Dois Quartos de Vinho escrita por Ninguém


Capítulo 8
Cinco dias se passaram


Notas iniciais do capítulo

Olá, querido leitor. Seja bem vindo! Puxe uma cadeira ou deite no sofá, tome um chá ou coma uma pipoca. Enfim, sinta-se a vontade e tenha uma ótima leitura.



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Cinco dias se passaram desde a ultima conversa, mas a jovem não deu muita importância, ela entendia o quão corrido eram os dias dele, ainda mais os finais de semana, ou então ele simplesmente tinha perdido o interesse. Pensou nessa possibilidade, aliás, se não tivesse passado os últimos dias tão ocupada, já estaria subindo pelas paredes de nervosismo.

A criação de sua próxima peça ocupou todos seus horários livres, mas o esforço tinha valido a pena, pois ela estava pronta. Na sexta-feira começariam a ensaiar, mas com as falas já em mãos, estava decorando com antecedência enquanto assistia a aula de improviso de um grupo de adolescentes, até que seu celular tocou.

— Senhoras e senhores, favor desligar todos os aparelhos eletrônicos, a Cia dos Tropeços agradece e tenham um ótimo espetáculo. - Foi Pedro quem disse, imitando o aviso que a Cia passava antes de todas as peças, aviso que eles sabiam de cor. 

Ela riu sem graça, mas não de vergonha, e sim de raiva por ter esquecido de colocar o celular no silencioso e amaldiçoou mentalmente a pessoa que mandou a mensagem, mas se arrependeu no momento em que viu quem era.

Elídio: Tá livre hoje a noite?

Arregalou os olhos e seu coração acelerou repentinamente. Queria dizer, ou melhor, queria gritar que sim, mas tentou se conter e responder fingindo costume.

Você: Tenho aula, lembra?

Elídio: E se eu te chamasse pra sair?

Você: Ai eu teria que faltar.

Elídio: E valeria a pena?

Você: Não sei, quem tem que me dizer isso é você.

Elídio: Então às 20h00 eu te pego, me passa seu endereço e não esquece sua agenda. Eu sempre faço valer a pena!

Se ouve uma premiação de sorriso mais bobo do mundo, ela ganharia na mesma hora. Ficou tão nervosa que errou o próprio endereço três vezes.

...

Aline ouviu o toque do interfone e logo depois os passos apressados da amiga.

— Tá bom Seu Luiz, fala que eu já tô descendo, e obrigada. - Seu Luiz era o porteiro, tinha mais de 60 anos e uma simpatia admirável!

— Posso saber onde a senhorita vai?- Fazia tempo que Aline não via a amiga tão arrumada.

— Vou jantar fora e a louça é sua.

— Jantar com quem?...- Ela mal terminou a pergunta e ouviu o som da porta batendo. - Essa garota fica de segredinho, ela vai ver só! - Pensou alto.

...

Elídio estava do lado de fora de seu fusca mexendo no celular, até que ela apareceu descendo as escadas da portaria, indo em sua direção, ficou impressionado com tanta beleza. Com uma regata de seda preta, uma saia lápis e um salto altíssimo, seus cabelos levemente ondulados balançavam a cada passo, evidenciando os brincos que iam até a metade do pescoço. Andava como se estivesse em um desfile. Com um sorriso conquistador parou diante dele, mas este não conseguiu dizer nada de imediato.

Apesar do andar confiante, Lia estremeceu assim que viu Elídio encostado em seu carro. Ele usava uma camisa azul estampada, com as mangas dobradas até os cotovelos, uma calça jeans escura e justa e sapatos da mesma cor, os cabelos curtos cuidadosamente arrumados. Estava lindo, irresistível, e ela ainda não acreditava na sorte que tinha. Foi se aproximando, sentia as pernas bambas até que se pôs diante dele.

Ela não conseguia descrever o que sentia, era um misto de medo, ansiedade, desejo e calor, sentiu seus batimentos acelerarem quando percebeu que ele estava se aproximando, sem desviar de seus olhos. Seus músculos se enrijeceram totalmente quando ele beijou seu rosto.

— Você está linda!- Ele disse a deixando sem graça. - Linda e vermelha. - ele concluiu rindo.

— Onde nós vamos? - ela perguntou já dentro do carro.

Ele sorriu, mas não disse nada.

Ele a levou para um restaurante italiano, que ela conhecia só de nome. Já sentados, um diante do outro, Lia ficava admirando a decoração, até que seus olhos foram atraídos por uma fonte localizada perto do jardim.

— Linda né?! - Disse admirada.

— Demais!

Quando o olhou percebeu que estava com os olhos fixos nela, e que o comentário anterior não tinha sido sobre a fonte, voltou a ficar vermelha.

O garçom chegou segurando uma garrafa de champagne.

— Está cursando o que? Se me permite perguntar.

— Direito. Confesso que não foi a escolha mais animadora, mas quando escolhi atuar achei que seria importante ter um plano B.

— Atuar? Então estou diante de uma artista?

— Não tão famosa quanto gostaria, mas sim, uma artista.

Já passava da 00h00 quando Elídio parou o carro em frente ao prédio da jovem, eles continuaram conversando por um tempo, ainda no carro.

— Prometo que na próxima vez te levo num lugar mais legal.

Lia ficou tão focada no "próxima vez" que não conseguiu dizer nada, apenas sorrir.

Eles saíram do carro e foram até o topo da escada, logo em frente a portaria.

Ela se aproximou para beijar seu rosto e dizer boa noite, mas ele a agarrou pela cintura e a puxou para perto, tão perto que conseguiu escutar seus batimentos, muito, muito rápido. Ele a trouxe ainda mais para si e segurou-a com mais força. Lia sentiu as pernas moles, quase caiu quando ele a segurou, então sentiu um frio na espinha, pensou que fosse desmaiar. Quanto tempo se passou, segundos? minutos? Se passassem horas, ela não perceberia. Ele olhava fixamente em seus olhos com um sorriso no canto da boca e se aproximou ainda mais.

— Eu disse que sempre faço valer a pena. - Ele estava sorrindo, ela encarava aquele sorriso como golpe baixo, desses que te deixam no chão por horas.

— Você não está esquecendo de nada?

Elídio já estava na metade da escada quando ela o chamou, ele parou onde estava e sorrindo como um jogador que vê a partida ganha, olhou para trás e viu que ela segurava uma agenda com uma das mãos, percebeu que entendeu tudo errado.

Ele, então, subiu até onde ela estava e pegou a agenda, escreveu algo que ela não conseguiu ver o que era, fechou e a entregou. Voltou a descer a escada e quando estava perto do carro ouviu ela dizer:

— O encontro nem foi tão bom assim. - Os dois riram e ele entendeu a provocação.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capitulo,
Abraço.



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