A Batalha da Cidade escrita por Lucas C, Kevin


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!

Lucão falando aqui!

Finalmente estamos começando A Batalha da Cidade. Espero que vocês gostem de ler A Batalha da Cidade tanto quanto como gostamos de escrevê-la

Boa leitura!



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Perna direita logo depois da esquerda, olhos correndo para todos os lados e muitas pessoas surgindo na frente como se fosse uma selva humana. Minha fuga não poderia estar mais atrapalhada. Em pensar que eu faltava apenas um dia para que tudo terminasse, mas eu tinha que pular o muro da escola.

Por dias sou perseguido por alunos do Colégio Estadual, mas sempre consegui correr e me esconder. Mas hoje não tem como se esconder, são catorze pares de olhos enlouquecidos e ninguém parece se importar com um garoto de uniforme vermelho, Escola Liberdade, fugindo de catorze de uniformes azul, Colégio Estadual. Nem o porteiro de minha escola que viu dez alunos de outro colégio no portão de nossa escola e nada fez. Conclusão, pulei o muro para fugir.

Um impulso e eu já estava escalando o muro de trás, agradecendo por ser sábado e minha mochila não conter muita coisa. Três metros e meio de muro assusta, mas dez valentões assustam mais. O problema foi que antes de saltar eu deveria ter observado a rua. Completei o salto com quatro garotos vestidos de azul escuro assistindo. Gritos começaram para avisar aos outros 10 que estavam na entrada da escola.

- Ele está pulando o muro de trás! -

- Ele não está! -

Berrei tentando confundi-los. Tentativa inútil.

- Lute, seu covarde! -

- Não poderá correr para sempre! -

Eu escutava os gritos e queria gritar de volta, mas estava ficando sem fôlego. Desviar do senhor manco, saltar o carrinho de compras de uma senhora, contornar a banca de revista e me levantar após ser derrubado por uma velhinha que não gostava de pessoas correndo. Enquanto me matei na Educação Física, eles ficaram sentados esperando do lado de fora. Total desvantagem. O pior era que eu estava atrasado para buscar minha irmã.

Fugindo por 20 minutos dando voltas por ruas que mais pareciam formigueiros humanos percebi do outro lado da rua o ônibus que eu deveria pegar. Aquilo era um sinal! Provavelmente de suicídio, mas não pensei duas vezes. Corri para o meio da pista, sem olhar o que vinha. Uma buzinada forte de um carro e um motoqueiro a perder o equilíbrio. Todos olharam para o que acontecia na rua, um suicida no meio da pista.

O ônibus saia do ponto de passageiros, o motorista parecia ignorar a confusão no trânsito, mas um passageiro o fez prestar atenção em mim. O motorista olhou minha situação e abriu a porta parando o veículo. Tenho certeza que aos olhos do motorista, eu parecia mais morto do que desesperado, mas e daí?

Atravessei a outra metade da pista levando mais uma forte buzinada e entrei no ônibus que arrancou no mesmo instante. A porta se fechou atrás de mim enquanto eu respirava aliviado.

- Cuidado nas ruas, rapaz. -

O motorista falou sem me olhar, tentando segurar a risada.

- Obrigado! Vou me lembrar disso. -

- Agradeça ao passageiro ali. -

Agora era o trocador quem dizia isso. Acenei para o trocador com a cabeça, agradecendo a informação e passei pela roleta, usando o cartão escolar.

O ônibus estava praticamente vazio e isso facilitava a identificação de quem me ajudou. Havia apenas dois passageiros, sendo um meu vizinho, Rogério Silva. Pelo menos eu achava que era, estava tão sujo de cimento que eu não tinha certeza. Não sabia se ele trabalhava em uma obra. Aproximei-me para sentar ao lado dele, mas ao ver o segundo passageiro, no fundo do ônibus, mudei de direção.

Cabelos castanhos, pele clara, roupa social de calça e blazer cinza com o emblema de uma escola que eu não conhecia. A escola eu não conhecia, mas a pessoa sim. Sentei-me ao seu lado o encarando.

- Você corre bem. -

Ele comentou sem olhar, mas deu um sorriso sarcástico. Ajeitou-se no banco de forma que pudesse me encarar e analisou-me por alguns instantes. Eu sei que não impressiono, moreno magro de estatura mediana com cabelos raspados. Ainda mais trajando calça jeans, tênis all star preto com vermelho e camisa branca com mangas vermelhas. Mas, eu lá queria conquistar o amor do cara?

- Qual sua posição atual? -

Qual a minha posição atual? O motivo pelo qual era perseguido e se ele me daria alguma atenção. Afinal, ele também já foi perseguido na Batalha da Cidade.

Batalha da Cidade é uma competição para Treinadores Pokemon Juniores. Adultos tiram suas licenças profissionais aos 18 anos. Jovens a partir de 15 anos podem ter licenças juniores.

Não conheço bem a história dos pokemons, mas sei como funciona a competição. Cada Treinador Júnior se inscreve vinculado ao colégio em que estuda, recebe 3 pokemons e enfrenta o maior número de treinadores, que puder, da cidade onde estuda. Aquele que fizer mais pontos dentro de um período é sagrado vencedor.

Esse é meu primeiro ano e sonhava em enfrentar Marlon Mauta, Treinador Júnior que venceu duas vezes consecutivas a Batalha da Cidade de minha cidade, mas por algum motivo estranho não está competindo este ano. Meus sonhos estavam frustrados, até agora. Pois estou de frente para ele.

- Segundo com 790 pontos. -

- Se continuar assim, e não tentar se matar, conseguirá manter sua posição até amanhã. -

Ele disse aquilo voltando a sentar em uma posição normal, ele iria encerrar o assunto ali.

- É... -

As palavras fugiram da minha mente. Não tinha ideia do que falar com um campeão. O cara só tinha dois anos a mais e ainda assim me sentia perto de um deus.

- Sim. Sou Marlon Mauta. Não abandonei as batalhas, troquei a cidade onde estudo. Os motivos são vários, mas nenhum que valha a pena comentar. E não, não vamos batalhar! Estou cadastrado numa cidade diferente, nenhum de nós ganhará pontos. -

Pisquei algumas vezes ao escutá-lo falando tudo aquilo. Ele era bem arrogante. Mas eram as respostas para as perguntas que eu iria fazer. Será que ele já estava cansado de responder as mesmas perguntas ou eu estava tão patético na frente dele que as perguntas saltavam aos meus olhos?

- Boa sorte! -

Ele levantou-se dando sinal e preparando-se para descer as escadas do coletivo. Tão logo ele saísse o ônibus voltaria ao seu curso e eu teria perdido a minha chance. Ficaria marcado na mente dele como o patético segundo colocado de sua cidade natal que apenas corre. Ele ao menos tem que saber o meu nome.

Ele desceu e eu saltei do banco passando pela porta antes dela se fechar.

Marlon Mauta me olhou sem entender, mas logo deu uma pequena risada debochada e parou a minha frente. Não disse nada, apenas ficou a me encarar esperando que eu falasse algo. Eu não planejei essa parte. Mas, sabia o que queria.

- Mesmo que não conte pontos, quero batalhar com você. -

Ele revirou os olhos um pouco entediado. Consultou o relógio de pulso e olhou em volta. Não passava muitos veículos ali e nem havia muitas residências. Havia comércios, que estavam fechando naquele horário, e um parque mal cuidado, com grama irregular, mas bem espaçoso.

- Me dê um motivo. -

- Diversão! -

Ele abriu um sorriso genuíno instantaneamente. Eu havia me tornado Treinador Júnior por diversão e pelo visto ele também.

- Sinceramente estou cansado de gente me perseguindo por pontos. Uma batalha amistosa pode ser interessante. Mas, não saia chorando. -

Ele dizia enquanto atravessávamos a rua em direção ao parque à procura de um espaço adequado. Eu senti vontade de falar que ele é quem poderia sair chorando, mas senti que poderia estragar a oportunidade de batalhar com ele.

Quando ele parou fazendo um gesto com a cabeça, rapidamente abri a mochila e retirei minha pokeagenda. Um objeto metálico vermelho, muito semelhando a um Iphone. Mas que abria de forma deslizante revelando três pequenas esferas, metade vermelha e metade branca, as famosas pokebolas. Eu levantei o olhar para perguntar de quantos pokemons seria a batalha, mas me perdi ao ver a pokeagenda dele, igual a minha, mas completamente prateada. Nunca havia visto uma de outra cor.

- Sem distrações. Um pokemon. -

Disse ele percebendo que eu perguntaria algo e claramente não pretendia responder. Depois de ver minhas habilidades, ele mudaria sua postura. Peguei uma das pokebolas e começamos a nos afastar.

A cada passo que nos afastávamos, meu coração pulsava forte. Eu estava animado com a chance de lutar contra o Bicampeão local. Perguntava-me se seria como sempre sonhei e se Umbreon era uma boa escolha.

Umbreon é realmente misterioso e fascinante. Uma ágil raposa com um pelo negro lustroso como noite sem luar, quatro patas esguias, olhos rubros, orelhas pontudas e cauda espessa, o corpo coberto por semicírculos dourados.

Pressionei a pokebola em uma espécie de botão que havia nela e seu volume aumentou, chegando a preencher minha mão totalmente. Respirei fundo e lancei-a no ar. A esfera abriu-se e um feixe de luz branca saiu começando a materializar meu Umbreon.

Marlon olhou balançando a cabeça. Eu jurava que ele estava impressionado. Pareceu pensar na escolha que havia feito e sorriu aumentando sua pokebola, lançando-a no ar. O feixe de luz branca surgiu quando a esfera se abriu e começou a materializar algo humanoide.

Um inseto bípede com um duro exoesqueleto metálico vermelho que recobria quase todo o corpo, com exceção de algumas partes escuras mais sensíveis como o abdômen e o pescoço. Asas metálicas cinzentas retráteis e enormes garras semelhantes a pinças.

A pokeagenda, que funciona como base de dados, informou ser um Scizor, sendo muito veloz e perigoso. Sorri ao perceber que seria um duelo interessante, mas algo me incomodou. Ele não pesquisou nada sobre Umbreon em seu aparelho. Eu estava na desvantagem, pois ele conhecia os Umbreons.

- Agilidade e coloque as garras no pescoço dele. -

Eu havia sentido uma massa de ar forte deslocar-se. Logo, Umbreon, que estava a minha frente, tinha seus olhos arregalados e o corpo arrepiado. Scizor estava com a garra a centímetros de seu pescoço. Eu olhei assustado para o lugar de onde ele havia saído, havia apenas uma pequena nuvem de poeira no local. Ele podia ser tão veloz?

Geralmente eu escutava o comando adversário e via o pokemon se preparar para fazer o movimento. Eu não vi o preparar-se e nem o movimento desta vez.

- Darei uma chance. Você não estava pronto. -

Acenei com a cabeça enquanto Scizor retirava a garra de perto do pescoço de Umbreon e retornava a sua posição.

Umbreon olhou para mim irritado. Ele nunca havia perdido daquela forma. Eu precisava pensar um pouco, mas não havia tempo, Scizor já estava em sua posição inicial e em segundos estaria de novo com suas garras no pescoço de Umbreon.

- Garras de Metal. -

- Salte por cima e Rabo de Ferro. -

Scizor esticou suas garras para frente e elas ganharam um brilho acinzentado. Ele partiu para cima de Umbreon fazendo suas garras cortarem o ar. Umbreon saltou duas vezes para trás e então saltou para frente, com sua cauda também com um brilho acinzentado, mirando a cabeça do adversário.

- Use Agilidade para aumentar a velocidade. Gire o corpo para esquivar e coloque suas garras no pescoço dele. -

Scizor girou seu corpo para a esquerda escapando do Rabo de Ferro e girou de volta para seguir a trajetória de Umbreon para quando ele tocasse o chão colocasse a garra no pescoço dele.

- Use Presas de Fogo, mas antes defenda sua retaguarda com o clarão. -

Umbreon sequer girou a cabeça para ver o perigo, apenas seguiu as instruções de seu treinador. As pequenas luas em volta de seu corpo começaram a brilhar até que todo o local recebeu um flash de luz que cegou a todos.

Ninguém podia enxergar os movimentos de Umbreon, ele poderia atacar livremente. Mesmo assim estava apreensivo. Scizor estava seguindo para seu ataque numa velocidade que não podia ser acompanhada pelos olhos, ou seja, estávamos em pé de igualdade.

Meus olhos começavam a desembaçar e o silêncio me matava. Finalmente eu podia ver o que acontecia. Umbreon estava com a boca aberta para abocanhar o tórax do adversário. Seus dentes estavam enormes e possuíam um brilho incandescente. Mas, seu pescoço estava ameaçado pela garra de Scizor. Os dois pokemons se encaravam questionando se deveriam continuar.

- Acho que esse é o fim. -

Suspirei fazendo sinal para Umbreon não seguir. No final eu havia sido derrotado, mesmo que tivéssemos conseguido efetuar aquele ataque a garra teria acertado com um dano muito maior.

As presas de Umbreon voltaram à coloração branca e pareceram diminuir enquanto Scizor apenas abriu a garra e olhou para seu treinador. Marlon sorriu e com o braço direito esticou a pokebola para frente. Um feixe de luz vermelho saiu da pokebola atingindo Scizor. O pokemon inseto foi envolvido pela luz e logo desapareceu, retornando para pokebola. Sorri para meu pokemon que ainda parecia irritado e logo também o recolhi para a pokebola.

“A batalha terminou. Como são de cidades diferentes não há pontos a serem computados.”

A voz da pokeagenda de ambos soou ao mesmo tempo. Olhei a minha guardando minha pokebola sem saber exatamente o que dizer naquele momento. Era frustante não ter conseguido dar um ataque efetivo contra ele, ainda mais percebendo que ele pegou leve.

- Você é bom, Rafael. A maioria que enfrentei teria tentado seguir. Sempre atacam diretamente para derrubar o adversário usando força e mais força, sem medir consequências ou tentar conseguir uma vantagem. Gosto de encontrar treinadores como você, usando movimentos que concedam vantagem, mesmo que temporária, e que saibam a hora de sair da luta para não prejudicar seu pokemon. -

Dizendo aquilo ele começou a ir em direção à saída do parque. Eu fiquei parado alguns instantes pensando em como eu havia perdido feio e nas palavras que ele havia me dito. Ele merecia ser bicampeão. Certamente será campeão na outra cidade este ano também. Todos o aplaudirão amanhã, ao meio dia.

- Meio dia? Minha irmã! -

Saí correndo em direção à escola da minha irmã. Agora eu estava completamente atrasado para buscá-la, havia me esquecido disso completamente. Foram 10 minutos de corrida até a escola e quando cheguei, para meu desespero, o portão estava fechado.

- E essa! -

Comecei a gritar chamando pelo vigia.

- Perdeu alguma coisa? -

- Será que a irmãzinha foi levada por alguém? Alguém mal encarado com ar perigoso? -

Eu arregalei os olhos com a possibilidade que aquelas vozes anunciavam. Virei-me e me vi cercado pelos 14 alunos que me perseguiam, mas não havia sinal de minha irmã com eles. Eu fui muito burro em parar para lutar com Marlon e quem pagou por isso foi minha irmã.

As pessoas são capazes de tudo para alcançar seus objetivos. Eu não costumo ficar impressionado, mas a falta de escrúpulos desta vez passou dos limites. Sequestraram minha irmã para me obrigar a lutar? Eles não sabem quem vão enfrentar.


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Notas finais do capítulo

E então?

Mandem suas opiniões, críticas e elogios!!!

Até o próximo capítulo!