Harukaze escrita por With


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Harukaze

Capítulo 29

Mesmo se o amanhã desaparecer

Se eu estiver de mãos dadas com você

Não haverá ninguém mais feliz no mundo

Porque ninguém é mais importante que você

Conforme os dias foram passando, Kakashi treinava Haru para aprender a controlar sua herança sanguínea. Era assim: Academia de manhã e treino à tarde com o pai. Apesar de cansado, Haru continuava a obedecer Kakashi com um único pensamento em mente: Dominaria o Sharingan para nunca mais ferir a mãe novamente. Depois que Kakashi havia conversado com ele sobre a herança que carregava, o garoto culpou-se. Claro, mantendo tudo bem guardado dentro dele. Tsuhime era sua mãe, a pessoa a quem mais era apegado, e feri-la ia contra tudo.

— Por hoje já está bom, Haru. — Kakashi pronunciou-se, vendo que o céu já se tingia com as primeiras estrelas.

— Eu ainda aguento um pouco mais, papai. — Haru rebateu, relutante em voltar para casa. Estavam nos jardins de casa, numa área que o Hatake havia separado exclusivamente para os dois.

— Nem pensar. Sua mãe não vai gostar de vê-lo tão cansado. — Kakashi guardou a kunai na bolsa ninja e bateu a poeira da roupa. Além de ensinar como controlar o Sharingan, aplicava ao filho técnicas de taijutsu. — Vamos entrar, tenho que deixar você impecável. — Seria desagradável se Tsuhime chegasse do plantão e visse o filho naquele estado.

Haru não disse mais nada e acompanhou o pai de cabeça baixa. Ele conseguia aguentar, tinha plena certeza! Então, por que o pai não podia acreditar nele? Cerrou os punhos, querendo confrontá-lo ali mesmo. Entretanto, desistiu ao ver o pai retirar o hitaiate e a máscara. Aquilo queria significar que por hoje os treinos haviam sido encerrados.

— Acho que sua mãe preparou alguma coisa... — Kakashi murmurava enquanto vasculhava a cozinha, procurando pelo tal prato que a esposa havia o avisado antes de sair. Achou-o no forno. O peixe estava com uma cara ótima. — Quer comer ou tomar banho primeiro?

— Quero treinar. — Haru cruzou os braços, irredutível. Enquanto não mostrasse seus pensamentos jamais se sentiria melhor. — Por que sempre obedece a mamãe?

Um longo suspiro abandonou os lábios de Kakashi, a personalidade de Haru a cada dia tornava-se mais insistente e difícil de lidar. Até mesmo Tsuhime encontrava dificuldades. Acomodou a travessa sobre a mesa e retirou de dentro do armário pratos e talheres.

— Porque não quero que ela brigue comigo depois. — Retorquiu, colocando dois copos perto de cada prato.

— Você tem medo! — Haru riu divertido, apontando o indicador para o pai.

— Não tem a ver com medo. — Aquela conversa estava começando a tirá-lo do sério. — Você vai entender quando for adulto e se casar, agora vá lavar as mãos para jantar.

— Eu não quero! Não vou comer enquanto não me treinar até mais tarde! — Dito isso, o garoto correu para dentro da casa, deixando Kakashi sozinho. No caminho, esbarrou na mãe, derrubando algumas sacolas que ela trazia e não voltou para pedir desculpas.

— Haru, volte já aqui e recolha a bagunça! — Tsuhime gritou, as mãos na cintura e o pé batendo impaciente no chão. Escutou uma resposta negativa do filho. Era só o que faltava! — Como é? É bom você se explicar direito, mocinho! — Ela ameaçava, enquanto dirigia-se ao quarto de Haru. — Estou falando com você, não me ignore! Você tem se comportado muito mal ultimamente.

Incomodando-se com a gritaria, Kakashi perseguiu a confusão. Não foi exagero quando dissera que Haru se tornara rebelde e desobediente há mais ou menos uma semana. Tsuhime suspeitava de más companhias enquanto ele alegava ser uma fase e que logo passaria. Claro que Kakashi descartara a ideia da esposa e recebeu como resposta uma longa teoria.

— Yatsuki Haru abra essa porta agora! — Tsuhime gritou ao deparar-se do lado de fora. — Estou muito cansada e não tenho tempo para suas brincadeiras! Não? Muito bem, vou contar até três e é bom que saia daí! Um...

A voz da mãe ecoava realmente brava e pela primeira vez Haru a temeu. Encolheu-se na cama, abraçando os joelhos, cogitando a ideia de acatar a ordem dela logo no início, no entanto a atitude de Tsuhime o assustara e ele voltara a se calar.

— Certo... Toma conta disso, amor, eu preciso de um banho. — Tsuhime conversou com o marido, suspirando e limpando o rosto suado. — Não pense que escapou, Haru, a mamãe está muito chateada com você.

— Sua mãe se foi, vamos filho. — Kakashi chamou-o, induzindo o garoto a abrir a porta.

— Mas a mamãe brava. — O menino relutou, fazendo bico.

— Você tem que entender que ela está cansada e que não agiu bem. — O Hatake encostou-se a parede, contando os minutos antes de forçar passagem. — Vamos jantar com a mamãe.

Segundos depois Haru destrancou a porta, porém não fez menção em sair do quarto. Estava chateado consigo por ter sido teimoso e replicado com os pais. Abaixou a cabeça, os olhos marejados. E Kakashi sabia que precisava dizer algo para tranquilizar o filho antes que ele começasse a chorar. Na verdade, ele percebeu que desde muito novo Haru não era uma pessoa de derramar lágrimas por qualquer coisa, então àquilo só poderia significar que ele estava mesmo arrependido.

Enquanto conversava com Haru, explicando a ele os pontos fracos que ele mostrara, Tsuhime já havia se banhado e escolhido um vestido e chinelos para aquela noite. Apesar de ter chovido no dia anterior e o ar estar um pouco frio, dentro de casa o calor era quase palpável. Adicionou apenas mais um prato à mesa e esquentou o peixe, que àquela hora já deveria estar completamente frio. Entretanto, ainda tinha que discutir algo com o marido ainda aquela noite, isto é se tivessem tempo, pois o sono chegava covardemente pelo cansativo plantão.

— Está pronto! — Ela gritou da cozinha, servindo os pratos. Com o canto dos olhos viu Kakashi e Haru entrando na cozinha e não pôde evitar um sorriso ao ver como o filho se comportava. Completamente tímido e envergonhado. — E o treino? Tendo bons resultados? — Ela iniciou um assunto, sentando-se à mesa com eles.

— Haru está indo muito bem, já consegue controlar o Sharingan. — Kakashi respondeu, comendo uma porção do peixe. — E você? Parece preocupada...

— Sim, um pouco. — Ela rebateu honesta, descansando o hashii. — Os habitantes de Suna estão com sérios problemas de saúde e precisam de médicos urgentes. Tsunade-hime quer que eu vá, mas não sei se é uma boa ideia. Eu nunca saí de Konoha.

— Irá sozinha? — A proposta apesar de grave e dependente, não agradou nem um pouco Kakashi.

— No máximo um ANBU e mais um médico, já que não podemos desfalcar aqui. Além do mais, Tsunade-hime disse que assumiria o hospital enquanto estivermos fora.

— Talvez nós possamos acompanhar você, será bom para Haru conhecer outros lugares. — Kakashi sugeriu, mas na verdade não queria que Tsuhime fosse sozinha. Se pelo menos a família estivesse por perto, seria mais tranquilo.

— Eu não sei... Não quero atrapalhar o rendimento dele na academia. — Ela cogitou, avaliando mil e uma possibilidades. — O que me diz, Haru-chan?

— O que você quiser, mamãe. — O garoto rebateu, não desviando os olhos da comida.

— Verei o que posso fazer, amanhã tenho reunião com a Hokage. Seria bom que você viesse também, Kakashi. — Ela sorriu, logo esticando o braço e tocando na mão do filho. — Por que a carinha triste? A mamãe não está brava com você.

— Desculpa. — Ele pediu baixo, desvencilhando-se do contato. — Papai, eu quero ir pro quarto.

— Tudo bem, vá.

Enquanto Haru saía da mesa e dirigia-se pelos corredores, Tsuhime o acompanhou silenciosamente com os olhos. Franziu o cenho, estranhando o comportamento do filho. Encarou Kakashi, que apenas deu de ombros e logo também se levantou, depositando a louça suja na pia.

— Se estiver muito cansada, eu posso cuidar disso. — Ele disse, abrindo a torneira.

— Nossa, que marido mais dedicado que eu tenho. — Tsuhime abraçou-o por trás, beijando-lhe os ombros expostos. — Sabia que você fica muito sexy com essa camisa?

— Ah, é mesmo? — Kakashi sorriu divertido, incitando Tsuhime. — Bom saber disso.

— Ei, não é assim que se agradece um elogio, você deve devolvê-lo mesmo que não seja verdade! — Tsuhime afastou-se, fingindo indignação.

— Se me der cinco minutos, eu me desculpo com você.

— Até lá eu já levei para o lado pessoal. — Tsuhime riu, acariciando as costas do marido. — Mas quem sabe eu te dê uma segunda chance para se redimir.

(...)

Às sete horas da manhã, Tsuhime e sua família encaminhavam-se para o gabinete da Hokage para a reunião. Haru ia a seu colo, dormindo alheio tanto ao seu peso quanto aos olhares dos curiosos. Aquela família sempre chamara a atenção dos moradores de Konoha, principalmente o fato de finalmente Kakashi, aos trinta e dois anos, ter se casado. Por um longo tempo ele foi um boêmio aos olhos de todos, sempre estava com uma mulher aqui e ali, porém nenhuma parecia boa o suficiente para levá-la ao altar.

A notícia do casamento agradou muitas pessoas, principalmente os mais velhos; as moças lamentaram por terem perdido um bom partido para uma forasteira. Durante alguns anos, Tsuhime foi alvo de olhares extraviados e comentários maldosos, e isso se somou ainda mais quando souberam que ela estava grávida e que provavelmente não poderia ser filho do Hatake. O tempo de relação de ambos não permitiam milagres. Todavia como toda novidade quando muito contata torna-se maçante, os comentários foram findando até não existirem mais.

Ao chegarem ao gabinete da Hokage, Kakashi bateu na porta e aguardou pela permissão. Ainda era muito cedo, mas as atividades burocráticas já andavam em um ritmo constante. Tsuhime quase podia enxergar o brilho de fuga que imperava nos olhos da princesa. Sorriu, cumprimentando-a.

— Que bom que veio, Kakashi. — Tsunade descansou a caneta e apoiou as mãos sobre um documento. — Assim, poupo Tsuhime-chan de te explicar. Como sabe, Suna está precisando de nós e não podemos lhe negar ajuda. Sugeri Tsuhime por ela saber manipular remédios ou criá-los a partir de simples informações. Também pedi a Sakura e Ino que os acompanhassem, mas pelo visto terei que mandar a família toda. — A soberana sorriu em junção a sua especulação. — Devo mandar um comunicado ao Kazekage, avisando-o sobre vocês, e dentro de mais ou menos três dias estarão aptos a partirem.

— Quando tempo deveremos ficar, Hokage-sama? — Kakashi questionou.

— Infelizmente não sei dizer. Esperamos que seja até a situação estar sob controle. — Tsunade abriu uma gaveta, retirando de lá um envelope pardo. — Isso é para você, Tsuhime-chan. São as informações que o Kazekage nos enviou. Ele está confiando em nós.

Tsuhime entregou Haru a Kakashi e tomou o envelope, tirando as folhas e passando a ler apressada. A cada palavra seus olhos se arregalavam, causando-lhe espanto e nervosismo. Ficou muito feliz por não ter fotos anexadas aos documentos, caso contrário entraria em pânico.

— Por Kami-sama, isso é muito sério! — Tsuhime era guiada pelas emoções e gravidade da situação. — Não há tempo para esperar uma autorização, Tsunade-hime.

A afobação era a mesma de sempre, desde os tempos mais remotos. Tsuhime apenas adquirira experiência e crescera fisicamente, no fundo ainda se comportava de maneira instável e impulsiva. Parece que a calma de Kakashi não foi o suficiente, a Hokage pensou consigo.

— Tudo bem, mas irei comunicar ao Kazekage. Leve roupas de frio para Haru, é provável que ele fique febril pela mudança de temperatura. — Tsunade alertou, pedindo a um ANBU que avisassem Sakura e Ino da partida. — Vocês têm duas horas.

(...)

— Mamãe, onde fica Suna? — Haru perguntou eufórico, ajeitando as roupas na mochila.

— Eu não sei, amor, desculpe. — Tsuhime sorriu, não cessando os movimentos apressados. — Vá tomar um banho, a mamãe termina de arrumar as suas coisas.

— Certo!

— Já coloquei os sacos de dormir e as barracas, mais alguma coisa? — Kakashi interagiu, inspecionando a esposa. Percebeu que os cabelos estavam modelados em um longo rabo-de-cavalo.

— Não, está ótimo. — Ela fechou as mochilas. — Sabe quantos dias iremos demorar a chegar a Suna?

— Talvez em dois dias, isso se descansarmos pouco.

— Tudo bem. — Tsuhime suspirou, alongando os braços e as costas. — Não parei nem um minuto, estou cansada. Faz tempo que não uso meu chakra, por isso irei precisar que fique perto de mim. Não posso sair beijando qualquer um por aí. — Ela fez piada, vendo que Kakashi estreitou os olhos.

— Não me provoque, Tsuhime. — Ele comentou, incomodado.

— O quê? — O sorriso da Yatsuki se alargou. — Você sabe que é verdade, não me olhe como se fosse novidade. Além do mais, esse seu ciúme é desnecessário. — Caminhou para Kakashi, envolvendo o pescoço dele com os braços. — Fico feliz que estejamos bem.

— Eu também. — Abaixou a máscara e inclinou-se para beijá-la, todavia o momento foi quebrado por Haru. Estalou a língua em desapontamento, atitude que não passou despercebida pela esposa. — Vou tomar banho.

— Mamãe, eu não achei meus sapatos. — O garoto reclamou emburrado.

— Seque direito os cabelos, filho, e olhe embaixo da cama. Tenho certeza que eles estão lá.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, espero que tenha gostado.
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Ótimo final de semana :)
Beijos!



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