Believe in Yourself escrita por Murasaki


Capítulo 14
Pulso




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/586364/chapter/14

— Ali! – Blaze indicou o ponto correto onde o impostor estaria.

O avião começava a se aproximar do solo. Estavam em um lugar muito próximo ao campo onde haviam estado anteriormente, em uma belíssima planície verde. 

Tails e Amy mantinham as mesmas expressões de bravura, mesmo tendo que enfrentar o mesmo inimigo após a frustrante última derrota. Blaze podia ver o brilho constante em suas faces. Era uma característica em que ela admirava nos dois amigos: apesar de não serem os seres mais fortes, nunca perdiam o otimismo e estavam sempre prontos para ajudar. A respiração de Blaze passou a ficar mais acelerada.

Ouviu a voz de Silver mais uma vez:

— Blaze, cuidado! Agora que estou em raso controle do meu corpo ainda posso falar com vocês. Mas depois, não tenho certeza. Talvez agora, quando eu me aproximar, eu ainda consiga me controlar. Mas se perceber qualquer movimento que possa colocar vocês em perigo... bem... você sabe como pode me matar.

— Não. – Blaze sussurrou, pensando mais alto que esperava. Uma lágrima camuflada escapou de seus olhos. Mas esta logo desapareceu com o poder de aquecimento térmico do corpo da felina. Amy e Tails, ouviram o sussurro amargo e estranharam a cena, mas não tinham tempo de perguntar mais motivos. Era hora de agir.

Saíram da nave e apressaram-se.

...

Blaze estava cochichando para os amigos alguns dos pontos fracos do inimigo e outras coisas que Silver havia lhe dito em telepatia, quando percebeu uma movimentação. Alguém aparecia lentamente saindo da mata.

Era Silver. Não fraquejou quando saiu completamente do meio das árvores, continuava a se aproximar. Já Amy, Blaze e Tails ainda estavam estáticos, completamente tensos. Era um momento decisivo.

Será que é ele mesmo? – Amy se perguntava.

Mas o silêncio foi quebrado pelo ouriço:

— Podem vir amigos, sou eu mesmo! – O ouriço prateado abriu os braços esperando por um sinal de compaixão. Blaze, movida pela emoção, sorriu calorosamente e começou a caminhar em direção ao seu amigo a passos lentos.

Até que, quando estava prestes a abraçar Silver fortemente, um berro se ouviu no campo:

— Cuidado Blaze! – Amy gritou desesperadamente. Blaze deu um salto mortal por puro reflexo. Ela por pouco havia desviado de um ataque mortal.

Assim que caiu por terra novamente, ouviu a voz da ouriça mais uma vez.

— Não é o Silver!

Tails estranhou a dedução e logo perguntou, sem abaixar a guarda:

— Como você sabia, Amy?

Ela levantou mais a cabeça e disse firmemente:

— Não tem brilho nos olhos dele. A cor desapareceu.

Blaze parecia relutante em concordar com a afirmação.  – Mas ela está certa. Eu não conheço esse olhar. É como se eu estivesse olhando para um assassino sádico qualquer. – Ela apertou os punhos em sinal de ira com o impostor, partindo para o ataque logo em seguida.

O rosto de Silver assumiu rapidamente uma identidade fria e calculista. Depois, se colocou em posição de batalha e começou a revidar os ataques da gata. Por estarem em um campo verde, longe da cidade, não havia muitas coisas que o ouriço poderia arremessar com seus poderes telecinéticos. Ainda assim, a felina jamais baixava a guarda.

Mais alguns minutos de uma árdua luta se estenderam quando, por um momento, Blaze pareceu estar saindo da ofensiva e assumindo mais a defensiva. Era o sinal para os seus amigos.

Tails então retirou o âmbar e entregou à Amy. E ambos se aproximaram da batalha.

O impostor observando, riu da situação:

— Raposo, raposo... Não irá conseguir me pegar da mesma mesma maneira...

Miles Prower sentiu o peso da insegurança ameaçá-lo, e um calafrio percorrer seu corpo. Mas ele lembrou-se dos grandes motivos que o levaram ali. Não poderia ceder.

O raposo, em resposta, lançou um sorriso e disse: 

— É mesmo? Vamos descobrir! Blaze, já! – O ouriço falso olhou e viu que estava no mesmo local de antes. Era uma armadilha. Blaze então se permitiu a dar o próximo passo. Seu corpo cobriu-se em chamas e assim, com a velocidade extrema, começou a girar intensamente ao redor do impostor. Blaze sabia um dos pontos fracos de Silver. Apesar de não deixar jamais de alcançar seus objetivos, a gata lilás sabia que ele temia o fogo. Já que o impostor estava em Silver, poderia estar conectado às mesmas fobias. Era um bom tiro no escuro, mas se não funcionasse... Blaze saberia o que fazer.

No entando, quando deu por si, e o grande círculo de chamas estava mais intenso que nunca, a felina percebeu que o plano parecia ter funcionado, pois o pseudo-Silver ficou desorientado.

— Vamos Tails! – Amy puxou o braço de Tails para, mais uma vez, tentar a sorte com o âmbar. Ao olhar diretamente para ela, o raposo pareceu hesitar:

— Amy, tem certeza disso?

A ouriça murmurou uma espécie de sinal afirmativo, porém com bastante firmeza e logo correu para seu lugar.

Estava tudo pronto. Todos estavam nas posições corretas. Fecharam os olhos e a luz azul começou a emanar mais uma vez. Foi então que perceberam que, entre as chamas, Silver colocou as mãos na cabeça, causando grande temor e desespero nos amigos que não tinham certeza se era mais um truque. O trio se preocupava, mas não podiam vacilar.

A pirâmide se formou mais uma vez. O brilho foi tão intenso e poderoso que seus feixes de luz se derramavam em todas as árvores ao redor e até mesmo os heróis foram obrigados a fechar os olhos.

Foi quando uma explosão aconteceu.

Amy abriu os olhos e comemorou o fato de não ter ficado inconsciente. Logo que recuperou a fala e as forças, resolveu perguntar, mesmo que ninguém fosse de fato responder:

— A gente conseguiu?

Amy não conseguia ver nada. A poeira ainda estava densa. Nada era visível além das sombras deformadas de alguém a poucos metros de distância. A névoa de terra então se dissipou lentamente e uma gota de suor frio desceu por suas têmporas. Estava imóvel. Ela viu o que não gostaria de ver.

— Tola... O corpo desse seu amiguinho é forte afinal! – Disse o Silver maligno, que apesar de ajoelhado ao chão, demonstrava na face uma nitidez crueldade.

Amy ainda permanecia estática. Arregalou os olhos e olhou em volta em busca de ajuda. – Não! – Tails e Blaze estavam caídos junto às arvores.

O impostor então se levantou e andou lentamente em direção à Amy. A ouriça rosa percebeu que as mãos dele começavam a brilhar mais uma vez. Duas esferas azuis estavam tomando forma nas palmas das mãos dele. Amy não reagia. – Corra, sua idiota! – Gritava para si mesma, todavia seu corpo não respondia ao chamado. O ouriço prata acelerou os passos e começou a correr em direção à Amy. Só restava então fechar os olhos e esperar o ataque. E foi isso que ela fez. Apertou os olhos com toda a intensidade.

Esperou. Nada aconteceu. Ainda de olhos fechados ouviu um um baque surdo. Moveu suas pálpebras e viu Silver deitado ao chão inconsciente. Analisou seu corpo e percebeu queimaduras. Mas antes disso, por uma fração de segundo, Amy podia jurar ter visto uma figura obscura e sombria deixar o corpo do ouriço prateado e fugir e meio às arvores. A mensagem chegou bem rápido a seu cérebro. Olhou para a gata, ajoelhada. Blaze estava ofegante e suja, assim como Tails, mas ainda teve forças para lançar a última carta.

...

Silver, vamos lá, seu idiota. Já se passou um dia.

Alguns minutos depois de deixarem o lugar, os amigos apressaram-se em ir ao hospital de Lightside, pois Silver estava gravemente ferido. Ele fora internado imediatamente, e passara o restante do dia e noite sendo examinado pelos médicos.

Blaze colava sua testa com força contra o vidro. Sentia a vontade de quebrá-lo, afinal, era a única barreira concreta entre ela e Silver. O jovem ouriço estava deitado na cama, ainda inconsciente. A gata lilás observava uma enfermeira colocar mais um sedativo no soro do prateado, pois o corpo dele começava a tremer-se e aquilo poderia machucá-lo mais ainda.

Naquela noite, logo que os primeiros socorros foram prestados, os amigos receberam uma notícia que mostrou o resultado daquela luta terrível:

Ele está em coma. — A voz do médico ainda ecoava na sua cabeça, zunindo como um mosquito.

A noticia chocou os três. Mas Blaze já esperava, ela conhecia seus poderes. A maneira como atacou seu amigo fora volumosa. Contudo ela não tinha escolha, pois ele estava prestes a atacar Amy. Ainda assim, ela não se consolava.

Continuava observando seu amigo ali, estendido sobre aquela cama com aparelhos ligados ao corpo todo. Mesmo com os poucos machucados externos e não tão graves tratados, a felina não aguentava olhar para o seu corpo por bastante tempo, pois ele parecia pálido. Procurou um assento próximo no estreito corredor e esperou Amy, que estava trazendo mais um café da cantina do estabelecimento.

...

Tails estava descendo até o porão do hospital. Uma pequena parte da sua testa estava enfaixada, mas não era nada grave, apenas uma pequena concussão cerebral. No seu braço estava o laptop.

Sentou-se em um banco improvisado e abriu o flip. Após digitar uma espécie de senha, aguardou a chamada por alguém.

— Pyro, câmbio... Responda Pyro.

— Ora, ora, mas que bela surpresa.

O ser estava na mesma posição de antes, nada havia mudado, como se ele não tivesse saído de lá. Como se pertencesse àquele lugar.

— Vejo que cumpriu o prazo estabelecido. Então me diga, resolveu o meu desafio? — O sarcasmo era o mesmo. O mesmo tom debochado que Eggman tinha. Pior até. 

Tails então fechou os olhos e respirou fundo:

—Sim. O desafio era descobrir o segredo do nome Demolish. E o enigma foi resolvido. Cada sílaba do nome é o início dos respectivos planetas do Eixo Rosa Negra. Denfire, Mobius, Lively e Shield.

Um silêncio breve, porém, tenso, fez Tails arquejar. Por um momento pensou na possibilidade de ter errado a resposta, mesmo que suas certezas fossem de quase cem por cento. Foi acordado por um aplauso lento nos autos falantes do seu pequeno computador. Pyro estava batendo palmas.

— Muito bem. Mas não me impressiono. Era um desafio bastante fácil.

Tails suou e franziu a testa. Se este era fácil, nem podia imaginar o que estava por vir. Mas o que raposo queria mesmo era tirar outra dúvida:

— Agora me diga, Pyro. O que você fez com Silver?

O raposo sentia um frio na barriga ao dizer tais palavras, mas não sabia exatamente porque sentia.

— Não tenho ideia de quem está falando.

— Não seja cínico. Você sabe muito bem! Se alguma coisa acontecer com ele, eu vou te caçar! Eu juro, Pyro, vou salvar Sonic e te destruir!

— Seu heroizinho ridículo, eu que faço as ameaças aqui! Você está sob o meu controle total, seguindo minhas ordens e um planeta desconhecido! Quem está caçando quem aqui?! – O vilão também perdeu as estribeiras. – Agora se divirta no planeta enquanto eu penso no seu próximo passo!

Conexão perdida. Tails fechou o flip e suspirou. Estava certo, não havia nada o que fazer agora. Só esperar.

...

Amy havia chegado aos bancos onde Blaze resolvera sentar. Entregou o café à gata e ficou ao seu lado. Ela não se pronunciou, ainda estava um pouco abalada com os eventos de poucas horas atrás.

A ouriça nunca havia cogitado a possibilidade que um dos seus amigos poderia ficar em uma situação daquela gravidade. Tão à beira do penhasco. – Da morte. – Fora algumas raras exceções, todos eles eram muito fortes e saudáveis, sempre se saiam bem em todas as batalhas. Amy nunca havia parado pra pensar que um dia, algo assim poderia acontecer.

Que poderia perder algum deles.

A ouriça, por fim, encostou-se mais na cadeira de corredor. Depois, suspirou baixinho ao perceber que aquela palavra parecia não querer deixá-la.

Morte.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!