Fita de Seda escrita por moonrian


Capítulo 44
Capítulo 44 - O Horror das Trevas


Notas iniciais do capítulo

Yoo, pessoas o/
Aqui estou eu postando um capítulo muuitooo esperado.. Agora uma palavra do meu patrocinador: O vizinho que tá dividindo a net comigo sem saber Mwahahahahahahha
Enfim... Hoje vai ter treta, sangue nos zói, muita rebeldia e esse capítulo ficou maior do que eu esperava :v
Quero agradecer a todas as lindas que comentaram o capítulo anterior: Dredrey, Thamyres, Lady Micheletto, Bella Hathaway, Senhorita Bolseiro (minha leitora não tão fantasma assim hehe), Cni, asukakazama, Amy Kyriuu, Lily, Haruno Esther e principalmente a Uchiha Taciane que além de deixar um review fez uma recomendação muito linda *-*
Agora vou parar de amolar vcs!
*Boa Leitura*



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Leigh balançava calmamente seus pés que jaziam a diversos metros do chão, observando-me com aquele brilho humorado e demoníaco no olhar que me gelava a espinha. Estava sentado em um galho grosso de uma das muitas árvores, com os olhos vermelhos sangue de seus subordinados brilhando as suas costas – havia dezenas deles, todos esperando a ordem de seu mestre para levar a destruição àquele lugar que eu considerava meu refúgio.

Ele vestia um sobretudo negro sobre uma camisa de botões vermelha, conjunto de uma calça de alfaiataria escura e sapatos engraxados que brilhavam como novos. O cabelo castanho bronze dele estava preso em um rabo-de-cavalo baixo, mas uma mecha escapara e jazia balançando com o suave vento que também fazia os galhos pontiagudos e doentios farfalharem.

Os vampiros da Night Class pareceram ter sentido a presença de um novo vampiro, pois em um instante eu percebi que aquele lugar ficara superlotado, todos que ali estavam olhando a figura irônica e ameaçadora de Leigh Asamiya na margem da floresta.

– Não há necessidade de todos vocês estarem aqui – falou Leigh, despreocupado, então abanou a mão com a intenção de enxotá-los. – Voltem a serem os vampiros domesticados e retornem ao que quer que estavam fazendo, antes que vocês acabem se machucando.

– Quem é ele, mestre? – Perguntou Ruka a Kaname, confusa.

– Quem é você? – Ouvi Yuuki perguntar, a voz ainda estava rouca pelo choro recente, mas ainda assim soou mais uma exigência do que um pedido. – Por que está chamando a Hime de “Olívia”?

Leigh fez uma falsa expressão culposa e surpresa que era puro deboche.

– Oh, céus, que falta de educação a minha! Olá, querida Yuuki Kuran, sou Leigh Asamiya. Sou um antigo inimigo dessa menina a quem todos vocês chamam de Hime, e por consequência também sou inimigo daquele tolo – apontou para Kira – que é meu irmãozinho. Quando terminar de mata-los, serei um inimigo seu e do seu irmão – e sorriu com fingida doçura.

Eu arfei com a obviedade da revelação. Era claro, aquilo fazia sentido.

Quando eu fosse morta e o conselho fosse aniquilado, os próximos na linha de sucessão eram Yuuki e Kaname Kuran, o que significava que Leigh iria elimina-los se eles não se submetessem – se é que ele conseguia ser tão benevolente.

Ouvi um rosnado baixo e quando me virei, temerosa de ser mais um Nível-E dele, descobri que na verdade se tratava de Aidou com os olhos brilhando em vermelho – ele não parecia aquele vampiro implicante e engraçado de dias atrás, na verdade ele nunca parecera tão assustador.

Akatsuki pôs uma mão no ombro dele e mandou-o se acalmar, e Aidou se esforçou para se controlar, tornando-se novamente o garoto que eu conhecia – embora ainda estivesse sério demais – e não aquela criatura de uns instantes atrás.

– E por que você quer mata-la? – Inqueriu Kaname, tomando a frente do grupo.

Provavelmente Kaname estava fazendo isso por acreditar ser da família Sangue-Puro mais antiga e por consequência ser o mais forte dali, não sabendo o pequeno detalhe de que além de Leigh ser membro do clã Asamiya, que era tão antigo quanto os Kuran, ele bebera o sangue de um Sangue-Primário e isso o classificava como o mais forte dali.

Leigh me olhou com uma surpresa dissimulada, aparentemente não estava com tanta pressa de tirar a minha vida, já certo da sua vitória.

– Você não contou a ele? Não contou a criatura que você vai se tornar? Aposto que também não contou o perigo que era sua presença aqui, estou certo? – Após avaliar minha expressão não apenas temerosa com sua presença, mas também que o meu segredo fosse revelado daquela maneira, ele riu. – Ah, Hime, não é dessa maneira que se pede asilo a um vampiro, minha cara. É muito feio fazer o papel da mocinha humana e frágil para comover os corações alheios, quando você está destinada se tornar mais forte que todos nós, até do que o seu anfitrião.

Todos a minha volta – com exceção de Kira que lançava o seu pior olhar para Leigh – voltaram seus olhos para mim em um misto de confusão e incredulidade, e eu me remexi sob a vista deles.

Leigh abafou uma risada divertida enquanto observava a todos nós, como se assistisse a uma novela na tevê, então voltou sua atenção para o meu rosto e eu tentei não recuar um passo instintivamente. Ele parecia se divertir muito com o que via em meu semblante, o que eu estava muito segura de que era o mais puro olhar aterrorizado que uma pessoa poderia expressar.

– Doce, pequena e linda Olívia, – murmurou Leigh com aquele ar superior e sarcástico – quem diria que você seria tão difícil de matar? Mesmo quando ainda não passa de uma humana fraca e patética. Será que você tem um grande estoque de sorte ou sou eu quem deve redobrar os meus esforços?

Estranhamente Leigh me deu tempo para responder, mas tudo que eu fiz foi piscar e piscar, atônita.

Meu corpo estava petrificado e o pânico pisava em minha garganta, sufocando-me até a morte. O monstro dos meus pesadelos estava ali para tirar a minha vida; o mesmo homem que me estuprou, matou meus pais e arruinou a minha vida em troca de ambição.

Mas então uma mão me segurou pelo cotovelo e me puxou para trás, alguém se colocava entre mim e o meu carrasco.

Kira...

– Na verdade, Leigh, isso quer dizer que você não serve sequer para ser um bom vilão – rebateu Kira Asamiya –, e também que você vai estar muito fodido quando Hime ascender.

As feições de Leigh se contraíram brevemente em fúria com as palavras de seu irmão caçula antes de ele repor a máscara irônica.

– Querido irmãozinho! – Cantarolou Leigh – Dá última vez que nos vimos, você estava interrompendo mais uma vez meus planos de matar esse estorvo de cabelos negros e o seu Nível-E de estimação.

Os lábios de Kira se entortaram para cima, cheios malícia – parecia que esse sorriso era a especialidade do clã Asamiya.

– É sempre um prazer atrapalhar seus planos, irmão. – Kira respondeu com arrogância. – Espero que não se importe com a minha interferência mais uma vez.

Leigh deu de ombros.

– De maneira alguma! Na verdade, eu já desconfiava que você estivesse aqui para me incomodar como a maioria dos caçulas faz com seus irmãos. Agora eu estou curioso para saber: vocês – seu olhar vagou entre mim, Kira e Zero – são um bando de idiotas ou têm alguma carta na manga?

Kira franziu o cenho, confuso.

– O que você quer dizer?

– Ora, vamos! Foi muito proveitoso que vocês todos cometessem tantos erros, facilitando muito a minha busca. – Apontou para Kira. – Você manteve seu nome real no registro escolar. – Apontou para alguém as minhas costas, e quando senti a onda de surpresa atravessando aquela ligação e derrubando o muro que eu criara, soube que era Zero. – Você por ter uma aparência tão singular, tornando muito fácil a minha pesquisa do seu paradeiro. – Apontou para mim. – E você por ter retornado ao local do crime. São todos tão estúpidos que eu me pergunto se estavam mesmo tentando se esconder ou se tudo isso não foi uma armadilha para me atrair para cá.

Todos os citados se mantiveram quietos encarando Leigh com a expressão catatônica, aparentemente ninguém tinha uma resposta para todos os erros cometidos por nós que se transformaram em uma trilha de migalhas que o atraíra para aquele lugar.

Leigh parecia ainda mais bem-humorado ao ver nossos rostos e que sequer Kira tinha uma resposta espertinha para sua provocação.

– Ah, então vocês são todos um bando de idiotas mesmo – concluiu. – É realmente uma pena, pois eu estava esperando alguma diversão. – Pôs-se de pé naquele galho – Acho que superestimei vocês, um erro que não irei cometer duas vezes.

Ele ia atacar naquele instante, eu sabia, e a certeza disso fez uma nova onda de terror me engolir e puxar para o fundo. Comecei a recuar, apavorada, mas no segundo passo minhas costas atingiram o peito de alguém, e quando me virei descobri que era Zero – eu não o vi se aproximar.

Seus olhos que antes estavam em Leigh baixaram para encontrarem os meus, firmes e ardentes, e por algum motivo desconhecido vê-los tivera o poder de me puxar para a superfície daquele mar de medo em que eu me afogava, e isso trouxera um pouco de sensatez a minha mente antes bagunçada.

Eu não podia ficar ali deixando que o medo me dominasse, tinha que ser objetiva e fazer o que fosse preciso para que não fosse morta e ninguém da Day Class se machucasse por causa daquele monstro psicopata.

Voltei-me novamente na direção onde Leigh estava e quando os olhos dourados dele se voltaram para mim outra vez, percebi que aquele tempo todo ele estivera tentando me intimidar, menosprezar-me como inimiga e eu pateticamente me permiti ficar aterrorizada. Não quero dizer que era insensato não temê-lo, mas eu estava permitindo que o meu medo dele me dominasse e tudo graças a cada coisa ruim que ele me fizera. Eu sabia que eu não podia agir como uma gatinha assustada para sempre, um dia eu teria que enfrenta-lo e controlar aquele sentimento.

Dessa vez, quando o encarei de volta eu conseguira empurrar o temor para o fundo da minha mente, então senti o que estava enterrado debaixo daquele sentimento; a mais pura e flamejante raiva que uma pessoa poderia sentir em sua vida. Era tão poderosa e ardente que meus dedos se fecharam em punhos muito apertados, meus dentes trincaram, meus lábios se retesaram e meus olhos semicerraram. Eu o encarei, penetrando quilômetros daqueles olhos dourados, esperando que a força desse sentimento o queimasse.

Então algo na minha visão havia mudado. Eu agora via Leigh com uma nitidez fenomenal mesmo na pouquíssima luz que havia naquele lugar, assim como cada um dos monstros a suas costas, dos quais eu não me importava. Era quase como se eu pudesse ver cada mísero detalhe que eu só enxergaria normalmente com o sol… não, nem assim eu seria capaz de vê-lo daquela maneira, era diferente. Era como estar com um daqueles óculos de visão noturna, mas ao invés de enxergar tudo verde eu via tudo vermelho e com muito mais precisão do que aquelas coisas jamais tiveram.

Tentei não me abster a esses detalhes, apenas a enormidade da surpresa que foi registrada no semblante de Leigh. Ele percebera a minha mudança de comportamento, pois ele pareceu hesitar e um canto do meu lábio se ergueu para cima involuntariamente em um meio sorriso arrogante.

Eu concentrei meu olhar especialmente nele, nos olhos dele, pois nenhuma daquelas criaturas as suas costas me importavam tanto quanto a possibilidade de mata-lo.

Alguns ofegos foram ouvidos as minhas costas, mas eles pareciam tão perto quanto teria sido se eles estivessem com os lábios bem próximos ao ouvido de um humano.

– Os olhos dela estão vermelhos! – Ouvi Ruka dizer, assombrada – Mas ela não é vampira...

Em outro momento eu teria me importado, ficado assustada e tudo mais, mas naquele instante eu não estava tão preocupada; nada era mais importante do que minha batalha de olhares com Leigh.

Eu queria ascender naquele instante mesmo e então acabar com ele com minhas próprias mãos até que ele não se tornasse nada além de uma pilha agonizante no chão e me implorasse clemência, só para eu ter o prazer de dizer não. Não para você.

– Embora eu não acredite nos seus sentimentos por Hime – ouvi Kira murmurar muito baixinho para Kaname, que se não tivesse os ouvidos aguçados de um vampiro não teria escutado; nem eu teria se não estivesse próxima o bastante dele e a meio passo da mudança para Sangue-Primário –, espero que você se importe o suficiente com sua irmã para me ajudar a lutar com ele. Nem eu e nem você podemos expulsa-lo daqui sozinhos, mas se nos juntarmos poderemos conseguir.

Saí da minha silenciosa batalha, minha visão voltando ao normal. Olhei para Kaname, esperançosa, a tempo de vê-lo fazer um ínfimo movimento com a cabeça em concordância, quase imperceptível.

– Leve Hime e Yuuki daqui, Zero – ordenou o Kuran.

– Eu não vou fugir! – Yuuki protestou – Eu vou lutar também, Kaname.

O olhar dela foi poderoso, e em parte eu fiquei um pouco orgulhosa dela por não ter que partilhar comigo o papel ridículo de escapar. Havia uma série de acusações nos olhos castanhos de Yuuki Kuran, ela estava finalmente se rebelando contra todos os sentimentos que tinha por Kaname e a ordem explicita dele de que ela fosse embora. Yuuki mostrava que não ia ceder, por mais que ele falasse.

Mas essa ordem de Kaname o Leigh ouvira e voltou seus olhos para mim, firmes e ameaçadores; mas eu não me permiti hesitar.

– Se você fugir mais uma vez, Hime – falou para mim entredentes –, eu vou matar cada mísera pessoa nesse colégio apenas para fazer com que você se sinta ainda mais culpada antes que eu pegue você.

Caminhei para mais próxima do balcão com passos lentos, passando por Kira e ignorando o seu olhar de volta-para-trás. Inclinei-me sobre a balaustrada como se fosse lhe segredar alguma coisa, os olhos voltando a se tornarem fendas e minha visão ficando vermelha e nítida como antes.

– Você não vai conseguir ferir ninguém, Leigh – alertei-o. – Mas mantenha-se ciente de que a cada pessoa que você matar ou ferir mesmo que um pouco será uma adição de uma hora para a tortura que eu vou dar a você com minhas próprias mãos, e inclua cada vida que você tirou no decorrer desse tempo. Tenha certeza que você vai implorar pela morte antes que eu termine.

Parte de mim estava horrorizada com a veemência e clareza que eu dissera cada palavra, com a facilidade que eu podia ser tão psicopata quanto Leigh, mas eu não conseguia me importar o suficiente. Eu estava tão ansiosa para cumprir minha palavra de uma vez e parar de ser apenas a garotinha que tem que correr.

Leigh pareceu desestabilizado com minhas palavras, aparentemente nosso temor era mútuo, mas então o rosto dele se distorceu para uma raiva ferina e antes que eu pudesse ter certeza, ele estava saltando em minha direção e rosnando como um animal.

Tudo aconteceu rápido demais para eu saber exatamente como foi. Apenas sei que no instante seguinte eu estava batendo as costas contra o peito de Zero, Kira estava a minha frente se movendo tão rápido que eu não conseguia enxergar muita coisa, assim como Leigh, e alguns dos vampiros da Night Class estavam saltando da balaustrada para exterminar os vampiros Nível-E no chão e outros permaneciam ali para pegar os que ousavam pular na varanda.

Então dedos frios envolveram meu pulso e logo depois eu estava sendo arrastada para longe do campo de batalha por Zero, para dentro do salão onde havia mais vampiros a postos pegando os Níveis-E que conseguiram passar pela linha de frente e usando suas habilidades especiais; como um garoto de cabelos castanhos que mordera seu dedo para que o sangue saísse e usasse-o como um chicote – acho que o nome dele era Shiki.

O lugar estava um caos! Os humanos gritavam, chorando e/ou correndo para a saída mais próxima; todos finalmente descobrindo da pior maneira o mundo sangrento e sombrio que estivera escondido bem debaixo de seus narizes.

Um dos monstros saltou para cima de uma garota de vestido amarelo, mas antes que pudesse cravar as presas em sua jugular Zero atirou na criatura, ela se transformando em pó.

Era possível sentir o cheiro de sangue humano derramado com meus sentidos um pouco mais apurados, uma prova irrefutável que alguém se ferira (na melhor das hipóteses) nessa batalha, e minha arrogância e autoconfiança de uns instantes atrás começou a se escoar para fora de mim com muita rapidez.

A travessia pelo salão até as portas que levavam para fora pareceu durar horas, e nós até tivemos que parar ali e deixar que o amontoado de humanos apavorados fosse de uma vez para fora e liberassem a entrada para nós, enquanto Zero atirava em todos os monstros que vinham até ali para feri-los – ele me manteve as suas costas.

Zero parecia um anjo guerreiro despejando a sua fúria divina sobre cada uma das criaturas que ousavam tentar ferir alguém ali. Ele parecia glorioso, eficiente, aterrorizante, habilidoso, incrível... Como eu poderia admira-lo tanto quando estava tão apavorada e me afogando em culpa?

A alegria dos alunos pelo baile parecia uma realidade distante agora que aquelas vis criaturas haviam chegado para trazerem o horror a mais um lugar a mando de Leigh Asamiya.

Assim que boa parte dos alunos já havia saído e a porta não estava mais superlotada, Zero agarrou meu pulso outra vez e corremos para fora, conseguindo até ultrapassar aqueles que havíamos permitido ir primeiro.

Ainda era possível ouvir gritos e rosnados as nossas costas, mas não podíamos voltar atrás. Pelo menos eu não, afinal do que eu serviria?

– Kira tinha razão – eu falei mais para mim mesma, arfando com o esforço –, devíamos ter ido embora o quanto antes...

Zero corria mais a frente, mas ainda segurava meu pulso e praticamente me arrastava pelo caminho de pedra para longe daquele lugar.

– Leigh viria até aqui e nos atacaria, mesmo com vocês tendo ido embora – falou Zero. – Ele não estava preocupado com qualquer pessoa daqui, apenas queria te tirar desse lugar antes que o irmão dele chegasse...

Eu me horrorizei com a obviedade das palavras de Zero, e me perguntei como eu poderia ser tão idiota para não ter visto isso antes que ele me dissesse. Era claro que não importando se eu estivesse aqui ou não, Leigh apareceria para fazer exatamente o que estava fazendo naquele instante.

Kira me ludibriara para me tirar daquele colégio, usando da minha preocupação com todos os que eu me importava ali, e isso me fez ter raiva dele.

Uma virada inesperada em uma esquina fez os pensamentos em relação às mentiras de Kira voarem para fora de minha mente e ficarem esquecidos em algum lugar as minhas costas.

Chegamos a uma construção de pedra que mais parecia um bloco de concreto gigante com portas de madeira que pareciam grossas. Ele as empurrou, revelando um salão obscurecido enorme que poderia comportar todo os alunos do colégio tranquilamente.

Zero me soltou e foi até a parede, então todas as luzes do cômodo se acenderam e me deram uma visão mais clara de onde eu estava; que era provavelmente uma espécie de “quarto do pânico” grande demais. Não havia janelas e a única porta era aquela grande e grossa pela qual havíamos passado uns instantes atrás. Parecia seguro.

O albino caminhou até mim com passos rápidos.

– Você está bem? – Ele inqueriu, ficando a uns poucos passos de mim, seus olhos avaliando-me de cima a baixo em busca de algum machucado ou um membro faltando. – Aquele monstro conseguiu te ferir.

Ferir-me?

Avaliei meu corpo, notando só então o corte gigante em meu braço que ia do começo do ombro até próximo do cotovelo, mas felizmente não parecia muito profundo – estivera tão maluca com a adrenalina e o medo que eu sequer sentira a dor do ferimento.

Voltei a olhar para o rosto de Zero, sentindo a cálida preocupação dele atravessando aquela ponte que nos ligava além de um desejo por meu sangue queimando no fundo.

Fazia tanto tempo desde a última vez que eu dera meu sangue para ele que era uma surpresa ele ainda não ter perdido seu controle e atacado alguém.

– Eu estou bem, Zero.

Um silêncio estranho se instalou brevemente no recinto.

Ele pigarreou, desconfortável, seu rosto se distorcendo com o desejo animalesco. Eu estava ciente do quão atraente era o cheiro do meu sangue para os vampiros, principalmente para alguém tão sedento quanto Zero e tão perto de se tornar algo como as coisas que nos atacaram a mando de Leigh.

– Vou voltar para lá – ele avisou, já começando a me dar as costas. – Tenho que trazer o máximo de humanos para cá.

Ele estava prestes a dar um passo para longe de mim quando eu instintivamente pedi para ele esperar.

– Todo esse cheiro de sangue está desestabilizando você, não é? – Inqueri, tentando desviar nossas mentes da briga horrível que aconteceu entre nós na tarde anterior. – Isso está te deixando mais fraco, Zero, eu posso sentir. Eu sei que você me odeia agora, mas eu realmente não quero que você se fira por causa disso. Por enquanto meu sangue ainda é humano, então...

Antes que eu pudesse concluir ele já estava me empurrando contra uma parede, seu corpo se pressionando contra o meu, e seus dentes se cravaram em meu pescoço sem qualquer hesitação – ele devia estar muito sedento para não relutar contra minha oferta. Eu arfei com a dor, pois desta vez ele mordera com muito mais força que das últimas vezes, então ele sugou o meu sangue e tudo cessou – a dor, a culpa, o medo...

Lá estávamos nós naquela bolha que deixava todo o perigo do mundo do lado de fora e apenas nós do lado de dentro. Todas as emoções das quais eu vinha contendo transbordaram e inundaram meu corpo, preenchendo lentamente o vazio que jazia em meu peito desde o momento que nós brigamos na tarde anterior e ele apontou aquela arma para mim. Então uma certeza explodiu em minha mente, de que não importava o que eu viesse a sentir por Kira anteriormente, Zero sempre seria tão necessário para mim quanto o ar ou a água, afinal eu o amava.

Aquela situação não durou muito, sequer deu tempo de sentir aquele sentimento ardente ou todas as outras coisas que experimentamos da última vez que ele bebeu do meu sangue, logo ele estava se afastando.

Os lábios dele estavam sujos de sangue e os olhos vermelhos intensos.

Seria estranho eu dizer que ele estava lindo?

– Eu tenho que ir – falou de maneira impassível, impondo novamente aquela barreira entre nós. Ele se aproximou e olhando-me nos olhos me entregou uma pistola preta pequena e tirou a trava de segurança – Nada vai entrar aqui, Hime, mas caso algo aconteça… não pense, apenas atire. Não irá machucar nenhum humano, então fique tranquila.

E então ele me deixou ali, sozinha naquele lugar enorme.


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Notas finais do capítulo

Lembrando que a Hime não sabe que o Kaname sabe sobre os Asamiya serem tão antigos quanto os Kuran...
Mas prosseguindo.... OH MEUU DEEEUSSSSSS!!!!!! Esse capítulo tá mega louco, não acham? E ficou grande, mesmo eu dividindo em DOIS! Oh, sim, é claro que não acabou aqui ;)
Espero que tenha ficado épico o bastante para eu merecer reviews *-*
E até a próxima o/