Harukaze escrita por With


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Harukaze

Capítulo 13

A nova manhã que eu finalmente encontrei

Vai interromper o tempo

O que vejo não é o futuro,

Eu mantive-me perseguindo o passado

O quarto que Yatsuki Tsuhime alugara não era muito grande, porém para ela era perfeito, afinal não trouxera muitas coisas para ocupar um espaço relativamente grande. Dormira com a janela aberta, a claridade adentrava facilmente o cômodo e, como muitos, também a incomodava. Sentou-se, vendo que noite passada não fizera o desejado passeio por Konoha. Não há pressa, tenho tempo, ela pensou enquanto se levantava e caminhava para o banheiro.

Esse cômodo em especial era mais amplo do que os outros cômodos, contudo, do jeito que ela gostava. Após tomar um banho e fazer a higiene matinal, Tsuhime vestiu uma blusa azul escuro, a saia preta e deixara de lado a meia-calça. Calçou as botas e olhou-se no espelho, gostando do que via.

Naquela manhã encontrava-se disposta, nos olhos um brilho de puro contentamento. Finalmente, a partir daquele exato minuto, Tsuhime levaria a vida que sempre desejou. O passado ela o manteria onde haveria de estar, sem desenterrá-lo ou lamentar pelas coisas que perdeu e privou-se. Agora, ela tinha a oportunidade de reaver a felicidade de uma forma comum e não mais desesperadamente. Ela era livre.

Trançou os cabelos, pelo calor da manhã ela previa que o dia esquentaria o suficiente até a hora do almoço. Eu ainda nem tomei café da manhã... Tsuhime conversava consigo, sorrindo enquanto finalizava o trabalho. Cogitou também se deveria diminuir o tamanho de seus cabelos, não que o estado atual a desagradasse, todavia, ele poderia atrapalhá-la em varias tarefas. Decidiu que pensaria nisso depois.

Do reflexo do espelho, seus olhos captaram a caixa de madeira que Taki lhe dera. Passou apenas um dia longe dele e já sentia falta da personalidade espontânea e doce do garoto. Em poucos anos, ele conseguira ocupar uma parte especial no coração de Tsuhime e ela não se esqueceu de que prometera visitá-lo um dia.

Eram pouco depois das oito e meia quando Tsuhime ganhou as ruas. Observar os movimentos daquela vila lhe trazia conforto, além de um imenso sentimento de paz. Konoha iniciava-se a seu ritmo, como se os habitantes deixassem que o lugar os guiasse. E não estavam de todos errados. Tsuhime aprendera a acompanhar os ritmos naturais do dia a dia, aprendera principalmente a respeitar que tudo possuía uma determinada hora para acontecer. E foi com bases assim que Tsuhime forjou sua personalidade. Talvez ela tivesse escondido a sua originalidade, entretanto, a forma como via e pensava a agradava profundamente.

Transformou-se em uma mulher calma, de atitudes que comprometiam seu antigo eu. Agora com vinte anos, ainda desejava as mesmas coisas de antes. Embora existisse uma meta a conquistar. O tempo que passara nos arredores de Konoha, naquela vila pequena e carente de atenção, adaptou seus defeitos no que acompanhara Kabuto em suas sessões médicas. Era verdade que seu chakra não havia mudado, continuava o mesmo falho de antes, porém aprendera a conduzi-lo de uma forma que não a deixasse cansada. Em outras palavras, aprendera a dominá-lo a sua maneira.

E isso a satisfazia. Não era o exímio de médica que um dia imaginou que seria, porém o que conquistara engrandecia não apenas seu lado vaidoso mais também seu lado pessoal. Crescera como pessoa, adquirindo valores próprios e podia contemplar a sua imagem no espelho sem arrependimentos. Ela gostava de si mesma, gostava da mulher que havia se transformado, embora soubesse que ainda não estava completa.

Algumas pessoas redirecionaram a atenção a ela e Tsuhime apenas sorria afável. Era natural que a observassem, afinal, apesar de que estivera ali anos atrás, ela agora não passava de uma estranha. E isso não a incomodava. Em breve sabia que os habitantes de Konoha se acostumariam a sua presença assim como ela já se afeiçoava a eles. O que considerava um bom sinal.

Enquanto caminhava, avistou uma casa de chá e rendeu-se ao delicioso cheiro que dela exalava. Sentou-se em uma das mesinhas pequenas e bem cuidadas, e pediu o que mais gostava: Tamagoyaki acompanhado de uma xícara de chá verde.

— Com-licença, minha jovem... — A senhora que trazia seu café a interceptou, nos olhos um leve brilho de curiosidade. — Eu nunca a vi por aqui, é forasteira?

— Não, senhora, não sou uma forasteira. — Tsuhime sorriu diante da pergunta, em outros tempos ela confirmaria. — Eu moro aqui.

A senhora a serviu sem formular mais nenhum comentário, fez uma breve reverência e se retirou.

Todas as pessoas de Konoha eram simpáticas, disso Tsuhime não poderia discordar, além de acolhedoras. Desfrutou de seu café em silêncio, aproveitando para esquadrinhar o local em que voltaria mais vezes. E, enquanto pensava, reparou que não havia decidido o que fazer naquele dia. O plano era apenas encontrar um lugar onde pudesse tomar café da manhã. Talvez pudesse fazer uma visita a Tsunade, embora soubesse que ela provavelmente estaria ocupada. Contudo, ela precisava ter aquela conversa com a Hokage nem que durassem dois segundos.

Agradecida pela refeição, Tsuhime deixou o dinheiro sobre a mesa e despediu-se da senhora que a atendera com um leve sorriso. Em seguida, tomou a direção para o gabinete da Hokage. Tinha muito a contar, embora sua vida em um ano não tivesse acontecido nada em especial, mas por alguma razão a opinião de Tsunade acrescentaria um sentido de que valera a pena. Desde que a conhecera, Tsuhime via Tsunade como uma espécie de mentora, alguém que a felicitaria por ter feito algo importante para com as pessoas. Um pensamento infantil comparado a idade que possuía, todavia era um sentimento do qual era não conseguiu se livrar.

Já seguindo a sala da Hokage, Tsuhime presenciou alguns homens perambulando pelos corredores. Um deles chamou-lhe a atenção: Os cabelos eram prateados, o andar quase entediado e segurava um livro na mão direita. Apesar da distância, Tsuhime soube que aquele homem era muito mais alto do que ela. O caminho que ele fazia comparava-se com o dela. Então, ele também está indo falar com a Hokage. Talvez eu devesse voltar em outra hora.

— Desculpe-me, mas... — Uma voz a despertou. O timbre curioso, embora mantivesse certa cautela. Tsuhime piscou os olhos, vendo que o homem que estava a sua frente agora se encontrava a seu lado. — Você está me seguindo?

— O quê? — Na verdade, Tsuhime não conseguiu entender tamanha rapidez. Sentia-se um pouco tonta. — Não, só estou indo falar com Tsunade-hime.

Aquele modo de se dirigir a Hokage era estranho, porém ele não questionou. Sorriu para ela, mesmo que Tsuhime não pudesse visualizar o seu rosto, afinal, a máscara o cobria por completo.

— Já que estamos indo para o mesmo lugar, que tal irmos juntos? — Ele sugeriu e Tsuhime apenas passou a caminhar com o homem. — Eu me chamo Hatake Kakashi e você?

— Yatsuki Tsuhime. — E por um momento, Tsuhime pareceu analisar tal nome e associá-lo ao homem. Havia ligeira impressão de que já ouvira falar dele. — Você é o Copy ninja, ou estou enganada?

— Parece que você já me conhece. — Kakashi permanecia com o sorriso, e fora impossível para Tsuhime conter a surpresa.

Aquele homem, de fato, tratava-se do homem de suas histórias. Contavam que ele fora capaz de copiar mais de mil jutsus e não havia dúvidas de que seu nome era temido. Claro, com tamanha fama era provável que tivesse adquirido inúmeros inimigos. E o fato de vê-lo vivo a surpreendia ainda mais. Kami-sama... Ela ponderou, escondendo o quanto ficara sem palavras diante de tal confirmação.

Vozes vindas de dentro da sala da Hokage foram suficientes para tirá-la do transe. Alguém gritava, como se estivesse indignado com algo que a líder dissera, e sem se incomodar Kakashi abriu a porta, permitindo que ela visse mais três pessoas ali presentes, além de uma Tsunade ligeiramente irritada com a ousadia do rapaz.

Duas delas Tsuhime reconheceu, dizia respeito à Uzumaki Naruto, o loiro escandaloso, e Haruno Sakura, a jovem que tentava através da violência fazê-lo ter mais disciplina. A terceira pessoa era calada, de curtos cabelos negros e olhos inexpressivos, a pele de uma cor moribunda. Soube mais tarde que aquele rapaz chamava-se Sai.

— Kakashi, vejo que conheceu a nossa mais nova moradora de Konoha. — Tsunade foi a primeira a cumprimentá-los, lançando um sorriso a Tsuhime. — Como passou a noite, Tsuhime-chan?

— Muito bem, obrigada, Tsunade-hime. — Ela curvou-se levemente, honrada pela preocupação. — A senhora está ocupada, então eu volto mais tarde.

— Não precisa se retirar, eu já terminei com eles. — Entregou um pergaminho a Sakura e ignorou completamente o mau humor de Naruto. — Kakashi, estão por sua conta.

— Sim, então vamos.

Os quatro se retiraram da sala, deixando apenas as duas mulheres ali presentes imergidas em um silêncio pesado, porém não constrangedor. Tsuhime não falou de imediato, seus pensamentos fora de alcance a levavam a lugares inquisidores e a Hokage aguardou que ela se desse conta de como havia estado distante.

— Perdão, eu... — A jovem disse, agitando a cabeça para se livrar de mais viagens interiores. — Perdão vir sem avisar, mas eu queria muito conversar com a senhora.

— Tudo bem, acho que eu tenho tempo. — Tsunade indicou que ela se sentasse, porém Tsuhime recusou a gentileza e caminhou até a janela. Os braços abraçando o próprio corpo e o olhar perdido no horizonte acima de Konoha.

— Sabe, depois que sofri a última experiência aconteceram várias mudanças em meu corpo. — Tsuhime começou o diálogo, direcionando a atenção às pessoas que andavam pelas ruas. — E a mais notável são os olhos. Esse acastanhado foi como um presente para mim. Por quê? Porque eu me desliguei completamente da imagem do papai. Bom, pelo menos é o que eu acho. Fiquei um ano próximo a Konoha, cuidando de pessoas que realmente precisavam de atenção e nunca tive coragem de enfrentar o meu passado. Até agora ainda não tenho. Eu estou com medo de ter perdido tudo o que vim cultivando ao longo de quatro anos. — Em um momento, a jovem encarou a Hokage, permitindo que ela visse os seus olhos marejados. — Por favor, se ele já encontrou outra pessoa me diga. Assim eu posso enterrar de vez esse desejo tolo. Não fará sentido me redimir quando já não há mais necessidade.

Tsunade guardou silêncio por minutos incontáveis, cogitando se faria bem responder ou não àquelas palavras. Apesar de não precisar, como Hokage, ela sabia das coisas que aconteciam à vila e a seus moradores — era sua obrigação se manter a par de tudo —, porém não tinha capacidade de se intrometer em assuntos tão pessoais. O que acontecera entre Shino e Tsuhime há quatro anos ela desconhecia os detalhes, no entanto, pelo semblante que Shino mascarou no rosto por algum tempo, desafiava-a a acreditar que a história não acabara bem. E, para esclarecer suas suspeitas, ali se encontrava Tsuhime, contando-lhe que realmente o que teria sido uma bonita história fora rompida.

O arrependimento era nítido na face de Tsuhime, ou em qualquer palavra que se associasse a ela e que se dirigisse a sua vida antigamente. Como mulher, Tsunade poderia ser franca e aumentar a culpa que Tsuhime carregava ou deixar que ela descobrisse sozinha e fosse ela mesma a ser a mediadora de seus problemas. Ela sabia o que era perder um amor, e sabia também melhor do que ninguém como era difícil esquecê-lo. Não, ela não podia quebrar o resto de esperança que a garota tanto se agarrava.

— Tsunade-hime? — Ela chamou-a, esperando por ouvir quaisquer respostas. — A senhora pode me contar.

— Eu não sei. — A Hokage disse em um fio de voz. — E se quer um conselho, deveria ir atrás do que tanto busca. Se você realmente está disposta a consertar o que errou, comece sendo sincera. Diga tudo o que escondeu e se de alguma forma não dê certo leve sua vida adiante, desprendida de qualquer ligação do passado. É isso que eu venho fazendo durante um bom tempo.

Tsuhime não replicou, apenas voltou-se para a janela absorvendo todo o impacto silenciosamente. Sabia que Tsunade tinha razão, que não adiantaria continuar se escondendo e afligindo ainda mais o que já era para estar claro há muito tempo. Ela deveria ser corajosa, encontrá-lo e dizer quem ela realmente fora e era agora, acima de tudo. Passou da hora. Sua mente lhe dizia, como se Tsuhime pudesse ao menos redimir suas mentiras. Mentiras? Poderia chamá-las assim? Eu não menti, apenas o protegi. Ocultar fatos para o bem de outra pessoa é mentir? E eram tamanhas as dúvidas que a assolavam e novamente encontrava-se perdida, quase se trancafiando no mesmo casulo de quatro anos atrás.

— Perdoe-me por enchê-la com bobagens, Tsunade-hime. — A garota sorriu, desfazendo o semblante triste. Tudo ficaria bem, de uma forma ou de outra. Ela acreditava, afinal, era a única coisa válida no momento. — Poderia me avisar quando Shino voltar à vila?

E Tsunade não precisou respondê-la. Na entrada da porta, encontrava-se o Time Kurenai. No brilho dos óculos escuros que Aburame Shino usava, Tsuhime viu-se refletida neles. Entretanto, o modo como as sobrancelhas do rapaz, com agora vinte e três anos, franziram-se lhe lançavam um aviso de que ele estava indiferente a sua presença.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, espero que tenha gostado.
Deixei sua opinião, crítica construtiva, sugestão... Tudo será bem vindo.
Beijos!



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