normal. Como não havia tempo, tiveram que sair da nave ainda chovendo.

Amy, Blaze e Tails deixaram o Cyclone e usaram N-Tornado para, mais uma vez, falar com Eggman. Tails parecia mais decidido do que nunca a falar com ele. No seu rosto permanecia um sentimento, misto de raiva e pena. Com certeza, o raposo amarelo já sabia como iria falar com ele.

A base se aproximava na visão daqueles que estavam no avião. Tails estava concentrado nos teclados, provavelmente preparando algo caso o reencontro com o vilão fosse conturbado. Já Amy continuava a se espantar com aquele lugar. O planeta estava árido, mas talvez não tivesse sido assim no passado, antes da invasão. Como aquele povo deve ter sofrido. — Pensou a ouriça com muito ressentimento. Demolish deve ser mais um sádico, como os Metarex, sem um pingo de misericórdia. - Amy apertou os punhos com força e sua expressão se tornou irada, e sentiu vontade de berrar e amaldiçoar Demolish. Porém, conteve-se, pois Tails anunciara a chegada:

— Pessoal, se preparem. A gente já vai entrar na área de Eggman!

...

Eggman estava sentado em sua poltrona, e como sempre, arquitetava seus grandes projetos.

Pensou no que disse para aqueles que o visitaram mais cedo. O que disse para eles era uma terrível mentira. Ele sabia que eles tinham capacidade de fazer algo grandioso. Mas, ele precisava obedecer às ordens dele.

No momento em que estava imerso em seu próprio pensamento, ouviu seu botão de alarme disparar.

Mal teve tempo de reagir e já foi surpreendido pela voz aguda do raposo amarelo:

— Parece que você tem algo a nos dizer.

O humano virou a poltrona na direção da voz, mas não disse absolutamente nada. Ficou estático. Tails, não vendo reação alguma, prosseguiu:

— Eggman, esse detector – Tails segurava-o com a mão direita. – não pode ser melhorado. Você realmente é um grande mentiroso e deve até se orgulhar por isso. Mas eu ainda estou com o controle da bomba em minhas mãos. Você decide.

O clima estava tenso, e o que demonstrava a permanência da comunicação era a troca de olhares desconfiados dos presentes. Eggman, ainda parecia calado, porém em um súbito momento, resolveu falar:

— Eu não estou com Sonic, se querem saber.

— Quem então? – Testou Blaze.

Silêncio por parte do cientista. Tails suspirou:

— Por acaso, o nome Demolish tem algo a ver com tudo isso?

Eggman arquejou. Pareceu hesitar por alguns longos segundos. Relaxou apenas quando escolheu cautelosamente suas palavras.

— Sim. Eles, os Demolish, são os responsáveis. – Disse o doutor com uma voz cansada e fadigada. Prosseguiu. – Apenas fiz uma prova de sobrevivência.

— Sobrevivência? Como assim? – Desconfiou Tails.

— Eu estava no espaço procurando um lugar para instalar minha base, para desenvolver meus projetos. Eu encontrei este planetoide aqui e aproveitei que estava abandonado. Mas quando eu cheguei, vi algo maior bem maior. Já tinha uma base instalada no planeta, só que abandonada. Eu testei a base com tiros e vi que era perfeita para meu lugar. – Eggman esticou os braços e cruzou-os. – Quando entrei, fui surpreendido por uma criatura pequena, mas muito forte. Mandei um dos meus robôs me ajudar, mas ela os impediu velozmente e sem piedade. Me derrotou, prendeu, e eu fui tomado como refém. 

O cientista fez uma grande pausa como se tivesse perdido em seus próprios pensamentos.

— O líder apareceu apenas depois de alguns dias. Ele disse que se eu fizesse o que ele mandasse ficaria vivo e poderia ficar com o planetoide se quisesse. Ele me disse que eu devia sequestrar Sonic com um robô que eu deveria inventar, mas com algumas mudanças por parte dele. Eu não sabia o porquê, pois aqueles seres que ele tinha como capangas eram muito mais fortes que os meus robôs. – Eggman apenas inclinou o rosto olhando para o vazio e continuou. - Enfim, eu construí, ajudei-o, e peguei o azulzinho. Ele está com eles agora.

Os presentes demoraram alguns instantes para absorver aquela quantidade enorme de informação. Não pareciam acreditar. Era algo realmente muito forte e maligno. Se ele era capaz de pegar Eggman e fazê-lo sequestrar Sonic de forma eficaz, todos ali pareciam não ter nenhuma chance. Tails e Amy estavam como que em estado de choque, desnorteados.

Amy sentia algo acima do ódio por Eggman. Em um gesto veloz, ela sacou o martelo e correu até Eggman. Estava prestes a ataca-lo quando foi impedida por si mesma. Foi tão rápido, que nem o gênio previu isso. A ouriça então agarrou a sua veste e gritou:

— Eggman, você tem idéia do que fez?! Você entregou Sonic nas mãos de alguém que tem um plano maligno! E se ele destrói planetas por hobbie, pode saber que ele vai voltar e vai vir atrás de você também! E se algo aconteceu com o Sonic, pode ter certeza que eu mesma vou vir e apertar aquele botão! Vou rir do seu fim. – Amy não tinha certeza das coisas que tinha dito. Talvez nem lembrasse-as poucos segundos depois. Mas isto não mudou e não iria mudar o tom de verdade que a ouriça transparecia.

Tails e Blaze ainda permaneceram calados. Num gesto mudo, o raposo chamou Amy e eles se retiraram ainda com aquela mesma face de desaprovação.

Com a saídas das únicas companhias. Eggman, solitário, não podia dizer mais nada, apenas voltou para sua posição inicial e se aconchegou mais naquela poltrona. Nada mais importava agora. Era um cientista maligno, mas agora, segundo ele, sem princípios. Novamente, desviou sua atenção para seu novo projeto. Talvez o gênio não desse tanta importância ao sentimento de culpa que tinha em mente. Mas ele estava lá, em alguma parte daquilo que podia se chamar de consciência.

Em um choro silencioso, por dentro daqueles óculos escuros, algo foi deixado escapar. Uma única lágrima desceu de seus olhos como um sinal de remorso. Era daquelas raras vezes em que Eggman chorou.

...

O destino que o trio deveria seguir era para as ruínas daquele planeta. Blaze havia cogitado a possibilidade de encontrar algo de importante para aquela investigação. O N-Tornado veio pega-los para leva-los até aquele lugar misterioso.

Os cinco minutos que o trio delongou até o encontro com o lugar os fez pensarem em Sonic. Tails tentava afastar esse pensamento, concentrando-se apenas na missão. Mas mesmo assim, aquilo o atormentava com muita vontade. Nada parecia confortá-lo agora, e só restava seguir em frente.

A chegada foi bem desconfortável. Como o clima do planeta era extremamente imprevisível, foi difícil prever se ainda estaria chovendo. Além da pesada chuva, um vento e desconhecido eram sua companhia.

Amy tinha em mãos uma sombrinha, que havia colocado na nave caso uma chuva acontecesse. Tudo parecia inóspito como todo o resto do planetoide. Mas como era o único local onde havia algo a mais do que areia, era uma diferença de cenário e tanto.

Havia pelo menos, umas trinta estátuas de pedra, contadas por Blaze. Não sabia como, mas tinha certeza que eram criaturas nativas. Ela percebeu também que aquele ambiente já era típico para ruínas. Pedras sob pedras, alguns pequenos objetos, colunas quebradas e algumas poucas paredes em pé.

Só havia uma coisa diferente de tudo. Um pilar, no meio de toda aquela tralha. Amy foi a primeira que visualizou. Resolveu ir até ele, e, em um pensamento além, ela imaginava. Difícil acreditar que alguém já morou aqui. — Refletiu a ouriça.

Não parecia apenas mais um local triste. 

...

Em Mobius a situação parecia calma. Knuckles e Cream tiveram que ficar sob a guarda do planeta. Como Knuckles não podia ficar muito longe da Esmeralda Mestre, passava a maior parte do tempo em sua ilha. Somente à manhãzinha que este ia ao encontro de Cream ver se havia algo estranho.

O dia tinha sido diferente. O equidna simplesmente não teve vontade de ir até Cream. Parecia que algo o interrompia, e ele já sabia o motivo daquele grande incômodo.

Sonic. Ele era seu rival mais forte e até mesmo irritante, mas sentia falta de sua presença, provocações e principalmente, seu carisma contagiante que afastava a poeira negra de qualquer um. Knucles pensou no quão era desnecessária, porém animadora aquela rivalidade com seu amigo azulzinho. Tornava sua vida mais feliz e menos monótona. Sorriu com algumas das suas lembranças mais divertidas e loucas.

Agora, sentia que o ouriço estava em perigo. Quem quer que estivesse com o ouriço sabia como ele se comportava, como agia e lutava. Sonic, seu idiota, onde você se meteu? — o jovem equidna deitou-se novamente sob aquele chão áspero do altar. Sua expressão, não era como a de sempre. Nem percebeu a presença da coelha cor de creme que se aproximava:

— Oi, sr. Knuckles, por que não foi lá em casa?

O Equidna permanecia na mesma posição. Cream logo percebeu sua tristeza e, curiosa, perguntou:

— O que aconteceu?

Knuckles fez esforço para levantar-se. Finalmente resolveu falar:

— Cream, onde você acha que Sonic está?

Em uma frase curta ela respondeu:

— Não sei. Mas ele deve estar bem. Ele sempre dá um jeito.

Knuckles sorriu diante da resposta inocente da coelha.

Sua atenção foi desviada para algo inesperado. Com um súbito movimento, a Esmeralda Mestre começou a brilhar, e piscar uma forte luz. O equidna logo se aproximou dela para entender o que estava acontecendo. Depois de um tempo, visualizando algo que só ele estava vendo, Cream percebeu a preocupação em sua face. Ele logo falou com a coelha com rapidez:

— Temos que falar com Tails!


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