Dreamers escrita por Lady DeMarco


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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As gotas de suor eram inexistentes no rosto do jovem Edmund somente pelo frio congelante de Whitewood. O rapaz corria com agilidade desviando do traiçoeiro caminho da floresta, cheio de árvores espalhadas de maneira aleatória pelo caminho, mas Edmund desviava delas habilmente.

Havia escolhido esse caminho traiçoeiro justamente por isso já que acreditava que assim despistaria seus perseguidores mais rapidamente. Mas a floresta pregava peças também no nosso herói de cabelos cor de areia, que se via cada vez mais perdido naquele território até então desconhecido para ele, era fácil se perder em Whitewood, a paisagem parecia se repetir.

A floresta de Whitewood ficava entre o território de Constantia e Bolormaa, Whitewood era uma floresta muito extensa e a maioria de seu território era coberta por neve e árvores gigantes, o tamanho delas intimidava porem havia algo estranhamente delicado no modo como o gelo congelado cobria seus galhos secos.

Edmund estava fora dos muros imponentes de Constantia, sua terra natal, havia fugido e estavam atrás dele novamente. Pela queda drástica do clima sabia que estava indo em direção a Bolormaa mas isso ainda não ajudava muito seus sentidos de direção nesse lugar novo.

O rapaz correu e correu até se ver completamente sozinho na floresta, sem os passos pesados atrás dele ou mesmo os barulhos de tiros. Isso fez o jovem suspirar aliviado, finalmente descansaria um pouco. Porem, a mente de Edmund não parava, já traçando uma nova rota para sua fuga, afinal, seus perseguidores ainda deviam estar buscando-o e xingando-o por seu fugitivo ter se metido em um lugar tão frio como aquele.

Edmund sabia que na mente de seus perseguidores a liberdade nunca seria permitida, não para pessoas como ele.

Monstros.

Criaturas que roubam o sono de crianças à noite, criaturas que são a razão das luzes acesas na madrugada. Mais que isso, criaturas incapazes de serem compreendidas pelo homem, e isso gera um dos sentimentos mais perigosos do mundo: medo. Um sentimento que leva humanos a atos extremos, desde o simples instinto de sobrevivência até guerras.

Edmund sabia que poderia matar seus perseguidores em uma questão de segundos, mas para isso teria que despertar aquela parte de seu ser que mais odeia; aquela desprovida de humanidade e limites, aquela que assusta e devora. A parte que chamam de monstro, a razão de estar sendo perseguido. Porém, principalmente aquela que corrompeu nosso jovem fugitivo.

Como o previsto Edmund sentiu os soldados que o perseguiam se aproximando novamente, os olhos anil do jovem percorreram a floresta em busca dos donos dos passos pesados e resmungos. Assim que pode ver vultos entre as árvores revirou os olhos, eles realmente não desistem.

Cansado de fugir, o jovem resolveu espera-los e finalmente encara-los, afinal; não é como se nunca tivesse feito isso antes. Sabia que essa não era a primeira nem última vez que enviariam pessoas para captura-lo.

– Vocês não me deixam escolha. - sussurrou para si mesmo, a cada passo que dava o vento frio brincava com seu cabelo na altura do ombro e o sobretudo preto que vestia.

Edmund parou a poucos metros de seus perseguidores, eram oito soldados homens, todos armados e nem um pouco felizes de passarem a tarde em uma floresta congelante buscando um jovem atormentado.

– Olha só se não é o maldito, resolveu se entregar? - Um homem robusto disse com sua voz carrancuda, parecia ser o líder do grupo. - Só sinto em lhe dizer que isto não tornará sua captura menos cruel.

– Essa é a última chance de vocês, estou avisando. - A voz de Edmund era tranquila, como se tivesse ignorado tudo que o homem falou anteriormente. Seus olhos anil não possuíam brilho, apenas a mais simples indiferença. - Vão embora.

– Você esta me ameaçando moleque?! - O rosto redondo do homem adquiriu um tom avermelhado de raiva. - Vamos ver se tem essa marra toda quando não respirar mais! Homens peguem-no!

E com esse comando a cena mudou completamente, os homens se espalhavam pelo terreno se concentrando no seu único alvo.

Edmund escalou rapidamente uma árvore e foi pulando de uma para outra, desviando agilmente dos projeteis das armas lançados a ele. Em um dos galhos da árvore olhou para baixo e viu três homens confusos procurando-o, essa era sua deixa. Saltou em cima de um homem e golpeou o outro, aproveita a tormenta de ambos e rouba a arma que o homem deixou cair, atirando no terceiro homem, antes que os outros dois se levantem também são recebidos por várias balas. Tudo isso em segundos.

– Essa aqui já esta sem munição. - O rapaz jogou a arma inútil no chão, mas logo viu as armas dos outros dois homens que havia nocauteado no chão, tomou uma em cada mão.

Não demorou muito para ver outros quatro soldados se aproximando e atirando. Os tiros passavam de raspão, mas nunca atingiam o ágil rapaz, que agora corria na direção oposta dos homens.

– Mas o que ele esta fazendo? - Um dos soldados se perguntou ao reparar que o jovem atirava para cima sem parar com suas duas armas, ao ouvir a madeira rachando o soldado entendeu o objetivo de Edmund, mas era tarde de mais. Tudo que consegui exclamar foi:

– Cuidado!

O grito do soldado foi interrompido por galhos gigantes cobertos com camadas de gelo, soterrando os quatro homens.

Edmund desviou o rosto e seguiu em frente largando as duas armas sem munição no chão. Achou que não havia sobrado mais ninguém mas acabou dando de cara com o líder robusto, aparentemente o último sobrevivente.

– Moleque esperto, mas precisará de muito mais para me derrotar do que aqueles inúteis. Por que não desiste de uma vez como aqueles seus outros amigos imundos? Só não o mato porque o chefe não quer isso, se fosse por mim estaria morto como todas aquelas outras aberrações!

Edmund franziu o cenho, a escuridão inundou seus olhos, desmanchando a expressão impassível que estampava seu rosto até então.

– Não ouse mencionar eles. - A voz do rapaz saiu um tanto estrangulada pela raiva que começava a brotar em si. O líder sabia que estava cutucando uma séria ferida no momento.

– Não irei, aberrações como aquelas não merecem ser lembradas e sim esquecidas completamente na escuridão eterna da morte. - Afirmou, o nojo na voz do velho soldado era perceptível.

– Cale a boca! - Sem arma nenhuma, Edmund avançou em cima do soldado, tudo que conseguia pensar era agredi-lo. Sentia que aos poucos sucumbia para a besta dentro de si, essa raiva descontrolada era um sinal dele.

Edmund sentia os tiros perfurarem seu abdômen e braço, mas ainda assim não recuava. Seu sangue se misturando com o do homem abaixo de si.

– Finalmente vai mostrar sua verdadeira face monstro? - O velho soldado gargalhava enquanto lutava com o rapaz atormentado, ele podia ver as veias de seu pescoço saltando e os olhos anil tranquilos começavam a pulsar de uma maneira selvagem.

O monstro despertou.

Sangue, gritos, tudo foi rápido demais. Quando Edmund voltou a si, se viu deitado na neve, havia voltado ao normal, sua consciência era dele novamente, mas sua mente ainda girava um pouco com a adrenalina anterior. Levantou-se lentamente e verificou se estava ferido mas possuía apenas cicatrizes, isso graças a capacidade de cura que tinha quando estava em sua outra forma. Porem não deixou de notar o sangue em sua roupa, o sangue que não poderia ser dele.

Um flash passou por sua mente e lembrou da luta anterior, virou lentamente a cabeça já sabendo a cena sanguinária que iria encontrar. O soldado líder estava morto, mas de uma maneira grotesca, seu corpo estava estraçalhado e a cabeça virada de uma forma estranha e deformada, o pescoço quase não fazia mais parte do corpo.

Não importava de quantos homens Edmund fugia ou matava, pois ele nunca estaria verdadeiramente livre. Não enquanto o monstro desumano o habitasse, assumindo controle quando quisesse, a parte que fazia Edmund se odiar e a mesma que roubava dele aquilo que mais almejava e todos queriam lhe tirar: Sua liberdade.

O céu de Whitewood escureceu e gotas começaram a cair do céu, o silêncio da morte foi substituído por trovoadas. Era como se a própria natureza zombasse da condição patética do jovem atormentado.

Edmund fechou os olhos e levantou a cabeça, deixando as gotas geladas deslizarem pelo seu rosto e corpo, como se aquilo pudesse purifica-lo de algum modo. Deixou seus pensamentos se extraviarem, mas voltou aos seus sentidos rapidamente quando ouviu o grito de uma garota.

Seguiu o som sem pensar, escondido no meio das arvores Edmund avistou a garota. Ela tinha cabelos castanhos escuros entrelaçados em uma comprida trança, usava um casaco azul com pelos e uma bota igualmente espessa e peluda nas bordas, eram roupas estranhas para o rapaz. Edmund desconfiava que alguém andaria assim em Constantia. Será que ela era de outra região? Provável já que era proibido pessoas de Constantia circularem fora de seus muros, a não ser em casos especiais como a perseguição de poucos momentos atrás.

A garota estava caída no chão, um galho espesso de uma árvore sob sua perna misturado com pedras de gelo. A garota tentava frustradamente tirar os escombros de cima de si. Assim que ouviu o urro animal entendeu o motivo da ansiedade da garota.

A abominável criatura das neves, um Yeti.

A criatura selvagem se aproximava da garota, parecia pronta para dar o bote. Sem pensar duas vezes Edmund pegou a arma do soldado que havia matado anteriormente e disparou várias vezes no Yeti.

Após alguns segundos o Yeti cai no chão, mas estava apenas inconsciente. A jovem olha surpresa para o Yeti e logo em seguida seus olhos azuis desconfiados examinam a floresta em busca de onde veio os tiros.

Edmund escondido atrás das árvores não reparou que ainda fitava a garota e só tomou consciência disso quando seus olhares se encontraram, azul claro encarando anil escuro. A garota o encarava com suspeita e receio mas também uma inegável curiosidade brilhava em seus olhos claros, o estranhamento parecia ser mútuo.

Mas isto só durou segundos, logo Edmund recuperou sua postura e fugiu deixando a jovem sozinha para traz, já haviam acontecido coisas demais por hoje não queria mais estresse para si. E assim o jovem continuou seu caminho solitário pela floresta congelada, precisava pensar em como voltaria para Constantia sem ser pego novamente.


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Notas finais do capítulo

Não sou muito boa com cenas de ação mas espero que tenham gostado do Edmund! Qualquer erro avisem e comentem o que acharam ~~



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