Harukaze escrita por With


Capítulo 38
Capítulo 38


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Harukaze

Capítulo 38

Se você abrir sua mente para mim,

Você não dependerá de olhos abertos para perceber [que]

Os muros que você construiu por dentro

Estão desmoronando

— Surpresa! — Haru gritou quando os pais adentraram a casa, agora enfeitada com balões e faixas, além de comportarem as pessoas que rondaram aquela família desde muito antes de ela existir.

Ali com o jovem Yatsuki encontrava-se Haruno Sakura, Uzumaki Naruto e Sai, este último com um sorriso forçado nos lábios enquanto Sakura tentava fazê-lo soar mais natural.

O motivo da festa era para comemorar a volta de Tsuhime. Apesar de ainda estar um pouco fraca, ela sorriu amavelmente pelo esforço de todos em alegrá-la. Kakashi apenas deu de ombros, fingindo não saber de nada, ele aprovara a ideia de Haru dois dias antes de Tsunade liberá-la do hospital. Um ano se passara, porém para Tsuhime pareciam vários séculos.

Todos mudaram, causando-lhe uma sensação de nostalgia. Naruto ainda continuava o mesmo escandaloso e hiperativo de sempre, porém continha um ar mais maduro. Sakura não ficava atrás, os cabelos agora alcançavam um pouco abaixo dos ombros e a expressão adulta imperava com vigor nela. Sai, embora inexpressivo, crescera como os outros de uma forma mais silenciosa, pois os olhos continuavam sem brilho.

Percebeu que mais uma pessoa compunha o enredo: Era um homem aparentemente mais novo que Kakashi, olhos grandes e negros, cabelos castanhos e sua postura alta lhe deram calafrios. No entanto, ele lhe sorriu amigável caminhando em sua direção para cumprimentá-la.

— Espero que não se incomode, Kakashi-senpai me convidou. Sou Yamato.

— É um prazer, fique à vontade. — Tsuhime disse solícita, pedindo licença e indo em direção ao filho. Haru a abraçou e ela já não precisava se abaixar tanto para tal ato. Ele também crescera e rápido. — Você preparou isso tudo para mim?

— Sim! Chamei todo mundo, o pai ajudou. — O menino chegou mais perto da mãe, sussurrando-lhe no ouvido. — Mas eu fui contra em convidar Sakura-san, não gosto dela.

— E por quê? — Realmente soava muito estranho quando Haru dizia não ter gostado de alguém, afinal ele sempre tratava as pessoas de maneira igual. Percebeu que o menino virou os olhos na direção da jovem médica, fazendo uma careta.

— Coisa de homem, você não ia entender, mãe.

Mãe? — A sobrancelha de Tsuhime se ergueu, surpresa. — O que aconteceu com o mamãe?

— É tudo culpa do Souma. — Hideki chegou ao meio deles com uma bandeja em mãos. Trazia petiscos que os empregados de sua casa fizeram, enquanto o irmão mais novo apenas revirava os olhos. — Ele disse que Haru já é grande pra ficar chamando à senhora de mamãe, como se ele não fizesse o mesmo.

— Isso é mentira, Hideki! — Souma exclamou nervoso, o rosto ruborizado.

Os irmãos gêmeos e Haru igualaram-se em tamanho, contudo Hideki nunca assumiria uma postura mais flexível, ele era idêntico ao pai. Souma se soltara mais, exibindo a personalidade indômita que muitas vezes fazia com que Tsuhime risse.

— Por Kami-sama, parece que estou em outra dimensão. — Tsuhime comentou, aceitando a gentileza de Hideki. — Não precisa nos servir. — Ela retirou a bandeja das mãos dele e a depositou sobre a mesa.

Hideki sorriu simples e seguiu o irmão e Haru para a varanda. Ao longe ela ainda escutou algo como “Você não pode fazer o mesmo que eu!”, “Ah é? Eu vou provar que posso!”. Agitou a cabeça em negação, juntando-se aos demais.

Quando a tarde caiu todos já haviam se retirado para suas casas, e ela se pôs a ajeitar a bagunça. Tsuhime gostava de arrumar o lar, a rotina sempre a interessava como se estivesse fazendo tal coisa pela primeira vez. Kakashi e Haru a ajudavam, enquanto o filho contava os jutsus que os irmãos gêmeos o mostraram. A intenção era ser uma brincadeira, que evoluiu sem querer para um combate de aquecimento. Metade do jardim queimara-se com o Katon de Haru, o chão desprendido formou várias pequenas montanhas por causa do elemento Doton de Souma e uma poça de água, que mais parecia uma lagoa, provocada pelo elemento Suiton de Hideki completava o cenário catastrófico.

Embora a travessura houvesse passado do limite, Tsuhime estava muito cansada para retrucar qualquer comportamento dos meninos. Contudo se encarregaria de fazer com que eles consertassem seu jardim depois, como um castigo. Ela sabia o quanto crianças eram impulsivas, elevando as brincadeiras para outro nível, ainda mais se fossem crianças shinobis.

— Melhor descansar um pouco. — Kakashi a aconselhou, beijando-lhe a testa. — Tsunade-sama disse para não abusar.

— Eu estou bem, descansei por um ano! — Ela sorriu, deixando-se levar pelo filho para a sala. — O que você fez foi lindo, meu amor, obrigada.

— Por você eu faço tudo, mãe. — Haru confessou natural, indo até a estante e pegando um dos jogos.

De longe, Kakashi permaneceu apenas os observando. Não queria contar a Tsuhime que Haru e ele tiveram uma discussão meses antes de ela acordar e que agora o menino não lhe dirigia corretamente a palavra. Respostas rápidas, evasivas e vagas. O diálogo entre eles caíra muito, a imagem de pai e filho aos poucos se deteriorava de suas memórias. O motivo fora muito simples: A rejeição de Kakashi quanto à proposta de Haru. O garoto não entendia seus sentimentos, na verdade não aparentava querer compreendê-los. O que interessava a Haru era ele mesmo, algo que nunca havia acontecido. O garoto jamais colocou a si mesmo acima de qualquer pessoa, e aquilo o preocupava.

O que ele proferira minutos antes lhe fora como uma afronta, como se Haru quisesse mostrar a Kakashi que Tsuhime só estava com eles porque fora corajoso o suficiente para procurar o inimigo e que tudo se devia a ele. Presunçoso? Talvez. Infantil? Em certo ponto, sim. No entanto, Kakashi não podia permitir que o menino o tratasse daquela forma. Se foi por causa dele que a esposa voltara, ótimo, já o havia agradecido. O vanglor estava passando dos limites.

— Por que não se junta a nós, querido? — Tsuhime chamou-o para a realidade, a voz nítida e mais firme.

— Obrigado, mas preciso sair daqui a pouco. — Ele esquivou-se, os olhos de Haru encarando-o desafiadoramente. — Vou resolver algumas coisas sobre a última missão com Yamato, ele vai ficar responsável pelo time sete.

— Tsunade-hime te deu alguns dias de férias? — Ela interrogou, movendo a peça do Mahjong.

— Sim, um mês.

— Isso é ótimo! Vai passar mais tempo com a gente. — Tsuhime levantou-se e caminhou até o marido, dando-lhe um beijo. — Não demore, está bem?

— Certo, agora vá ficar com Haru. — Dizendo isso, Kakashi usou uma das artes ninjas, a da velocidade, e sumiu em uma breve nuvem de fumaça.

Tsuhime não entendeu aquela reação, contudo evitou se preocupar. Virou-se para o filho, observando-o atentamente.

— Qual é o problema? Por que está olhando desse jeito para o seu pai?

Ouvir a mãe falando aquilo enfureceu Haru, que abandonou o jogo e prostrou-se a frente da mulher. Agora os olhos amarelados dela tinham outro brilho, cujo ele não conseguiu identificar. Durante esses últimos meses Haru evitou usar a palavra pai para chamar Kakashi, preferia evitar conversar com ele se fosse possível, no entanto morava na mesma casa que ele. Eram uma família. E, além de tudo, não queria que Tsuhime tivesse a percepção tão aguçada.

— Você pode confiar em mim, Haru. Sou sua mãe e se algo está te incomodando podemos dar um jeito. O que...?

— O problema é o Kakashi! — Ele atropelou a fala da mulher, completamente exaltado. O Sharingan mostrando-se glorioso nos olhos infantis. Tsuhime deu um meio passo para trás, aquela herança de Haru nunca seria bem vista por ela. — Ele foi egoísta, não queria ajudar você. Eu tive que fazer tudo sozinho e agora eu não consigo olhar pra ele sem me lembrar! Por que você abraça ele como se nada tivesse acontecido?

Tsuhime escutava a explosão do filho quieta, assimilando quais os motivos o faziam agir daquele jeito. Não era normal ver Haru com raiva de alguém, ele sempre foi um garoto doce e que preferia esquecer os sentimentos ruins a proclamá-los, e a imagem do menino a sua frente já não se parecia mais com a imagem de antigamente.

— Você não precisa guardar tanta raiva do seu pai, Haru. — Ela começou e abaixou-se a frente do filho. O menino não sustentou seu olhar. — As pessoas têm maneiras diferentes de lidarem com o mesmo problema. Só porque Kakashi foi um pouco orgulhoso, não quer dizer que ele mereça ser tratado com tanto rancor. Deveria se colocar no lugar dele, talvez entenda como ele está se sentindo sendo rejeitado por você.

— Eu... Isso está errado. — O menino retrucou, os olhos fixos em um ponto além da mãe. — Não é justo. Só por que eu sou criança não tenho razão?

— Você pode ter todas as razões, Haru. Isso mostra que tem personalidade e é responsável, mas agir como está agindo com Kakashi, não se esforçando para entendê-lo, também não está certo.

Haru cogitou as palavras da mãe. Era verdade que não quisera ouvir o que Kakashi tinha a dizer, afinal aquela questão tinha terminado, mas no fundo sabia que deveria ser compreensivo. Contudo, era difícil esquecer que tivera que aceitar as condições de Kabuto sozinho, liderando uma situação que Kakashi deveria ter tomado a frente.

— Eu posso ir brincar na casa do Souma e do Hideki? — Haru perguntou, desvencilhando-se do assunto. O que a mãe lhe dissera o fez enxergar o quão infantil estava sendo e envergonhou-se.

— Não. Você vai conversar com seu pai quando ele chegar e vai dizer o quanto o ama. — Ela beijou o filho, logo se adiantando em guardar as peças do jogo. — Vou fazer o jantar e você vá tomar banho.

— Está bem, mãe.

(...)

Ordens cumpridas, Tsuhime deu boa noite para sua família e retirou-se para o quarto. Fora um dia agitado e ela ainda não se sentia disposta o bastante para acompanhá-los. Assim que ela se foi, Kakashi se encarregou de organizar a cozinha enquanto Haru apenas o observava, no entanto sem o desprezo. Não sabia se tomava o gesto como algo bom ou ruim. Haru aprendera a criar várias faces nesses últimos meses, já não o reconhecia.

— Pai... Eu s...

Toda a voz de Haru foi abafada pelo barulho de uma grande explosão. A casa sacudiu e Kakashi apressou-se para a sacada a fim de descobrir o motivo. E lá estava: Como uma avalanche uma parte da montanha dos rostos de pedras dos Hokages desmoronava. O primeiro rosto a rachar foi o do primeiro Hokage e em seguida o segundo. Os olhos de Kakashi se arregalaram confusos com a cena que via, aquilo só poderia significar que o estado agora era emergencial, pois o abrigo secreto estava ruindo. Tinha alguém de pé naquele local e mesmo que não conseguisse distingui-lo poderia imaginar o sorriso de satisfação dos lábios do inimigo.

Um ANBU surgiu entre os dois, assustando o menino. As máscaras de diversas formas sempre causavam esse efeito nas pessoas desacostumadas a eles. As palavras chegaram abafadas, todavia não o suficiente para que Tsuhime se acalmasse. Ela chegara à sacada após o tremor que os abalara e agora ouvia o ANBU dizendo, com um autocontrole incrível, que alguém invadira Konoha.

O monstro gigante que apareceu diante deles apenas confirmou tal queixa do ANBU e antes que a cauda comprida os atingisse, Kakashi levou Tsuhime e Haru para um local seguro. Mal a mulher pôde ver o que acontecia, pois precisou correr com a família para longe da casa. O bicho era estranho, de cor alaranjada e preta, o corpo lembrava uma centopéia, porém mil vezes aumentada. E, como um ponto fixo na criatura, havia uma pessoa. Pelo ondular dos cabelos e estatura, poderia ser uma mulher.

De outra parte da vila surgiu outras invocações e o coração de Tsuhime perdeu o ritmo cardíaco. Justo quando perdera seu chakra a situação exigia que aquilo não tivesse acontecido. As pessoas já se aglomeravam nas ruas, correndo o máximo que podiam e desviando dos ataques das invocações. De mãos dadas com Haru ela também corria, sua única opção perante sua realidade, enquanto Kakashi lhes dava cobertura. O que ela não daria para não ser uma civil.

O pássaro que sobrevoava Konoha atento lançou várias bombas, todas destruindo o que um dia a vila fora. Escombros por toda parte atrapalhavam o tráfego agitado, todavia ela não iria se render, não sem antes deixar o filho em um local protegido.

— Cuidado, mãe! — Haru jogou-se contra Tsuhime, tirando-a do alvo das bombas. A explosão lançou Kakashi para o lado oposto deles e a fumaça espessa ocultou qualquer tentativa de enxergar o que se passava. O menino ergueu-se, sentando-se ao lado da mãe. — machucada?

— Não, estou bem. — A visão de Tsuhime estava turva, ela mal distinguia o rosto de Haru.

Entretanto, Tsuhime não tivera muito tempo para apreciar seu mau estar, logo o inimigo parou a sua frente. A cabeça era lisa e possuía piercings por todo o rosto, além de olhos ondulados que ela nunca vira antes. A imagem daquele ser alertou sua mente de que deveria fugir o mais rápido possível, porém seu corpo tornou-se pesado demais para obedecer à racionalidade. O braço longo a alcançou em questões de segundos, agarrando-a pelo pescoço e a sustentando. Seus pés não tocavam mais o chão.

— F-Fuja! — Ela gritou para o filho, que já segurava uma kunai e ativara sua herança sanguínea. — Não o confronte, vá atrás de seu pai e fique com ele! — Ao aconselhar, recebeu um forte tapa no rosto do inimigo. Ardeu, logo saboreou o gosto ferroso de sangue.

— Solte a minha mãe! — Haru lançou a kunai contra o homem estranho, porém ele desviara-se com facilidade.

Cansado do garoto, tentou acertá-lo como fizera com Tsuhime, contudo golpeou o vento. Se ele tinha seus truques, Haru se igualava. Foi fácil para o menino se esquivar do golpe, afinal ele conseguiu lê-lo antes que o acertasse. Era como se ele previsse o futuro. E tinha sido muito legal!

Irritado, o inimigo de vestes escuras estendeu o braço, onde várias partes se abriram como uma poderosa arma. E era isso que aparentava. Vários mísseis foram disparos, e Haru teve que correr para que nenhum o atingisse. A contra gosto afastou-se da mãe, deparando-se com outra pessoa curiosa.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, espero que tenha gostado.
Algumas coisas podem parecer estranhas, mas tudo terá explicação ao longo dos capítulos. Não estarei seguindo o estrago que Pain fez em Konoha, e tenho um objetivo em mente.
Deixe sua crítica construtiva, sugestão, dúvidas... Receberei com muito carinho.
Bom fim de semana a todos!
Beijos!



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