Regra número três: deixe suas emoções escondidas a menos que queira sentir o gosto da derrota.

Outros três meses haviam se passado e muita coisa havia mudado.

Sem que percebessem, Marlene e Sirius passavam mais tempos juntos do que nunca. E não apenas para se beijarem, mas conversando, assistindo jogos de quadribol, estudando e andando juntos em geral.

Tanto os marotos quanto Lily estranhou essa mudança repentina na atitude de ambos. Eles ainda brigavam, mas não era tanto quanto antigamente. Agora era apenas de coisas idiotas, como quem comeria a última torta ou que time de quadribol venceria a final. Agiam como amigos de longa data e nem sequer percebiam.

Mas uma coisa que Marlene havia percebido, era o modo como Sirius olhava para ela. Não era mais com tanto desejo, mas com afeição. Isso a deixava animada, pois significava que ele estava tendo sentimentos diferentes do que tinha há três meses. Não faltava muito para ela conseguir dar a sua cartada final e conseguir quebrar o coração de Sirius.

Porém, com a concentração de Marlene em seu plano e Sirius em Marlene, ambos não haviam percebido que uma pessoa em especial estava reparando demais no relacionamento dos dois. James Potter não estava nem um pouco feliz com o que via e não sabia com quem ficava mais irritado: sua melhor amiga que se envolvia com Sirius ou com seu melhor amigo que se aproximava cada vez mais de Marlene.

Era uma sexta feira chuvosa quando James resolveu confrontá-los e saber o que realmente acontecia. O primeiro alvo fora Marlene, que estudava perto do lago sozinha, como sempre fazia quando se preocupava demais com uma matéria. Ele sentou-se ao seu lado. Marlene levantou os olhos do livro e sorriu para o amigo.

– O que você pensa que está fazendo? – Ele foi direto ao assunto. Com uma suspeita do que ele estava falando, Marlene se fez de desentendida.

– Estudando. O que acha que estou fazendo? – Ela lhe deu seu melhor olhar de confusa, o que não funcionou uma vez que James a conhecia desde pequena. Qualquer expressão, verdadeira ou falsa, era reconhecida por ele num piscar de olhos. Ele apenas levantou uma sobrancelha e a garota suspirou. – Não é nada demais. Estamos só nos divertindo.

– Eu não gosto nem um pouco disso. – Ele comentou sério. – Marlene, eu sei que você já se machucou por causa um garoto que não queria nada com você. E Sirius... Ele não é do tipo que se envolve em uma relação. Ele não é do tipo que se apaixona e jura fidelidade, você sabe disso tanto quanto eu.

– É com isso que está preocupado? – Ela perguntou se levantando. – James, eu não estou apaixonada pelo Sirius. Você deveria se preocupar com ele, não comigo. E você sabe disso.

E o deixou sozinho. Ela tinha razão. Apesar de ambos serem um desastre quando se tratava de compromisso, o maroto sabia exatamente do que estava falando. Marlene, quando queria brincar, não considerava os sentimentos de ninguém a não ser o dela. E tinha medo que fosse acontecer a mesma coisa com seu melhor amigo.

Por outro lado, Sirius não ficava muito atrás. Apesar de ter um coração enorme, não conseguia se focar muito em uma garota por muito tempo. O máximo que já tinha ficado com alguém era com uma garota da Corvinal no ano anterior e apenas durou duas semanas e meia, até ela o flagrar com outra garota na entrada do Salão Comunal da Grifinória. James então seguiu o conselho da amiga e foi-se preocupar com Sirius.

Voltando ao quarto, encontrou o amigo lendo uma revista trouxa sobre motocicletas. Ele revirou os olhos. Já havia semanas que ele estava com aquilo na mão tentando decidir qual seria a perfeita para ele obter quando saísse de Hogwarts.

– Lily nunca deveria ter comprado isso para você. – Ele disse sentando-se em sua cama. – Parece que só percebe a presença de um ser humano por perto quando está agarrando Marlene em cantos escuros pensando que eu não perceberia.

Isso o fez desviar a atenção da revista e olhar para o amigo. Seu rosto estampava choque. Tinha certeza que não havia comentado com ninguém, especialmente com James, e mais certeza ainda que não foram pegos, uma vez que ele sempre levava o mapa e a capa de invisibilidade com ele. Como James poderia saber?

O amigo percebeu a expressão de Sirius e logo foi esclarecendo.

– Vocês dois pararam de brigar, parecem bem mais próximos e toda vez que você sai de um cômodo, ela sai atrás. Fica tão obvio que perde a graça. – Ele disse revirando os olhos. Sirius deu de ombros e voltou a ler o artigo que o interessava. Mas o amigo não desistiu tão rápido.

– Eu sinto muito ter deixado isso chato. Não era a minha intenção deixar de ser interessante para você, Pontas.

– Sirius, ela é uma arrasadora de corações. – James disse no tom mais sério que pode. – Ela arrancará o seu coração e o fará em pedacinhos em um piscar de olhos. E ainda rirá disso.

– James, para ela fazer isso, eu teria que me apaixonar por ela. – Ele disse fechando a revista. – E você e eu sabemos que isso é impossível. Ela e eu somos parecidos nisso. Não nos apaixonamos, o que torna o que temos muito mais fácil e bom.

James o olhou com uma sobrancelha arqueada.

– Mesmo? Você já se viu perto dela? – Sirius o olhou confuso. – Nunca reparou como não param de se tocar ou que não brigam quase nunca ou que estão se tornando um casal?

Sirius parecia indignado com a declaração do amigo.

– Casal? James, pelo amor de Merlin, você precisa trocar de óculos. O que você vê não é nada menos que tensão sexual entre nós dois. Ponto. Mas você já reparou em como você e a Evans estão quando se juntam?

– Isso não é sobre mim e Lily. E sim sobre vocês dois. Não quero que nenhum dos dois acabe de coração partido.

– Não vamos. Eu prometo que não vou me apaixonar por ela ou sair de coração partido.

Como Sirius estava errado.