Os vampiros que se mordam escrita por Gato Cinza


Capítulo 6
Mentiras mentirosas


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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– Klaus?

Mais uma vez aquele lugar, mas agora ela não sentia mais medo. De algum modo se sentia melhor ali que no mundo real, gostava daquele lugar sombrio cheio de névoa fria, arvores velhas de galhos nus e retorcidos cujas folhas secas estavam caídas por todos lugares que se olhava, arbustos e plantas rasteiras cobrindo qualquer coisa que tivesse menos de um metro de altura, gostava até do modo bizarro que as trepadeiras se enroscavam em tudo fazendo suas folhas farfalharem com o toque suave do vento dando aquela sensação febril de ter pessoas caminhando lentamente tentado se esgueirar pelas sombras sem ser percebido.

– Klaus – chamou mais uma vez, um pouco mais alto.

Não tinha certeza que era mesmo o hibrido o dono daquela voz que vagava naquele lugar, entretanto, cada vez que tentava se lembrar da voz dele era a voz daquele ser sem rosto que gritava em sua memória.

– Klaus, se não quiser falar comigo apenas de um sinal que é você.

Ela aguardou em silêncio, sentou naquela mesa de praça olhando ao redor, talvez aquele lugar tivesse sido belo, á muitos anos. Antes do tempo lhe cobrar a existência. Quando as árvores eram jovens, quando alguém cuidava da grama e dos arbustos, quando as ervas daninhas não grudava em tudo sufocando vida. Talvez tivesse sido belo, realmente belo, mas ela preferia como estava. Escuro, triste e sombrio.

– Eu também prefiro – disse alguém ao seu lado direito.

Ela se assustou, se recuperando rapidamente.

– Achei que não fosse falar comigo – murmurou ela virando á cabeça para o vazio ao seu lado direito.

– Não ia, mas fiquei curioso para saber mais sobre esse Klaus á quem chama.

– Não é você? – silêncio – Ainda não se lembra do seu nome?

– Nem de minha aparência. Nem de nada. Só de seu rosto, flutuando, zangada por algo muito ruim que te fiz e minha filha... eu tenho uma filha.

Bonnie negou com a cabeça.

– Klaus fez coisas ruins, e sua voz me lembra á ele. Mas ele não tinha filha nem filhos. Qual o nome da sua filha?

– Não me lembro – silêncio – Então esse Klaus morreu? Ou eu?

Bonnie ponderou sobre o assunto, não queria dizer o que não tinha certeza. Então seguiu outro rumo:

– Na outra vez que estive aqui falou que não estamos do outro lado, com convicção. Agora á pouco disse que também preferia este lugar como ele está. Pode ler minha mente ou ouvir meus pensamentos ou coisa do tipo?

Ele soltou um som engraçado, calmo, sonoro e calmante. Uma risada que por algum motivo estranho Bonnie associou á uma criança pequena.

– Não sei se essa é a palavra correta, mas você é muito transparente Bonnie Bennett. Posso ver através de sua expressão que está tentando me identificar ainda, tinha medo desse Klaus e tem medo que te faça algo... Nem mesmo sente quando te toco.

Bonnie se levantou rápida, saber que ele estava a tocando e que nem sentia a preenchia de vazio.

– Me diga, até onde este lugar vai?

Um longo silêncio, na qual Bonnie achou que ele tinha sumido de novo, então ele voltou a se pronunciar com a voz cheia de certa curiosidade, curiosa.

– Não sei. Nunca sai daqui, acho. Tenho a sensação que só existo quando está aqui.

Bonnie riu, mas como ele voltou a ficar em silêncio sepulcral, talvez não fosse piada.

– Ainda está ai?

– Estou. Estava pensando... por que está me enrolando.

– Te enrolando?

– Sim. Me enrolando. Te perguntei se esse Klaus á quem chamava estava morto e você começou me distrair com outras perguntas.

– Não sei o que aconteceu com ele. Faz alguns anos que não tenho noticias dele. Mas está tudo tão silencioso e calmo que tenho impressão que ele não está mais entre os vivos.

Bonnie ouviu um som abafado, um ritmo vibrante e familiar. Tateou o escuro até achar o motivo de seu despertar.

– Klaus? – perguntou sonolenta ainda tentando voltar ao jardim.

– Por que Klaus te ligaria á esta hora da noite?

O tom curioso e a arrogância implicante de se meter aonde não foi chamado, só podia ser uma criatura no universo:

– O que aconteceu? – perguntou a bruxa se sentando piscando para se adaptar ao escuro no quarto – É algo com a Elena?

– Não, desta vez o assunto é você. Pode acender a luz e abrir a janela?

Bonnie foi até a janela e afastou a cortina, do outro lado da rua viu Damon encostado ao muro de um prédio.

– Por que quer que eu acenda a luz? – perguntou ela se encostando á janela.

Damon se virou olhando diretamente para a bruxa, cujo rosto estava iluminado pela luz fraca da rua já que aquela noite a lua estava encoberta por nuvens escuras. O vampiro ficou em silêncio apreciando a vista por alguns segundos até Bonnie lhe fazer outra pergunta:

– O que quer comigo á essa hora da noite?

Eram pouco mais das vinte e três horas.

– Quero saber por que recusou a ajuda de Stefan. Quero que volte a ser namorada dele até que esse cara seja quem for sair do seu pé.

– Ah! isso – resmungou olhando para o fim da rua onde um carro passara – O Stefan não devia ficar espalhando isso por ai. Damon, é tarde, estou cansada e vou ficar com dor de cabeça se continuar falando com você. Se era só isso tenha uma noite horrível e terríveis pesadelos.

– Espere, ainda não terminei. Te peço que aceite a proteção de Stefan pelo menos até que seu Admirador diga o que quer exatamente ou que sua amiga cabeça de fogo retorne do inferno.

Bonnie riu, estava pesando se Klaus estava morto e Damon fala sobre retornar o inferno. Ela teria que descobrir o que tinha acontecido com o hibrido para ter certeza se era ele quem estava naquele jardim, e se fosse teria que descobrir o que ele queria.

– Ok, cunhadinho – disse ela no mesmo tom sarcástico usual do vampiro – Até descobrir o que Q’rey quer comigo serei a namorada de Stefan. Agora me deixa dormir ou conto á meu namorado que estou sendo interrogada pelo irmão dele á meia-noite sobre coisas que não lhe dizem respeito.

Damon sorriu, mas antes que respondesse Bonnie desligara o celular e fechou a janela. Ela teria uma prova importante inda no primeiro horário e dormir durante uma prova não era algo do feitio de Bonnie Bennett. O vampiro ficou por mais um tempo parado observando a janela escura do quarto da bruxa, que ouvira a mesma musica por vários minutos até que finalmente voltasse a dormir, e talvez sonhar.

...

– Elijah? – ela perguntou mordendo a unha e torcendo para que fosse um sim, levou alguns segundos para que a pessoa do outro lado respondesse

– Quem quer saber?

– Bonnie Bennett, de Mistyc Falls – informação desnecessária, pensou

– Bennett? – o tom do vampiro era indiferente – Algum problema com a Elena ou com os Salvatore?

A bruxa revirou os olhos, já esperava por aquela pergunta. Bonnie resolveu ir direto ao assunto e ficou atenta na reação do original para ouvir algum sinal “diferente”

– Eles estão bem. Na verdade preciso falar com o Niklaus, mas ele parece ter desaparecido.

Ela ligara por horas seguidas para o hibrido, mas acabou concordando com a Caroline, ou ele havia trocado o numero ou tinha realmente morrido. Então pegou o numero de Elijah no celular de Elena, precisava saber se Klaus estava vivo ou não. Elijah demorou um pouco para responder e quando o fez parecia muito interessado no assunto:

– Klaus está resolvendo problemas com as bruxas, não sei quando ele volta. O que quer com ele?

Mentira, pensou Bonnie. Elijah nunca deixaria o irmão resolver coisa nenhuma sem que ele soubesse pelo menos quando e onde o outro estaria. Ela não podia dizer que ele estava lhe visitando em sonhos, não sem ter certeza que era ele. Então resolveu chutar um palpite impossível, mas na qual ela pensava sem parar o dia todo.

– É assunto particular, mas você é irmão dele então – ela tentou parecer hesitante, suspirou pesadamente e soltou de uma vez, sussurrante, como se fosse um segredo – Diga á Klaus que é sobre a filha dele, precisamos nos encontrar para terminar o ritual.

Desta vez ela teve certeza que acertou. Como se visse Elijah em sua frente naquele exato momento, sentiu toda indiferença tranquila e serena dele virar tensão á menção da filha de Klaus, Bonnie se segurou para não gritar: Ele tem uma filha? Mas se controlou, tinha que saber se o loiro estava vivo, embora soubesse agora que isso era impossível. A voz de Elijah era um mix de tons que ela mal saberia definir uma, mas com certeza ele estava muito intrigado com o assunto.

– De que ritual que você está falando?

– Isso é entre mim e o Klaus – blefou a bruxa soando confiante – Diga a ele parar de brincar de Inquisição e me ligar.

Silêncio, um som estranho e a voz de Elijah, mais gélida que neve tocando a pele.

– Klaus está morto.

Por mais que soubesse que isso era muito possível, Bonnie não esperava ter a confirmação imediata, ainda mais sendo dito naquele tom sombrio de Elijah. Ela engoliu em seco varias vezes tentando se recuperar da informação, era Klaus quem estava no seu sonho e ele estava morto no mundo real.

– Morto? – disse mais para si que para Elijah

– O corpo dele foi encontrado, vazio, sem coração, decepado e queimado. Tentamos trazê-lo á vida novamente, mas as bruxas conseguiram apenas restaurar o corpo de meu irmão.

– Pediram ajuda á Esther?

Elijah não respondeu, é claro que Esther teria tentado trazer seu filho novamente á vida, como se ela fosse perder a oportunidade de transforma-lo em algo mais humano. Mas nem mesmo toda a magia de Esther foi suficiente para trazer Klaus do Outro Lado novamente. Bonnie concluiu por si mesma que a bruxa Mikaelson não fora pálio para brigar contra a morte desta vez, embora não quisesse, sorriu.

– Eu sinto muito – foi sincera – Tenho que desligar agora.

– Espere – disse Elijah – O ritual da qual tinha ligado para falar com Klaus.

– Ah! Era realmente particular, não posso falar sobre isso. Sinto muito.

Ela desligou se encostando á uma pilastra. Era realmente Niklaus a voz de quem estava em seus sonhos, ele tinha uma filha, ele estava morto.

Droga, Bonnie, podia ter inventado uma história melhor para justificar a ligação para Klaus, agora Elijah vai querer saber mais sobre um ritual que nem existe, pensou irritada por ter sido impulsiva e falar demais sem saber sobre o que falava.

Balançou a cabeça e esticou os braços. Ainda tinha mais duas aulas e depois podia ir para a biblioteca onde ela conseguia um pouco de silêncio para pensar.

– Eu não acredito que escondeu isso da gente – Bonnie olhou assustada para Caroline que vinha junto de Elena

– Que?

– Seu namoro com o Stefan, não acredito que...

– Mas eu...

– ...escondeu de suas melhores amigas isso.

– Mas eu...

– Mas nada Bonnie Bennett, amigas não guardam esses tipos de segredos uma das outras.

Bonnie revirou os olhos, conversar com Caroline era mais difícil que encarar uma legião de vampiros famintos que fazer a amiga ficar em silêncio. Então apenas acenou com a mão e correu para sua próxima aula.


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Notas finais do capítulo

Decimo capitulo escrito... e começa a Saga Bamon *-*
Mas vou postar apenas quando eu começar o capitulo doze, então...

Boa espera a todos, e sejam muito impacientes
^^



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