Foi um susto quando ele chegou.

Eu estava sozinha no chalé de Hécate, arrumando minhas coisas e tentando, em vão, usar magia.

Dallet me dissera uma vez que não precisava ser filha de Hécate para fazer magia, mas era muito dificil, não que mudasse algo o papai ser Hades, mas sempre que eu tentava fazer uma flor desabrochar, ela secava.

Ser filha do deus dos mortos não é fácil.

Eu estava chorando sobre minha cama quando me toquei que Dallet deveria estar pior.

Imagina se sua mãe fosse estuprada e nacesse um filho e você fosse obrigado a aturá-lo que saberá como eles se sentiam.

Mas a liberdade de expressão é una faca de dois gumes. Dallet deve estar péssima e se odiando apenas por ter nascido.

– Por que está chorando? - Eu conhecia essa voz muito bem. Geralmente eu só falava com Dallet e Dean no camp, as vezes com o Percy, mas aquela foi a primeira vez que o vi ali.

Me levantei rápido e o abracei forte.

Capaz dele não entender, e não deveria, mas eu tinha que fazer isso. Senti tanta saudades dele.

– Não chora. - ele pressionou minha cabeça contra seu peito. - Por que não me conta o que aconteceu?

Ele não me reconhecera, só serviu para aumentar a dor.

Não conseguia dizer nada. Ele crescera muito durante aquele tempo todo que passei no inferno, mas ainda tinha a jaqueta de aviador e o anel.

– Senti tanto a sua falta... - Eu diria tudo oq estava sentindo naquele momento, mas fui interrompida.

– Você não vem, Nico? - disse uma garota negra, com grandes cabelos cacheados para meu irmãozinho.

– Sua namorada? - perguntei sorrindo.

Ele não demonstrou nenhuma emoção.

– Na verdade esta é Hazel, minha irmã.

Aquilo doeu, e doeu muito.

– Su... Sua irmã? - gaguejei entre lágrimas. Não acredito que ele me trocara assim.

– Sim. - ele me afastou. - Se não se importa, eu, ela e meu namorado temos que caçar agora.

– Namorado? - gritei assustada. - Como assim? Ainda não acredito que mudou tanto. VOCÊ NÃO É O NICO!

– O que está dizendo? Eu nem te conheço.

– Não me conhece? O nome Bianca te sugere algo?

Ao ouvir meu nome, lágrimas caíram de seus olhos.

– Não pode ser...

Retirei a faca preta da bainha e a joguei no chão, de modo com que ela fincasse no assosalho do chalé de Hécate. Me levantei e saí correndo e chorando rumo a porta.

Ele segurou meu braço e olhou para meus olhos.

– Bianca, eu...

– Você que vá a merda com sua irmazinha. - o empurrei e corri, tentando em vão esconder as lágrimas.

Meu irmão virou um gay e arranjou novas companhias, eu quero matar ele!

Me lembro de ter empurrado a nova "irmãzinha" dele no caminho para a porta. Eu só queria ver uma pessoa, mas ele não estava mais ali.

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– Nico, o que aconteceu aqui? - Disse Hazel se levantando.

Nico não disse nada. Mil coisas se passavam pela sua cabeça. Sim, Nico sentia a presença de sua irmã ali, mas aquela garota não parecia nada com ela.

Ele girou o anel de caveira no dedo.

Nico não acreditava que abraçara a sua irmã, conversara com ela e ainda chamou Hazel de irmã na frente dela. Hazel. Ela estragara tudo.

– Nico...- Ela tocara em seu ombro gelado. À muito tempo não ficava assim, ele estava feliz mesmo triste, mas ao decepcionar sua irmãzinha, parecia que essa sua felicidade se esvaíra.

– Nico...

Ele deu um tapa na mão dela.

– Diga ao Michael que não vou hoje. Então ele desapareceu nas sombras.

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Hazel estava nervosa e confusa.

Segundo Nico, Bianca ja tinha se reencarnado. Então que diabos estava acontecendo ali? Quem aquela garota pensava que era para machucar o seu irmão?

Hazel não era muito vingativa, na verdade era um doce de pessoa, mas viu em Bianca uma ameaça, ameaças devem sumir.

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Bianca estava sentada junto ao pinheiro de Thalia, onde repousava um enorme dragão. Por algum motivo ela não teve medo, o mesmo que ela teve quando não sentiu medo de Anubis, ou do cachorro enorme que ela montara para chegar até ali.

O dragão simplesmente a ignorava e ela podia chorar em paz.

Paz... Foi o que ela pensou que teria ao morrer, mas a garota loira misteriosa apareceu e tudo mudou. De algum modo, a culpa era de Dallet, mas o fato de ela estar viva até agora também. A garota era uma boa amiga, talvez a única que já tivera em toda a sua vida.

Ela sentiu um par de mãos fortes tocar seus ombros.

Ela levantou a cabeça esperando o seu amiguinho Dean, mas quem ela viu tinha os olhos verdes como o mar.

– O que aconteceu Bianca? - perguntou Percy, de um jeito impressionantemente serio.

– O Nico... Ele...

Percy sentou se ao lado dela.

– Desculpe me por isso. Achei que seria uma boa idéia. Devia ter te contado antes, mas...

– Mas o que? - Bianca não tentava mais esconder as lágrimas. - Ele me substituiu. E agora é... Gay!

Percy deu um sorriso.

– No começo eu também assustei, afinal ele estava afim de mim.

Bianca deixou escapar um sorriso tímido.

– De você? E quem resiste?

Percy sorriu.

– Está a fim de mim mocinha?

Bianca corou, mas como Dallet faria, ela entrou na brincadeira.

– Talvez eu esteja. - ela fez Percy corar também - Mas não estou a fim de competir por um garoto com meu irmão.

Percy gargalhou.

– Levei o maior susto da minha vida quando elee me disse a alguns meses, acho que se não fosse Annabeth eu jamais desconfiaria.

Bianca voltou a ficar triste.

– Annabeth. Sempre ela.

O fato de Percy ter falado dela durante toda sua missão com ele foi um dos motivos por ela ter se juntado à caçada.

– O que tem Annabeth?

– Você é bonitinho, mas muito lerdo.

– Por que será que sempre dizem isso? - ele perguntou brincando.

Enquanto os dois sorriam um para o outro, o dragão levantou a cabeça.

– Tem algo errado. - Disse Percy se levantando e retirando uma esferográfica do bolso.

– Vai lutar com uma caneta? - Bianca se levantou e colocou a mão na coxa, onde devia estar sua faca, mas não tinha nada, apenas a carne macia que Dean sempre apertava antes de apanhar.

– Parece que esqueceu de algumas coisas.

Ele destampou a caneta e ela se transformou em uma espada de noventa centímetros, Anaklusmus.

– Percy! - Gritou Annabeth enquanto corria ao lado de Dallet para junto deles.

– Aqui. - Dallet entregou um arco que roubara de um campista para Bianca.- Você está bem?

– Não. O que está acontecendo aqui? Desde quando virou amiguinha dela?

– Amiga? Pode acreditar, não chegou nem a ser uma relação fraternal. O exercito do camp está a caminho, vem!

Antes de que ela pudesse dizer outra frase, a criatura conseguiu ultrapassar a barreira e se atacracava com o dragão.

Dallet olhou para baixo e viu campistas subindo a colina.

– Que merda de formação é essa? Ela gritou, sem resposta. Então ela se virou para os outros tres amigos que ali esravam. - Estamos ferrados!