Recuso-me á ser sua presa escrita por Allegra
Notas iniciais do capítulo
Então, essa é uma visão diferente deste conto, a personagem principal continua sendo uma criança, mas dei mais inteligência á ela. Vocês verão conforme a historia, espero que gostem! ♥
[- Eu tenho um desejo. – disse a garotinha ao “lobo”.
- E quem você acha que é para pedir um desejo? – retrucou ele, comendo a cesta de doces da garotinha.
Ela sorriu e um tiro foi ouvido ao longe. – Eu sou sua presa. -]
{...}
Era uma vez, há muito tempo atrás, uma vila dentro de uma floresta de pinheiros alta e densa no topo de uma montanha. A vila já havia sido esquecida pelas rotas comerciais e mercadores, assim como seus habitantes haviam sido esquecidos por Deus.
Na floresta ao redor da vila, existia um monstro. Ninguém sabia como descrevê-lo, pois cada um que o encontrava dava uma descrição diferente, de “grande e forte, como um urso” a “magro e carniceiro, com um olhar feroz e insano como uma hiena”, por isso, decidiram o chamar de “lobo”.
A tradição dizia que para acalmá-lo e não o deixar fazer mal a aquele pequeno lugar a criança nascida ou que havia se tornado deficiente deveria ser sacrificada; dada como alimento. Uma a cada seis meses. Afinal quem se importaria com uma criança deficiente?
A criança daquele semestre era uma garota cega de apenas onze anos, cega por uma doença que a afligia desde o nascimento, a escuridão que se aproximava aos poucos. Seu nome era Karen e todos sabiam, souberam a partir do momento que ela nascera que seria sacrificada.
Ninguém nunca ousara se aproximar dela, “dá azar” diziam uns, “é cria do demônio” diziam outros, a apedrejavam, a feriam e colocavam animais mortos na soleira de sua porta. Seus pais eram gentis, sempre sorrindo e fingindo que a vida não era difícil, mas a noite eles rezavam e xingavam à Deus, por não ter-lhes dado uma filha normal.
Naquele dia a mãe de Karen a banhou com água quente com cheiro de rosas e vestiu-a em um tecido limpo e novo, amarrando por fim algo pesado em suas costas.
- O que é isso? – perguntou a garota curiosa.
A mãe demorou alguns segundos para responder. – Um capuz. – seca.
- De que cor é? – perguntou tateando o tecido para que pudesse sentir com delicadeza a textura.
- Vermelho. – mais ríspida que antes.
A mais nova apertou o tecido contra o peito. – Aonde vou tão bem vestida assim? –
- Á floresta. – sua voz era um fio.
- Você vai comigo? – a criança estava assustada.
- Não. -
- Mas, como encontrarei nossa casa dessa maneira? – ela caiu em desespero, tateando o ar em busca da mãe.
- Não irá encontrar. –
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