A Peregrina escrita por Bleumer


Capítulo 30
Fagulha De Esperança


Notas iniciais do capítulo

Olá, amigo leitor, venha, sente e deixe-me contar uma história...


(Um gigantesco obrigada a Selene BlackSnape pela recomendação! Suas palavras para A Peregrina foram tão apaixonadas quanto sua vontade de ler essa história. Sou mais do que grata por ter uma leitora como você aqui. Esse capítulo é dedicado a você)



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*Narrativa em Primeira Pessoa*

Acordei de súbito, com todas as memórias do que tinha acontecido voltando a minha mente. Ao abrir os olhos vi que ainda estava sendo carregada por Legolas, mais a frente estava Aragorn e Gimli. Por ter que me levar nas costas o elfo acabou ficando por último. Ao voltar meu olhar para o elfo... Vi como seu cabelo dourado reluzia quando os raios do sol batiam nele, também vi seu pescoço longo tensionado pelo esforço e por alguma razão, ao olhar para o pescoço de Legolas, senti uma vontade incontrolável de morde-lo ali. Antes que meu cérebro pudesse funcionar direito e me impedir de fazer isso... Eu já tinha aberto a boca e inclinado à cabeça na direção do dele, primeiro meus lábios tocaram sua pele e depois dei uma leve mordida em seu pescoço. Deixando uma pequena marca vermelha.

Legolas deu um pulo por ser pego de surpresa, mas pude notar sua pele se arrepiando pelo meu gesto. Na mesma hora me arrependi do que tinha feito. Pelo amor do Viajante, onde eu estava com a cabeça?!

_Acho que posso me acostumar com essa sua forma de acordar, Bleumer. - Legolas disse ao virar o rosto para o lado e me fitar, em seus lábios um sorrisinho.

_Eu... E-eu... Seu... Idiota! – Pronto. Essa foi toda a minha incrível capacidade de me expressar, acompanhada do meu rosto corado de vergonha. Minha vontade era de arrancar aquele sorriso convencido do rosto de Legolas.

_Acho que também posso me acostumar a isso. - Ele disse e riu mais um pouco, enquanto isso mantia o mesmo ritmo da corrida. Nós dois falávamos baixo, aos sussurros, ninguém podia nos ouvir... Não sei por que fazíamos isso, mas... Eu gostava. Parecia que estávamos em um mundo só nosso.

_Quanto a ser chamado de idiota, pode se acostumar mesmo.

O elfo virou o rosto mais uma vez para mim, talvez para dizer mais alguma provocação ou rir, não sei, mas dessa vez quando ele se virou, Legolas pareceu tomar consciência que meu rosto estava a poucos centímetros dele. Como um pássaro que cai em uma armadilha, meus olhos foram capturados pelo olhar de Legolas. E de novo e não pela última vez, me perdi no eterno firmamento azul que eram os olhos dele. Aquela vastidão sempre me fascinou, parecia que eu podia voar pelos seus olhos sem nunca cair. Seus olhos também se prenderam aos meus... Mas então desceram vagarosamente para meus lábios... O elfo começou a diminuir ainda mais a distância entre nossos rostos até esta a mililitros de selar um beijo... No instante que antecede o beijo... Eu usei a mão e empurrei o rosto de Legolas para trás com tudo. Com isso quase desequilibrando nós dois.

Gimli olhou para trás e vi que ele tentava entender o que tinha acontecido, mas por fim balançou a cabeça e desistiu. Acho que o anão percebeu que quando Legolas e eu estávamos juntos não éramos exatamente... Normais.

Eu ainda segurava e apertava o rosto de Legolas quando esse puxou minha mão para se libertar. O problema foi que eu ainda estava fraca por causa da minha energia vital, então acabei perdendo o equilíbrio e fui escorregando para trás, para evitar uma queda constrangedora segurei na coisa mais próxima de mim... Ou seja, nos cabelos de Legolas. Sem querer o agarrei e puxei seus cabelos com tudo. Legolas por outro lado soltou minhas pernas e tentou impedir que eu arrancasse sua cabeça enquanto grunhia de dor, mas ao fazer isso só piorou minha situação, pois agora minhas pernas escorregaram e eu estava prestes a cair de costas no chão quando Legolas em sua agilidade élfica me segurou e firmou no lugar. Assim eu pude abraçar seu pescoço e não cair...

Então eu senti onde Legolas me segurava... Aquele maldito elfo tarado estava segurando na minha bunda ao invés das minhas pernas!

_Desculpa! Não tive a intenção! - No mesmo segundo Legolas moveu suas mãos e passou a me segurar pelas coxas como antes.

_Le... Go... Las... ! – Sussurrei no tom mais irritado e frio que podia e dessa vez vi a pele do elfo se arrepiar de novo, mas dessa vez foi de medo.

_Juro! Não quis fazer algo assim! Até quis tocar em você dessa maneira... Mas não dessa maneira, entende?! Quero dizer... Eu nunca faria alg... Ai!– Legolas balbuciava qualquer besteira, só piorando sua situação e aumentando minha raiva. Aí que de súbito mordi com força sua orelha pontuda e o elfo gemeu baixinho de dor. Antes que Legolas pudesse fazer algo, ergui mão e usei as unhas para arranhar a pele do pescoço do elfo. Agora Legolas exibia três marcas minhas, uma mordida no pescoço, uma na orelha e a marca das minhas unhas em sua pele.

_Se fizer isso de novo, eu corto seu cabelo! - Sibilei irritada e Legolas apenas concordou com a cabeça, conformado.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~***~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Andamos por mais um tempo, Legolas que andou na verdade, eu só fui carregada, até que ouvimos passos pesados e rápidos. Fiquei em alerta e olhei para o horizonte, lá distante um grupo de cavalheiros galopava montados em cavalos.

Nessa hora Aragorn trocou olhares com Legolas e ambos concordam que seria melhor nos escondermos. Desci das costas do elfo, meio cambaleando no início, mas consegui acompanhar todos e correr para um amontoado de rochas e nos escondemos. Minutos depois o som dos passos dos cavalos já era forte e o chão vibrava com todo esse movimento. Então uns vinte cavaleiros em armaduras completas passaram correndo, sem nos notar. Aragorn pareceu reconhecer o estandarte que aqueles homens carregavam, então saiu do seu esconderijo e gritou.

_Cavaleiros! Que notícias trazem de Rohan?!

No instante que o guardião se fez presente todos os cavaleiros começaram a dar meia volta com seus cavalos e foram direto para Aragorn. Eu me levantei e corri para ficar ao lado do humano e protege-lo se necessário. Legolas e Gimli fizeram o mesmo e logo estávamos os quatro cercados por vinte lanças, bem pontudas, devo dizer. A situação não era das melhores. Ao olhar para o rosto dos homens, vi que todos tinham um semblante sério e triste.

Não tive muito tempo de pensar sobre isso, já que Legolas em um irritante ato de me proteger, tentava me fazer ir para trás, mas eu também fazia o mesmo com ele, então nós dois estávamos nos empurrando um para trás do outro. Ridículo isso. Vi que Aragorn levantou as mãos em sinal de paz, mas mesmo assim os homens não abaixaram suas lanças. Até que um deles, o líder provavelmente, desceu do seu cavalo e disse em um tom arrogante que me enfureceu na hora.

_O que fazem um elfo, um homem, uma mulher e um anão na Terra dos Cavaleiros? Falem já! - O tal líder ordenou enquanto caminhava na direção de Aragorn. Todos estavam tensos, eu podia ver, além de sentir meu corpo pronto para pular no cavaleiro se ele tentasse fazer algum mal a Aragorn.

_Diga seu nome, mestre dos cavalos, e eu lhe direi o meu! – Gimli falou e eu tive que concordar. O anão tinha dito algo mais do que justo, embora Aragorn pareça não ter gostado muito do tom ousado que Gimli usou. Por mim, o anão poderia berrar com o Cavalheiro que eu não me importaria. Acho que diplomacia não é o meu ponto mais forte, como também não é o de Gimli.

_Eu lhe cortaria a cabeça, anão, se estivesse um pouco mais acima do chão. - O homem a nossa frente disse, na sua voz estava evidente o nojo por Gimli. Aquilo me enfureceu ao ponto de reequipar Sora e apontar para a garganta daquele maldito. O incrível foi que Legolas também puxou sua arma, e quase em sincronia estávamos nós dois prontos para defender o anão.

_Morreria antes de desferir o golpe. - Legolas disse ao meu lado, seus olhos brilharam furiosos. No meio de toda aquela confusão eu soube naquele instante que Legolas e Gimli seriam amigos para sempre.

O cavaleiro olhou chocado para nós dois, e seus companheiros apertaram o cerco a nossa volta, agora suas lanças estavam muito perto... Perto demais. Eu estava pronta para invocar o Ar e lançar uma rajada de vento que os afastaria de nós, quando o cavaleiro olhou bem para mim, olhou de verdade para mim.

_Pelos Deuses! O que vocês fizeram com essa dama?! - O homem exclamou e parecia horrorizado. Bom, acho que minha imagem não era das melhores... Eu tinha certeza que estava abatida, pálida e com o cabelo bagunçado, minhas roupas antes brancas agora estavam manchadas com sangue, sangue de Boromir.

E eu devia ter uma expressão meio enlouquecida.

_O que?! - Gimli perguntou um pouco confuso. Eu também estava assim, o que ele pensava que tinha acontecido?

_Eu sou Aragorn, filho de ... - Aragorn começou a explicar, mas o guerreiro o interrompeu rudemente e esticou a mão na minha direção.

_Venha para cá, jovem. Não vou permitir que esses bárbaros façam nenhum mal a você. - Vi, refletido nos olhos do homem, preocupação por mim, então dei um passo a frente e aceitei sua mão. Legolas tentou me segurar, mas foi repelido pelas lanças que foram apontadas para o elfo. - Você irá conosco, está em segurança. - Ele disse enquanto passava a mão pelos meus ombros e puxava para perto, em um gesto de proteção.

Apenas o olhei e arquei uma sobrancelha. Pela minha visão periférica vi Aragorn balançar negativamente a cabeça, como se adivinhasse meus próximos atos.

_Meu senhor... Acho que entendeu errado... - Usei minha voz mais doce e o homem me olhou confuso, instantes depois eu já estava empoleirada em suas costas com Sora apontada para sua garganta. Foi tão rápido que ele não teve tempo de reagir - Eu não sou uma dama, sou uma guerreira do Viajante. Uma Anja do Destino!

Todos os homens sob o comando do cavaleiro se desesperaram ao ver seu líder sobre meu poder. Imediatamente apontaram suas lanças para mim, sem saber bem o que fazer.

_Abaixem isso! - O cavaleiro arquejou enquanto eu apertava mais a lâmina contra sua pele.

_Eu gosto do jeito que Bleumer resolve as coisas, é um bom jeito. - Gimli comentou alto, para ninguém em particular.

_Você ofendeu Gimli, apontou armas para meus amigos, interrompeu Aragorn e ousou me puxar para seu lado. Você me deixou muito irritada! Peça perdão agora ou eu corto sua garganta e espalho seu sangue imundo por esse chão. - Sibilei de um modo cortante, frio e perigoso. Eu não mataria aquele homem, nunca. Mas seria bom um blefe para ele aprender a tratar melhor as pessoas.

_Eu... Sinto muito se minhas ações foram grosseiras. - O homem falou entre os dentes, de modo falho, como se sua raiva não permitisse que ele falasse bem. Olhei para Aragorn que parecia mortificado com aquela cena, sabia que ele não estava gostando muito... Mas não da para resolver tudo na conversa e diplomacia. Tenho certeza que Gimli concorda comigo.

Por fim, o guardião balançou a cabeça aceitando o pedido de desculpas.

_Não aponte nenhuma arma para eles. Nunca mais. - Rosnei minha última frase e soltei o homem. Dei um passo para o lado e quase na mesma hora as mãos de Legolas circularam minha cintura e me trouxeram para perto. Quando o olhei vi que seu rosto era uma máscara de preocupação. Acho que a coisa que mais faço é deixar Legolas preocupado.

Talvez isso seja um dom.

O senhor dos cavalos me olhou de modo endurecido e surpreso, acho que ele não pensava que eu poderia ser tão perigosa. Bom, agora ele tinha aprendido a lição.

Aragorn respirou fundo, como se tentasse acalmar a situação e disse em uma voz controlada.

_Somos amigos de Rohan e de Théoden, seu rei! Que notícias trazem?

O cavaleiro olhou para o guardião, depois olhou bem para cada um de nós. Ele pareceria medir suas palavras, como se não tivesse certeza do que podia revelar. Por fim, olhou para o céu... Como se esperasse uma resposta e disse em uma voz triste e carregada de mágoa.

_Théoden não mais distingue os amigos dos inimigos. Nem mesmo seus familiares... Saruman envenenou a mente do rei e reivindica soberania sobre essas terras. Minha companhia é de homens leais a Rohan. Por isso fomos banidos. - Eu vi que as palavras do cavaleiro eram verdadeiras e que doía dizer cada uma delas. Seus olhos continuavam mirando o céu, mas estavam tão carregados de tristeza que o homem mais parecia olhar uma cena de guerra do que um brilhante céu azul.

_Como ele conseguiu fazer isso ao seu rei? - Perguntei me aproximando de novo do homem, dessa vez me aproximei com cautela e preocupação pela dor que ele suportava. Ele virou seus olhos para mim, desconfiado, mas me respondeu.

_O Mago Branco é astuto. Ele caminha por ai, dizem, como um velho de capuz e capa. E, por toda parte, seus espiões passam pelos nossos sentinelas. - Ao falar de espiões o Senhor dos cavalos mudou o tom... Para algo quase acusatório. Sério que ele suspeitava de nós? Éramos apenas guerreiros estranhos que andavam por suas terras. Não tinha absolutamente nada de suspeito nisso.

_Não somos espiões! Estamos caçando um bando de Uruk-hai a oeste. - Gimli disse. Tenho certeza que ele se ofendeu com a parte de ser considerado um espião.

_Eles capturaram nossos dois amigos. - Aragorn falou, provavelmente querendo explicar o resto da nossa história confusa que nos levou até aquelas terras.

–Os uruks foram destruídos. Nós os matamos durante a noite. - O cavaleiro respondeu. Percebi uma raiva contida em sua voz, como se a lembrança daquela experiência ainda fosse amarga demais. Não só isso, uma raiva também começou a tomar forma dentro de mim...

_Mas havia dois hobbits! Vocês os viram com eles? - Gimli falou enquanto gesticulava sem parar. Ele estava nervoso com a possibilidade de perder os hobbits. Todos estavam.

–São pequenos, vocês os tomariam por crianças. – O Guardião gesticulou e tentou explicar. Em seus olhos existia um fio de esperança que se misturava ao desespero.

_Não deixamos ninguém vivo. Empilhamos as carcaças e as queimamos. - O humano apontou para o horizonte e quando todos viramos a cabeça vimos uma nuvem de fumaça negra subindo e se espalhando pelo céu, o profanando.

_Mortos? – Gimli perguntou. Sua voz saiu quase como um sussurro. A dor presente na voz do anão só serviu para a ira dentro de mim crescer.

_Sinto muito. - O senhor dos cavalos disse e abaixou levemente a cabeça, em sinal de respeito. Eu olhei para meus companheiros e vi que a esperança tinha sumido dos seus olhos. Até Legolas que tinha se mantido em silêncio o tempo todo, apenas observando tudo, agora fitava o chão. Eu não podia aceitar aquilo.

Então a raiva dentro de mim explodiu.

_Parem com isso! Merry e Pippin estão vivos! Eu sei! Não deixem que algumas palavras roubem a luz e esperança do coração de vocês! - Gritei para todos os meus companheiros. Meu grito carregando minhas palavras foi tão inusitado que Gimli se assustou e pulou. - Eu estou lutando contra a dúvida que mancha meu coração agora mesmo! Lutem também! Lutem comigo! Acreditem que os pequenos estão bem! - Projetei minha voz para soar o mais firme possível, cada palavra era preenchida com minha fé. Olhei para Aragorn, Gimli e Legolas, e os vi me olhando surpresos, mas aos poucos essa surpresa foi dando lugar a uma pequena esperança. Uma fagulha de esperança ainda brilhava nos olhos dos meus amigos. Rezei para que isso fosse o suficiente.

O cavaleiro limpou a garganta, chamando nossa atenção e disse.

_Jovem dama... Digo, jovem guerreira, suas palavras acalmaram meu coração e posso dizer que também fizeram isso pelos meus homens. Uma pessoa que tem tanto amor pelos seus amigos, não pode ser um espião de Saruman. Estive errado em meu julgamento e peço que todos vocês me perdoem verdadeiramente agora. Como prova da minha boa-fé, levem esses cavalos e que eles lhes tragam melhor sorte do que aos antigos mestres. - O homem assoviou e dois dos seus homens trouxeram cavalos, nos presenteando.

Legolas e Aragorn seguraram as rédeas, enquanto isso eu olhava admirada para aqueles belos animais. Mas então algo me ocorreu.

_Senhor, peço que me perdoe também pelo meu comportamento agressivo... E por apontar uma espada para você... E por dizer que seu sangue era imundo... E por humilha-lo na frente dos seus homens... E por ameaçar mata-lo... Mas eu não iria te matar de verdade... Só quis assustar e... Bem... - Aquele era o pior pedido de desculpa da Terra-Média, disso eu tinha certeza. Cada vez que eu abria a boca uma besteira maior saia. Agora eu entendia como Legolas sentia-se quando tentava se desculpar comigo.

Olhei para o cavaleiro que já tinha montando em seu cavalo, talvez esperando que ele se irritasse de novo com meus atos e pegasse os cavalos de volta, mas o homem apenas riu de leve e balançou a cabeça para mim.

_Há muito uma mulher não tem coragem de falar assim comigo, mas você está desculpada, jovem guerreira. Se desejar, ainda pode vir conosco.

_Ela vira comigo. - Antes que eu pudesse recusar o convite, e dessa vez de uma forma mais educada, o idiota, digo, Legolas falou por mim. Além de decidir por mim também. Quantas vezes eu não já tinha falando que odiava quando ele fazia isso?!

_Como queira, mestre elfo. - O humano respondeu de forma polida do alto do seu cavalo e quando Legolas já virava-se para ir embora, o homem disse. - Diga-me, elfo, você lutou contra orcs recentemente? Sua orelha e pescoço apresentam marcas... Incomuns.

Porcaria. Nessa hora senti um pavor congelando meu corpo. O humano só podia falar das marcas que deixei sem querer em Legolas. Maldita hora que fiz isso! Se o elfo abrisse a boca e contasse a verdade, eu morreria de vergonha! E se eu morrer, isso seria bem problemático para a missão.

E também maldito humano que resolveu perguntar sobre isso! O senhor dos cavalos não podia simplesmente pegar seus cavalos e ser feliz longe daqui?! Precisava mesmo perguntar sobre isso?!

_Sim, lutei. Os orcs ficam ainda mais ousados a cada dia e aprendem novos golpes com uma velocidade impressionante. Tome cuidado com eles e boa viagem! - Legolas disse de um modo tão firme e seguro que se eu não soubesse a verdade, teria acreditado nele.

O cavaleiro e sua tropa se despediram e foram embora. Logo eles não passavam de pontinhos distantes na paisagem.

_Vamos! Vamos investigar o lugar que os homens de Rohan dizem ter matado os orcs. - Aragorn ordenou enquanto subia no seu cavalo, logo eu fui em sua direção querendo montar com ele, mas a voz de Gimli me interrompeu.

_Um anão não vai na garupa de um elfo! Peregrina, vá com Legolas e eu vou com Aragorn!

Eu já estava pronta para dizer que não queria ir com o elfo, quando percebi que aquilo só nos atrasaria mais. Respirei fundo e fui na direção de Legolas que já estava montado. Ele deu um sorriso torto para mim e ofereceu a mão para me ajudar a subir, ato que eu ignorei prontamente e usei o Ar para voar um pouco e montar no lombo do animal.

_Teimosa. - Legolas sussurrou para mim em um tom de voz divertido.

O elfo sacudiu as rédeas e o cavalo começou a andar. Em um gesto automático segurei na cintura de Legolas. Aquele animal não era estável!

_O que foi? Não gosta de andar a cavalo? - Legolas me perguntou curioso enquanto aumentava o ritmo e acompanhava Aragorn.

_Eu nunca andei a cavalo... Esses animais não existem mais em Pandora, só tinha visto eles por livros que li quando pequena.

_Então eu a ensinarei a andar a cavalo. Isso é uma promessa, Bleumer. - O elfo me garantiu, eu não podia ver sua face, mas achei que ele estava sorrindo.

Aquela ideia me animou, aquela promessa, mas então lembrei que talvez ela nunca fosse realizada... Estávamos nos encaminhado aos poucos para uma guerra, aprender a montar um cavalo deveria ser a última das minhas preocupações. Não só isso, ao falar de Pandora, a semente da dúvida crescia mais em meu coração, dias já tinham se passado e eu não conseguia contato com ninguém de lá. Eu podia encorajar os outros a não deixar que seus corações fossem tomados pela incerteza, mas meu próprio coração parecia padecer desse mal.

No fim das contas, eu era uma hipócrita. Uma covarde.

Apertei mais os braços em volta da cintura de Legolas a medida que ele fazia o cavalo correr mais, estávamos a poucos horas do lugar onde poderíamos descobrir mais pistas sobre os hobbits. Mas aquela fumaça negra que subia, era intimidadora e agourenta.

Viajante, por favor, rogo que proteja os pequenos até eu os encontrar.


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Notas finais do capítulo

Olá! o/

*Bleumer acordou ousada hein. O que você faria se estivesse no lugar dela? ;)
*Legolas nunca consegue se explicar. Alguém tem ideia do que ele poderia ter dito? kkkk
*Acho tão fofo o elfo defendendo Gimli :3
*O que acharam do cap? Deixem seus comentários! É muito importante a opinião de vocês.

*Chegamos em 12 recomendações! Se chegarmos em 15, escrevo um conto especial de agradecimento para vocês. :D

*Sobre o grupo do Whatsapp, ele foi criado e está sendo muito divertido conversar com outras pessoas! Além de que algumas imagens referentes a fic e prévias de coisas que vão acontecer são postadas lá. Então se você quiser entrar é só deixar o número (com o DDD) nos comentários ou por mensagem privada! o/

*Imagem meramente ilustrativa, só para vocês terem uma ideia e editada pela minha beta.

Até logo! Beijo de Luz do Viajante!