Sherlock Holmes e a Expedição Perdida escrita por Carol Stark


Capítulo 9
Reunião


Notas iniciais do capítulo

Oiii! Estou postando mais um capítulo cheio de enigmas e 'cositas' bem legais para vocês!! Está um pouco grandinho até para compensar caso eu não consiga postar o próximo até domingo, ok?! Como combinado, passei a postar à medida que escrevo, então não se esqueçam de virem aqui! :)

Ao capítulo!
A tribo Fonte (ou Nascente) Rubra aparece agora com enigmas e acordos... Mistérios e aMeaÇaS rondam os peles-vermelhas! Façam suas apostas!!

BOA LEITURA mais um pouquinho de Sherly e Tupi para vocês! =*



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19:37 pm– Há quilômetros dali, na tribo Fonte Rubra...

– Como não a trouxe, Raoni? – O mais velho da tribo repreendeu-o – Quando você nasceu, vi que em sua alma escondia-se um verdadeiro guerreiro, um guariní, senhor das lanças e este é o significado do seu nome! Honre-o! – Gritou irado, com sua voz rouca e entrecortada.

Raoni encarou o chão como um pequeno garoto.

– Eu já trazia a mulher para nossa tribo, pajé Endí. Mas alguns homens-brancos, karis, apareceram e me atacaram. Abaité! – Falou em sua língua – Gente estranha!

O velho índio franziu o cenho e levantou-se. Enigmático e compenetrado caminhou pela sua tenda e, com alguns recipientes ao fogo, misturou algumas ervas produzindo uma grande quantidade de fumaça avermelhada com forte cheiro de terra e fumo. Murmurou algumas palavras na língua de sua tribo e pronunciou minutos depois, em voz alta:

– Não sei quem eram estes homens, Raoni, mas vejo algumas coisas... Boas? Futuro. – Endí falava pausadamente - Porém ainda haverá perigos e sofrimentos. Devemos ser cautelosos com esses homens-brancos. A fumaça não é densa. Há algo incerto e os deuses não me dizem tudo... Precisamos descobrir... – Ao pronunciar tais palavras o velho pajé cambaleou e foi amparado pelo jovem e forte Raoni.

– Honrarei meu nome, grande Endí. E honrarei nossa tribo com a paz novamente. – O índio prometeu batendo em seu peito manchando a pintura escarlate que havia feito.

– Espero que assim o faça, meu jovem. Desde aquela maldita expedição dos brancos, não vivemos como antes... Acemira. – Falou pesaroso na língua do seu povo – É doloroso. Meu povo não deve ser subestimado. – O velho Endí olhou para fora de sua tenda; para suas terras vastas e ricas onde seu povo vivia tranquilo...

Vivia, tempos atrás.

E continuou:

– Mantenha este segredo apenas entre nós, jovem índio. – Endí falou em seu tom firme encarando o índio em seus olhos castanhos claros, raros naquela tribo.

– Segredo. – Raoni prometeu mais uma vez erguendo o queixo com altivez.

~~~***~~~

– Esperaremos até amanhã e falaremos com Estella. – Holmes conversava com Watson antes de subir para o seu quarto na Hospedaria enquanto Rita já se recolhia, e o mesmo havia feito Estella com o amparo do doutor.

– Tudo bem. Também acho que ela precisa deste tempo. É pouco, mas por hoje já é o suficiente. – Watson objetou.

– Claro. Claro. Vamos descansar que este caso está cada vez mais parecido com uma teia bastante geométrica! Preciso esfriar a cabeça e pensar sobre tudo. – O detetive confessou.

– Tem razão, Holmes. Nos vemos amanhã cedo. Boa noite. – Watson cumprimentou o amigo que retribuiu:

– Boa noite, meu caro. – Sherlock respondeu dirigindo-se aos seus aposentos. E ao adentrá-lo, falou:

– Rita, como você está? – O detetive perguntou assim que fechou a porta do quarto atrás de si.

A espanhola já deitada, nada respondeu. Estava de costas para a entrada do quarto e preferia ficar quieta, fingindo estar dormindo. O dia havia sido cansativo e preocupante demais.

Ela queria apenas ficar sozinha com seus pensamentos e impressões (...).

– Rita, - Sherlock sussurrou inclinando-se para a espanhola que mantinha os olhos fechados – Mi amor, sei que não está dormindo. O que há? Por que não me diz?

Sherlock percebera a respiração da mulher acelerar sutilmente quando ele a chamou ao entrar no aposento. Assim observando, o detetive sentou-se na beira da cama ficando de frente para a espanhola. Olhou-a por breves segundos antes de acariciar-lhe o rosto.

Rita segurou as mãos de Sherlock e levantou-se se abraçando a ele.

– Ei... Aconteceu alguma coisa que não percebi? – Sherlock falou em seus ouvidos à medida que a afagava.

– No sei se alguna cosa passa despercebida para o meu detetive. – Rita respondeu com a voz levemente trêmula.

Sherlock separou-se dela cerrando os olhos e franzindo o cenho. Ao ver que ele esperaria por ela, continuou:

– Aquele índio.

– O que tem ele? – Holmes perguntou apressado e sério. Preferia que apenas ele tivesse notado tal ato do indígena para com Rita.

– Ele me encarou ameaçador antes de dizer que aquilo não havia acabado, Sherlock. Tive medo. Na verdade, estou com medo. – Rita encarou as mãos sobre os joelhos.

– Estou sempre com você, Rita. Sabe disso. – Sherlock levantou o rosto da mulher.

– No fiquei com una boa impressão. Ele pode fazer alguna cosa contra nosotros! Tenho certeza disso!

– Não pense dessa forma... – Sherlock a abraçou antes de dar-lhe um breve beijo. Em seguida caminhou até a janela passando a mão pela nuca e folgando a camisa nervosamente.

Rita o observou e levantou-se antes de confirmar:

– Você viu, no foi, percebeu que ele nos ameaçou, me ameaçou?... Y no iria falar comigo sobre isso.

– Exatamente. – Sherlock foi sincero.

Rita suspirou fundo indo até ele.

– Yo confio em você.

Ambos se encararam preocupados. Holmes, na verdade, sentia-se aliviado por saber que sua mulher confiava nele e em sua proteção, mas esta era sua maior angústia: saber que o que quer que acontecesse à Rita, ele não se perdoaria.

Segurando-a pela mão, encaminhou-a de volta à cama e deitou-se junto a ela deixando-a aninhar-se em seu peito até adormecer.

Sabia ele que não conseguiria dormir, mas envolvia-a em seus braços e a esperaria abrir os portões do mundo dos sonhos, onde tudo é mais leve e bonito, e planejaria o dia seguinte com cautela, na surdina daquela noite, sob a inspiradora luz da lua; na quietude do mundo (...).

Ou não tão quieto assim...

~~~***~~~

23:10 pm– Ainda na tribo...

– Onde está o guerreiro? Onde está Raoni? – Endí, o velho e sábio índio pajé, perguntava pelo jovem líder mais corajoso da tribo. Uma reunião entre os índios da tribo estava sendo formada em meio à escuridão da mata, secretamente, enquanto as ameaças dormiam (...).

Che ko'ape, estou aqui, Endí. – Raoni se anunciou posicionando-se na meia-lua que os índios formavam em uma parte remota da mata.

– Muito bem. – Começou o pajé – Os deuses estão enigmáticos. Tão dispersos para nossa tribo como a fumaça é muitas vezes para os nossos olhos. O que os deuses me permitiram ver foi que os karis, homens-brancos, que atacaram nosso guariní, Raoni, hoje, podem nos trazer um futuro bom. Não compreendi como, mas ainda passaremos por sofrimentos e perigos.

Os demais índios sussurraram agitados.

Endí olhou para Raoni que continuou tomando a palavra:

– Nosso pajé é sábio e sabe o que diz. Os deuses confiam nele, mas nos mostraram um futuro ainda incerto. – Raoni deu uma pausa e uma ave noturna pôde ser ouvida. Endí continuou:

– Incerto enquanto vivemos sob domínios, meus filhos. – Endí falou em um tom austero e firme transbordando força e determinação – Precisamos lutar para termos nossa paz e nosso povo de volta! Nenhum homem-branco deve nos subestimar. Marcos Ribeiro deve entender isto.

Os índios em meia-lua levantaram suas lanças em sinal de apoio.

– Faremos o que for preciso para expulsarmos esta ameaça que usurpa nossas terras, nossas memórias e nossa liberdade! – Outro índio, de nome Teçá, pronunciou em meio a sua revolta.

– Teçá, - começou Endí – use seus olhos atentos a nosso favor. Vigie as redondezas de nossa mata e na hora certa, saberemos o que fazer. Veremos se estes abaité, esta gente estranha de hoje, nos ajudará ou prejudicará. Que os deuses nos guiem!

Um ruído opaco e abafado de lanças tomou conta da secreta reunião.

– Assim farei, pajé Endí. – Teçá meneou a cabeça para frente em cumprimento.

– Um dos homens, o que apontou a arma de fogo para mim, - Raoni pronunciou mais baixo – tem uma mulher com ele, aisó, formosa... – Falou a expressão em sua língua, reticente.

– A trazemos conosco! – Teçá falou cheio de ira. Seus olhos eram profundos e escuros – A capturamos e descobrimos quem são. O que querem se metendo nos assuntos da nossa tribo!

Os demais índios concordaram de pronto. Um quarto índio, de nome Ivair, falou:

– Estamos muito presos em nossa própria terra, já com ameaças e medo. Marcos Ribeiro não nos ajuda (...) – Deu uma pausa, pensativo - E as coisas saíram de nosso controle, pajé Endí, precisamos cortar as mudas venenosas pela raiz!

– Calma, vocês dois! – Raoni dirigiu-se à Teçá e Ivair – Não precisamos fazer o mesmo que eles fazem conosco! Não iremos torturá-los ou machucá-los. Apenas a raptamos...

– Raoni tem razão. – Endí tomou a frente novamente – Devemos ser ágeis, sutis e seguros como a natureza nos mostra, não violentos.

– Que o sangue branco não mude seu coração, Raoni. – Teçá ironizou, mas não obteve resposta.

– Estaremos com você, irmão. – Ivair falou unindo seu arco e flecha à lança de Raoni.

Aweté, obrigado. – Raoni respondeu - Jaha jake, vamos dormir.

– Lembrem-se, tribo, nos fortalecemos um com o outro. - Pronunciou Endí, o sábio – Cuidado com atos que nos denuncie para nossa ameaça. Ele não pode descobrir sobre nossas reuniões.

Os índios mais uma vez levantaram suas armas em sinal de concordância.

– No momento certo agiremos. – Raoni arrematou olhando para todos fixando-se em Teçá, que aceitou.

Então, no mesmo silêncio em que foram à secreta reunião, e tão leves como sombras, voltaram às suas tendas com mulheres e filhos já adormecidos sob o medo que pairava no âmago daquelas matas com a tal ameaça lá infiltrada.


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Notas finais do capítulo

O que acharam??? O que está acontecendo com os peles-vermelhas? Qual será a tal AmEaÇa?...

Mais encrencas para o nosso detetive! ATÉ OS COMENTÁRIOS!
ps: Fantasminhas, please, apareçam aqui na minha fic e me presenteiem com suas opiniões, ok?! =*
AGUARDO TODOS!



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