Fita de Seda escrita por moonrian


Capítulo 46
Capítulo 46 - O Preço do Alvorecer


Notas iniciais do capítulo

Yoo, pessoas lindas que aqui estão o/
Cheguei com um capítulo novíssimo de FDS para vocês, gatinhas lindas que ainda estão aqui gastando seus preciosos tempos para ler essa singela fic.
Deixa eu começar redigindo um enome agradecimento a Bella, Miss Siozo, OneKayo, Cni, Uchiha Taciane, Rosalia, Dredrey, Thamyres, Lily e Lunaargent por terem comentado o capítulo anterior, sás lindas e divosas ♥
O capítulo de hoje ficou maior do que eu esperava, sinceramente... Ele tinha dado quatro mil e tantas palavras se eu não tivesse editado hahaha Próximo capítulo vai ser mesmo o resultado, pq eu não esperava que minha criatividade me levasse tão longe :s
Esse aqui vai ser pura treta e devo avisar que vai ser um bocado pesado, além de que já peguem seus lencinhos..
Bem, tenham uma boa leitura o/



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Com a pistola preta em mãos eu caminhei decididamente por aquele caminho de pedra para longe de Kaien, tão determinada a ser útil e fazer alguma coisa em relação à bagunça que eu trouxera para a Academia Cross que eu não hesitei nem minimamente na minha missão. Mesmo quando os corpos começaram a aparecer.

No começo foram apenas objetos, como um salto azul no meio do caminho ou um paletó masculino da Day Class jogado as margens das árvores próximas à estrada; e eu não pude deixar de me perguntar se o dono dele fora arrastado para o meio daquelas árvores por alguma coisa ou se estava assustado e escondido em algum lugar – eu esperava realmente que fosse a última opção.

Então logo apareceu um braço feminino com uma pulseira prateada com um pingente de flor que eu desconfiava ser igual ao de uma menina da minha turma que costumava andar com as tietes de Aidou, e logo mais a frente eu achei a dona jogada no canto com as vísceras pulando para fora do corpo e isso quase me fez vomitar a minha bile – e infelizmente eu estava certa sobre quem era.

Engoli em seco, não conseguindo tirar os olhos daquela face pálida com o olhar vazio, mas me forcei a continuar andando e tentando ignorar a forte pontada de responsabilidade da morte dessa menina acertando meu peito, mesmo que eu soubesse que não era verdadeiramente culpa minha, e sim de Leigh por ser um monstro, psicopata, ambicioso, mau-caráter, egoísta, cruel...

Destilar um rosário de insultos a Leigh não ajudaria, tampouco, acabar com a raça daquele desgraçado assim que eu ascendesse pouparia vidas e me traria alguma satisfação.

Estava pensando as mil maneiras de fazer Leigh sofrer antes de dar um golpe final quando ouvi o som de passos instáveis e seguido pelo som de algo saltando na minha direção – talvez eu tivesse um sentido aranha, pois eu sequer precisei ver a coisa me atacando pelos flancos para saltar para o lado, desviando.

O Nível-E não conseguiu processar que estava indo direto para o chão a tempo, e acabou batendo de cara no chão, dando uma cambalhota e rolando três vezes para longe antes de finalmente se por de quatro.

Aquilo havia sido um homem grande em uma época distante, talvez um halterofilista pelas toras que eram seus braços bronzeados, mas agora ele apenas rosnava como um animal ensandecido para mim.

Ergui uma sobrancelha negra para a coisa, desafiando-a a me atacar, e aparentemente ele entendeu, pois retesou suas pernas se preparando para me atacar. Precisava testar até onde eu podia lutar e se minhas habilidades eram boas o bastante para poder superar um Nível-E – talvez não em força, mas em inteligência, quem sabe?

O ex-halterofilista saltou para cima de mim rosnando de forma grotesca, mas seus movimentos não me pareciam tão velozes quanto me pareceram os daquele casal em Lunier, e eu não tive certeza se era por ele ser mais robusto ou porque minha condição física havia melhorado; talvez uma soma de ambos. Joguei meu corpo para trás, apoiando-me com uma mão no chão enquanto via a forma enorme passando por cima de mim e caindo sobre o braço mais a frente, rolando algumas vezes antes de se por de quatro.

Eu não podia perder mais meu tempo com ele, então com certa apatia apontei a pistola preta para a cabeça daquela coisa e atirei, o ex-halterofilista transformando-se em cinzas.

Continuei meu caminho à frente, satisfeita por saber que meus reflexos haviam melhorado bastante, o que significava que eu poderia sim salvar algumas vidas e não ser uma inútil.

Andei com passos mais ligeiros para varrer aquele território mais rápido e avistei uma garota amedrontada alguns quilômetros depois. Ela não parecia ter mais de quinze anos e chorava copiosamente, soluçando e tremendo enquanto andava o mais rápido que suas pernas fracas conseguiam. A garota não via o Nível-E empoleirado em uma das árvores com um garoto flácido em suas mãos e já a olhando com um interesse maligno.

A coisa soltou o corpo do rapaz, que bateu com um golpe seco nos tijolos de pedra, assustando a menina que se virou de frente para a floresta e viu o corpo inerte do garoto a beirada do caminho, fazendo-a soltar um grito agudo e alto antes que ela pudesse se silenciar com as mãos. Tarde demais ela viu os olhos vermelhos da criatura no alto que logo em seguida saltava na direção dela.

Eu estava a mais de dez metros dela e não confiava na minha mira a essa distância, já que eu nunca atirara na minha vida, mas o fiz mesmo assim, pois as balas nunca iriam ferir a garota. Acabei acertando o braço do Nível-E, seu corpo caindo ao lado da menina e soltando um grasnar de agonia.

– Corra para cá! – Gritei para a menina.

Ela hesitou por um momento já que o corpo do Nível-E estava entre nós, mas no instante seguinte ela estava correndo, parecendo conter um grito de medo com a possibilidade daquele monstro pega-la antes que me alcançasse. A coisa começou a tentar se levantar, embora ele segurasse o braço que fora atingido com a outra mão, e me olhou com algo que devia ser o mais próximo de ódio que essas criaturas irracionais podiam sentir.

Ele olhou para a menina que estava vindo em minha direção e rosnou antes de se por atrás dela, seus passos sendo obviamente mais rápidos. Eu não iria deixar que ele a alcançasse, então ergui a pistola e disparei uma sucessão de tiros, já com raiva daquela criatura que não desistia mesmo quando era atingida no ombro, no lado direito do peito, na barriga (a precisão era complicada quando aquela coisa não andava de maneira estável e havia uma menina obstruindo a minha mira); mas o desacelerou o bastante para que a garota conseguisse chegar até mim, e sem muito tempo para dizer qualquer coisa eu a empurrei para as minhas costas.

Então meus tiros foram melhores, acertando a cabeça e o peito sucessivamente.

A coisa tropeçou nos próprios pés, deslizando poucos centímetros pelo chão e se tornou nada mais do que um monte de cinzas.

Virei-me para a garota, que observava os restos mortais do Nível-E com ainda mais assombro.

– Mas que droga é essa? – Perguntou ela, incrédula e histérica – Que coisas são essas? O que está...

Eu não estava com tempo para ficar explicando a verdade do mundo para essa menina, ela tinha que correr para o abrigo e eu ir salvar mais alunos da Day Class de mortes tão horrendas quanto a que foi dada ao garoto caído no canto e a garota que era fã de Aidou.

– Isso são vampiros e você tem que ir para um abrigo agora. Sabe onde fica uma construção de concreto com uma porta enorme de carvalho?

Ela balançou a cabeça de uma maneira muito rápida.

– Certo, eu quero que você vá para lá o mais rápido e silenciosamente que você puder e feche aquela porta, está bem? Você pode fazer isto?

Ela sacudiu a cabeça mais uma vez, parecendo bastante concentrada em cada palavra que eu dizia.

– Certo, então vá agora.

A garota desconhecida correu rapidamente, e eu fiquei alguns segundos observando sua figura se afastar antes de soltar um suspiro baixo e continuar o meu caminho, deixando meu olhar culposo no garoto caído no canto até finalmente virar a esquina.

Leigh iria pagar por cada uma dessas mortes, por cada pessoa que ele feriu e amedrontou essa noite, por cada uma das atrocidades que fizera antes a mim e a qualquer outras pessoas antes disso.

Eu já havia percorrido bastante terreno e não encontrara nada, sequer alguma evidência de que os subordinados de Leigh passaram por ali.

Então som de passos rápidos – até demais para ser humano – as minhas costas se fizeram ouvir, algo estava vindo em minha direção e já estava próximo demais. Antes que eu pudesse sequer pensar nas minhas ações, eu já estava virando com a mão fechada em punho para acertar o que quer que fosse, mas uma mão tão comum quanto a minha – e não rachadas e com aquelas garras gigantes e afiadas – segurou meu golpe, e eu logo encontrei um par de olhos azuis elétricos profundos.

Aidou.

Eu quase derreti com o alívio aos seus pés, cheguei até a soltar um suspiro antes de puxar minha mão do seu aperto.

– O que você está fazendo aqui, Hime? – Ele me indagou, soando sério demais para ser o Aidou que eu conhecia – Você devia estar no abrigo com os outros humanos.

Está assim tão chocante para todos repararem nisso em meio a esse momento apocalíptico?

– Eu não vou ficar no abrigo quando tenho treinamento, então apenas me deixe fazer meu trabalho e vá procurar alguém para ajudar.

Aidou não se moveu, na verdade ele parecia fulo comigo.

– Kira e Kaname estão dando tudo de si nessa batalha contra o Leigh para que você fique bem, e você está aqui se arriscando? – Ele falou revoltado, e parte de mim se sentiu culpada – Você devia estar no abrigo e não desperdiçando os esforços deles, dois vampiros de Sangue-Puro que...

– Certo, Aidou, você já conseguiu me deixar culpada e não por eles serem Sangue-Puros desperdiçando esforços, mas porque eles estão lá lutando por mim. Eu não estou sendo ingrata estando aqui salvando algumas vidas, na verdade esses Níveis-E sequer são oponentes difíceis de matar, então eu não estou me arriscando desnecessariamente. Eu fui treinada por Zero e Kira, estou mais ou menos vampira e tenho uma pistola anti-vampiros além de uma adaga, então realmente a preocupação é equivocada.

Aidou me fitou por alguns instantes, e eu não sabia se ele estava incrédulo com a minha explosão ou apenas chocado com a descoberta de que eu não era tão patética quanto ele pensava; mas fosse o que fosse ele acabou assentindo em concordância.

– Certo, então você vai ficar comigo.

Eu revirei os olhos, já cansada de todo mundo pensar que eu era uma menininha indefesa que não podia fazer nada sozinha.

– Eu não preciso de assistência e muito menos você – argumentei. – Vamos cobrir muito mais terreno separados e...

– Não estou pedindo, estou apenas te avisando que você vai ficar comigo.

Esfreguei minha testa em frustração, tentando me lembrar de que Aidou estava apenas sendo legal, e que eu não estaria fazendo o mesmo se eu o socasse um pouquinho.

– Aidou o mais importante nessa luta é salvar os humanos.

Ele balançou a cabeça vagarosamente de um lado a outro.

– É importante que eles sejam salvos, sim, mas o mais importante não são eles; e não me olhe com essa cara de seu-sem-coração. Esse monstro está aqui para matar você porque você será forte o bastante para detê-lo, esses humanos não, então eu vou sim ficar com você até que esteja em segurança no abrigo, entendeu?

Eu soltei um suspiro pesado, pois não podia argumentar com ele já que estava decidido a me seguir de qualquer maneira, e também porque ele estava mais ou menos certo. Eu não estava mentindo quando disse que esses vampiros de Nível-E não eram sequer oponentes a altura, estava sendo muito fácil para eu mata-los – mesmo que minha experiência em batalha fosse apenas dois.

– Ok, se isso é tudo que eu vou conseguir de você, então nós vamos procurar alguém que esteja precisando. Estamos perdendo tempo demais com essa discussão. – Pus-me a caminhar na direção que eu ia antes dele me interromper, o loiro andando ao meu lado. – Só quero deixar claro que quando um Nível-E aparecer, não vou ficar as suas costas e deixar que você tenha toda a diversão.

Aidou deu de ombros.

– Se isso é tudo que vou conseguir de você, está ok – ele diz, recitando minhas palavras.

Para minha surpresa isso conseguiu extrair um pequeno sorriso humorado de meus lábios.

Era quase surreal pensar que eu estivesse caminhando com Aidou no meio da noite sem me sentir incomodada com sua presença, irritada ou sonhando silenciosamente com esgana-lo. Eu gostava do loirinho demoníaco quando ele não estava tentando voltar toda as meninas contra mim.

Então um grito masculino vindo da floresta cortou a noite, fazendo meus pés paralisarem, meu coração parar e meu rosto se virar rapidamente em direção às árvores secas com os olhos esbugalhados.

Meu sangue gelou nas veias enquanto o desespero entrava lentamente em meu sistema, pois eu conhecia aquela voz e se ela estava vindo da floresta significava que algo o arrastou para lá.

Não pensei sequer duas vezes em colocar minhas pernas em movimento na direção da voz, não me importando mais com o quão sombria ela parecia ou que estivesse escuro, nem que pudesse haver uma daquelas coisas empoleiradas no alto das árvores, eu precisava encontra-lo.

Ignorei os chamados de Aidou enquanto ele corria atrás de mim, eu não me importava com nada disso; eu só sabia que eu tinha que salva-lo.

– Mitsuo! – Chamei-o, desesperada – Cadê você?

Eu desviava de alguns dos galhos secos em meu caminho, mas alguns acabavam me acertando e ferindo meu rosto. Sangrar em meio àquela floresta com Níveis-E a solta poderia parecer apavorante para mim em alguma era distante, mas naquele instante meu medo era por meu melhor amigo.

– Por favor, que dê tempo de eu salvá-lo – rogo em um sussurro. – Eu nunca te pedi nada, Deus, por favor, se tiver aí apenas faça com que dê tempo de eu salva-lo.

Aidou já estava correndo ao meu lado silenciosamente, uma expressão determinada em seu rosto, entendendo que havia alguém importante para mim que estava sendo ferida naquele instante e eu nunca permitiria que ele me arrastasse para longe mesmo que tivessem mil Níveis-E mais a frente.

– Onde você está? – Eu gritei, meu coração esmurrando o peito com o medo – Mitsuo! Onde você está?

Eu não estava nem aí se algum dos desprezíveis poderia acabar vindo direto para mim com a minha gritaria, eu não ligaria sequer se o próprio Leigh estivesse ali a minha procura, eu só tinha que encontrar meu amigo.

Me responda, Mitsuo... Vamos, me responda...

– Hime, socorro! – Sua voz rouca dessa vez estava mais a minha esquerda.

Eu virei de supetão, meus pés derrapando na terra escura e congelada da floresta, mas logo recobrei o equilíbrio e usei o caule de uma árvore para me impulsionar para frente.

– Eu estou chegando! Aidou, se você puder correr mais rápido que isso, pelo amor de tudo que você considera sagrado, salve-o.

Aidou assentiu e então me ultrapassou, ficando alguns metros a minha frente, mas não tão rápido quanto eu estava esperando que ele, um vampiro de classe Nobre, pudesse chegar comparado a mim.

Mais a frente eu vi quatro figuras sentadas nos tornozelos em volta de alguém que eu sabia que era Mitsuo, e antes que eu pudesse pensar racionalmente já estava puxando a pistola preta e gritando o mais alto possível para atrair as coisas para mim.

Meu sangue é mais atraente, vamos! Olhem para mim... Larguem ele e olhem para mim!

Um deles levantou a cabeça do corpo de Mitsuo, a boca suja com o sangue do meu melhor amigo, e rosnou assim que me viu. Meu coração se encheu de ódio por aquela criatura maldita que havia ousado feri-lo, e eu aproveitei o momento para disparar um tiro que acertou sua cabeça, seu corpo se desfalecendo na relva e virando cinzas.

Isso pareceu atrair a atenção dos outros, que compreenderam que uma ameaça – ou duas, contando com Aidou – haviam chegado para acabar com o jantar deles, mas antes que sequer eles se movessem na nossa direção eu já estava atirando.

Eu os odiava, a todos eles por ferirem meu melhor amigo e faze-lo gritar desesperado daquela maneira, queria matar todos eles de uma vez e tirar Mitsuo dali.

Aidou já lutava contra um dois deles enquanto eu disparava no Nível-E que havia restado, mas um tiro acertou sua perna, outro o braço, então o ombro e logo acabou as balas da arma. Eu não tinha um pente extra então atirei a arma na coisa para atrasa-la e puxei Red Promises.

Dessa vez eu me pus a correr de encontro à fera com a adaga em mãos, o som do meu coração batendo ecoando em meus ouvidos; minhas habilidades de luta seriam testadas naquele instante.

Assim que estávamos próximos o bastante, aquela coisa que um dia foi uma morena bonita tentou me acertar com suas garras, mas joguei meu tronco para trás, dando um giro de trezentos e sessenta graus, e levantei-me quando estava de frente para ela outra vez, desferindo um corte horizontal em sua barriga profundo o bastante para que uma onda de sangue saltasse para fora. Aproveitei o momento para girar a adaga em minha mão e então crava-la no seu peito, a coisa virando cinzas e caindo aos meus pés.

Corri para o corpo caído de Mitsuo, seus olhos escuros encontrando os meus, apavorados, enquanto sua mão tentava conter o sangue que jorrava de seu pescoço e escapava entre seus dedos.

Segurei a respiração e coloquei minha mão sobre a sua, tentando conter o sangramento que não parava de jorrar e já sentindo as lágrimas quentes em meus olhos com cada ofegar de dor do meu amigo que sempre fora tão bem humorado.

– Aidou, me ajuda, por favor! – Chamei, a voz embargada, então me concentrei nos olhos escuros e amedrontados de Mitsuo que buscavam os meus. – Você vai ficar bem, Mitsuo, eu vou salvar você, está bem? Eu vou salvar você.

Eu não sabia quando as lágrimas haviam começado, só as notei quando a primeira gota caiu no rosto pálido e bonito de Mitsuo, que me fitava fortemente.

Aidou ajoelhou ao meu lado, suas mãos sujas com o sangue daqueles Nível-E, mas eu não me importei nem um pouco, pois isso significava que aquelas coisas que feriram Mitsuo estavam mortas.

– Eles acertaram a jugular dele, Hime – Contou Aidou da maneira mais calma possível – Teríamos que suturar, mas eu não sou médico e não tenho material para isso.

– Vamos fazer uma bandagem para conter esse sangramento e leva-lo para a enfermaria...

– Uma bandagem não vai fazer o sangue parar de sair – explicou –, essa é uma veia importante... Além do mais, nós estamos longe demais do abrigo onde à enfermeira Himiko e os outros estão.

– Não me venha com derrotismo! – Esbravejei. – Eu não vou deixa-lo morrer aqui, Aidou.

Usei a adaga para tirar um pedaço do meu vestido e tirei a mão de Mitsuo do ferimento rapidamente para coloca-lo sobre ele, então pus a mão de meu amigo em cima do pano.

– Aperte com força e não solte por nada – pedi. – Vou tirar você daqui.

Ele sacudiu a cabeça negando.

– Apenas… saia… daqui. – Ele falou aos ofegos.

As lágrimas começaram a cair mais compulsivamente, obstruindo minha visão, e eu as limpei com certa irritação.

– Eu não vou deixar você, Mitsuo! – Falei com determinação, já puxando seus ombros para cima para carrega-lo, enquanto ele relutava – Eu amo você, e eu vou te salvar!

– Você… já… salvou… E eu… também amo… você… Hime. – olhou para o loiro ao meu lado e forçou um sorriso naqueles lábios pálidos.

Eu estava perdendo meu amigo e saber disso era como uma faca serrilhada sendo cravada no peito, mas eu segurei com o máximo de força possível o choro histérico que ameaçava escapar pela minha garganta. Ele estava morrendo, eu sabia. Meu melhor amigo estava morrendo ali na minha frente e eu não podia fazer nada, mesmo se eu corresse o mais rápido que minhas pernas conseguissem com ele nas minhas costas não seria o bastante; e Mitsuo já estava rodeado com o próprio sangue.

Ele levou seu olhar para Aidou.

– Eu… amo… você… Não… queria… morrer… sem dizer.

Eu olhei para Aidou, um olhar suplicante para ele pelo amor de tudo que fosse mais sagrado para ele, não deixasse meu amigo morrer daquela maneira triste.

Aidou pareceu concordar com meu pedido com o olhar antes de se voltar ao já débil Mitsuo com um daqueles sorrisos que faziam as meninas enlouquecerem por ele e se inclinou para depositar um selinho nos lábios rechonchudos do meu amigo que um dia foram de um tom rosado que faria as meninas se matarem apenas para ter aquele efeito.

Quando o vampiro se afastou, Mitsuo parecia maravilhado com o que aconteceu, provavelmente seu sonho sempre foi beijar Aidou e finalmente ele havia sido atendido.

Eu deveria a Aidou pelo resto da minha vida.

Então Mitsuo resfolegou, seu corpo estremecendo, então engasgou e depois parou de respirar, os orbes escuros movendo-se vagarosamente até se fixarem de maneira vazia na copa das árvores acima.

Meu peito rachou, minha mente foi para o inferno pelo resto do dia e tudo que eu estava consciente era da dor lancinante que se instalara em meu coração. Meus olhos queimavam e deviam estar sangrando, eu não sabia; minha garganta ardia, apertada tão fortemente que eu pensei que morreria também.

Eu abracei o corpo mole de Mitsuo com toda a minha força, afundando meu rosto em seu peito e chorei copiosamente, fazendo o som mais horrível e de romper os tímpanos de agonia que uma pessoa poderia representar, a perda do meu melhor amigo me rasgando.

Ele não merecia morrer, não por isso. Não o meu Mitsuo. Não o alegre, engraçado, despreocupado, nerd, implicante, divertido e fiel Mitsuo.

Ele não merecia isso! Ele não merecia uma morte horrível como essa em um lugar como esse. Mitsuo não merecia morrer assim.

Eu não sabia que estava murmurando tal coisa em uma voz rouca e embargada até que Aidou me respondesse:

– Ele não merecia...

Não sabia quanto tempo havia ficado ali abraçada ao corpo de Mitsuo. Talvez fossem minutos. Talvez tivessem sido horas. Apenas estava consciente de que era tempo o bastante para que o corpo de Mitsuo ficasse frio e o sangue dele coagulasse em minha bochecha e mãos. Tempo o bastante para que minhas lágrimas virassem sal e minha garganta secassem e meus lábios rachassem. Tempo o bastante para minha cabeça começar a latejar tão fortemente quanto meu coração.

Sentei-me ao lado dele, seus olhos escuros e vazios ainda fitando algo acima, e eu acompanhei seu olhar até as copas das árvores, onde o céu exibia um tom de azul escuro – o sol estava começando a se erguer.

Fechei suas pálpebras e depositei um beijo cálido em sua testa, segurando as mechas arrepiadas e negras como uma mancha de óleo entre meus dedos.

Então o que brotou no meu peito foi um ódio puro de Leigh, um sentimento tão poderoso e negro que me modificou por dentro, apagando alguma parte de mim que eu não tinha certeza; talvez fosse o traço de semelhança que eu tinha com a garota fraca que eu era antes de perder a memória.

Eu não sabia qual era o problema da “Olívia”, ela havia perdido tudo que importava para ela por causa daquele psicopata ambicioso e não foi capaz de sentir nada além de raiva e medo de Leigh, e essa fraqueza acabou manchando quem eu era na atualidade. Se o preço de lembrar meu passado fosse voltar a ser a patética e medrosa Olívia, eu dispensava, pois naquele instante eu era capaz de acabar com Leigh da maneira mais torturante e cruel que eu poderia pensar.

– Eu vou vingar você, Mitsuo – murmurei para ele. – Isso é uma promessa.


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Notas finais do capítulo

*snif, snif*
Cara, eu chorei escrevendo esse capítulo, sem brincadeira! Teve um momento se eu não sabia se escrevia o sofrimento dela ou o meu, pq eu realmente amava o Mitsuo :/
E Aidou foi realmente um amor naquele momento, né? Eu sempre amei Aidou, mas depois dessa ele ganhou um canto mega especial em my heart...
Sério, Leigh não perde por esperar o que Hime vai fazer com ele quando ascender, ele tá muito lascado!
Bem, espero o review de vocês, está bem?
Até a próxima o/