Bobby ocupava o colchão quase que por inteiro, me deixando com apenas uma linha fina para me deitar de lado.

Ele passou os braços em torno de mim e me puxou mais para perto, fazendo que nos ficassemos de conchinha. Ele embrenhou seu nariz em meus cabelos e roncou suavemente.

Era impressionante, ele estava me tratando como um urso de pelúcia. Ele me dava um abraço carinhoso, apesar de que minhas costelas estavam um pouco moídas de tanto carinho e amor.

Pensei por um momento em me virar em seus seus braços e ficar de frente para ele, mas iria acordá-lo se o fizesse. Queria poder fazer um pouco de carinho nele, o deixar confortável. Apesar de ser um urso de pelúcia gigante para seu namorado já ser um ato de carinho (aos meus olhos).

Olhei para Lily e Scott que pareciam dormir depois de um bom tempo conversando baixinho. Bobby havia dormido tão rápido que chegou a me assustar.

Seus braços apertaram levemente minha cintura. Passei a mão sobre os cabelinhos ruivos que estavam espalhados sobre um de seus braços e ele respondeu com um suspiro que me fez parar no mesmo momento.

– Por que você parou? - ele perguntou, sua boca encostando em minha orelha.

– Achei que você estivesse dormindo. - resmunguei.

– Estava cochilando. - ele sussurrou sonolento.

– Parecia estar dormindo pelo jeito que roncava.

– Eu estava roncando? - sua voz saiu envergonhada.

– Foi baixinho, só eu consegui ouvir. - falei pegando um de seus dedos e brincando.

– Bom saber.

Ele soltou um pouco o aperto.

– Por que nós estamos de conchinha? - ele perguntou reparando em nossa posição.

– Eu que deveria perguntar isso. - falei. - faz uma hora que você está me abraçando como se fosse um ursinho de pelúcia.

– Em minha defesa, você é muito macia e quente.

Eu ri baixinho, Lily se acordava com qualquer coisa.

– Você também não é nada mau. - falei.

– Nada mau? - ele perguntou.

Ele afastou alguns cabelos de meu pescoço e aproximou o rosto depositando quatro beijos em linha seguindo para Meu ombro nú. Arrepios percorram minha coluna.

– Bobby?

– O que? - ele perguntou enquanto depositava o quinto beijo.

– Não consigo dormir. - admiti baixinho para ele.

– O que quer que eu faça? Conte uma história? Cante uma canção de ninar?

– Seria legal.

– Você deve estar brincando. - Bobby riu.

– Por favor.

– Sums, você não tem mais idade para isso.

– Por favor. - pedi novamente.

– Sums. - seu tom era sério.

– Por favorzinho.

– Está bem...

– Obrigada.

– Mas... - ele soou vitorioso.

– Retiro o que disse.

– ... Eu quero que você me dê 100 beijos.

Eu mordi o lábio levemente, algo mais por puro hábito do que nervosismo.

– Fechado. - falei para ele.

Ele me virou sem nenhuma dificuldade e nós ficamos de frente um para o outro.

A pouca luz que tinha no quarto vi seus cabelos ruivos bagunçados em todas as direções, não que meus cabelos estivessem em melhor estado. Passei meus dedos pelo cabelo dele e ri baixinho.

– Alguma ideia para sua história? - ele perguntou baixinho.

– Não. - respondi sinceramente. - Por que não inventa uma?

– O que acha de uma bela princesa chamada Winter e seu belo príncipe encantado... Príncipe Robby?

– Robby e Winter? - perguntei.

– Robby e Winter. - ele confirmou.

Abracei o peito dele e encostei meu rosto em seu peito, minha respiração seguido o ritmo das batidas lentas de seu coração.

– Em um reino muito distante existia uma princesa chamada Winter...

– Esqueceu do " Era uma vez...". - falei.

– Está bem. Era uma vez, em um reino muito distante, existia uma bela princesa chamada Winter, bela como um floco de neve. Essa princesa quando era pequena havia sido prometida em casamento a um grande e maligno dragão, que a amava do fundo do seu coração, enquanto ela não o amava nem um pouquinho. O dragão tentava o tempo todo a alegrar, mas nunca conseguia arrancar um único sorriso.

– O dragão parece ser legal. - resmunguei.

– Chegou um dia que o dragão estava infeliz, muito infeliz e decidiu que deixaria a bela princesa ir embora de sua prisão e viver sua vida em paz. Só que no dia que ele iria libertá-la, a princesa não quis. Ela simplesmente falou que o amava e que não iria deixá-lo sozinho. Fim.

– E onde está o cavalheiro Robby? - perguntei.

– Ele foi comido pelo dragão assim que tentou roubar a princesa.

– Triste. - falei com um sorriso.

– Bastante.

Bobby deu um bocejo e passou a mão pelos cabelos, os bagunçando ainda mais.

– Já está com sono? - ele perguntou baixinho.

– Nem um pouco. - falei com sinceridade.

– Você vai me fazer cantar? - ele perguntou em tom sofrido.

– A menos que você queira que seus 100 beijos sejam reduzidos a 50.

– Tem alguma música em preferência? Red Hot Chili Peppers? OneRepublic? Imagine dragons? AC DC?

– Qualquer uma. - resmunguei.

Levei o lençol até o queixo e me aconcheguei ainda mais em Bobby, que deu um suspiro de satisfeito.

Ele pugarreou e começou a cantar baixinho.

– " No matter what we breed

We still are made of greed

This is my kingdom come

This is my kingdom come

When you feel my heat

Look into my eyes

It’s where my demons hide

It’s where my demons hide

Don’t get too close

It’s dark inside

It’s where my demons hide

It’s where my demons hide..."

– "At the curtain’s call

It’s the last of all

When the lights fade out

All the sinners crawl

So they dug your grave

And the masquerade

Will come calling out

At the mess you made..."

Não percebi que Bobby havia parado de cantar até terminar a estrofe seguinte.

– O que foi? - perguntei.

– Você tem uma voz linda. - ele respondeu.

– Você tem uma bem bonita também.

– Não sabia que gostava de imagine dragons.

– Eu também gosto de Maroon 5 e Guns N' Roses.

– Eu tenho que arranjar um anel de casamento. - ele resmungou para meus cabelos.

Senti minhas bochechas corarem bastante.

– Você poderia continuar? - perguntei baixinho.

– Eu vou mudar a música. - ele falou.

Apurei os ouvidos e fiquei o máximo quieta que consegui.

– "Nice to meet you, where you been?

I could show you incredible things

Magic, madness, heaven, sin

Saw you there and I thought

"Oh, my God, look at that face!"

You look like my next mistake

Love’s a game, wanna play?

New money, suit and tie

I can read you like a magazine

Ain't it funny? Rumors fly

And I know you heard about me

So hey, let's be friends

I'm dying to see how this one ends

Grab your passport and my hand

I can make the bad guys good for a weekend

So it's gonna be forever

Or it's gonna go down in flames

You can tell me when it's over

If the high was worth the pain

Got a long list of ex-lovers

They'll tell you I'm insane

'Cause you know I love the players

And you love the game

'Cause we're young and we're reckless

We'll take this way too farIt

'll leave you breathless

Or with a nasty scar

Got a long list of ex-lovers

They'll tell you I'm insane

But I've got a blank space, baby

And I'll write your name..."

– Não sabia que você era do tipo que ouvia Taylor Swift. - ri.

– Para sua informação: Taylor Swift tem ótimas músicas e eu tenho uma irmã com 13 anos. - ele justificou entre risinhos.

– Você vai acordar Lily e Scott. - resmunguei.

– Scott dorme feito uma pedra e Lily parece nem se quer respirar.

Eu sorri.

– Vou cantar apenas mais uma música. - Bobby falou. - eu quero dormir um pouco. Já devem ser quase uma da manhã.

– Está bem.

– " I, I keep on running

I’m building bridges that I know you never wanted

Look for my heart

You stole it away

Now I’ll never sing the road that I could take

Listen, I want you to burn my bridges down

I said, I want you to burn my bridges down

Set me on fire

You set me

Set me on fire

You can burn my bridges down".

– Obrigada. - falei em seu ouvido.

– De nada. - ele murmurou. - mas eu quero uma coisa.

Ele se abaixou de forma que sua cabeça ficasse na altura de meus peitos.

Eu gelei por um momento. O que ele iria fazer? Minha respiração acelerou, mas ele simplesmente deixou a cabeça no meio dos meus peitos e abraçou minha cintura.

– B-bobby! - gaguejei baixinho.

– Eu não vou fazer nada de errado. - ele falou nervoso. - prometo.

Suspirei ainda um pouco nervosa e passei meus baços por seu pescoço, bagunçando seus cabelos com as pontas dos meus dedos.

– Não sei por que você não gosta de que eu mecha em seus cabelos, isso definitivamente é ótimo. - Bobby resmungou.

– Calado. - resmunguei.

– Nunca pensei que eles fosse tão quentes e macios.

– Não conte sobre isso a ninguém.

– Nunca. - ele murmurou enquanto abraçava mais meu corpo. - Boa noite.

– Boa noite.

Não sei quanto tempo depois disso comecei a dormir, apenas sei que foi a melhor noite de sono de minha vida.