Escuto um barulho, me viro e levo um susto quando vejo um lobo, na hora acho que estou vendo coisas, mas percebo que ele é real quando rosna para mim. Seu olhos são castanhos, ele é marrom, mas tem umas rajadas caramelo nas costas e seu peito é branco. Dou alguns passos para trás e pego o cordão que Pedro me deu e assopro, não sei se ele se sente ameaçado pelo meu movimento e o barulho, mas pula em cima de mim, me jogando no chão. O animal fica em cima de mim e tenta me morder meu rosto, mas eu não deixo segurando o pescoço dele, ainda não sei como tive força para fazer isso. É uma visão de pesadelo aqueles dentes alguns centímetros do meu rosto, sua saliva caindo na minha face, sues olhos cheios de ódio. Uma coisa estranha acontece, fazendo parecer que ele tem raciocínio, ele morde meu pulso esquerdo para que eu solte o pescoço dele. Dou um grito e quase o solto, mas continuo o segurando o impedindo e segundos depois a ferida começa a sangra manchando minha blusa. A dor começa a ficar insuportável penso em solta lo e acabar logo com isso, mas não faço e aí uma chuva começa a cair me encharcando a mim e a ele. Uns minutos depois que a chuva começa cair penso novamente larga lo, aí no exato momento que penso nisso algo joga o lobo para o lado e para longe de mim. Me levanto no mesmo instante e vejo que o algo que tirou ele de cima de mim, foi um lobo, parecido com ele só que é maior e não tem as rajadas caramelos,ele começam abocanhar um ao outro. Olho para meu braço que está todo sujo de sangue, tento estancar o sangue, mas na hora que vou fazer isso começo a sentir uma dor de cabeça, que eu já não tinha muito tempo volta e ainda mais forte. Caio de joelhos no chão, coloco a mão na cabeça e grito, pois já sei o que vai vir pro ai e não da nem um segundo e um lembrança invade a minha cabeça.

Eu e uma garota estamos apostando corrida para algum lugar, quando de repente para junto e pergunto o que foi? Ela aponta para nossa frente onde á um lobo. O bicho partir para cima dela, ele começa morde o rosto dela, ela grita Karina varias vezes pedindo ajuda, mas a única coisa que eu faço é ficar chorando e assistindo a morte dela. Uns segundos depois ela dá o ultimo grito e é assim que a visão acaba, quando volto para a realidade ainda consigo ouvir o grito dela. Sento no chão, olho para a minha esquerda e vejo que o lobo que me salvou venceu a briga, ele rosna para o outro que foge para o matagal. Ele se aproxima um pouco de mim, olha nos meus olhos e foge para a mata.

Tento me levantar, mas não consigo, pois ainda estou tonta e então decido deitar no chão. Pego o cordão que Pedro me deu e assopro algumas vezes, mas ele não aparece e decido esperar. A chuva ainda cai, mas agora com menos força, fico ali só observando as gotas caírem no meu rosto e aí uma frase invade aminha cabeça ‘’Morrer é fácil, difícil é viver’’ e começo a pensar se eu morresse ali o que seria da pedra? Será que o Cobra cuidaria dela? Como seria fácil se eu não tivesse que segura essa responsabilidade? Mas imediatamente balaço a cabeça tentando afastar esses pensamentos depressivos e aí escuto um barulho vindo da minha esquerda, olho e vejo Pedro ele se a joelha ao meu lado, fala algo que eu não consigo escutar, isso deve estar acontecendo porque pedir muito sangue e a minha pressão de estar caindo. Ele pergunta novamente, então mostro para ele o braço, ele faz uma cara de espanto, e aí Pedro começa a ficar embaçado e tudo escurece.

Acordo no sofá de uma sala que não reconheço, sento,olho envolta e não vejo ninguém. Olho para meu braço e vejo que tem uma atadura envolta do meu pulso a onde estava a mordida, toco nela.

– Se fosse você não mexeria nisso e nem moveria esse braço – fala Pri que surgi do meio do nada

Abro a boca para falar, mas ela me interrompe.

– Se você quer saber a onde está o Pedro, ele tá no quarto. Pedro a Karina já acordou!

– Não era isso que eu ia perguntar, é foi você que fez esse curativo.

– O preguiçoso do meu irmão que não foi.

– Coitado – respondo

– É brincadeira

Percebo que estou usando uma blusa de banda, que não é minha.

– Cadê a minha blusa?

– Ah é que a sua estava suja de sangue aí o Pedro te emprestou essa.

Depois que ela me responde Pedro aparece atrás dela.

– Como está? – ele pergunta se sentando na minha frente

– Bem

– Então eu vou te fazer uma pergunta, o que aconteceu?

– Um lobo me atacou

– Um lobo? – indaga Pri

– É

– Cê tem certeza? – ela pergunta novamente

– Tenho, por quê?

– Porque aqui não existe lobo, lobos só têm em lugares frios.

– Só se não for um lobo comum – diz Pedro

– Como assim? – indaga Pri

– Um lobisomem – ele responde

‘’Bem isso faz sentido, aqueles lobos estavam agindo estranhamente’’penso.

– Então, a Karina vai vira um lobisomem? – pergunta Pri espantada

– Não esses tipos de lobisomem não passam pela mordida – respondo

– Como você sabe disso? – indaga Pedro

– Filmes, se você quer saber eles te ensinam muito

– Sei – ele fala num tom desconfiado

O silencio paira sobre o ar, até que Pedro o quebra.

– Karina você está me escondendo algo?

Levo um susto com a pergunta e demoro a responder.

– Não...por que?

– Nada – ele responde

Pri olha para mi e depois olha para Pedro e fala.

– Eu vou deixar vocês dois sozinhos

Uns instantes depois que ela sai Pedro diz.

– Desculpa

– Pelo o que?

– Pelo o que eu disse agora pouco e por não ter ido até você quando você assobiou.

– Espera ai! Você escutou?

– Sim, só que eu achei que você estava brincando comigo- ele se levanta – A culpa é minha desse machucado

Me levanto e vou até ele.

– Não foi sua não foi de ninguém

– Claro que foi, se eu não tivesse ido na primeira vez que você me chamou você não estaria com esse machucado

– Você não tinha como adivinhar, a culpa não é sua ta? – me aproximo e dou um beijo na bochecha dele.

– Tá – ele responde desanimado

E nesse momento me lembro que Cobra sente quando algo de ruim vai acontecer comigo, ele deve estar igual um maluco me procurando.

– Pedro eu tenho que ir

– Tá, eu te levo

– Não precisa

– Então, ta

– É a sua blusa?

– Depois você me devolve

– Tá, tchau

– Tchau – ele responde e saio

*********

Na hora que entro em casa dou de cara com Cobra em pé com uma cara.

– Oi – falo enquanto fecho a porta

– A onde você estava? – pergunta ele vindo na minha direção

– Eu... – ele me interrompe pegando no meu braço

– Que machucado é essa? Não me diz que... foi aquele garoto que fez isso, eu vou matar ele – Cobra sai caminhando na direção da porta sem deixar que eu responda, entro na frente dele o impedindo de fazer besteira.

– Não, ele não fez nada, foi um lobo que me atacou, um lobo não um lobisomem

– Caraca! Eu não posso nem te deixar um instante sozinha que algo já tenta te matar

Não repondo nada, só reviro os olhos.

– E quem te salvou?

– Outro lobisomem

– Mas porque outro lobisomem te salvaria?

– Sei lá você que é o sabichão aqui

Ele semicerra os olhos para mim.

– Tá pensa sobre isso, agora eu preciso te apresentar alguém. Pode entra

E uma garota entra na sala, olho para Cobra e pergunto.

– Quem é essa?