Dreamers escrita por Lady DeMarco


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá! os primeiros capítulos serão mais uma introdução dos personagens, e nesse temos Eba ( se pronuncia É-ba!)

Peço que ouçam a musica abaixo quando virem [PLAY] no texto. Ajuda muito na ambientação da história então por favor~~~

musica:
https://www.youtube.com/watch?v=4S2HbET24D0



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Vila de Isolde, Região de Bolormaa

– Você tem certeza que quer fazer isso Eba? – Perguntou o oráculo à jovem sentada a sua frente.

– Absoluta. – Respondeu decidida. A dona da voz possuia um rosto pálido e serio, uma longa trança de madeixas castanhas escorriam pelo casaco azul que vestia.

– Os riscos que você corre ao tentar encontrar Asuka não serão poucos minha jovem, ela é uma poderosa bruxa; como já deve ter testemunhado, mas além de tudo ela é impiedosa. – O velho oráculo falava de maneira lenta e cautelosa, ao mesmo tempo seus olhos enrugados e sábios fitavam a moça a sua frente, como se a avaliasse.

– Como uma guardiã de Bolormaa é meu dever proteger seu bem mais valioso; o cristal Livna. Qualquer ameaça deve ser eliminada. – Eba proferia suas palavras com convicção.

Um singelo sorriso cruzou a face do velho oráculo, a determinação daquela garota era palpável e sua coragem também, não era a toa que a jovem a sua frente era uma guardiã.

– Muito bem Eba, vou apoia-lá como posso em seu destemido plano. – Eba assentiu como um gesto de agradecimento.

– Eu só desejo eliminar Asuka e sua fonte de poder de uma vez por todas, sei que o senhor tem seus meios de descobrir o paradeiro dela. Me ajude por favor.

– Para encontrar o último lugar que Asuka esteve precisamos de um objeto mágico que já teve contato com ela. Pelo que percebi você já veio preparada não?

– Sim...- Eba retirou de sua bolsa de couro tiracolo uma adaga, era pequena mas parecia extremamente afiada, manchas de sangue antigas cobriam parte de sua lâmina. – Esta era a adaga que meu pai usou em uma de suas lutas com Asuka.

– Só isso está ótimo, se me da licença...- O velho pegou com cuidado o objeto pontiagudo das mãos de Eba e sumiu entre as várias cortinas roxas que rodeavam o ambiente

A sala que Eba se encontrava, agora sozinha, era pequena. Provavelmente só para atendimentos, um espaço improvisado. Prateleiras com os mais diversos ingredientes e objetos mágicos a rodeavam, pareciam entulhados pela falta de espaço. Não era à toa afinal esta era a casa de um dos maiores oráculos de Bolormaa, além dele ser um mago excepcional.

Eba tinha uma expressão um tanto melancólica em seu rosto enquanto esperava o oráculo voltar, a adaga havia trazido lembranças de seu pai, já falecido, que um dia também fora guardião.

O dever de guardião é hereditário, passado de geração para geração há séculos, seu objetivo é garantir a proteção do cristal Livna, o terceiro cristal mágico distribuído séculos atrás pelos Suulyas, Livna é o cristal da região de Bolormaa; ele é responsável por gerar magia e proteger as vilas do clima violento e rigoroso de Bolormaa.

De acordo com as lendas o primeiro guardião foi a primeira pessoa humana que teve contato com o cristal Livna, este antigo antepassado de Eba disse ter sentido uma ligação com o cristal assim que o tocou, sentiu a importância e o poder que aquela pedra preciosa tinha, ele notou como aquele cristal ajudou a terra de Bolormaa a prosperar. Logo a necessidade de ser protegido. O homem se tornou guardião do cristal por vontade própria e as gerações seguintes seguiram com essa responsabilidade.

O desempenho físico dos guardiões é superior se comparado a de um humano comum. Guardiões são mais rápidos, ágeis e mais resistentes à dor. Esta diferença foi notada desde o primeiro guardião, dizem por ele ter sido o primeiro a tocar o cristal Livna uma parte da energia do cristal teria passado para seu sistema, expandindo suas habilidades humanas. Este poder também foi algo que passou de geração para geração, o que acabou tornando os guardiões mais preparados para seu trabalho. Parecia até que o cristal tinha consciência de toda situação e ajudou o guardião.

Atualmente, a grande ameaça que assombra as terras de Bolormaa, principalmente na Vila de Isolde, é Asuka, a bruxa do Sul. Ela já foi uma habitante comum de Isolde, isto claro, até sua ambição por poder se tornar doentia e assim ela se volta para a magia negra, virando uma bruxa nesta sua busca por poder.

Tudo começou quando Asuka tentou roubar o cristal Livna, o guardião da época impediu Asuka, lutando contra ela e perdendo sua vida, desde então ela foi expulsa de Isolde. Porém, a bruxa ainda tem sido uma ameaça constante. De tempos em tempos Asuka volta destruindo tudo que encontra, em busca do cristal e até mais que isso; uma vingança contra aqueles que a expulsaram de seu lar. Felizmente, a bruxa nunca conseguiu apoderar-se do cristal Livna, mas isso não signifique que não deixe um rastro de destruição por onde passe.

Sinceramente não se sabe por quanto mais tempo os habitantes da pacata Isolde conseguirão aguentar isso, toda vez que Asuka volta parece estar mais poderosa, certamente deve ter arranjado uma fonte de poder muito forte.

“Devemos arrancar o mal pela raiz” diz o ditado, e é exatamente isso que Eba pensa em fazer. Descobrir esta fonte e extermina-la junto com Asuka é o seu plano, e dever como protetora do cristal. Para isso resolveu contatar o oráculo da Vila e assim seguir seus passos.

[PLAY]

– Jovem Eba, acredito que irá querer ver isso. – A voz do velho oráculo ecoou pelo modesto aposento.

Eba se direcionou até o encontro do velho com passos cautelosos, intrigada com o pedido do oráculo. Quando atravessou as cortinas emaranhadas seus olhos azuis claro se arregalaram.

Uma imensa bola de cristal se encontrava no centro do cômodo de paredes altas, poucos apetrechos se encontravam nele, era como se todo aquele espaço fosse dedicado a bola de cristal a sua frente.

– ...O que é isso? – Sussurrou quase para si mesma.

– É uma bola de cristal, ela pode nos mostrar as mais diversas coisas, tanto aquelas que você quer ver quanto aquelas que sua mente repudia. Neste caso, fiz um feitiço de localização, o objeto mágico faz essa ligação para nós até a pessoa. Porem o feitiço não funciona em tempo real e mostra somente o lugar que a pessoa esteve no dia anterior.

Eba processou as palavras cheias de conhecimento do oráculo e encarou o globo cristalino a sua frente. Ele não exibia basicamente nada, estava todo preto, apenas ruídos que pareciam certa estática podiam ser ouvidos seguidos de silêncio. A jovem olhou confusa para o oráculo, mas ele parecia igualmente intrigado.

– O que...isto quer dizer? – Apontou para o cristal totalmente preenchido pela escuridão.

– Só há um lugar onde a magia é indetectável e inalcançável; um território cheio de sofrimento e ódio, o lugar onde aconteceram as grandes batalhas da Guerra de Vitalis, o mesmo lugar onde a lasca de cristal foi achada, o lugar onde tudo começou. – O oráculo encarava com uma expressão indecifrável o cristal a sua frente. – Lá as coisas funcionam em outra ordem e ritmo, o choque de dois povos e o resquício de uma guerra. Condenado e evitado por todos, a região esquecida de Gran Novena; Jenova.

– Mas porque Asuka estaria...lá? – Eba apontou para o cristal, sentia um calafrio cruzar sua espinha ao pensar no misterioso lugar. Os poucos que ousaram se aventurar por lá depois da guerra nunca voltaram. Dizem que lá o caos reina, fantasmas esquecidos ainda perambulam o território perdido e a magia parece funcionar em uma ordem diferente lá. – Como ela conseguiu chegar até lá?

Jenova ficava localizada a extremo norte do continente, para chegar até lá era preciso passar pela estrita Constantia. Além de possuir muros em volta de seu território, Constantia construiu mais um bloqueio na região norte de seu território, este impede a passagem de qualquer um a Jenova.

– Isto ainda é um mistério jovem, Jenova está além do que se é conhecido. Dizem que após a guerra todo seu território foi almadiçoado pelos espíritos raivosos dos Suulyas, daí seu caráter incomum, lendas são o que não faltam para Jenova.

– Mas como ela conseguiu passar por Constantia despercebida? E porque ela iria querer estar em um lugar condenado como esse?

– Acho que isto é sua missão não é,minha jovem guardiã?

Eba sentia sua cabeça latejar de perguntas e frustrações. Então ela também teria que ir para Jenova e almadiçoar sua própria vida?

– Mas será que ela está viva lá?

– Quando a bola de cristal detecta que a pessoa procurada está morta ele não dá retorno com nenhuma imagem, apenas uma nevoa espessa e opaca circula dentro do globo. - O oráculo coçava sua barba branca enquanto falava. - Porem neste caso houve retorno, por mais estranho que toda essa escuridão no cristal pareça, ele quer dizer algo, Asuka está viva e está em Jenova.

Eba finalmente sabia que rumo dar a sua jornada até Asuka, mas parecia se sentir mais perdida ainda. Como Asuka conseguiu sobreviver em Jenova? Como ela conseguirá sobreviver em Jenova? Isso se chegar até lá. Entretanto uma coisa a jovem morena tinha certeza; não é hora de fraquejar. Arriscar sua vida era uma consequência de seu dever como guardiã e Eba tinha plena consciência disso.

Eba levantou a cabeça para encarar o oráculo, o caminho que iria tomar era sem volta mas estava decidida.

– Eu já sei meu caminho agora, sei dos riscos mas eles não me impedirão de eliminar Asuka de uma vez por todas, só assim nossa vila poderá finalmente viver em paz junto com o cristal. Obrigada pela ajuda.

– Não há o que agradecer minha jovem, não recebi esse dom à toa. É um prazer ajudar em uma missão tão importante quanto a de um guardião.

Eba sorriu e meneou com a cabeça grata, a jovem se preparava para sair do aposento quando a voz rouca do oráculo soou novamente pelo exótico cômodo.

– Antes de partir procure o ancião chefe da vila; Dominic. Creio que ele tem algo para lhe dar.

Eba abriu a boca para perguntar como o velho sabia disso mas logo viu que era obvio. Ele era um oráculo, seu dom lhe dava essa capacidade. Como se lesse a mente da garota o velho oráculo sorriu e disse:

– Como falei anteriormente; eu não recebi este dom à toa.

XXX

– Ela já é uma mulher de 20 anos, sabe se virar sozinha, não precisa se preocupar tanto Jezibel. - Afirmou uma senhora, enquanto o burburinho na rua assistia curioso em volta.

– Mas sou a mãe dela! – Gritou franzindo o cenho.

– Não se exalte Jezibel, Eba partirá com a proteção de nossos antepassados. - Disse uma voz profunda e séria, abrindo espaço pela multidão que assistia todo burburinho, a voz pertencia ao aldeão chefe da vila, Dominic. – Estaremos mandando nossas energias a você. – Assentiu olhando para Eba.

– Obrigada Dominic. – Eba fez uma reverência com a cabeça, sua longa trança castanha escorrendo pelo ombro.

– Soube que estava me procurando guardiã.

– Sim, o oráculo me mandou falar com o senhor antes de partir.

– O dom dele é realmente impressionante e conveniente, eu ia te procurar assim que soube de seu plano, mas sua vinda até aqui já nos polpa precioso tempo.

– Sim. - Eba sorriu ao se lembrar do simpático oráculo e sua casa excêntrica e bagunçada. - A clarividência não é algo que pode ser alcançado com mágica, ele realmente é único.

– Então como deve saber, antes de ir, queria lhe dar algo. – Dominic materializou uma grande espada, sua lamina era larga e transparente, parecia ser feita de gelo, pequenas partículas cintilavam em seu interior. - Esta é a espada Kailash. – Continuou Dominic. – Já foi usada por guardiões de várias gerações, creio que esta forte o suficiente agora para poder utiliza-la também.

Eba tocou receosamente a espada, ela era imensa mas parecia tão frágil com sua lâmina quase transparente, porem ao sentir sua superfície se surpreendeu, era rígida e afiada; implacável. Ao notar a exclamação de surpresa da guardiã, Dominic deu um sorriso gentil e se aproximou.

– Esta lâmina é feita de cristais de gelo, porem foi enfeitiçada para ser dura e impenetrável como uma pedra, mas mantendo a leveza e delicadeza do gelo, diria que ela combina com você.

– Uau..eu não sei o que dizer. – A espada era tão linda, o brilho congelado da arma era hipnotizante. – Darei meu máximo para não despontar vocês.

O olhar da mãe de Eba era de derrota, ela sabia que a partida da filha era inevitável, Eba já tinha ido para missões anteriormente mas nunca para um lugar tão perigoso quanto Jenova. Lágrimas brotavam em seus olhos claros iguais ao da filha, Eba vendo a situação a abraçou.

– Ei, não precisa ficar assim, eu não estou sozinha lembra? Kai me acompanhará.

A jovem guardiã retirou de seu casaco azul uma pequena forma de urso entalhada na madeira. Na verdade era um talismã, lá dentro vivia a alma de um urso polar guerreiro e também um dos mais confiantes parceiros de batalha. O pequeno urso de madeira era apenas um meio de invocar esse espirito mágico milenar. A mãe de Eba, Jezibel, deu um pequeno sorriso ao se lembrar do simpático urso guerreiro.

– Mãe, eu vou voltar. – Afirmou com a voz mais firme que pode. – Eu prometo.

Mãe e filha ficaram abraçadas enquanto o burburinho se dispersava. Mais cedo Jezibel havia feito um escândalo com a partida de Eba para Jenova. A filha até entendia o motivo desse medo. Jezibel perdeu seu marido em um naufrago durante uma missão de guardião. Desde então ela tem esse constante medo de perder a única familia que lhe resta, sua filha.

Naquele momento Eba jurou que não importa aonde for ela nunca ousaria quebrar esta promessa.


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Notas finais do capítulo

E ai? Comentem!
Pra quem ficou curioso o amuleto de urso da Eba é assim:
http://oi60.tinypic.com/15zkw21.jpg



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