Harukaze escrita por With


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, tudo bem?
Agradeço a todos que estão acompanhando, espero que gostem desse capítulo.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/585683/chapter/18

Harukaze

Capítulo 18


Luzes se cruzam,

Mesmo sem anunciar meu destino,

Atravesso por todos os lugares.

A fraca imagem que se repete queima e marca meus olhos

Deverá chegar, para um mundo ainda não visto


A dor aumentava a cada passo que Tsuhime dava, forçando o corpo a obedecê-la. Os olhos pesavam cansados, quase se rendendo a pressão do Selo Amaldiçoado. Fora uma péssima hora ter ficado instável por algo tão pequeno, mas que lhe proporcionaram um pressentimento de que sua liberdade já não era segredo.

A figura de Kakashi mantinha-se distante e a voz não saiu quando ela tentou chamá-lo. Esticou o braço para tocá-lo, entretanto era como se existisse apenas ela naquela rua. E aquilo começou a desesperá-la. Se demorasse mais tempo para conter o Selo, seu chakra esvairia e sucumbiria a forma estranha. E Tsuhime não queria que as pessoas a vissem como aquele monstro de olhos tomados por negro assassino e sorriso cruel. Ela ainda se lembrava do semblante amedrontado de Taki quando a vira.

Rendera-se a segunda forma do Selo após realizar uma cirurgia complicada, cujos órgãos entravam em estado líquido, e ao final o paciente morrera e ela se deixou tragar pela tristeza, tornando-se instável. O monstro assumira seu corpo e, se não fosse pela paciência de Taki, ela não sabia o que teria acontecido.

— Ka... Kakashi...! — Ela sentiu a garganta arranhar pelo esforço e caiu ajoelhada, a mão direita tapando a tatuagem viva em seu pescoço.

— Ei, você está bem? — A pessoa que a interrogou não era Kakashi e Tsuhime respondeu afirmamente com um aceno de cabeça. — Quer que eu a leve ao hospital?

— Se... Se você puder chamá-lo... — Tsuhime apontou para frente, exatamente para a figura do ninja copiador. — Eu ficarei bastante grata.

— Só um segundo!

O homem ou a mulher, ela já não conseguia mais distinguir, abandonou-a durante longos segundos. O suor acumulava-se em sua testa e a respiração dificultou drasticamente, e pelo frio que começava a sentir poderia diagnosticar-se com febre. Rápido... O outro braço também já havia sido coberto pelas formas assimétricas e espalhavam-se por seu corpo assustadoramente depressa.

Quando Kakashi juntou-se a ela, presenciou os olhos acastanhados assumirem um tom amarelado e a esclerótica totalmente negra. Não esperou por explicações por parte de Tsuhime, apenas acomodou-a nos braços e regressou com ela até o quarto da hospedaria.

A bagunça que encontrou ao adentrar lhe foi de interesse mínimo no momento, embora soubesse que deveria questioná-la depois. O que o surpreendia era nunca ter notado aquela marca no corpo da jovem, já que ela sempre se vestia com blusas de alças que deixavam o ombro e pescoço nus.

— Por favor, diga que você... Pode selar isso. — Tsuhime esperou pela resposta com as pupilas dilatadas, ela precisava ouvir um sim. — Eu sei que deve estar confuso agora, mas prometo que explico depois.

— Vai ser um pouco doloroso. — Kakashi advertiu, confiando nas palavras dela.

— A dor é o que menos me importa agora. O Selo está roubando meu chakra, logo não vou poder mais contê-lo. O que devo fazer?

— Apenas tente não se mexer muito.

E depois daquele aviso, o ninja copiador deu início ao ritual de selamento. Com o próprio sangue, escreveu várias palavras em círculos em volta de Tsuhime e outras que marcaram a pele clara da jovem até alcançar o Selo Amaldiçoado. Ao concluir essa etapa, Kakashi realizou vários selos e recobriu a marca com a palma da mão. As palavras escritas obedeceram a seu chamado e avançaram todas juntas para dentro do selo.

Tsuhime mordia o lábio inferior para não gritar com a dor, mas acabou por soltar um gemido sufocado. Vai ser um pouco doloroso? Não precisa ser gentil, Kakashi. Ela conversou consigo, o ar esquecendo-se de entrar em seus pulmões por tempo que Tsuhime mal conseguiu prever. Quando o selamento foi concluído, a jovem mulher recuperava o fôlego com dificuldade, as costas tocaram o assoalho de madeira enquanto os olhos lhe permitiam enxergar por apenas uma pequena fenda.

— Obrigada. — Ela sorriu calma e aliviada. — Eu prometi te contar, mas só amanhã. Agora, a única coisa que quero é descansar.

— Você não me deve...? — O leve ressonar invadiu a frase de Kakashi, e ele não teve outra opção a não ser colocá-la na cama. Talvez fosse interessante conhecê-la melhor. — Kuchiyose no Jutsu! — Da breve cortina de fumaça surgiu um cachorro pequeno, usando um hitaiate com o símbolo de Konoha e uma espécie de capa, ambos azuis. — Pakkun, eu preciso que fique aqui com Tsuhime.

— Mas quem é ela, Kakashi? Sua namorada? — O cachorro ninja interrogou, com seu habitual teor profundo e rouco.

— Não, não é. — Kakashi suspirou e puxou o lençol para cobri-la. — Acabei de selar a Marca da Maldição e quero que me avise se alguma coisa acontecer.

— É seguro deixá-la livre? Se ela tem a marca de Orochimaru, significa que tem vínculos com ele. — Pakkun advertiu, preocupado. Para Kakashi tê-lo chamado não era simplesmente por querer se manter de olho na garota. — Acho que deveria conversar sobre isso com a Hokage-sama.

— Algo me diz que Tsunade-sama já sabe. E também, eu prefiro descobrir as coisas diretamente da fonte. Cuide dela. — Encerrou a conversa, sumindo.

Sem mais escolhas, Pakkun deitou-se na cama junto com Tsuhime.

(...)

Os olhos de Kabuto não acreditavam no viam. A forma original de Orochimaru, a pele de cobra branca, encontrava-se totalmente destruída. Havia pedaços por todo o quarto e o sangue espesso manchava as paredes. Em partes aquilo o preocupava, mas em outras lhe davam a vantagem de que precisava. Se Orochimaru realmente estava morto, não havia mais quem se intrometer em seu caminho e em suas decisões. Finalmente, ele poderia agir por conta própria.

— Por que mudou de ideia, Sasuke-kun? — O médico perguntou, debochado. — Você não estava disposto a dar seu corpo a Orochimaru-sama para realizar seus desejos?

— É melhor cuidar da sua vida. — O Uchiha começou a caminhar pelo corredor, disposto a sair daquela casa que permaneceu por longos anos, embora pudesse ter feito isso muitos anos atrás.

— Claro que cuidarei. — Kabuto sorriu largamente. — Você me fez um enorme favor, Sasuke-kun.

— Isso demorou mais do que estava previsto. — Uma terceira voz soou pelo local, fazendo com que o sorriso de Kabuto se abrisse mais. — Onde está a garota que me prometeu? Espero que saiba onde ela se encontra.

Kabuto olhou fixamente no único olho a mostra, olho esse vermelho como o poder lendário que ele carregava. A figura alta se moveu, encurtando as distâncias entre eles. Pela fenda da máscara, o brilho de impaciência e ansiedade lhe atingia.

— Acha que se eu não soubesse, estaria na sua frente agora? — Kabuto ajeitou os óculos sob o nariz, fazendo a luz refletir nas lentes. — Peço-lhe que tenha um pouco mais de paciência. Para quem aguardou por vinte anos, mais alguns dias não será nada.

— Não se atreva a me enganar, Kabuto. — O homem mascarado lançou sua ameaça. — Se eu descobrir que está mentindo, matarei você. Farei isso sem o menor remorso e irei atrás dela eu mesmo!

— Eu servi Orochimaru-sama durante anos e nunca falhei, então acho que sou suficientemente confiável. Do mesmo modo, espero poder confiar em você também. Prometeu-me que a trataria bem.

— Oh... O que é isso que senti em suas palavras? É amor? — Kabuto não via, mas o homem mascarado tinha um sorriso ardiloso nos lábios. — Você a ama e está a entregando para mim? Que homem generoso... Mas acredite, será por um bem maior. Apenas mais alguns dias, esse é todo o prazo que te dou, Kabuto.

— Sei muito bem o que preciso fazer.

(...)

Já se passava do meio dia e Pakkun ainda continuava ao lado de Tsuhime, aguardando por Kakashi. A jovem não acordara, apenas se mexeu várias vezes enquanto dormia, como se estivesse tendo um pesadelo. E talvez o cachorro ninja não deduzisse errado. A mente inconsciente de Tsuhime formulava as mais diversas cenas. E uma delas era de um ano atrás, quando sofrera a última experiência. Jamais havia sonhado com aquele dia, até então.

E tudo era real. A dor, as palavras egoístas, os olhares frios e com expectativa... Ela sentia como se estivesse revivendo aquele dia. Todavia, como todo pesadelo, ela também não conseguiu escapar como outrora. Acabou sucumbindo às pressões. Para ser mais exata: Morrera. E presenciou tudo o que seu pai fizera com seu corpo inerte e frio, desprovido de qualquer resquício de vida.

Sobressaltou-se de repente, assustando Pakkun que se mantinha a observá-la. O suor grudava-lhe as roupas ao corpo, dos olhos vertiam lágrimas de desespero. É um sonho, Tsuhime, apenas um sonho. Você está segura. Consolava-se, inspirando o ar com extrema urgência. Estava tonta pelo chakra que perdera. Jogou o lençol para o lado e sentou-se na cama, percebendo que não estava totalmente sozinha no quarto.

Yo! — Pakkun cumprimentou-a, solícito. — Sou Pakkun, um dos cachorros ninja de Kakashi. Ele me pediu para cuidar de você.

— Obrigada, Pakkun. — Tsuhime sorriu, achando o cachorro a segunda coisa mais linda que já conhecera. O primeiro sempre seria Taki. — Creio que não preciso me apresentar, então.

Pakkun não respondeu, apenas encarou-a de forma profunda e insistente. Queria fazer várias perguntas a Tsuhime, entretanto, sabia que se intrometesse Kakashi não iria gostar, embora ele fosse mais direto e conseguisse o que desejava descobrir. Por fim, preferiu permanecer quieto, acompanhando a jovem com o olhar enquanto ela adentrava o banheiro. Aproveitando-se dessa oportunidade, Pakkun foi se encontrar com Kakashi.

Quando Tsuhime voltou ao quarto, preocupou-se por não ter com Pakkun. Ainda de toalha, vasculhou o pequeno cômodo, chamando pelo cachorro que não lhe atendeu. Bufou conformada e estava prestes a ir se vestir ao escutar leves batidas na porta. Por Kami-sama, que não seja o cara cobrando o aluguel.

— Obrigada, Kami-sama... — Tsuhime disse ao atender a pessoa, vendo que não precisaria se apressar em relação a isso. — Entre, Kakashi. Fique à vontade e me desculpe por recepcioná-lo dessa maneira, mas acabei de sair do banho. — Conforme falava caminhava rápido, os pés marcando o assoalho de madeira. — Não encontrei Pakkun em lugar algum...

— Ele já voltou para casa. — Kakashi rebateu, distraindo-se com qualquer ponto invisível do cômodo que não fosse a mulher a sua frente, o que era difícil comparando-se com o modo que ela se apresentara a ele. — Tsuhime, nós temos que conversar.

— Claro. — Ela disse do banheiro enquanto se vestia. — Importa-se se sairmos daqui? Podemos almoçar.

— Tudo bem. — Kakashi deu de ombros, ele estava prestes a fazer tal sugestão. Não o faria bem continuar no mesmo ambiente (e fechado) que Tsuhime depois da visão que tivera.

— Pronto. — Finalmente ela o fez companhia no quarto, trajando-se devidamente, embora as pernas ainda estivessem à mostra. Os cabelos presos em um coque elegante. — Eu prometo que não tomarei muito o seu tempo, mais do que já estou fazendo.

— Não se incomode. Tirei o dia exclusivamente para conhecê-la melhor. — O ninja copiador lançou um olhar significado a Tsuhime, e ela entendeu que o assunto que os esperava não poderia ser classificado como trivialidades.

(...)

— Então, Pakkun estava certo. — Kakashi comentou, sorvendo um gole de chá verde. — Você tem um vínculo forte com Orochimaru.

— Sim, na infância eu possuía traços que denunciavam a minha origem. Porém, depois da última experiência, minha genética mudou muito e adquiri esses olhos castanhos. O que eu considero um presente, já que eu queria me livrar das ligações com o papai. Contudo, foram apenas disfarces físicos. — Ela concentrava-se em apreciar a refeição tentando disfarçar o impacto que tivera ao visualizar parcialmente o rosto de Kakashi, já que ele mantinha a mão tapando-o do nariz até o queixo. Pelo pouco que podia ver, concluiu que o ninja copiador era realmente bonito. — Eu nunca vou poder fugir da realidade. Sou filha de Orochimaru e serei para sempre.

— É estranho saber que ele tem uma filha.

— Na verdade, também questiono essa questão. — Tsuhime afastou os pratos, deixando a mesa livre. — Pode soar preconceituoso para você, mas minha mãe, Yume, era linda e me custa acreditar que os dois tiveram esse tipo de envolvimento.

— Acha que ele não a amou? — Hatake Kakashi acabou por questionar, mesmo que não fosse de seu interesse.

— Jamais. Papai não ama ninguém, a não ser sua obsessão por Justus Proibidos. Eu não passava de um instrumento para ele, Kakashi. Eu cresci sabendo disso, e não me incomodo mais com a verdade.

— E por que voltou para Konoha?

Tsuhime suspirou pesadamente, reformulando as palavras para dar uma resposta convicta a Kakashi. Não revelaria sua intenção original, isso jamais iria acontecer novamente. Talvez não fizesse mal contar, entretanto, não queria criar um clima ruim com ele. Afinal, ele era a pessoa da qual se aproximara depois de todas as voltas que dera.

— Porque aqui eu me sinto em casa. — Tsuhime sorriu nostálgica. — Desde o primeiro momento. E, bem... Eu deixei algo inacabado aqui. Mas depois de quatro anos fora, eu não precisei me preocupar mais com isso porque nunca teve algo para que eu pudesse concluir.

— Entendo. — Kakashi preferiu não aprofundar aquele assunto, parecia pessoal demais. — Escute, é que... Bom... Terá um festival de primavera em dois dias, então...

— Claro, Kakashi. — Tsuhime cortou-o, as bochechas queimando e um sorriso enfeita-lhe os lábios, achando engraçado que o ninja copiar estivesse envergonhado. — Adoraria acompanhar você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agradeço a todos que leram. Deixe sua opinião, crítica construtiva, sugestões, dúvidas... Tudo será muito bem vindo.
Até quarta-feira!
Beijos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Harukaze" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.