Three Years Later escrita por Sora Takenouchi Ishida


Capítulo 1
Encontrando Velhos Amigos (Parte 1)




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Capítulo 1: Encontrando Velhos Amigos (Parte 1)
[PDV da Hikari]
Dois de Agosto. Para alguns, é só mais um dia típico de verão, com temperaturas altas como sempre. Mas para mim, é o dia em que minha vida mudou. Foi o dia em que descobri que era uma Criança Escolhida e encontrei minha parceira. Você provavelmente acha que sou estranha para falar e ser amiga de uma criatura que não é real, mas estou acostumada com isso, eu acho. Meus amigos também demoraram um tempo para acreditar em todas as coisas estranhas mostradas na TV, porque eles não entendiam. Eu preciso admitir que as achava estranhas quando eu também não tinha ideia do que estava acontecendo até então. Agora eu sou uma espécie de heroína no Japão, mas não me sinto muito confortável com isso. Sabe, eu só tenho onze anos. Ser uma heroína é esquisito. Mas preciso admitir que também é muito legal, as pessoas me param e pedem um autógrafo. Sinceramente, nada disso importa de verdade porque ela não está aqui comigo. Eu sinto falta dela, mas sei que ela não pode ficar neste mundo. Talvez você esteja se perguntando como eu posso amar um animal digital, minha resposta é: só quem passou pelo que eu passei pode. Neste momento, estou olhando pela minha porta de vidro, lembrando o dia em que nos encontramos e como ela foi sequestrada por tentar recuperar meu brasão. Levei as mãos ao meu pescoço e percebi que meu apito tinha sumido. Não evitei um suspiro e um sorriso enquanto pensava na minha parceira.
“Hikari?”
Eu me virei, ainda um pouco perdida nos meus pensamento, e vi meu irmão parado à porta. Ele foi quem menos mudou, fisicamente falando, de todos nós. Ele ainda tem o mesmo cabelo castanho comprido e espetado, mas ele não usa mais aquelas roupas bregas. Um dos benefícios do ginásio, se quiser saber minha opinião.
“Você está bem?”
Eu balancei minha cabeça, tentando tirar Tailmon da mente. “Sim, estou ótima.”
“Legal, porque você está aqui há horas.”
“Você sabe que dia é hoje?” Eu perguntei de repente, o que pegou Taichi de surpresa. Ele sempre foi terrível em lembrar datas especiais.
“Dois de Agosto, por quê?”
“Hoje é o dia em que encontrei Tailmon pela primeira vez, há três anos.”
“É verdade!” Ele estapeou sua testa. “Eu não imaginava que fazia tanto tempo!”
“Sim.” Eu disse num tom muito baixo enquanto me virava para olhar a vista da minha porta novamente.
“Algo me diz que está com saudade dela.” Taichi disse em tom sério enquanto parava ao meu lado.
“Eu só queria que ela estivesse comigo hoje.” Eu tentei lutar contra as lágrimas que ameaçavam cair dos meus olhos. “Não sei se ela lembra que hoje é o dia em que nos conhecemos, tanta coisa aconteceu nos dias seguintes.”
“É claro que ela se lembra. E tenho certeza de que ela quer te ver novamente.” Ele colocou uma mão no meu ombro, me assegurando do que estava falando.
“Eu só acho que a morte do Wizardmon é o que ela mais se lembra dos eventos daqui.”
“Está brincando? Está realmente pensando que não é tão importante para ela quanto o Wizardmon foi?”
“Não, claro que não. Nós dois somos especiais de formas diferentes, eu acho.”
“Ótimo. Você seria boba se pensasse assim.”
“Nossa, obrigada.” Eu forcei um sorriso. “E quanto a você? Sente falta do Agumon?”
“Todo dia. Sinto-me estranho sem ele por perto. Eu fiquei tão acostumado em tê-lo comigo o tempo todo que me sinto… incompleto, se isso fizer sentido.”
Faz todo o sentido do mundo, irmão. Eu imagino como as outras crianças estão e se elas estão bem. Nós prometemos manter contato, mas meio que nos afastamos. É normal, certo? Fui novamente trazida à realidade quando meu alarme disparou, lembrando-me que tenho aula de balé em meia-hora.

Enquanto caminhava para fora da escola, duas horas mais tarde, eu parei na quadra de tênis. Uma menina de cabelos ruivos jogava contra outra menina, provavelmente praticando para a competição nacional. Não contive um sorriso, sentindo-me orgulhosa dela. Eu dei as costas para a quadra e comecei a me afastar quando ouvi alguém me chamando.
“Olá, Sora.” Eu disse enquanto me virava para olhá-la.
“O que está fazendo aqui?”
“Acabei de ter aula de balé. Estava a caminho de casa e te vi jogando tênis. Está treinando para um torneio?”
“Sim.” Ela disse, um pouco corada. “Minha professora me inscreveu para o Wimbledon este ano.”
“Está brincando? Isso é tão legal, Sora!”
“Acho que sim…”
“O que tem de errado?”
“Só estou nervosa em viajar para outro país, sabe? Nunca saí do Japão antes.”
“Não se preocupe, você vai se sair bem. Sua treinadora vai com você?”
“Vai sim, eu não aguentaria a pressão de um torneio mundial como o Wimbledon sozinha.”
“Você tem razão.” Sobre o ombro de Sora, eu pude ver sua professora chamando-a. “Bem, eu não quero atrapalhar seu treino. Vejo você depois.”
“Sim, claro. Devemos passar mais tempo juntas.” Ela disse com um sorriso. “Nós mal nos vemos ultimamente.”
“Claro, vamos fazer isso. Você tem meu número, então pode me ligar a qualquer hora. Ou eu te ligo.”
“Ótimo.”
“Vejo você por aí. Tchau.”
“Tchau.”

Eu quase fui atropelada pelo meu irmão quando abri a porta da frente. Ele estava atrasado para a aula de futebol, como sempre. Alguém deveria realmente apresentá-lo aos alarmes. Eu senti o cheiro de algo delicioso vindo da cozinha enquanto tirava meus sapatos e os deixava perto da porta. Minha mãe deveria ter se tornado chef de cozinha, ela seria perfeita nisso.
“Olá querida. Como foi sua aula de balé hoje?”
“Foi ótima, obrigada. Eu vi a Sora depois.”
“Faz tempo que não a vejo. Como ela está?”
“Ela está bem. Ela me disse que a professora dela a inscreveu no Wimbledon este ano.”
“Que legal. Aposto que ela está animada.”
“Está sim, mas também um pouco nervosa porque é em outro país e tal. E então eu lhe disse que deveríamos sair algum dia desses. Sinto falta dela.”
“Ela é uma menina incrível. É uma pena que ela e o Taichi não sejam mais tão próximos. Ela costumava vir aqui o tempo todo.”
“Sim, eu me lembro disso. Eu costumava ficar com ciúme da amizade dela com o Taichi, eu também queria ter essa amizade com ela.” Eu puxei uma cadeira e me sentei. “É estranho pensar que o Mundo Digital uniu todos nós.”
“Falando nisso… você não fala mais da Tailmon. Você ainda tem contato com ela?”
“Não tanto quanto eu queria. Acho que a última vez que falei com ela foi há um ano.”
“Uau, faz tanto tempo assim?”
“Sim, o tempo voa, não é?”
“Com certeza.” A Sra. Kamiya parou de falar. “Você sente saudade dela?”
Eu tenho de admitir que a pergunta da minha mãe me pegou de surpresa. Claro que sinto falta da Tailmon, eu só nunca falei com ninguém sobre isso, além do Taichi obviamente. Nunca me ocorreu que isso estava claro para todo mundo, especialmente para minha mãe.
“Sim, todo dia.” Eu suspirei. “Mas eu tenho de seguir em frente com a minha vida, certo?”
“Mas isso não significa que vocês duas devem se afastar. Alguns amigos são para sempre.”
Não pude evitar um sorriso. “Eu gosto do jeito que pensa. Mas eu não sei se o portal ainda está aberto.”
“Bem, você nunca vai saber se não tentar.”
“Você tem razão.”
“Você precisa aproveitar as oportunidades, querida.”
“Isso mesmo. Vou tentar vê-la novamente.”

[PDV da Sora]
Hoje foi um dia incomum. Eu vi a Hikari, a irmã do Taichi, pela primeira vez desde que voltamos do Mundo Digital. Eu fiquei surpresa de ver o quanto ela tinha crescido. Nós conversamos rapidamente, mas prometemos nos ver mais vezes. E então eu o vi. Ele estava tão bonito, e eu nunca o achei atraente antes. Seu cabelo louro não está mais tão espetado como era dois anos atrás, quando eu o vi pela última vez, mas ainda está legal. Fiquei aliviada por ele estar longe, assim ele não poderia me ver corada e xingando as meninas que estavam com ele. Eu me assustei quando alguém colocou a mão no meu ombro.
“Você está sonhando acordada de novo, Sora?”
Eu sorri fracamente. “Não, eu só estava distraída. Só isso.”
“Distraída por aquele louro estranho?” Natsuko me provocou.
“Claro que não!” Eu gritei, tentando parecer convincente, em vão.
“Você gosta dele!” Ela berrou em animação.
“Fica quieta, Natsuko! E não fale tão alto.”
“Você o conhece?”
“Ah… eu costumava. Nós fomos ao mesmo acampamento três anos atrás.”
“Então vocês dois devem ter passado muito tempo juntos, não é?”
“Acho que sim. Eu não sabia que ele tinha se transferido para nossa escolar, afinal.”
“Por alguma razão, não estou acreditando sua explicação de como conhece esse garoto.”
“Claro que não acreditaria.” Eu sorri. “Você nunca acredita em nada.”
“É isso mesmo.”
“Só você se gabaria de algo assim.”
“Enfim, vamos falar sobre como você vai conquistar esse menino.”
“O que?!” Eu gritei.
“Você gosta dele e não vai fazer nada quanto a isso?”
“Sim, esse é o meu plano.”
“Isso não vai acontecer.”
“Natsuko, tenho catorze anos! Sou muito jovem para namorar.”
“Nunca é cedo demais para começar, confie em mim.”
“Então você nunca teve encontros antes?”
“Não os de adultos, não sou tão estranha assim. Eu tive encontros típicos de criança, se isso fizer sentido.”
“Não muito. Mas nada dessa conversa faz sentido, então…”
“Então, vamos trabalhar num plano para conquistar esse garoto.”
“Natsuko, eu disse que não vou fazer nada! Esqueça isso.”
“Vamos, Sora. Ele pode ser sua alma gêmea. O único jeito de ter certeza é namorá-lo.”
“Sou apenas uma adolescente! Além disso, se ele for mesmo minha alma gêmea como você disse, as coisas vão se ajeitar para nós eventualmente.”
“E se elas não se ajeitarem? Você aceitaria ele se casar com outra mulher?”
“Por que estamos falando sobre isso?”
“Porque estamos planejando seu futuro.”
“Você é louca, sabia? Tudo o que sei neste momento é que não quero sair com ele. Fui clara?”
“Nossa, você é tão chata.” Natsuko fechou a cara. “Tudo bem, se é o que você quer.”
“Obrigada. Agora vamos voltar ao treino.”
Eu suspirei enquanto voltava à quadra. Eu odeio esconder coisas da minha amiga, mas eu fiz um pacto com as outras crianças que não contaríamos a ninguém o que nós passamos. As pessoas no Japão acham que tudo o que aconteceu há dois anos – a invasão dos Monstros Digitais e todo o resto – foi apenas uma ilusão, então nós decidimos deixar as coisas assim. Eu acredito que seria um caos se eles descobrissem que há outro mundo como o nosso. Eu me virei e observei Yamato Ishida mais uma vez. Meu coração quase parou de bater no segundo em que meus olhos encontraram os azuis-bebê dele e ele sorriu brevemente para mim. Eu poderia jurar que meu rosto ficou vermelho vivo. Eu rapidamente me virei e corri até a Natsuko. È claro que ela notou meu rosto corado.
“Por que você está vermelha?”
“Por nada.” Eu respondi rapidamente, me recusando a olhá-la.
“O que aconteceu?”
“Não aconteceu nada, Natsuko. Eu não quero falar sobre isso.”
“Você falou com ele?”
“Não. Eu disse que não o via há anos.”
“E daí? É um ótimo jeito de recomeçar.”
“Eu não sei.”
“Vamos, Sora.”
“Não, eu não quero. Então vamos esquecer isso, tá bom?”
“Tudo bem. Mas não pode se arrepender depois.”
“Não vou, eu prometo.”
Natsuko e eu juntamos nossas coisas e nos dirigimos à quadra para um treino final.

[PDV do Yamato]
O que há de errado comigo? Eu nunca senti algo assim antes. Ver a Sora novamente foi tão… estranho. Tudo bem, essa não é a palavra que estava procurando. Ela estava tão… estonteante, seu cabelo estava um pouco abaixo dos ombros. Eu acho que nunca vi seu cabelo tão comprido. Eu senti vontade de falar com ela, mas essas groupies não me deixam em paz. Ainda não sou nem famoso, mas já odeio ter groupies. Quero dizer, elas são boas para dar uns amassos e tal, mas elas estão sempre te seguindo onde quer que você vá. Eu sempre odiei ter gente me seguindo por aí. Meus pensamentos são interrompidos quando alguém me sacode.
“Yama, você está bem?”
“O que? Sim, estou ótimo.” Eu me virei e sorri. “Obrigado por me afastar daquelas meninas, Takeru.”
“Por nada. Mas o que exatamente você estava olhando? Ou devo perguntar para quem estava olhando?”
“Ninguém.” Eu respondi rapidamente, mas meu rosto disse o contrário.
“Vamos, irmãozão. Você pode me contar.”
“Eu acabei de ver alguém do passado. Nosso passado.”
“Quem?”
“Ela está bem ali.” Eu apontei na direção da menina ruiva e meu irmão seguiu.
“Ah meu Deus, é a Sora! Você foi falar com ela?”
“Não, mas ela me notou também. Ela estava olhando para mim há alguns minutos.”
“Bem, por que não vamos falar com ela? Estou com saudade dela!”
“Talvez alguma outra hora. Eu tenho de praticar com a banda.” Eu tentei agir natural e comecei a me afastar.
“Ah, eu estava ansioso para falar com ela.”
“Você pode ir, mas eu não posso ficar.”
“Não, eu faço isso outro dia. Eu vou me encontrar com o time de basquete mais tarde.”
“Tudo bem, então.”
“Mas ainda precisamos falar do seu corado de agora.”
“Eu não corei!”
“Se eu não te conhecesse tão bem, diria que sente algo pela Sora.”
“Eu não sinto!”
“Tudo bem. Eu sempre achei que vocês dois ficariam ótimos juntos.”
“Como é?”
“É só uma ideia.” Ele sorriu. “Ei, você não precisa me dizer se não quiser. Eu entendo.”
“Obrigado, irmão.”
Eu olhei para Sora novamente, antes de ir embora com meu irmão.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Tenho até o capítulo 5 escrito, vou atualizando na medida do possível. Comentários são bem vindos.



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